Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação requerido a Universidade Federal da Bahia pelo Sr.

Transcrição

1 NOTA TÉCNICA /2012/OGU/CGU-PR Referência: / Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação requerido a Universidade Federal da Bahia pelo Sr. Senhor Ouvidor-Geral da União, Análise dos requisitos de admissibilidade (autoridade responsável, tempestividade e não provimento) 1.A presente Nota Técnica trata-se de solicitação de acesso à informação pública, com base na Lei nº /2011, formulada pelo Sr., em 25/07/2012, o qual assim subscreveu: Meu pedido é para o Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação do Instituto de Ciência da Informação da Universidade Federal da Bahia-UFBA. Fiz a seleção para o Mestrado de deste programa (Edital 02/201) e não fui aprovado. Na ocasião pedi a Profª Drª, coordenadora do Programa, as minhas NOTAS nas avaliações (Anteprojeto, prova dissertativa e prova de inglês), porém a mesma me negou e falou que eu não poderia ter acesso às minhas Notas, pois as normas da casa não permitiam que os candidatos tivessem acessos às suas notas. E as normas da casa somente permitia divulgar uma lista com os nomes dos aprovados. Meu pedido é: quero saber as minhas notas nas avaliações daquela seleção de 02/ Análise dos requisitos de admissibilidade (autoridade responsável, tempestividade e não provimento) a) Quanto ao cumprimento do art. 21 do Decreto n.º 7.724/2012 A autoridade que proferiu a decisão denegatória em primeira instância foi a Srª. Zeny Duarte, coordenadora do PPGCI/UFBA. Portanto, hierarquicamente superior à autoridade de Acesso à Informação, que de acordo com e-sic é a Srª. b) Quanto ao cumprimento do art. 21, parágrafo único, do Decreto n.º 7.724/2012 A autoridade que proferiu a decisão denegatória, em segunda instância, foi novamente a Srª., coordenadora do PPGCI/UFBA. Portanto, em desacordo com o previsto no art. 22 do Decreto n.º 7.724/2012 que remete a decisão desta fase recursal ao dirigente máximo da UFBA,

2 conforme previsão expressa do art. 4º da Lei nº , de 18 de novembro de c)quanto à tempestividade e ao não provimento Da analise do requisito de admissibilidade verificou-se que o recorrente interpôs recurso tempestivo e não provido, conforme preceitua o art. 23, do Decreto n.º 7.724/2012. II-Da Cronologia dos fatos 2.Em resposta ao pedido de informação, a UFBA, em 23/08/2012, informou o seguinte: Consultando a Profª., anterior coordenadora do PPGCI, a respeito dessa solicitação, ela nos informou que disse ao candidato reprovado que o Edital de seleção do PPGCI e as normas do processo seletivo não contemplam essa possibilidade, considerando que não se trata de avaliação de aprendizagem. Além disso, em consulta feita a outros programas de pósgraduação pode-se verificar que este é o procedimento adotado nacionalmente. (grifamos) 3.Em 23/08/2012, o pleiteante apresentou o primeiro recurso manifestando-se da seguinte forma: Como pode ser sigilo a nota de um candidato?. E acrescenta, ainda: Justamente no instituto de Ciência e Informação da UFBA, uma instituição que luta pela democracia da informação. (...) Por fim, gostaria de receber, além de minhas notas, cópias das correções de minhas provas. 4.Em 28/08/2012, a UFBA deferiu parcialmente o recurso com a seguinte justificativa: Acuso recebimento do segundo pedido do bibliotecário e registro que o submeterei à avaliação do Colegiado do PPGCI/UFBA na próxima reunião. 5.Destarte, em face da recusa da UFBA em atender ao pedido de informação, o recorrente interpôs o recurso em segunda instância, no dia 30/08/2012, informando o seguinte: À Como não obtive êxito, até o momento, no meu pedido (protocolo: ), e a Profª., Coordenadora da PPGCI/UFBA, não informou quando será a próxima reunião do Colegiado (reunião citada na resposta dada para o recurso da 1ª instância) quando será avaliada a possibilidade de revelar as minhas notas, mantidas em sigilo até a presente data, somando com a alteração do status do meu pedido para parcialmente deferido. Resolvo recorrer à CGU (2ª instância) com finalidade de obter cópias das minhas provas e conhecimento das minhas notas na seleção do Mestrado em Ciência da Informação do PPGCI/UFBA, Edital 02/2011 (...). 6.Em 05/09/2012, a UFBA deferiu parcialmente o pedido de acesso à informação com a alegação a seguir transcrita: Ao Grupo de Trabalho do SIC/UFBA

3 Em função das defesas de dissertações de mestrado ocorridas desde 29 de julho até 31 de agosto p.p., sobretudo na última semana de agosto, com várias bancas ocorridas simultaneamente nos dois turnos, todo o corpo docente esteve envolvido nessa tarefa, inclusive as professores coordenadoras da PPGI e, consequentemente, os membros do colegiado desse Programa, inviabilizando realização de reunião para tratar de quaisquer outros assuntos, além da realização de outra série de atividades em andamento e com prazos definidos pela Pró-Reitoria de Pós- Graduação da UFBA e CAPES, não há possibilidades de atender ao pedido exarado em vosso e- mail nos próximos dias. Entretanto, ressalto mais uma vez que esta coordenação está empenhada em incluir o referido pleito em pauta de próxima reunião do colegiado PPGCI. 7. Com a negativa, 06/09/2012, o recorrente interpôs recurso à CGU com o mesmo teor referente ao anterior, no qual ratifica o seu pedido obtenção de cópias das provas e conhecimento das notas na seleção do Mestrado da UFBA. É o relatório, III-Da análise das causas que deram origem ao indeferimento 9.Examinado o pleito, verificou-se que as alegações apresentadas pela UFBA para a recusa ao pedido de informação do recorrente são insubsistentes. E que o pleito em tela configura-se em direito de acesso à informação líquido e certo, legitimamente amparado no Art. 2º do Decreto n.º 7.724, de 16 de maio de Em sua primeira alegação com o fito de denegar o direito à informação do pleiteante, a UFBA informou que fora dito ao candidato que a possibilidade de acesso as notas e cópias das provas não seria possível. E como justificativa para tal posicionamento foi alegado que as notas em questão não se tratavam de avaliação de aprendizagem e que as normas da casa somente permitiam a divulgação de uma lista com os nomes dos aprovados. 11. Em que pese o informado, o Edital n.º02/2011, que regera a seleção de alunos regulares para o Mestrado da UFBA, anexado ao relatório do e-sic, em seu item V-CLASSIFICAÇÃO informa que Em cada uma das provas referidas no item quarto, o candidato obterá uma nota de 0 (zero) a 10 (dez). Excetuando-se a prova de língua inglesa, de caráter classificatório, os candidatos que obtiverem conceito inferior a 5 (cinco) em qualquer uma das demais provas estarão eliminados. Por fim, serão classificados os candidatos aprovados em todas as etapas do processo seletivo, ordenados decrescentemente até o limite das vagas oferecidas. 12.Desse modo, depreende-se, pois, que não há vedação expressa no instrumento convocatório à obtenção das notas e cópias das provas por parte dos alunos que participaram do processo seletivo

4 para o preenchimento das 16 (dezesseis) vagas para o curso de Mestrado. De resto, a alegação da UFBA de que a prof.ª disse ao candidato reprovado que o edital da seleção do PPGCI e as normas do processo seletivo não contemplam essa possibilidade pelo caráter informal, posto que o aviso ocorrera apenas verbalmente, deve ser desconsiderada face aos formalismos em que se revestem (ou devem se revestir) os atos administrativos. 13.Saliente-se, que a afirmação atribuída à prof.ª, ex-coordenadora do PPGCI, não encontra respaldo no Edital n.º 02/2011, tendo em vista que este instrumento, ora em análise, silencia-se em relação à possibilidade de informar as notas ou ceder cópias das provas. Portanto, a alegação da UFBA de que a negação teria amparo nos instrumentos legais que nortearam o preenchimento das vagas são claudicantes. 14. Além disso, em sua resposta denegatória ao recurso de segunda instância, a UFBA limitou-se a informar ao recorrente que, em face de atividades ocupacionais na seara da própria universidade, não teria como atender à sua solicitação e que o pleito seria colocado na pauta de futuras reuniões. Ou seja, a UFBA postergou a resposta ao pleiteante para uma data incerta; o que conclui-se ser esta apenas uma resposta protelatória, que tem o condão de ferir de morte o Direto do Acesso à Informação insculpido na Lei nº , de 18 de novembro de Em outra alegação, a UFBA informou que: (...) Além disso, em consulta feita a outros programas de pós-graduação pode-se verificar que este é o procedimento adotado nacionalmente. Aqui, mais uma vez, são insubsistentes as alegações da universidade para denegar o pedido, pois em consulta a edital com o mesmo objeto e em data, inclusive, anterior, verificou-se que a Universidade Federal do Ceará-UFCE permitia ao candidato solicitar as suas notas para a Coordenação ( vide item 4.9 do Edital SELEÇÃO PARA O MESTRADO E DOUTORADO EM EDUCAÇÃO NA FACED DA UFCE), conforme pode ser visto no sítio 10.pdf. 16. Ademais, o recorrente exerceu apenas o seu direito de petição já largamente consolidado na legislação nacional e amparado, inclusive, com fulcro no art. 5º da Constituição Federal e no art. 1º da Lei 9.051/1995 (Direito de Petição). Noutro diapasão, o objeto do pedido de informação contribui para que a própria UFBA possa realizar o controle difuso dos seus atos administrativos a partir do momento em que passa para o cidadão a co-responsabilidade de colaborar na realização do controle dos seus atos administrativos. Registre-se, por oportuno, que aqui não há que se cogitar em perda de autonomia da universidade. 17. Em suma, quanto maior for o controle exercido pela sociedade sobre os atos do estado, melhor será a prestação de serviços ao cidadão, uma vez que o atendimento à finalidade do interesse público será atendida. Outrossim, as instituições públicas devem buscar o fortalecimento dos seus controle internos e o controle social, cada vez mais, passa a ser fundamental para o aprimoramento da gestão pública nacional. IV-Das conclusões

5 18. Instada a se manifestar, a UFBA, por meio do Ofício nº 01/2012, de 01de novembro de 2012, informou o seguinte: Em 06 de setembro de 2012 foi realizada a sessão extraordinária do PPGCI consoante Ata da Reunião Extraordinária do Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI), do Instituto de Ciência da Informação (ICI), Universidade Federal da Bahia (UFBA), documento oficial através do qual ficam disponibilizados as informações, inclusive, as requeridas pelo solicitante. 19. Diante de todo o exposto, opino pela declaração da extinção do recurso pela perda do objeto, com resolução de mérito, uma vez que o órgão recorrido efetivamente entregou a informação solicitada pelo recorrente. Brasília (DF), de novembro de 2012 Welliton Resende Silva Analista de Finanças e Controle

6 Folha de Assinaturas Documento: NOTA TÉCNICA nº 2699 de 11/12/2012 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação requerido a Federal da Bahia pelo Universidade Signatário(s): WELLITON RESENDE SILVA ANALISTA DE FINANCAS E CONTROLE Assinado Digitalmente em 11/12/2012 Relação de Despachos: Registre-se a aprovação integral da Nota Técnica em questão, nos termos da qual o Exmo. Sr. Ministro Chefe desta, Dr. Jorge Hage Sobrinho, deu fundamento e motivação a sua decisão. Desta forma, considerando que o recorrente teve ciência da mencionada decisão no prazo legal (sem qualquer prejuízo das garantias fixadas na Lei nº /11), ficam convalidados todos os atos praticados no curso deste procedimento cujas datas de registro eletrônico não correspondam às de sua real produção. JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor-Geral da União Assinado Digitalmente em 11/12/2012 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: _8cfa5eccc371958