Panorama dos Agrominerais no Brasil: Atualidade e Perspectivas
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- Gonçalo Dias Esteves
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1 Panorama dos Agrominerais no Brasil: Atualidade e Perspectivas Yara KULAIF (ykulaif@ige.unicamp.br) Instituto de Geociências - UNICAMP Francisco R. C. FERNANDES (ffernandes@cetem.gov.br) Centro de Tecnologia Mineral - CETEM
2 Objetivo Panorama produção e consumo dos Agrominerais no Brasil Caracterização e histórico da indústria brasileira de fertilizantes Visão da cadeia produtiva hoje Recentes mudanças e Perspectivas Agrominerais no Brasil: uma indústria nanica ou de desenvolvimento tardio? 2
3 3
4 Características da Indústria de Fertilizantes Comércio Internacional É um mercado de commodities de alta competitividade. Em todo o mundo, a % da Produção Mundial (PM) que passa pelo Comércio Internacional (CI) e os principais países exportadores são: COMMODITIES % PM/ CI PRINCIPAIS EXPORTA-DORES MUNDIAIS Rocha fosfática 20% Marrocos, Israel; EUA Enxofre 30% Canadá, Polônia Ácido fosfórico 16% Marrocos, Tunísia; EUA Amônia 11% Ex-URSS, Trinidad Superfosfato triplo (TSP) 40% EUA, Tunísia Fosfato monoamônico (MAP) 30% Ex-URSS, EUA Fosfato diamônico (DAP) 55% EUA 4
5 Características da Indústria de Fertilizantes Oferta Mundial Importância estratégica das matérias-primas minerais Características específicas da Indústria Extrativa Mineral: regulação e barreiras à entrada de novos competidores Indústria de Transformação Química: investimentos vultuosos, economias de escala, longos períodos de maturação Sazonalidade no consumo levando à existência de capacidade ociosa, o que acarreta altos custos operacionais e conseqüente diminuição da rentabilidade Misturadores: sem barreiras de investimentos e tecnologia A estrutura empresarial típica é a dos EUA: Grandes investimentos na globalização de suas operações concentração em poucos produtores (através de fusões e aquisições) verticalização formando grandes conglomerados diversificação para outros ramos produtivos, bem como para outros insumos e produtos agrícolas 5
6 Características da Indústria de Fertilizantes Consumo Mundial Consumo mundial de fertilizantes contido de nutrientes NPK em Fonte: ANDA (2009). 6
7 A Indústria Brasileira de Fertilizantes O desenvolvimento desta indústria é moldado pelas mudanças nas políticas econômicas brasileiras ANOS 60 1ª fase do governo militar -"o Milagre" Política agrícola como instrumento para diminuição do déficit da balança comercial ANOS 70/80 2ª fase do governo militar - "desenvolvimento com planejamento" Substituição de importações através de grandes investimentos para a criação de setores internos produtivos de insumos básicos ANOS 80/90 Governos civis -"a democracia" Liberalização comercial Privatizações /97 FHC -"Plano Real / estabilidade monetária" Novas formas de regulação do mercado pelo governo Política agrícola como instrumento para diminuição do déficit da balança comercial
8 MUDANÇA DE PARADIGMAS NA POLÍTICA ECONÔMICA auto-suficiência x economia de livre mercado liberalização econômica processo de privatização 1987/88 LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA fim do contingenciamento fim do controle de preços - CIP fim das barreiras alfandegárias queda das tarifas EVOLUÇÃO DAS ALÍQUOTAS DE IMPORTAÇÃO (% - CIF) DOS PRODUTOS FERTILIZANTES E DE SUAS MATÉRIAS-PRIMAS. Notas: (1) A tarifa era zero para o enxofre importado dos países signatários do GATT. (*) Itens incluídos nas listas de exceções à TEC do MERCOSUL. Fonte: CARMO, 1994; TARIFA aduaneira do Brasil, 1994; TARIFA externa comum,
9 EVOLUÇÃO DAS ALÍQUOTAS DE IMPORTAÇÃO (% - CIF) DOS PRODUTOS FERTILIZANTES E DE SUAS MATÉRIAS- PRIMAS Matérias-primas e fertilizantes simples até jun jul set ago set jan out out dez Rocha fosfática Enxofre 0 5(1) Ácido sulfúrico (*) Ácido fosfórico (*) Amônia anidra (*) Superfosfato simples (SSP) Superfosfato triplo (TSP) Fosfato monoamônico (MAP) Fosfato diamônico (DAP) Termofosfato Fertilizantes mistos NPK Notas: (1) A tarifa era zero para o enxofre importado dos países signatários do GATT. (*) Itens incluídos nas listas de exceções à TEC do MERCOSUL. Fonte: CARMO, 1994; TARIFA aduaneira do Brasil, 1994; TARIFA externa comum,
10 Produção, consumo aparente e comércio exterior de fertilizantes fosfatados no Brasil /95 Fonte: KULAIF, 1997; 1999a 10
11 PROCESSO DE PRIVATIZAÇÃO: COMPOSIÇÃO ACIONÁRIA DAS EMPRESAS DO GRUPO PETROFÉRTIL, antes das privatizações 11
12 COMPOSIÇÃO ACIONÁRIA DAS EMPRESAS DO GRUPO PETROFÉRTILap ós a privatização 12
13 Capacidade Instalada de Produção por Empresa no Brasil (%) em 1995 Fonte: Anuário ANDA 1996, dados de 1995; AMA- BRASIL 13
14 14
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16 Modificações no Capital das Empresas pós- Privatizações GRUPO BUNGE A Bunge, à época ainda com a denominação de Serrana, tradicional empresa produtora de rocha fosfática matérias-primas intermediárias, adquire a Manah, Fertisul, Arafértil, Ipiranga Serrana, IAP, a divisão de fertilizantes da Eleikeiroz e parte do capital da Takenaka. Sendo assim, passou a deter participação importante na Fertifos, holding que controla a Fosfértil e a Ultrafértil, as maiores fornecedoras nacionais de matérias-primas fosfatadas e nitrogenadas. CARGILL A Cargill adquiriu as empresas Solorrico e Fertiza, repassando estes ativos para a Mosaic em 2004 quando esta foi constituída através da união com a IMC Global, importante produtora de rocha fosfática dos Estados Unidos. No Brasil, onde a IMC não tinha ativos, a Mosaic assumiu a estrutura da Cargill Fertilizantes, isto é, uma fábrica de fertilizantes líquidos em Monte Alto (SP), uma unidade industrial em Candeias (BA) e as duas empresas recentemente adquiridas. 16
17 Modificações no Capital das Empresas pós- Privatizações NORSK HYDRO O grupo Norsk Hydro, de capital norueguês, líder mundial no fornecimento de fertilizantes minerais e hoje denominado Yara International ASA adquiriu em 2000 a empresa Adubos Trevo que, até 1994, era a maior produtora de fertilizantes mistos NPK. Esta empresa chegou a deter naquele ano 14% do mercado brasileiro, com unidades produtivas em todas as regiões do País e que, ao longo do ano de 1995, a Trevo teve sua situação financeira comprometida por uma série de fatores, ligados tanto a problemas financeiros quanto a de mercado da empresa.. Em 2006, a Yara compra a Fertibrás. Destas empresas adquiridas, somente a Trevo não estava na Fertifós. Com as aquisições, tanto a Mosaic quanto a Yara obtiveram acesso às ações da Fosfertil. Os grupos que adquiriram as empresas de fertilizantes passaram a controlar a exportação de alimentos e também as importações de fertilizantes de suas matrizes estrangeiras. 17
18 Composição acionária Fosfértil e Fertifos até ,2% Obs.: Mercado = Cerca de acionistas (fundos de investimento, pessoas físicas e jurídicas). 18
19 Capacidade Instalada de Produção por Empresa no Brasil (%) Fonte: Anuário ANDA 2009, dados de % 90% 80% 70% 60% 50% Petrobras Proguigel Petrobras Galvani Copebras Copebras Bunge Bunge Heringer Timac Galvani Yara Mosaic Fospar CopebrasCibrafertil Timac Heringer Bunge Galvani Copebras Yara Copebras Timac Copebras Bunge Vale 40% 30% 20% Braskem Bunge 10% Bunge 0% 19
20 Consumo, Importação, Produção e Exportação Fertilizantes Fosfatados Concentr. de Rocha Fosfática Fonte: Anuários ANDA, 1988 a 2009 Fonte: SMB; MME/DNPM (2009) 20
21 Consumo, Importação, Produção e Exportação Fertilizantes Potássicos Cloreto de Potássio 21
22 Consumo, Importação, Produção e Exportação de Enxofre Produção de Enxofre Fonte: SMB e, para 2008, MME/DNPM (2009); MINERALdata (2009). Nota: a produção a partir de outras formas é a obtida nas plantas industriais de Cu, Zn, Ni e Au. Fonte: MINERALdata (2009) / dados primários do SMB. 22
23 Consumo, Importação, Produção e Exportação de Fertilizantes Nitrogenados Fonte: Anuários ANDA, 1988 a
24 Consumo, Importação, Produção e Exportação de Fertilizantes NPK Fonte: Anuários ANDA, 1988 a
25 Consumo de Fertilizantes por Cultura no Brasil Fonte: Anuário ANDA 2009, dados de 2008 Tomate Sorgo Banana Laranja Batata Fumo Outras Soja Feijão Milho Reflorestamento Arroz Trigo Algodão Herbáceo Café Cana-de-açúcar 25
26 SOJA 26
27 MILHO / / / / / MT MS GO DF MG ES RJ SP PR SC RS 27
28 CANA DE AÇÚCAR / / / / / / / / /
29 Capacidade Instalada por Região no Brasil Fonte: Anuário ANDA 2009, dados de 2008 N P K Região Nordeste Região Sul Região Centro
30 Capacidade Instalada por Empresa no Brasil Fonte: Anuário ANDA 2009, dados de Cloreto de Potássio Fosfato Diamônio Fosfato Monoamônio Superfosfato Triplo Superfosfato Simples Ácido Sulfúrico Ácido Fosfórico Rocha Fosfática Nitrato de Amônio Uréia Sulfato de Amônio Amônia Anidra 0 30
31 Capacidade Instalada e Importações por Produto e Empresa no Brasil Fonte: Anuário ANDA 2009, dados de Importação Galvani Copebras Importação Heringer Timac Galvani Copebras Importação Yara Mosaic Fospar Cibrafertil Timac Heringer Galvani Bunge Copebras Importação Importação Bunge Importação Petrobras Petrobras Importação Importação Fosfertil Proguigel Fosfertil Braskem Fosfertil Bunge Fosfertil Importação Copebras Bunge Fosfertil Fosfertil Bunge Fosfertil Importação Copebras Timac Yara Bunge Fosfertil Importação Copebras Fosfertil Importação Fosfertil Vale 31 Panorama dos Agrominerais no Brasil - Kulaif
32 toneladas/ano Capacidade Instalada por Produto e Empresa no Brasil Fonte: Anuário ANDA 2009, dados de N P K Galvani Copebras Bunge Heringer Timac Galvani Copebras Yara Mosaic Fospar Cibrafertil Timac Heringer Galvani Copebras Bunge Petrobras Bunge Braskem Petrobras Proguigel Copebras Bunge Bunge Timac Bunge Yara Copebras Copebras Vale 0 32
33 toneladas/ano Capacidade Instalada por Produto e Empresa no Brasil Fonte: Anuário ANDA 2009, dados de 2008 e comunicados empresas N P K Galvani Copebras Bunge Heringer Timac Galvani Copebras Yara Mosaic Fospar Cibrafertil Timac Heringer Galvani Copebras Bunge Petrobras Bunge Braskem Proguigel Petrobras Copebras Bunge Bunge Timac Bunge Yara Copebras Copebras Vale 0 33
34 US$/t Preços Correntes Mercado Internacional (FOB, a granel) Fosfato Natural (72 BPL) mín., EUA Golfo Fosfato Natural (72 BPL) máx., EUA Golfo Ácido Fosfórico (100% P2O5) mín., EUA golfo Ácido Fosfórico (100% P2O5) máx., EUA golfo Enxofre mín., Canadá Vancouver Enxofre máx., Canadá Vancouver Superfosfato Triplo (46% P2O5) mín., EUA golfo Superfosfato Triplo (46% P2O5) máx., EUA golfo DAP (18% N; 46% P2O5) mín., EUA Golfo DAP (18% N; 46% P2O5) máx., EUA Golfo MAP (11% N; 54% P2O5) mín., CEI MAP (11% N; 54% P2O5) máx., CEI
35 US$/t Preços Correntes Brasil Fosfato Ultrafértil CIF Catalão GO Ácido Sulfúrico Copebrás Cubatão SP Ácido Sulfúrico Ultrafértil FOB Cubatão SP Ácido Fosfórico (100%) Fosfértil FOB Uberaba MG MAP Granulado Fosfértil FOB Uberaba MG MAP Granulado Ultrafértil FOB Cubatão SP DAP Granulado Ultrafértil FOB Cubatão SP TSP Granulado Fosfértil FOB Uberaba MG SSP Granulado Copebrás FOB Cubatão SP
36 Preços de concentrados de Rocha Fosfática para vendas industriais /95 36
37 Preços de Ácido Sulfúrico para vendas industriais /95 37
38 Preços de Ácido Fosfórico (100% de P 2 O 5 ) para vendas industriais /95 38
39 Preços de Superfosfato Triplo (TSP) granulado para vendas industriais /95 39
40 Preços de Fosfato Monoamônio (MAP) granulado para vendas industriais /95 40
41 Preços de Fosfato Diamônio (DAP) granulado para vendas industriais /95 41
42 Preços médios, à vista, de formulações NPK ensacadas, praticados na Região Centro-Sul /95 42
43 US$/t Preços médios de Formulações NPK e Fertilizantes Simples Brasil - Vendas ao Consumidor Final NPK: NPK: NPK: NPK: NPK: NPK: NPK: NPK: NPK: NPK: NPK: NPK: NPK: NPK: NPK: NPK: Fertilizante Simples: Sulfato de Amônio Fertilizante Simples: Uréia
44 Relações de Troca entre Fertilizantes e Produtos Agrícolas Notas: (1) quantidade de produto agrícola necessária para adquirir 1 tonelada de fertilizante; (2) Medidas dos produtos: algodão c/ caroço (15 kg); arroz em casca, batata inglesa, café arábica, feijão, milho, soja e trigo (saca de 60 kg);cana-de-açúcar (t); laranja (cx de 40,8 kg). Fonte: ANDA (2009). 44
45 Dependência externa de Agrominerais, perda de divisas com importações 45 Fonte: Rodrigues (2009)
46 1000 t 7000 Importação Rocha Fosfática Total de jan a fev por País
47 1000 t Importação Cloreto de Potássio Total de jan a fev por País
48 Recentes Mudanças e Perspectivas 48 Depois da processo de privatização nos anos 90 e da crescente concentração do setor nas mãos de produtores internacionais e empresas comercializadoras de grãos Durante 2009, houve enfáticas declarações do Ministro da Agricultura de que não toleraria mais essa situação, além uma condenação da atual configuração do mercado pelos órgãos de comunicação, que seriam necessárias imediatas ações e políticas concretas de governo Em 2010, resultado concreto das pressões, ocorre a forte expansão da Vale no setor, comprando toda a participação dos grupos Bunge, Yara e Mosaic na Fosfertil, além das participações menores da Heringer e da Fertipar na empresa, com a Vale passando a deter 78,9% do capital da empresa (99,81% das ações ordinárias e 68,24% das preferenciais), com gastos de cerca de US$ 6,0 bilhões. Paralelamente, a Vale também adquiriu outros ativos de produção de matériasprimas e fertilizantes simples da Bunge e Mosaic no Brasil, tendo as mesmas praticamente se retirado da produção de insumos dos fertilizantes NPK, embora continuem atuando com sua estrutura tentacular na rede de vendas de fertilizantes finais ao agricultor brasileiro.
49 Recentes Mudanças e Perspectivas A Vale passa a ser a maior produtora nacional de matérias-primas de fertilizantes fosfatados, junto com a Petrobras, que continua na produção de nitrogenados. O outro produtor importante na área de fosfatados, a Copebrás, do grupo sul-africano Anglo American, está à venda desde o ano passado. O que muda? O complexo produtor de matérias-primas e produtos intermediários do Brasil respondem apenas por 1/3 das necessidades do País. O resto é importado e assim permanecerá até que Vale e Petrobras completem seus planos de expansão. Quais as vantagens que o controle sobre a produção da indústria de base de fertilizantes nas mãos da Vale apresenta? Capacidade de investimento? Conhecimento do setor pois está no ramo de potássio e já foi a proprietária da Fosfértil nos anos 70/80? Tem a logística? Parece inquestionável que o potencial da agricultura brasileira é enorme. A demanda mundial de alimentos também indica preços ascendentes para as commodities Se houver o aumento da oferta no mercado das matérias-primas fertilizantes a tendência é que haja um fortalecimento do elo da cadeia final, o dos misturadores e distribuidores do NPK O que o poder público deve buscar de qualquer maneira é garantir que haja um progressivo aumento na concorrência nos vários elos da cadeia, que é o que irá garantir a melhor alocação dos recursos da economia. 49
50 Obrigada pela atenção.
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