O impacto das lesões por esforços repetitivos/ distúrbios osteomusculares (LER/DORT) no processo de trabalho

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1 O impacto das lesões por esforços repetitivos/ distúrbios osteomusculares (LER/DORT) no processo de trabalho The impact of Repetitive Strain Injury/Work-Related Musculoskeletal Disorders (RSI/WRMSD) in the work process Catharina de Paula Oliveira Cavalcanti Soares 1 Cecilio Argolo Junior 2 RESUMO: As lesões por esforços repetitivos - LER e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho - DORT, determina umconjunto de sintomas que acometem principalmente os membros superiores.o objetivo deste artigo é conhecer o impacto dessa síndrome no processo de trabalho. Uma revisão da literatura foi realizada através das bases de dados MEDLINE via Pubmed e SciELO,entre os dias 10 a 22 de setembro de 2012, restringindo-se a pesquisa a artigos em português, inglês ou espanhol publicados nos últimos quinze anos. Com o diagnóstico das LER/DORT, o trabalhador apresenta indisposição em suas atividades laborais, as quais poderão levar consequentemente, a uma alteração da qualidade de vida. Descritores: LER/DORT; Doenças ocupacionais; Saúde do trabalhador. 1 INTRODUÇÃO Desde a Antiguidade existe menção sobre questões relacionadas a distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho, cujos sintomas afetavam os membros superiores do indivíduo, inclusive, podem-se encontrar passagens sobre o tema, por exemplo, na obra de Hipócrates, Epidemia. 1 Outros relatos na literatura apontam que em 1717, Ramazini, já tinha conhecimento que os movimentos violentos e irregulares, bem como outras posturas inadequadas durante o trabalho provocavam sérios danos à máquina vital. 2 De igual forma, em 1891, Fritz De Quervain, associou a tenossinovite 1 Mestranda do Centro Universitário Cesmac; Programa de Mestrado Profissional em Pesquisa em Saúde, Rua Cônego Machado, 918, Farol , Maceió, AL, Brasil. Correspondência para <inacavalcanti@hotmail.com>. 2 Mestrando do Centro Universitário Cesmac; Programa de Mestrado Profissional em Pesquisa em Saúde, Rua Cônego Machado, 918, Farol , Maceió, AL, Brasil. Correspondência para <junior.argolo@ig.com.br>.

2 do polegar à atividade de lavar roupas e denominou essa patologia como entorse das lavadeiras. 2 Não obstante que somente durante a segunda metade do século XIX esse assunto passou a ganhar relevância científico-social, tanto por sua dimensão numérica como pelo papel social dos acometidos, ou mesmo pela disseminação entre os variados ramos de atividades. 3 Nos dias atuais, sabe-se a sigla LER designa as Lesões por Esforços Repetitivos, enquanto que os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho são representados pelo vocábulo DORT. Estas patologias estão no rol das doenças ocupacionais mais polêmicas do país, haja vista muitos empregadores não entendem de se tratarem de problemas laborais. Neste sentido, para o Ministério da Saúde (2000) as LER/DORT são fenômenos relacionados ao trabalho, caracterizados por uma gama de sintomas que eclodem na incapacidade perante o exercício das atividades do empregado, podendo ser temporárias ou permanentes. A LER/DORT ocupa o primeiro lugar entre as doenças ocupacionais incidentes em todo o mundo, e é inserida no principal grupo de doenças relacionadas ao trabalho. Devido a grande incidência desses casos no Brasil e no mundo, se torna relevante analisar seus fatores desencadeantes e os principais entraves na saúde do trabalhador. 3,15 O objetivo em realizar essa pesquisa de revisãoda literatura, foi analisar os impactos que esses distúrbios provocam no homem, e por ser uma doença ocupacional, essas interferências em sua vida pessoal e profissional. 2 LER - Lesões por Esforços Repetitivos e DORT - Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho- Doença ocupacional Pode-se considerar, teoricamente, a LER/DORT como um fenômeno desencadeado por uma gama de fatores os quais contribuem para a manifestação da doença no trabalhador, dentre esses, citam-se: os fatores de natureza ergonômica, os de natureza organizacional e psicossocial e de natureza socioeconômica e cultural.

3 Amparados pela definição insculpida pelo próprio Ministério da Saúde (2000), muitos autores, dentre eles,codo (1998)e Marano(2003), aderem a tais significados para interpretarem a doença segundo suas próprias ópticas. 5,6 Emcima de suas concepções LER/DORT é uma desordem tendinosa de origem ocupacional que atinge os membros superiores, região escapular e pescoço pelo uso forçado e repetido de grupos musculares ou em conseqüências de uma postura forçada, 6 ou, é uma doença evidenciada em muitas categorias profissionais cujos sintomas podem aparecer em pessoas que exerçam distintas, mas, em decorrência dos movimentos repetitivos atingem os membros superiores do indivíduo. 5 Enquanto que para a Norma Técnica do INSS as LER são definidas, conforme a regulamentação do próprio diagnóstico da doença, sendo essas, Afecções que podem acometer tendões, sinóvias, músculos, nervos, fáscias, ligamentos, isolada ou associadamente, com ou sem degeneração de tecidos, atingindo principalmente, porém não somente, os membros superiores, região escapular e pescoço, de origem ocupacional, decorrente, de forma combinada ou não de: a) uso repetido de grupos musculares; b) uso forçado de grupos musculares e, c) manutenção de postura inadequada. O diagnóstico da LER é essencialmente clínico e baseia-se na história clínico-ocupacional, no exame físico detalhado, nos exames complementares, quando justificados, e na análise das condições de trabalho responsável pelo aparecimento da lesão. 7 De acordo comwunsch Filho (1995), desde 1987 a Previdência Social reconhece e registra LER/DORT como doenças ocupacionais. Tanto no Brasil, como em outros países, a doença é caracterizada como epidêmica. 4 Não existe, ainda, uma padronização mundial para as LER/DORT. Cada país tem a sua própria denominação para a doença em comento. O Brasil se utiliza da terminologia ora analisada para designar os quadros clínicos do sistema músculoesquelético adquiridos pelo trabalhador submetido a determinadas condições de trabalho. 8 Entretanto, cientificamente, vem sendo mais usual a utilização do termo WorkRelateadMusculoskeletalDisorders (WRMD), em tradução, Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho(DORT). 8 Neste estudo optou-se por utilizar ambas terminologias, uma vez que se fez necessário elencar vários outros estudos, ora usando LER ora DORT ou as duas.

4 3 Impacto nas atividades laborais Partindo da questão central deste trabalho percebe-se a gravidade da doença e o seu reflexo na vida laboral do profissional, haja vista inúmeros levantamentos realizados acerca do assunto vêm mostrando a real dimensão do fenômeno enquanto doença-saúde. Para tanto, basta remeter-se às estatísticas mundiais e nacionais de custos e afastamentos temporários ou definitivos da força de trabalho, com diagnósticos de acometimentos de membros superiores. 11 Imperativo se faz mostrar que os diagnósticos da doença englobam desde sintomas músculo-esqueléticos inespecíficos até estágios variados de patologias bem definidas e já descritas nos compêndios de reumatologia e ortopedia. 11 As principais limitações da LER/DORT são atribuídas a diminuição da destreza das mãos, evidenciada na digitação, escrita, dificuldade na pega,manuseio de pequenos objetos como lápis,talheres e ainda em manter braços elevados. Para tanto um ambiente de trabalho favorável, associado a boas condições físicas e boa postura, com intervalos para descansar, têm maior probabilidade em manter-se livre dessas lesões Fatores desencadeantes e tratamento Falar sobre a distribuição do fenômeno saúde-doença e de seus fatores, condicionantes e determinantes, é, sobretudo, chamar atenção para a cronicidade e irreversibilidade que a patologia provoca no homem. Segundo a literatura não existe uma causa única, específica, para que ocorra a doença, pois são vários os fatores que podem desencadear em LER/DORT, dentre esses se podem citar: repetitividade de movimentos, esforço físico, trabalho muscular estático, vibração etc. Entretanto, o que vem colocando o assunto em discussão é: A dificuldade no diagnóstico e o fato de ser uma doença relacionada com a organização do trabalho têm gerado uma série de mal entendidos e preconceito em relação aos lesionados. 9 Muito embora, não pode ser negado, que muitas são as dificuldades que a doença desencadeia na vida profissional (e social) do trabalhador, dentre essas as humilhações e desprezos observados na relação com os médicos-peritos do INSS vem sendo o maior de todos. 10

5 Apesar de todo reconhecimento científico acerca da doença e, em particular, dos inúmeros fatores que podem ajudar no adoecimento do trabalhador existem muitas questões particulares que podem facilitar ou predispor o trabalhador ao desenvolvimento de LER/DORT. Isso não quer dizer que é possível descartar a relação existente entre a doença e o trabalho, significa apenas que alguns fatores estão associados a algumas condições patológicas sistêmicas, como o diabetes, situações reumáticas, hipertireoidismo,colagenoses vasculares, tuberculose e infecções. 2 Alguns estudos associam o surgimento e agravamento dessa síndrome a fatores biomecânicos, organização do trabalho, insatisfação no ambiente laboral e treinamentos inadequados. 11 É competência do fisioterapeuta do trabalho avaliar os riscos à saúde do trabalhador no ambiente nele inserido, além de ser o profissional designado a tratar os distúrbios da cinesia humana desencadeadores de alterações funcionais relacionadas ao trabalho, reabilitando o paciente a fim de sua reintegração social. 15 A observação no dia a dia do trabalho de profissionais de saúde, particularmente dos fisioterapeutas, que lidam diretamente no auxílio ao tratamento dos distúrbios osteomusculares, afirmam que pessoas portadoras desses distúrbios não tem bom prognóstico, mas sempre comparecem ao tratamento. É questionável esse raciocínio clínico, talvez o paciente retorne por sentir-se interagindo com a equipe profissional CONSIDERAÇÕES FINAIS Sabe-se que o trabalho ocupa um espaço de grande importância no processo vital e de desenvolvimento social do indivíduo. Após a revisão de literatura apresentada constata-se que quando o trabalhador é diagnosticado com LER/DORT muitas mudanças ocorrerão em seu dia a dia, as quais levarão consequentemente, a uma diminuição em sua qualidade de vida. A falta de apoio social aliada às dificuldades no diagnóstico/tratamento, bem como no auto-reconhecimento da doença comprometem a vida profissional do trabalhador. Assim, pode-se considerar relevante à revisão da literatura deste estudo que a LER/DORT majoritariamente acomete membros

6 superiores limitando o trabalhador em suas atividades, sabendo que algumas doenças crônicas podem predispor o paciente. Possui um prognóstico questionável e incapacidades algumas vezes irreversíveis, enfatizando a mudança em seu processo de trabalho e em sua qualidade de vida.

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