Atividade administrativa é todo trabalho praticado através do ato administrativo que, segundo Hely Lopes Meirelles:

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1 Tema Atividades Administrativas Projeto Curso Disciplina Tema Professor Pós Graduação MBA em Administração Pública e Gerência de Cidades Direito Administrativo Atividades Administrativas Silvano Alves Alcântara Introdução Na administração pública os atos administrativos são parte do cotidiano e cabe ao gestor compreender suas características para que não incorra em erros que levem a sua anulação ou, até mesmo, às sanções. Para que isso não ocorra, você conhecerá aqui os elementos necessários para que a atividade administrativa ocorra de forma legitima e célere. Atividade administrativa Atividade administrativa é todo trabalho praticado através do ato administrativo que, segundo Hely Lopes Meirelles: é toda manifestação unilateral da vontade da Administração Pública, que agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados e a si própria (2006, p. 118). Agindo dessa maneira terá sempre como condição sine qua non, ou seja, como condição essencial e primordial, a prática dos atos administrativos visando zelar e atender ao interesse público. Para iniciar seus estudos acompanhe o primeiro bloco do programa Saber Direito da TV Justiça, sobre o Ato Administrativo: 1

2 Requisitos do ato administrativo Será que qualquer atividade na administração pública pode ser considerada um ato administrativo? Aparentemente, sim, mas a verdade é que existem alguns requisitos para que ela seja considerada um ato. Esses requisitos podem estar relacionados ao sujeito, à atividade em si ou ao objeto do ato. Sendo assim, vamos começar pela competência do sujeito que pratica o ato. Essa é, por assim dizer, a condição para a própria validade do ato administrativo, sendo o primeiro dos elementos a serem analisados em seu exame. Se praticado por agente incompetente o ato será inválido. Essa competência resulta de lei e é atribuída pela Administração aos seus agentes públicos de duas maneiras: Por quantidade: como no caso do governador de estado que possui competência maior do que aquela destinada a seus secretários; Por qualidade: quando o agente possui determinada especialidade profissional, como no caso de advogados e médicos. A competência pode ser atribuída, também, por um deslocamento de competência, mediante previsão legal, podendo ser: Avocada: ou seja, o agente público chama para si a competência e quando um superior hierárquico pratica determinado ato que era a princípio de um subalterno; Delegada: quando um superior hierárquico passa uma competência sua para que outro agente realize o ato. O programa Saber Direito também comenta sobre isso em seu segundo bloco, aproveite! 2

3 A finalidade da atividade também é um requisito, sendo que o objetivo do ato administrativo será sempre o interesse público. Assim, o agente público estará sempre vinculado a essa prática, e, por conseguinte, não sendo o ato administrativo praticado com essa sem finalidade, ele será declarado nulo. Importante! A finalidade do ato administrativo deverá estar indicada na lei, pois o agente público só pratica seus atos mediante autorização legal e se assim não for poderemos estar diante de um claro desvio de poder. Outro aspecto que pode invalidar o ato é a forma como ele é realizado. Sabemos que para o particular, o ato jurídico poderá ser praticado através de uma forma prescrita ou pelo menos que não seja defesa em lei. No entanto, a forma com que o ato administrativo deve ser praticado precisa estar indicada na lei e, como regra, deverá ser por escrito, podendo, em casos extraordinários e em caráter de urgência, ocorrer através da forma oral ou por sinais convencionados. O não cumprimento dos requisitos formais pode invalidar do ato. É necessário, também, um motivo que autorize a autoridade à realização do ato administrativo. Pode ser: legal ou de direito: quando vinculado e expressamente determinado por lei; discricionário ou de fato: quando a critério do administrador, mesmo que com previsão legal, atender à proporcionalidade, à conveniência e à oportunidade. Esclarecemos que o ato discricionário, devidamente motivado, vincula o agente público ao motivo que o originou. Por último, temos o objeto do ato administrativo, que não pode ser confundido com o objetivo que é a finalidade e não o conteúdo do ato. É através do conteúdo do ato que a Administração Pública manifesta seu poder e sua vontade, ou atesta situações preexistentes. Todo ato administrativo tem por objeto a criação, modificação, a extinção 3

4 ou a certificação de fatos ou circunstâncias relativas às pessoas ou às coisas, ou mesmo relativas às atividades sujeitas à intervenção ou a qualquer ação do Poder Público. A seguir, veja um exemplo de ato administrativo (um concurso público) que acabou sendo anulado pela justiça em decorrência do mau planejamento e execução: Para saber ainda mais, acompanhe o terceiro bloco do programa Saber Direito, que comenta sobre essas características: Atributos do ato administrativo Como características do ato administrativo, podemos elencar: Imperatividade ou coercibilidade Os atos administrativos obrigam a todos que estejam dentro de seu campo de incidência, mesmo que possam contrariar certos interesses privados, por isso são chamados de cogentes. Em certas situações o ato administrativo não se mostra tão coercitivo, pois não se faz necessário e, às vezes, é um mero consentimento revelado através de uma autorização ou de uma permissão, atendendo diretamente a um interesse particular. No entanto, terá também, nesses casos, a imperatividade determinando os parâmetros e obrigações que o particular terá que obedecer dentro do que lhe foi concedido. Presunção de legitimidade Presume-se que o ato administrativo quando praticado, esteja dentro dos parâmetros legais, tendo sido autorizado por lei e praticado por agente competente. No entanto, sua presunção é iuris tantum, ou seja, é relativa, 4

5 podendo ser revista quando o administrado provar que o ato afrontou às determinações legais. Esse ônus é seu e terá que fazer prova da ilegitimidade do ato, requerendo ao Poder Judiciário que o reveja, podendo anulá-lo ou invalidá-lo. Autoexecutoriedade Para Marçal Justen Filho (2005, p. 72), só deve ser aplicada em situações excepcionais e observados os princípios da legalidade e da proporcionalidade. Assim, também na autoexecutoriedade, deverá existir a previsão legal para a prática do ato administrativo e mesmo assim ela só deverá ser aplicada quando não existir alternativa menos lesiva. Modalidades de extinção do ato administrativo Todo ato tem um fim, sendo assim, existem maneiras previstas para que isso ocorra. Espontaneamente, quando o ato cumpre sua função e seus efeitos e objetivos são atingidos, ele chegará ao fim, no que se chama extinção natural. Outra forma é a retirada do ato por agente competente, sendo assim ela pode ser feita por revogação, anulação, cassação, caducidade ou mesmo convalidação. A revogação ocorre por motivos de conveniência e oportunidade, exercendo sua discricionariedade, a administração poderá revogar um ato válido, desde que motivadamente, dando a quem tenha interesse a garantia da ampla defesa e do contraditório. Os efeitos da revogação são ex nunc, ou seja, passarão a ter validade a partir de sua publicação, permanecendo válidos todos os efeitos gerados até então. Na anulação ou invalidação ocorre a retirada do ato por razões de ilegalidade quando ele possuir vícios insanáveis. Tal anulação pode ser efetuada por ofício pela administração ou pelo administrado, que poderá 5

6 também a pleitear junto ao Poder Judiciário. Os efeitos da anulação são ex tunc, ou seja, sendo anulado o ato, a anulação retroagirá abrangendo todos os efeitos gerados pelo ato anulado. A cassação é a forma de extinção do ato administrativo que se aplica quando o beneficiário de determinado ato descumpre condições que permitem sua manutenção e seus efeitos. É um ato vinculado e de natureza jurídica sancionatória, pois pune de certa forma quem deixou de cumprir as condições predeterminadas pelo ato cassado. É possível que outro ato com o mesmo valor ou objetivo entre em vigor, nesse caso o anterior é retirado por caducidade ou decaimento. Quando um novo diploma legal passa a entrar em vigor impede-se a permanência da situação anteriormente consentida. Por último, temos a Convalidação que não se trata da extinção propriamente dita do ato administrativo, mas sim de uma maneira de validar o ato que tenha algum vício sanável, podendo a administração confirmá-lo no todo ou pelo menos em parte, convalidando-o por ratificação, reforma ou conversão. No quarto bloco do programa Saber Direito, a seguir, você poderá estudar mais sobre algumas formas de extinção dos atos administrativos: (Videoaula disponível no material on-line) Síntese Neste tema você conheceu os requisitos e atributos dos atos administrativos, pelos quais a atividade administrativa é realizada. Ao adequar os atos a esses elementos é possível eliminar os riscos de anulação ou de sanções relacionadas ao mau planejamento das atividades administrativas. Você ainda estudou as previsões para a extinção dos atos, sendo que eles podem cumprir sua função até o fim sem interrupções ou terminarem antecipadamente por meio de cassações, anulações, retiradas etc. 6

7 Referências BACELLAR FILHO, R. F. Princípios Constitucionais do Processo Administrativo Disciplinar. São Paulo: Max Limonad, BRITTO, C. A. O perfil constitucional da licitação. Curitiba: Znt, CARVALHO FILHO, J. dos S. Manual de Direito Administrativo. 17. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, CARRAZZA, R. A. Curso de direito constitucional tributário. 17. ed. São Paulo: Malheiros, DALLARI, A. A. Aspectos jurídicos da licitação. 4. ed. São Paulo: Saraiva, DI PIETRO, M. S. Direito Administrativo. 19. ed. São Paulo: Atlas, Direito Administrativo. 25. ed. São Paulo: Atlas, DINAMARCO, C. Fundamentos do Processo Civil Moderno. 4. ed. São Paulo: Malheiros, DROMI, R. Derecho Administrativo. 10. ed. Buenos Aires: Ciudad Argentina, FERNANDES, J. U. J. Contratação direta sem licitação. 7. ed. Belo Horizonte: Fórum, FERRAZ, S.; DALLARI, A. A. Processo administrativo. São Paulo: Malheiros, FERREIRA, D. Sanções Administrativas. São Paulo: Malheiros, FIGUEIREDO, L. V. Extinção dos contratos administrativos. 3. ed. São Paulo: Malheiros, GOMES, O. Transformações gerais do direito das obrigações. 2. ed. São Paulo: RT, GUIMARÃES, E. Controle das licitações públicas. São Paulo: Dialética, GUIMARÃES, F V. Alteração unilateral do contrato administrativo. São Paulo: Malheiros, JUSTEN FILHO, M. Comentários à Lei de Licitações e Contratos. 11. ed. 7

8 São Paulo: Dialética, Curso de direito administrativo. São Paulo: Saraiva, MARINS, J. Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial). 2. ed. São Paulo: Dialética MEDAUAR, O. Direito Administrativo Moderno. 10. ed. São Paulo: RT, Processo Administrativo Fiscal: Processualização e Publicidade dos Atos do Processo Administrativo Fiscal. São Paulo: Dialética, MEIRELLES, H. L. Direito administrativo brasileiro. 26. ed. São Paulo: Malheiros, Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Malheiros, MELLO, C. A. B. de. Curso de Direito Administrativo. 21. ed. São Paulo: Malheiros, Curso de Direito Administrativo. 22. ed. São Paulo: Malheiros, Curso de Direito Administrativo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, O conteúdo jurídico do princípio da igualdade. 3. ed. São Paulo: Malheiros, MORAES, A. de. Direito Constitucional Administrativo. São Paulo: Atlas, MOREIRA, E. Processo administrativo. 2. ed. São Paulo: Malheiros, PEREIRA JÚNIOR, J. T. Comentários à lei de licitações e contratações da Administração Pública. 5. ed. Rio de Janeiro: Renovar, REIS, L. E. Os limites das alterações qualitativas nos contratos administrativos. Revista Zênite de Licitações e Contratos, ILC nº 138, agosto de 2005, p. 715, seção Direitos dos Licitantes e Contratados.. O fortalecimento da consensualidade e o declínio das cláusulas 8

9 exorbitantes? Revista JML - Licitações e Contratos nº 05, dezembro de 2007, p. 47, seção Doutrina, sob o título. ROCHA, C. L. A. Princípios constitucionais da administração pública. Belo Horizonte: Del Rey, SILVA, J. A. Curso de direito constitucional. 16. ed. São Paulo: Malheiros, SOUTO, M. J. V. Direito Administrativo Contratual. Rio de Janeiro: Lumens Juris, SUNDFELD, C. A. Licitação e contrato administrativo. 2. ed. São Paulo: Malheiros, TELLES, A. A. Queiroz. Introdução ao direito administrativo. 2. ed. rev., atual. e amp. São Paulo: RT,