DIREITO ADMINISTRATIVO

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1 ATO ADMINISTRATIVO Conceito: Segundo Hely Lopes Meirelles, o ato administrativo pode ser definido como toda manifestação unilateral da Administração Pública que, agindo nesta qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria. Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, ato administrativo é a declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob o regime jurídico de direito público e sujeita ao controle pelo Poder Público. ELEMENTOS (Requisitos de validade e Perfeição) DO ATO ADMINISTRATIVO São os elementos essenciais à formação do ato administrativo. Por serem essenciais, são conhecidos também por requisitos de validade e perfeição. São 5 os elementos/requisitos de validade e perfeição do ato administrativos: Competência, Finalidade, Forma, Motivo e Objeto. COMPETÊNCIA FINALIDADE FORMA MOTIVO OBJETO COM FI FO MO OB Competência: é inerente ao poder atribuído ao agente público. Em outras palavras, é a disposição legal de que aquele agente é o responsável por praticar aquele ato ou autorizado a praticá-lo. Finalidade: sempre terá relação com o interesse público. Finalidade tem relação com o fim desejado pela Administração Pública e este fim sempre deverá ser para o interesse público. São nulos os atos que não vislumbrem o interesse público (Imposição dos Princípio da Supremacia do Interesse Público e Indisponibilidade do Interesse Público). Forma: Consiste na exteriorização do ato administrativo, ou seja, é o modo que o ato será realizado. A forma dos atos administrativos, em regra, deve ser escrita. Mas

2 pode ser verbal: ordem imediata de superior hierárquico; e sinais convencionais: sinalização de trânsito. Em regra a forma é aquela prevista em lei; excepcionalmente, quando a lei não prever a forma de realização ficará a cargo do agente público decidir a melhor forma de agir. Motivo: Consiste na razão de fato ou de direito pelo qual o ato administrativo. O motivo pode estar disposto na lei, bem como pode ser deixado a cargo do agente público. Objeto: pode ser considerado o conteúdo do ato administrativo. Todo o ato administrativo produz algum efeito jurídico. Neste sentido o ato administrativo terá por objeto a criação, modificação, extinção ou comprovação de situações concernentes a pessoas, coisas ou atividades inerentes e sujeitas a Administração Pública. Ex: Na aplicação de multa o objeto é a sanção administrativa a ser imposta; na exoneração de servidor o objeto é quebra do vínculo funcional do agente. ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO Atributos são as prerrogativas existentes no ato administrativo para que este possua a capacidade de cumprir com sua natureza de interesse público. Com base nos ensinamentos de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, pode-se conceituar os atributos como sendo prerrogativas conferidas à Administração Pública, os quais normalmente não são conferidos à particulares, para que seja possível alcançar os fins desejados no exercício da função administrativa. São atributos do ato administrativo: Presunção de Legitimidade e Veracidade dos Atos Administrativos, Autoexecutoriedade, Tipicidade e Imperatividade. P RESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE E VERACIDADE A UTO EXECUTORIEDADE T IPICIDADE I MPERATIVIDADE P.A.T.I. Presunção de Legitimidade e veracidade do Ato administrativo: este atributo significa que os atos administrativos são presumidos verdadeiros e corretos.

3 Como consequência deste atributo, em caso de ilegalidade ou irregularidade no ato, caberá aos administrados (pessoas em geral) o dever de provar o erro, ou seja, se não conseguir provar que o ato é ilegal ou irregular (por mais e este possuam alguma irregularidade de fato), será presumido válido. Outra consequência é que durante o período em que o ato administrativo estiver sendo discutido ele se manterá produzindo efeitos. Este atributo pode ser reconhecido pela expressão popular da chamada FÉ PÚBLICA. Está presente em todos os atos administrativos. Autoexecutoriedade: Este atributo determina que os atos administrativos poderão ser executados pela própria Administração Pública, independente da autorização dos outros Poderes. Segundo a doutrina majoritária este atributo não está presente em todos os atos administrativos, mas somente: Quando a lei estabelecer (Ex: remoção de veículo ao pátio); Em caso de urgência. (Ex: demolição de um prédio que ameaça cair colocando em risco a coletividade). Tipicidade: Este atributo determina que os atos administrativos corresponderão as figuras previamente estabelecidas em lei como aptas a produzir determinados efeitos. Este atributo corresponde com o Princípio da Legalidade uma vez que o agente público apenas poderá fazer aquilo que a lei determinar, nos moldes específicos da lei previamente editada. Este atributo do ato administrativo está presente apenas em atos unilaterais. Imperatividade: Este atributo determina que os atos administrativos terão o poder de impor obrigações aos administrados, independente da sua aceitação. Segundo Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, imperatividade traduz a possibilidade de a Administração Pública, unilateralmente, criar obrigações para os administrados, ou impor-lhe restrições. ATO PERFEITO, VÁLIDO E EFICAZ Nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello: [...] ato perfeito é o que completou o ciclo necessário à sua formação. [...] é válido quando foi expedido em absoluta conformidade com as exigências do sistema normativo.[...] é eficaz quando está disponível para a produção de seus efeitos próprios; ou seja, quando o desencadear de seus efeitos típicos não se encontra dependente de qualquer evento posterior, como uma condição suspensiva, termo inicial ou ato controlador a cargo de outra autoridade."

4 Perfeito: quando completou todo o processo de formação. Ex: edição, homologação e publicação de edital para a contratação de escrivães de polícia. Válido: quando o ato administrativo preenche todos os requisitos de validade e perfeição (competência, finalidade, forma, motivo, objeto). Eficaz: quando está apto a produzir os efeitos jurídicos a que se destina. ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E COVALIDAÇÃO Anulação e Revogação Lei 9.784, de 29 de janeiro Art. 53. "A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vícios de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos". Art. 54. "O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé". Art. 50, VIII. "Quando importem anulação, revogação ou convalidação de ato administrativo os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos ". Súmula 473 do STF: A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. Anulação: consiste na invalidação dos efeitos jurídicos do ato administrativo devido a constatação de alguma ilegalidade. Revogação: consiste na extinção do ato administrativo por vontade e conveniência da Administração Pública interrompendo os efeitos jurídicos que este estava produzindo. ANULAÇÃO = ILEGALIDADE REVOGAÇÃO = OPORTUNIDADE E CONVENIÊNCIA Obs: A Administração Pública pode anular e revogar seus próprios atos administrativos; O Judiciário pode apenas anular (decorrente da ilegalidade) uma vez que não pode interferir na independência dos atos discricionários da Administração Pública (Separação dos Poderes).

5 EFEITOS DECORENTES DA ANULAÇÃO E REVOGAÇÃO Anulação = efeito ex tunc (retroage à data de início dos efeitos do ato) Revogação = efeito ex nunc (modifica os efeitos da data da revogação para frente, ou seja, não retroage). Convalidação A convalidação é o refazimento de modo válido e com efeitos retroativos do que fora produzido de modo inválido (Celso Antônio Bandeira de Mello, 11ª edição, editora Melhoramentos, 336). Lei 9.784, de 29 de janeiro de 1999: Art. 55. "Os atos que apresentem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros". Vícios sanáveis admitem convalidação, vícios insanáveis não admitem e impedem o aproveitamento. Efeitos da convalidação é ex tunc (retroativos) CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS A classificação dos atos administrativos variam muito de acordo com a densidade de critérios adotados pelos doutrinadores. Dentre as classificações mais utilizadas nos concursos estão as seguintes: Quanto aos destinatários: Atos gerais ou regulamentares: são aqueles expedidos sem destinatários determinados, com finalidade normativa, alcançando todos os sujeitos que se

6 encontrem na mesma situação de fato abrangida por seus preceitos; são atos de comando abstrato e impessoal, por isso, revogáveis a qualquer tempo pela Administração, mas inatacáveis por via judiciária, a não ser pela representação de inconstitucionalidade; prevalecem sobre os atos individuais, ainda que provindos da mesma autoridade. Atos individuais ou especiais: são todos aqueles que se dirigem a destinatários certos, criando-lhes situação jurídica particular; são atos individuais os decretos de desapropriação, de nomeação, de exoneração, assim como as outorgas de licença, permissão e autorização; quando geram direito adquirido tornam-se irrevogáveis (STF, Súmula 473). Quanto ao alcance: Atos internos: são os destinados a produzir efeitos no interior das repartições administrativas, e por isso mesmo incidem, normalmente, sobre os órgãos e agentes da Administração que os expediram; não produzem efeitos em relação a estranhos; não dependem de publicação no órgão oficial para sua vigência. Atos externos ou de efeitos externos: são todos aqueles que alcançam os administrados, os contratantes e, em certos casos, os próprios servidores, provendo sobre seus direitos, obrigações, negócios ou conduta perante a Administração; só entram em vigor ou execução depois de divulgados pelo órgão oficial, dado o interesse do público no seu conhecimento. Quanto à liberdade de ação: Atos vinculados: possui relação com o poder vinculado. Neste sentido, os atos vinculados são aqueles cuja atuação da Administração Pública possui nenhuma ou quase nenhuma abertura para análise do Administrador. Os atos vinculados são aqueles cuja disposição legal prevê exatamente como o ato deve ser realizado com suas especificidades. Ex: preenchimento de auto de infração. Atos discricionários: decorrente do poder discricionário, os atos discricionários são aqueles cuja atuação pode variar de acordo com o entendimento do agente público no caso concreto, até o limite estabelecido em lei. É importante lembrar que a discricionariedade limita-se com a própria lei, ou seja, haverá uma margem maior para o agente decidir no caso concreto, mas não amplo demais para que possa extrapolar o direito individual do cidadão. A discricionariedade deriva da própria lei. Se ultrapassar o limite da lei o ato passa de discricionário para arbitrário.

7 Quanto aos efeitos: Atos constitutivos: são aqueles que criam uma nova situação jurídica para o destinatário, ou que modificam ou extinguem a situação já existente. Ex: permissão, autorização, nomeação, revogação. Atos declaratórios: são aqueles que apenas reconhecem um direito ou situação já existente, antes do ato.ex: admissão, licença, homologação, anulação. Atos enunciativos: são os que apenas atestam ou reconhecem determinada situação de fato ou de direito. Enceram juízo, conhecimento ou opinião, e não manifestação de vontade produtora de efeitos jurídicos, motivo pelo qual alguns autores os classificariam como meros atos administrativos. Ex: certidões, atestados, pareceres, vistos. ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS (baseado em Celso Antônio Bandeira de Mello) Quanto às espécies devem os atos ser agrupados de um lado sob o aspecto formal e de outro lado sob o aspecto material (ou seu conteúdo). A terminologia utilizada diverge bastante entre os autores. Espécies de atos quanto à forma de exteriorização: Decretos são editados pelos Chefes do Poder Executivo (Presidente, Governadores e Prefeitos) para fiel execução das leis (CF/88,art. 84, IV); Resoluções praticados pelos órgãos colegiados em suas deliberações administrativas,a exemplo dos diversos, Tribunais (Tribunais Judiciários, Tribunais de Contas ) e Conselhos (Conselhos de Contribuintes, Conselho Curador do FGTS, Conselho Nacional da Previdência Social) ; Instruções, Ordens de serviço, Avisos - utilizados para a Administração transmitir aos subordinados a maneira de conduzir determinado serviço; Alvarás - utilizados para a expedição de autorização e licença, denotam aquiescência da Administração no sentido de ser desenvolvida certa atividade pelo particular. Ofícios - utilizados pelas autoridades administrativas para comunicarem-se entre si ou com terceiros. São as cartas ofícios, por meio delas expedem-se agradecimentos, encaminham-se papéis, documentos e informações em geral. Pareceres - manifestam opiniões ou pontos de vista sobre matéria submetida a apreciação de órgãos consultivos.