EFEITO DA ESCOLA DE POSTURA EM CRIANÇAS
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- David Philippi da Cunha
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1 EFEITO DA ESCOLA DE POSTURA EM CRIANÇAS LEITE, Juliana Malichesqui* Fisioterapeuta graduada pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (2009) e Pós- Graduanda em Fisioterapia Pediátrica e Neonatal pela Universidade Castelo Branco. RESUMO OBJETIVO: Verificar o efeito da Escola da Postura no conhecimento postural e traçar o perfil postural em estudantes de 7 a 10 anos, bem como Identificar à presença de dores musculoesqueléticas em diversas situações e identificar os locais mais comuns de dor musculoesqueléticas. METODOLOGIA: O estudo realizado na Escola Clemilda Andrade com 41 crianças de 7 a 10 anos, sendo dividido em 3 etapas: : I-assinatura dos TCLE, aplicação dos questionários e captação das fotos; II- aplicação do protocolo da Escola da Postura(12 encontros de 40 min.); III- reavaliação dos questionários. RESULTADOS: No que se refere as alterações posturais as mais evidenciadas foram hiperlordose lombar e escoliose. Observaram-se diferenças estatisticamente significativas (p<0,05) nos períodos pré e pós aplicação do protocolo da escola da postura em relação ao aumento do bom conhecimento sobre os hábitos posturais. O numero de crianças com dor é preocupante, sendo observado a necessidade de intervenção o mais cedo e rápido possível. CONCLUSÃO: A Escola da Postura mostrou-se que pode ser um método eficaz na aquisição de conhecimento corporal e postural no infante. A fisioterapia preventiva no infante e de grande valia para prevenção de algias e desvios, podendo levar o individuo a uma vida mais saudáveis. PALAVRAS CHAVES: Escola da Postura, crianças e hábitos posturais. *Bacharel em Fisioterapia e Especializada em Pediatria e Neonatologia. Universidade Castelo Branco e Atualiza End.: Av. Juracy Magalhães Júnior, 1388, Rio Vermelho, Salvador-BA - CEP: atualiza@atualizacursos.com.br
2 2 INTRODUÇÃO Problemas posturais podem ocasionar dores e limitações funcionais em grande parte da população adulta, levando ao cansaço, fadiga física, diminuição da disposição e até mesmo ao mau humor. As dores nas costas não poupam ninguém; atingem os indivíduos de todas as camadas socioeconômicas, sexo, idade e raça. As afecções na coluna vertebral têm sido objeto de vários estudos e pesquisas em decorrência do aumento significativo de atendimentos registrados e especialmente na faixa etária jovem. Esse fato tem chamado a atenção dos meios de comunicação tanto no Brasil, como no exterior, pela extensão do problema, pois além de atingir crianças desde a idade escolar, assume proporções importantes na população economicamente ativa, resultando afastamento para tratamento fisioterapêutico. (FONSECA, 2006) A infância e a adolescência representam dois períodos da vida do ser humano em que ele se depara com inúmeras descobertas a respeito do mundo e a respeito de si próprio. Nestas fases as crianças e os adolescentes passam por uma série de alterações psicológicas, afetivas, sociais e físicas. Em relação às alterações físicas, assim como existem mudanças na estatura e no peso corporal, existem também mudanças em relação à postura do indivíduo, de acordo com as vivências corporais experimentadas por cada um, nas diferentes fases da vida. Considerando que a maioria dos desvios posturais na criança está na categoria de alterações próprias do desenvolvimento, deve-se estar atento aos padrões de postura exacerbados que podem se tornar hábitos inadequados predispondo as condições degenerativas da coluna do adulto. (TRIBASTONE, 2001) Ainda neste sentido é interessante citar que as posturas utilizadas mais comumente por um indivíduo em seu cotidiano são os principais determinantes da postura corporal. (RASCH e BURKE, 1997) O estudo dos hábitos posturais se torna relevante na medida em que estes são considerados ações modificáveis. As estruturas musculoesqueléticas das crianças estão em formação, portanto, mais susceptíveis a deformidades, tornando necessário haver uma intervenção nos hábitos posturais nessa faixa etária da vida. (ZAPATER, 2004)
3 3 A idade escolar é essencial para o desenvolvimento infantil, visto que nessa fase a criança encontra-se em processo de aprendizado e as atitudes posturais delas se relacionam com a ação do meio ambiente, experiências anteriores de movimento, aspectos psico-afetivos, condições anátomo-fisiológicas e o contexto sócio-cultural em que estão inseridas. (ZAPATER, 2004) Desde o nascimento, a criança inicia seu aprendizado quanto à consciência corporal e esquema corporal, a criança percebe seu próprio corpo por meio de todos os sentidos, estando o mesmo ocupando um espaço no ambiente em função do tempo, captando assim imagens, sons, sentindo cheiros e sabores, dor, calor e movimentando-se. (FRUG, 2001) As posturas inadequadas adotadas na sala de aula e/ou em casa podem levar a um desequilíbrio na musculatura do corpo, produzindo alterações posturais. A vigilância de pais e professores é de especial importância na correção a tempo de desvios posturais, a fim de se evitar a evolução e deformidades permanentes (PENHA ET AL, 2005). A fase escolar pode ser o melhor momento para a atuação do fisioterapeuta, que poderá possibilitar aos escolares a aquisição de hábitos e posturas adequadas, usando diversas técnicas, entre elas a Escola da Postura. Segundo os conhecimentos utilizados na Escola da Postura, ela pode ser usada como meio de prevenção das algias nas crianças, tendo como objetivo levar informações sobre o funcionamento do corpo e suas estruturas anatômicas, mostrando assim, a necessidade de cuidar do corpo para se tornar um adulto sadio. (CHUNG, 1996) A Escola da Postura é um programa educacional e de treinamento para ensinar as pessoas a prevenir e conviver com os problemas da coluna vertebral. (CHUNG, 1996) Portanto, são necessários mais estudos nesta faixa etária, para verificar qual o método que terá mais repercussão na educação e melhora postural do infante. Diante disso esse estudo vem verificar o efeito da Escola da Postura no conhecimento postural e traçar o perfil postural em estudantes de 7 a 10 anos, bem como Identificar a presença de dores musculoesqueléticas em diversas situações e identificar os locais mais comuns destas dores.
4 4 METODOLOGIA O estudo foi realizado na Escola Municipal Clemilda Andrade em Salvador/BA de agosto a setembro/2010, com 42 crianças de 7 a 10 anos de idade. Os critérios de inclusão para o estudo foram: a) crianças que desejarem participar; b) alunos alfabetizados, com habilidade para leitura e escrita; c) estar cursando o ensino fundamental; d) idade entre 7 e 10 anos. Os critérios de exclusão para este estudo foram: a) crianças portadoras de deficiência motora, b) doenças do aparelho locomotor, c) crianças que se recusaram participar da pesquisa, d) que estavam realizando algum tratamento fisioterapêutico, e) crianças cujos pais não assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido; f) crianças que não possuíam habilidades para leitura e compreensão do questionário; g) crianças que faltaram às três primeiras aulas. O estudo foi dividido em 3 etapas: I- autorização do Comitê de Ética e posterior assinatura dos TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido), aplicação dos questionários (REBOLHO, 2005) e captação das fotos; II- aplicação do protocolo da Escola da Postura, contendo 12 encontros de 40 min. (CARDIA, 1998); III- reavaliação dos questionários. Os questionários foram aplicados em todas as crianças presentes, na própria sala de aula, onde a pesquisadora lia em voz alta à questão e cada aluno marcava a opção que lhe cabia e tirava as possíveis dúvidas individualmente. As fotos foram realizadas com as crianças devidamente trajadas sendo: meninos de sunga ou shorts; meninas de biquíni ou shorts e top. Lembrando que as fotos foram de uso exclusivo do estudo não sendo divulgadas em nenhum meio de comunicação. As crianças foram encaminhadas a uma sala que estava preparada com uma máquina fotográfica da marca CANON PowerShot A400 de 3.2 megapixels apoiada em um tripé, com distância de 2m e 30cm da parede e altura variável de acordo com a do estudante sendo utilizado a metade da altura da criança. Foram verificados o peso e a altura das crianças, depois de tiradas fotos nas vistas: anterior, lateral direito e esquerdo e posterior, com a devida marcação dos pontos anatômicos: trago (1), manúbrio do esterno (2), acrômio direito e esquerdo (3 e 4), ângulo superior e inferior da escapula (5 e 6), epicôndilo lateral esquerdo e direito (7 e 8), trocânter maior direito e esquerdo (9 e 10), espinha ilíaca ântero-superior
5 5 direita e esquerda (11 e 12), espinha ilíaca póstero-superior direita e esquerda (13 e 14), linha articular do joelho direito e esquerdo (15 e 16), tuberosidade da tíbia direita e esquerda (17 e 18), patela direita e esquerda (19 e 20), maléolo medial direito e esquerdo (21 e 22), maléolo lateral direito e esquerdo (23 e 24), ponto entre a cabeça do 2º e 3º metatarsal direito e esquerdo (25 e 26), calcâneo direito e esquerdo (27 e 28), ponto médio da perna na altura dos dois maléolos direito e esquerdo (29 e 30), seguindo os pontos solicitados pelo Software SAPO. As variáveis que foram analisadas são: - Conhecimento de Hábitos Posturais (Questionário de Hábitos Posturais com pontuação para as questões: 0 errado; 0,5 meio certo; 1,0 certo; e para classificação ordenada: 0-3 ruim; 4-6 regular e 7-10 Bom); - Presença de dores em situações diversas (Questionário de Hábitos Posturais Situações: em pé, sentado, deitado, andando, durante aula de educação física, transporte de mochilas e durante atividade física; classificadas em: nunca (0), às vezes (1) e sempre (2)). - Perfil Postural: através de fotografias tiradas nos perfis anterior, posterior, lateral direito e esquerdo. As fotos foram analisadas de forma duplo-cego, pela pesquisadora e duas colaboradoras, sendo que após cruzou-se os resultados. - Locais comuns de dor: a partir de um diagrama proposto por CORLETT e MANENICA, foram verificados os locais de maior predominância de dor. - Escala Visual Analógica de dor: classificado em leve: 0-3, moderado: 4-7 e grave: Foram estimadas as freqüências das variáveis estudadas. A associação das mesmas foi avaliada a partir do teste McNemar. Os dados foram analisados através do software SPSS 12.0 for Windows.
6 6 RESULTADOS Foram excluídas da avaliação fotográfica 11 crianças por não estarem com traje adequado no dia previamente marcado para realização das fotografias, porém, estas permaneceram no estudo respondendo os questionários e participando das aulas do protocolo. Uma criança foi excluída do trabalho em geral por apresentar deficiência motora. Totalizando 41 crianças participando do protocolo da Escola da Postura e destas, 30 na avaliação fotográfica. Todas as crianças que participaram do estudo eram destras; dessas, 29,2% meninas e 70,7% meninos, sendo: 41,4% com 7 anos de idade, 21,9% com 8 anos, 34,1% com 9 anos e 2,4% com 10 anos de idade. Ao analisar o perfil postural das 30 crianças, pode-se observar que 36,6% apresentavam hiperlordose lombar e 40,0% apresentam escoliose (Figura 1). Frequência % Alterações Posturais Hiperlordose Lombar Escapula Alada Escoliose Joelho Varo Joelho Valgo Joelho Recurvatum Pé Plano Figura 1 Alterações Posturais encontradas nas crianças estudadas. Na análise dos conhecimentos de hábitos posturais antes da aplicação do protocolo Escola da Postura, observa um aumento estatisticamente significante (p<0,05), já que das 41 crianças participantes do estudo, 36,5% foram classificadas como tendo um conhecimento bom. Após a realização da Escola da Postura podemos observar uma melhora do conhecimento sobre posturas adequadas, pois 70,9% passaram a ter um conhecimento bom (Tabela 1). A verificação do conhecimento dos hábitos posturais foi realizada através de um questionário, no qual sua análise pré e pós Escola da Postura apresentou: 5 questionários pós com pontuação para menos, 17 mantiveram-se no mesmo patamar não mudando sua variação e 19 aumentaram sua pontuação, com p<0,031, sendo assim evidenciado um resultado significativo.
7 7 Inicialmente, verificaram-se quantas crianças apresentavam dor independente do local ou situação postural, 48,8% relatavam ter dor e 51,2% das crianças não apresentavam dor. Após a Escola da Postura, 61,0% das crianças sentiam dor enquanto 39,0% não tinham dor. Ao verificar a graduação de dor nas crianças observou-se que pré Escola da Postura 9,8% das crianças tinham dor grave e pós Escola da Postura 12,2% apresentaram dor grave (Tabela 1). Tabela 1 Pontuação do nível de conhecimento, presença de dor e graduação da dor pré e pós-aplicação da Escola da Postura em escolares de 7 a 10 anos. Escola da Postura Pré Pós N % N % Nível de Conhecimento Ruim 10 24,5 5 12,1 Regular 16 39,0 7 17,0 Bom 15 36, ,9 Presença Dor de Sim 20 48, ,0 Não 21 51, ,0 Nível de Dor Leve 23 56, ,6 Moderado 14 34, ,2 Grave 4 9,8 5 12,2
8 8 Nas posturas adotadas durante a vida escolar, observa-se à presença de dor em diversas situações sendo estas: em pé, sentado, deitado, andando, transportando mochilas e durante atividade física. Diante disto, verificou-se que, antes da Escola da Postura 14,6% das crianças sempre apresentavam dores ao andar, 19,5% nas atividades esportivas, 14,6% ao sentar e 19,5% no transporte de mochilas. Já após Escola da Postura 19,5% das crianças sempre apresentava dores ao andar, 12,2% nas atividades esportivas, 9,8% ao sentar e no transporte de mochilas não houve diferença (Figura 2) Freq uên cia% Pré Sempre Pós Sempre 0 Em pé Sentado Deitado Andando Transporte de Mochila Presença de Dor em Diferentes Situações Atividades Esportivas Figura 2 - Presença de dor antes e depois da Escola da Postura em situações diversas em escolares de 7 a 10 anos. Além das situações diversas de dor foi verificada qual região havia predominância de dor, obtendo-se o seguinte resultado: antes Escola da Postura 9,8% das crianças apresentaram dor no ombro esquerdo, 19,5% no alto das costas e 17,1% nos pés. Após a Escola da Postura 19,5% das crianças tinham dor no ombro esquerdo, 17,1% dor no alto das costas e 2,4% dor nos pés (Figura 3). 25 Frequência% Nuca OmbroE OmbroD AltodasCostas BaixodasCostas Pés 0 Pré Locais Comuns de Dor Pós Figura 3 Locais Comuns de dor em escolares de 7 a 10 anos.
9 9 DISCUSSÃO/CONCLUSÃO O perfil postural dessa população mostrou algumas alterações, relatadas inclusive em diversos estudos. Nesse estudo observou-se que 36,6% das crianças apresentaram hiperlordose lombar. Segundo ASHER, 1976 crianças de 6 a 10 anos tendem a projetar seu abdômen para frente e hiperextender os joelhos para a distribuição do peso antero-posterior. Talvez isso explique a elevada ocorrência de hiperlordose lombar em diversos estudos, inclusive neste. Das manifestações, a mais relevante foi escoliose: 40,0% das crianças apresentavam. Segundo PIRES, 1990 a maioria das atitudes escolióticas pode ocorrer devido à inclinação lateral do tronco. A criança em idade escolar permanece por várias horas numa posição incorreta, utilizando carteira imprópria, o que provoca enfraquecimento da musculatura abdominal e dorsal. Ao verificar o conhecimento postural em crianças de 7 a 10 anos observou-se que antes da aplicação do protocolo 36,5% das crianças apresentaram um bom conhecimento sobre posturas adequadas enquanto após a aplicação do protocolo a porcentagem dessas crianças aumentou para 70,9%. Diante disso, é possível observar uma melhora considerável no nível de conhecimento postural, afinal a criança normalmente não tem acesso à informações sobre o funcionamento de seu corpo, suas estruturas e hábitos posturais, o que na verdade deveria ser diferente, pois é na infância que se fixam hábitos de uma vida. Na literatura não foram encontrados estudos semelhantes que analisassem quais são os hábitos posturais mais adotados pelas crianças e estudos que comparassem a absorção de conhecimento pré e pósaplicação do protocolo da Escola da Postura, tornando assim esse estudo um estudo pioneiro nesse último aspecto. Quanto à presença de dor nas crianças foi observado que Pré Escola da Postura 48,8% das crianças tinham dor e pós o número passou para 61,0%. Quanto à intensidade grave, pré era de 9,8% e passou para 12,2%. Observando esses resultados a primeira vista ele parece intrigante, porém justificado pela literatura. FRUG, 2001 mostra que quando se adquire consciência corporal e conhecimento corporal, as dores podem aparecer, pois o aprendizado favorece a interpretação das informações e sensações provenientes do corpo. Isto foi observado na população estudada.
10 10 De acordo com os resultados e estudos de outros pesquisadores pode-se observar que devemos aumentar a atenção a diversos posicionamentos adotados nas atividades diárias, como andar, praticar atividades esportivas, sentar e carregar mochila. A postura corporal adotada pelas crianças no dia-dia depende de seus hábitos de vida, das exigências das atividades básicas impostas pela sociedade e dos equipamentos ou mobiliários que utilizam para tal. Estes fatores influenciam diretamente no seu futuro desenvolvimento como indivíduo. Através de um estudo realizado com 230 alunos da cidade de Florianópolis - SC, com uma média de idade de 11 anos, foi verificado que estas crianças permaneciam, em média, 7,3 horas na posição sentada, sendo que desse tempo a maior ocorrência foi na escola (4,4 horas) e em casa assistindo TV. Os autores também apontaram que 60% não praticavam esporte ou atividade física. Chegando à conclusão que estas crianças possuíam um alto índice de sedentarismo, com hábitos posturais pouco saudáveis, reduzida atividade física ou esportiva, agravado principalmente pela postura sentada, que induz comprometimentos a nível da coluna, podendo prejudicar assim o futuro desenvolvimento físico. (MORO, NASSER e FISCHER, 1999) Neste estudo não foi diferente Pré Escola da Postura 14,6% das crianças tinham dor ao ficar muito tempo sentado, pós Escola da Postura o número reduziu devido ao aprendizado do melhor posicionamento e o uso de exercícios para relaxar durante a posição sentada. Conforme relatos de NACHEMSON, 1974 a posição sentada é considerada a mais danosa para a coluna, pior até mesmo que a posição em pé. ZAPATER, 2004 cita que o simples fato de o indivíduo passar da postura em pé para a sentada aumenta em aproximadamente 35% a pressão interna no núcleo do disco intervertebral e todas as estruturas (ligamentos, pequenas articulações e nervos) que ficam na parte posterior são esticadas isso se o sujeito estiver sentado nas melhores condições possíveis. Além dos problemas lombares, a postura sentada prolongada tende a reduzir a circulação de retorno dos membros inferiores, gerando edema nos pés e tornozelos e, também, promove desconfortos na região do pescoço e membros superiores. Ao carregar mochila, 22,0% das crianças relataram dor - 9,8% apresentavam dor no ombro esquerdo e 19,5% no alto das costas podendo ser indicativo de uma má condução da mochila. O estudo observou que cerca de 80,0% das crianças carregavam suas mochilas da forma incorreta, principalmente em um ombro só. Segundo CARENZI, 2004 as disfunções posturais
11 11 e dolorosas que 80% das crianças apresentam, ocorrem devido ao mau uso das mochilas, afetando assim seu desenvolvimento. Os indivíduos que utilizam mochilas, seja de fixação dorsal ou escapular, podem apresentar um conjunto de alterações posturais que criam condições de prejuízos significativos às estruturas músculos esqueléticos que compõem a coluna gerando inclusive dor como foi visto neste estudo. NOONE, 1993 argumenta que as crianças deveriam ser encorajadas a usar mochilas com fixação nas costas, pois são menos prejudiciais do que as transportadas em uma das mãos ou no ombro. Ao ser aplicado o protocolo da Escola de Postura, verificou-se grande interesse por parte dos alunos, além da constatação de que a escola estudada apresenta uma carência de informações e ausência de programas educativos sobre o tema. O protocolo da Escola da Postura (CARDIA, 1998) aplicado nesta instituição de ensino teve que passar por algumas modificações a fim ser adaptda à rotina da escola. Tais alterações não influenciaram na seqüência das aulas. Exemplo: de acordo com o protocolo uma aula teórica é seguida de uma ou duas aulas práticas a depender do dia, porém como nosso horário era reduzido, tivemos que realizar apenas uma aula teórica seguida de uma prática, havendo dias que só tivemos aulas práticas ou teóricas. Com essa adaptação, pode-se perceber que o protocolo da Escola da Postura é um método flexível, que mesmo com pequenas alterações o seu objetivo vai se manter. Ela ainda pode ser agregada a outras técnicas, como quando há necessidade de intervenção individual. O conhecimento que o protocolo traz, vai beneficiar outras técnicas, como por exemplo a Reeducação Postural Global (RPG) pois a criança já terá possibilidade de reconhecer seu corpo no meio, sendo assim um facilitador para outras técnicas que exijam conhecimento postural. Com os resultados obtidos, podemos perceber a necessidade de intervir desde cedo nas escolas com informações sobre o corpo e a melhor maneira de cuidá-lo. A Escola da Postura mostrou-se um método eficaz na aquisição de conhecimento corporal e postural no infante. Devemos salientar a importância de conhecer melhor nosso corpo na infância para aprender, desde cedo, a lidar com as adversidades.
12 12 Quanto à avaliação postural, a literatura é rica em informações, porém, nesse estudo, o objetivo foi traçar um perfil postural das crianças avaliadas e mostrar como é importante intervir o mais cedo possível na aquisição de consciência corporal, adequação e hábitos posturais, para que essas alterações encontradas em desvios e dores não se agravem e possam ser rapidamente revertidas. Portanto, a fisioterapia preventiva no infante é de grande importância para evitar algias e desvios, levando o individuo a uma vida mais saudável.
13 13 EFFECT OF BACK SCHOOL ON CHILDREN ABSTRACT OBJECTIVE: To investigate the effects of the Back School in postural awareness and draw a profile posture in students from 7 to 10 years, as well as identify the presence of musculoskeletal pain in different situations and identify a common site of musculoskeletal pain. METHODS: The study in School Children Clemilda Andrade with 41 from 7 to 10 years and is divided into 3 phases: I-signing of FICT, application of questionnaires and collection of photos; II-implementation of the Protocol Back School (12 meetings of 40 min.) III-revaluation of the questionnaires. RESULTS: As regards the changes highlighted were the most postural hyperlordosis and lumbar spine. There were statistically significant differences (p <0.05) in the periods before and after implementation of the Protocol of the Back School stance in relation to the increase of knowledge about good posture habits. The number of children with pain is worrying, and noted the need for intervention as soon as possible and fast. CONCLUSION: The Back School showed that it can be an effective method in the acquisition of knowledge and body posture in the infant. The preventive physiotherapy in the infant and of great value for the prevention of pain and diversions, the individual may lead to a more healthy life. KEYWORDS: Back School, children and postural habits. 1 Informação extraída da Norma ABNT 6022 (p.4,2003).
14 14 REFERÊNCIAS FONSECA, E.. A Intervenção da Fisioterapia nos Hábitos Posturais dos estudantes no Ambiente Escolar. [monografia] Salvador: Faculdade Bahiana de Medicina e Saúde Pública; TRIBASTONE, F. Tratado de exercícios corretivos: aplicados a reeducação motora postural. São Paulo: Manole, RASCH, P. J.; BURKE, R. K. Cinesiologia e anatomia aplicada: a ciência do movimento humano. 5. ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, ZAPATER, A. R. et al. Postura sentada: a eficácia de um programa de educação para escolares. Ciência e Saúde Coletiva. São Paulo, v.9, n.1, p , FRUG, Chrystianne Simões. Educação motora em portadores de Deficiência Formação da Consciência Corporal. São Paulo, Plexus,2001. PENHA, P. J.; JOAO, S. M. A.; CASAROTTO, R. A. et al. Avaliação postural em meninas de 7 a 10 anos. Clinics.São Paulo, v.60, n.1, p9-16, CHUNG, M. T.. Escola de Coluna Experiência do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Acta Fisiatrica, São Paulo, v.3, n.2, p , CARENZI, T. et al. Avaliação postural em crianças em idade escolar de uma escola da cidade de Guarulhos/SP. Revista Fisioterapia UNICID, São Paulo, v. 3, n. 1, p , REBOLLHO, M. T. C. Efeitos da educação postural nas mudanças de hábitos em escolares da 1ª a 4ª série do ensino fundamental [dissertação]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; p 92. SMITH, L. K.; WEISS, E. L.; LEHMKUHL, L. D.. Cinesiologia Clínica de Brunnstrom. São Paulo: Manole, 1997, p BURNS, Y. R.; MACDONALD, J. Fisioterapia e Crescimento na Infância. São Paulo: Santa Livraria e Editora. 1999, p CARDIA, M. C. G. Manual da Escola de Postura. João Pessoa: Editora Universitária, BRACCIALLI, L. M. P.; VILARTA, R.. Aspectos a serem considerados na elaboração de programas de prevenção e orientação de problemas posturais. Revista Paulista de Educação Física. São Paulo, v.14, n.2, p , ANDRADE, S. C.; ARAÚJO, A. G. R.; VILAR, M. J. P.. Escola de Coluna : Revisão Histórica e sua aplicação na lombalgia crônica. Revista Brasileira de Reumatologia. Rio de Janeiro, v. 45, n. 4, p , HAMILL, J.; KENUTZEN, K. M. Bases Biomecânicas do Movimento Humano. São Paulo: Manole p.303. CORREA, A. L. et al. Avaliação dos Desvios Posturais em escolares: estudo preliminar. Fisioterapia Brasil. São Paulo, v. 6, n. 3, 2005.
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