As relações intersetoriais do setor energético na economia brasileira: uma abordagem insumo-produto

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Transcrição:

As relações tersetoras do setor eergétco a ecooma braslera: uma abordagem sumo-produto Marco Atoo Motoya * Cássa Aparecda Pasqual ( memora) ** Rcardo Lus Lopes *** Joaqum José Marts Gulhoto **** Resumo Este artgo avala as relações tersetoras do setor eergétco a ecooma braslera, utlzado a matrz sumo-produto estmada para 2009. Verfcou-se que o setor eergétco costtu-se o prcpal setor-chave da ecooma, estmula de forma abragete o crescmeto ecoômco e seus estímulos destacam-se a geração de produção, empregos e saláros. As smulações sobre o setor eergétco mostraram que os setores servços são os prcpas caas de trasmssão dos mpactos de um maor cosumo de eerga a ecooma braslera. Trata-se, portato, de um setor estratégco para o crescmeto ecoômco que precsa de um fluxo cotíuo de vestmetos para cremetar sua produção. Palavras-chave: Setor eergétco. Crescmeto ecoômco. Requermetos de eerga. Isumo-produto. * Professor ttular da Faculdade de Cêcas Ecoômcas, Admstratvas e Cotábes da Uversdade de Passo Fudo (Feac-UPF). E-mal: motoya@upf.br ** Professora da Faculdade de Cêcas Ecoômcas, Admstratvas e Cotábes da Uversdade de Passo Fudo (Feac-UPF). E-mal: cpasqual@upf.br *** Professor da Uversdade Estadual de Margá (UEM). E-mal: rllopes@uem.br **** Professor ttular da Faculdade de Ecooma e Admstração da Uversdade de São Paulo (FEA- -USP). Aduct professor do Regoal Ecoomcs Applcatos Laboratory (Real) da Uversty of Illos (EUA). Pesqusador do CNPq. E-mal: gulhoto@usp.br http://dx.do.org/10.5335/rtee.v2144.5353 Submssão: 20/11/2014. Acete: 13/05/2015. 36

1 Itrodução Prevsões sobre o crescmeto da ecooma mudal apotam que, até o ao de 2035, o produto tero bruto (PIB) crescerá a uma taxa de 3,2% ao ao, passado de 63,13 trlhões de dólares em 2007 para 153,66 trlhões de dólares em 2035, ou sea, o tamaho do mercado mudal aumetará em 243,40%. Sem dúvda, esse crescmeto terá um relevate papel o aumeto da demada de eerga dado sua vtal mportâca para o desevolvmeto de qualquer sstema ecoômco. No Brasl, o Balaço Eergétco Nacoal (BEN) forma que o cosumo de eerga em 2009 atgu 220.711 mlhões de tep. Assm, se cosderarmos as proeções da Iteratoal Eergy Outlook (IEO) (2010) de um crescmeto o cosumo de eerga de 2,4% ao ao (o período de 2007 a 2035), espera-se que a demada de eerga do país aumete em 185,79% o período, passado de 220.711 mlhões para 410,060 mlhões de tep em 2035 (BERS, 2011). Questões sobre se o Brasl está preparado para ateder a essa ova demada de eerga fcam em evdêca á que a pressão sobre a maor produção desse sumo, por parte das dversas dústras, tesfcar-se-á os próxmos aos, ao mesmo tempo em que o cosumo de eerga das famílas aumetará por cota do crescmeto da população e, prcpalmete, da reda. Certamete, para que a produção de eerga ão sea o poto de estragulameto do crescmeto ecoômco, será precso defr com clareza o setor eergétco as metas de vestmeto para a produção de eerga bem como o papel estratégco que desempehará o crescmeto ecoômco acoal. Para sso, tora-se de suma mportâca cohecer a abragêca da terdepedêca setoral do setor eergétco e sua capacdade de estmular o crescmeto a ecooma. O modelo sumo-produto possblta retratar essas relações em dferetes íves de complexdade. Ele é um strumeto adequado para avalar as relações setoras da produção e do cosumo de eerga o país em vrtude de corporar o setor eergétco o sstema ecoômco. Date desse paorama, e cosderado as perspectvas de aumeto do cosumo de eerga os próxmos aos, este estudo tem como obetvo avalar a mportâca relatva do setor eergétco para o crescmeto da ecooma braslera. Com esse fm, calmete, caracterzam-se as compras e vedas do setor por orgem e desto, detfcam-se os setores que mas pressoam o cosumo de eerga devdo ao requermeto de eerga, bem como se saleta a relevâca do setor eergétco os ecadeametos setoras e os multplcadores ecoômcos. Em 37

seguda, avalam-se os mpactos ecoômcos do setor decorretes das prevsões de crescmeto do cosumo de eerga o país para os próxmos aos. Com sso, espera-se forecer subsídos que permtam, por um lado, estabelecer prordades os vestmetos destados ao abastecmeto de eerga e, por outro, eteder a abragêca das relações do setor eergétco com os dferetes setores ecoômcos determates do crescmeto ecoômco do país. O presete artgo está dvddo da segute maera: a seção 2 apreseta algus aspectos da produção de eerga a matrz eergétca acoal bem como saleta estudos relevates sobre o uso setoral de eerga e suas mplcações ambetas; a seção 3, é às apresetado o processo metodológco de aálse, a estrutura matemátca para gerar os dcadores e a base de dados utlzada; a seção 4 avala a relevâca do setor eergétco para o crescmeto da ecooma braslera; a seção 5, avalam-se os mpactos ecoômcos a produção, emprego e saláros proveetes do maor cosumo de eerga o país prevstos até 2015; a últma seção, são apresetadas as prcpas coclusões obtdas o decorrer da aálse. 2 O setor eergétco braslero Nos últmos aos, o mudo mudou de maera sgfcatva, dado maor mportâca aos rscos e certezas da degradação ambetal. Tedêcas o uso de eerga mas lmpa foram troduzdas o desevolvmeto sustetável, embora, a ecooma braslera ada predome a produção e o cosumo de eerga ão reovável. Isto é, coforme a Tabela 1, a composção da produção de eerga prmára acoal de 2009 a 2011, em méda, as fotes de eerga ão reováves respodem por 53,30%, ou 133.241 ml tep, e as fotes reováves por 46,70%, ou 116.687 ml tep. Na produção por fotes de eerga, o petróleo respode por 42,20%, ou 105.484 ml tep, da eerga prmára do país. Os produtos da caa-de-açúcar ocupam a seguda posção com uma produção de 45.633 ml tep, ou 18,27%, segudos pela eerga hdráulca, com 35.048 ml tep, ou 14,02%, pela leha, com 25.643 ml tep, ou 10,26%, e por outras fotes prmáras, com 10.363 ml tep, ou 4,14%. Trata-se, portato, de uma matrz eergétca poludora, mas que oferece, o etato, pela partcpação das fotes de eerga reováves, potecal para a redução de emssões de gases de efeto estufa por meo do uso de combustíves meos poludores e reováves. Nesse setdo, ote-se que a eerga hdráulca o Brasl respode por 30,04% das fotes reováves, equato que o mudo a partcpação méda da eerga hdráulca atge somete 16% (BRASIL, 2013). 38

Tabela 1 Produção de fotes de eerga prmára o Brasl o período de 2009 a 2011. Em mlhões e percetuas 2009 2010 2011 Méda do período Fotes de eerga prmára Produção ml tep % Produção ml tep % Produção ml tep % Produção ml tep % Petróleo 100.918 42,07 106.559 42,09 108.976 42,45 105.484 42,20 Gás atural 20.983 8,75 22.771 8,99 23.888 9,30 22.547 9,02 Carvão vapor 2.080 0,87 2.104 0,83 2.104 0,82 2.096 0,84 Urâo u 3 o 8 3.428 1,43 1.767 0,70 4.143 1,61 3.113 1,25 Eerga ão reovável total 127.409 53,12 133.201 52,61 139.112 54,18 133.241 53,30 Eerga hdráulca 33.625 14,02 34.683 13,70 36.837 14,35 35.048 14,02 Leha 24.609 10,26 25.997 10,27 26.322 10,25 25.643 10,26 Produtos da caa 44.775 18,67 48.852 19,30 43.270 16,85 45.633 18,27 Outras fotes prmáras 9.450 3,94 10.440 4,12 11.200 4,36 10.363 4,14 Eerga reovável total 112.460 46,88 119.973 47,39 117.628 45,82 116.687 46,70 Eerga prmára total 239.869 100,00 253.174 100,00 256.740 100,00 249.927 100,00 Fote: elaboração dos autores com base o Balaço Eergétco Nacoal - (EPE, 2012). Apesar da preseça maortára das fotes ão reováves de eerga, a matrz eergétca braslera é uma das mas lmpas do mudo, com forte preseça de fotes reováves de eerga (BRASIL, 2013). Equato o Brasl a eerga reovável tem 46,70% de partcpação, o mudo e os países rcos esse percetual ão passa de 13% e 8%, respectvamete. Pelo lado das emssões, equato o país emte 1,4 toelada de dóxdo de carboo (tco 2 ) por toelada equvalete de petróleo (tep), o mudo esse dcador é de 2,4 tco 2 /tep. Em algus países com forte preseça de fotes fósses (óleo, gás e carvão meral) em suas matrzes eergétcas esse dcador passa de 3 tco 2 /tep. Cosderado que a produção de eerga deverá crescer à medda que cresce a ecooma braslera, sua dspobldade pode produzr efetos ecoômcos adversos. Assm, dversos estudos que utlzam modelos sumo-produto híbrdos estão sedo desevolvdos o país para eteder a dspobldade e o uso setoral de eerga com suas mplcações ambetas. Detre eles, podemos destacar os trabalhos de Hlgemberg e Gulhoto (2006), Carero, Fgueredo e Araúo Júor (2009), Mattos (2010), Frme e Perobell (2012). Etretato, esses estudos apresetam 39

resultados muto agregados em fução da ecessdade de compatblzar os setores da matrz de sumo-produto (MIP) e do BEN. Já os trabalhos de Motoya, Lopes e Gulhoto (2013) e de Motoya et al. (2013), que desagregam o BEN em 56 setores smlares aos que apreseta a MIP do Brasl, superam essa dfculdade. Cotudo, esta pesqusa ão será utlzado o modelo híbrdo, mas sm o modelo sumo- -produto clássco, uma vez que estamos teressados em aalsar de que maera o setor eergétco sere-se o crescmeto ecoômco acoal. 3 Metodologa Para aalsar o setor eergétco do Brasl, tora-se ecessáro, sob a ótca de um modelo de sumo-produto, detfcar e quatfcar suas relações com os demas setores da ecooma. Com esse fm, a segur, apreseta-se, o modelo teórco sumo-produto que evdeca o setor eergétco detre os dversos setores do sstema ecoômco, os ídces ecoômcos calculados para sua caracterzação bem como a orgazação e o tratameto da base de dados utlzada. A formalzação matemátca dos dcadores estmados para esta pesqusa fo extraída de Gulhoto (2011), Fochezatto e Grado (2011), Motoya et al. (2011), Famore e Motoya (2013). 3.1 O modelo sumo-produto A matrz de sumo-produto, desevolvda por Leotef (1951 e 1983), costtu-se em um quadro estatístco de dupla etrada que regstra os sumos utlzados pelas dsttas atvdades ecoômcas e o desto das produções, possbltado a percepção da terdepedêca setoral. No modelo aberto sumo-produto, a equação (1) mostra que a demada total do produto do setor é gual à soma da demada termedára e da demada fal. A equação (2) mostra que a produção bruta do setor é gual ao cosumo termedáro mas as cotrbuções dos fatores de produção (valor adcoado). Falmete, a equação (3) mostra a codção de equlíbro etre a oferta e a demada para cada um dos setores produtvos da ecooma. X = = 1 + k = 1 Demada total = demada termedára + demada fal x Y k (1) 40

X = = 1 x + r= 1 Oferta total = cosumo termedáro + fatores prmáros (valor adcoado) V r (2) = 1 x + k = 1 Y k = = 1 x + r= 1 V r (3) Demada total = oferta total Em que X e X são valores da produção do setor (lha) e (colua); x é cosumo termedáro do setor de produtos orudos do setor ; Y k é a demada fal dos produtos por parte do compoete k; V k é o fator de produção k demadado pelo setor. Desde que o valor da demada total sea gual ao valor da oferta total de produtos (X = X ), o modelo sumo-produto será cosstete. Em termos agregados, a soma do valor adcoado dos setores forece a reda agregada da ecooma e a soma da demada fal dos setores resulta o dspêdo agregado. Aplcado essa detdade para o couto dos setores, obtém-se: = 1 k = 1 Y k = V = 1 r= 1 r (4) Reda agregada = dspêdo agregado No modelo sumo-produto, supõe-se que os coefcetes de produção são fxos, ou sea, os requermetos de sumos termedáros têm uma partcpação fxa em relação à produção bruta dos setores. Os coefcetes téccos (a ) represetam a quatdade do produto do setor requerda para produzr uma udade do produto do setor. Assm: x a = ou x = a X (5) X Os requermetos de fatores de produção também têm uma relação fxa com respeto à produção total do setor. Os coefcetes téccos (d r ) represetam a quatdade do fator prmáro r requerda para produzr uma udade de produto do setor. Assm: (5) Vr d r = V ou r = d r X (6) X 41

Substtudo as equações (5) e (6) a equação (2), obtém-se a equação (7), que dvdda por X, resulta a equação (8). X = = 1 a X + r= 1 d r X (7) = 1 a + d r = 1 (8) r= 1 Substtudo a equação (5) a equação (1), e fazedo Y k = Y, obtém-se o sstema de equações (9). k=1 =1 X a X = Y A solução do modelo aberto de Leotef para a produção setoral passa a ser expresso matrcalmete (10), cua solução é dada pela equação (11). X AX = Y (10) X 1 ( I A) Y (9) = (11) 1 Os coefcetes da matrz versa ( I A) Y são chamados de requermetos totas de produção, ou sea, os requermetos dretos e dretos de produção. Eles dcam as mudaças a produção setoral ecessáras para ateder a uma determada varação da demada fal. Note-se que a demada fal do modelo é exógea, o que permte que se aalsem de forma sstêmca o perfl da estrutura de trasações, os efetos multplcadores decorretes da demada fal, dferetes tpos de problemas que evolvem programas de vestmetos, aumeto do cosumo, trbutação, mudaça tecológca, etc. Além dos requermetos de produção, é possível defr os requermetos de fatores prmáros. Como mostra a equação (6), os fatores prmáros estabelecem uma relação fxa com a produção bruta dos setores. O total de fatores prmáros usados em cada setor pode ser expresso pela equação (12), que, a forma matrcal compacta, pode ser represetada pela equação (13). V = d r= 1 r X (12) V = DX (13) 42

Nela, V é um vetor de fatores prmáros de r compoetes, e D é uma matrz (r x ) de coefcetes de fatores prmáros. Substtudo a equação (11) a equação (13), obtém-se a equação (14): V 1 ( I A) Y = D (14) 1 A matrz D( I A) Yé chamada de matrz de requermetos dretos e dretos de fatores prmáros. Seus coefcetes medem o mpacto de um aumeto da demada fal sobre os compoetes do valor adcoado ou dos fatores prmáros. Com sso, é possível determar também os efetos multplcadores de varações a demada fal de cada atvdade produtva sobre os compoetes do valor adcoado de cada setor. O modelo sumo-produto, além de aalsar as trasações tersetoras de sumos permte também corporar o cosumo das famílas como uma varável edógea (modelo fechado). Com sso, é possível ão somete avalar os efetos dretos e dretos, mas também o efeto duzdo ou deomado também efeto- -reda. A ova solução terá um ovo vetor de demada fal, sem o vetor do cosumo das famílas, uma ova matrz de coefcetes termedáros, com uma lha e uma colua a mas e, portato, uma ova matrz versa de Leotef. Operacoalmete, sso cosste, calmete, em subtrar da matrz ( I A) a matrz resultate da multplcação dos coefcetes de cosumo das famílas (c ), pelos coefcetes do valor adcoado (v ) e, logo, calcular a versa dessa matrz. Assm, a solução do modelo sumo-produto fechado é dada pelas equações (15) e (16). X 1 [( I A) c v ] Y = (15) Sedo c = c k = 1 r= 1 [( ) ] V e v = X Vr X = D I A c v 1 (16) [( ) ] Y Os valores dos multplcadores dessas matrzes sempre serão superores aos da matrz do modelo aberto. Isso ocorre porque a matrz A fo corporado o cosumo e a reda das famílas. 43

3.2 Requermetos setoras de eerga Para recuperar os requermetos de eerga dos requermetos totas de produção, é ecessáro ecotrar os coefcetes téccos do cosumo de eerga (h ), que represeta quatdade de eerga (H ) requerda para produzr uma udade do produto do setor. H h = (17) X Logo, os coefcetes δ costtuem a matrz dos requermetos dretos de eerga e os coefcetes V = D ϕ ( represetam I A) Y a matrz de requermetos totas 1 ^ 1 (14) V = D( I δ = A) Y h A (18) 1 X = [( I (14) A) c v ] Y ^ 1 (15) X = [( I ϕ = Ah )( I c A) 1 v ] Y (19) (15) c V k A matrz dos Sedo requermetos c = dretos de e eerga v ( λ ) = é obtda pela dfereça da matrz de requermetos totas ( ϕ ) c X V k Sedo c = V e da matrz de requermetos dretos ( δ ). r e v = = = X 1 r 1 ^ Vr = 1 1 1 X = D[ ( I λ A= ) h c( Iv ] AY r= 1 ) hˆ A (20) 1 (16) X = D[ ( I A) c v ] Y 3.3 Ecadeametos (16) setoras H h = X H Os ídces de lgações h = de Rasmusse (1956) e Hrschma (1958) permtem detfcar os setores (17) que teram X maor poder de ecadeameto detro da ecooma. Os ídces Logo, de lgações os (17) coefcetes para trás dzem-os δ ϕ o quato um setor demada dos outros, e os ídces de ^ lgações Logo, os para coefcetes frete, dzem-os δ ϕ o quato esse setor é demadado pelos outros, δ = valores h A maores ^ que 1 dcam setores acma da méda e são, portato, setores-chave (18) para δ = ho Acrescmeto da ecooma. A fm de complemetar ^ esses ídces, pode-se assocar (18) a cada um deles os coefcetes de dspersão de Bulmer (1982). Um valor baxo de dspersão sgfca que o mpacto de uma varação ϕ = h ( I A) 1 ^ (19) ϕ = h ( I A) 1 da produção em um dado setor estmulara os outros setores de uma maera uforme, equato A que matrz (19) um valor ( λ ) ( alto ϕ ) ( de δ ). dspersão sgfcara que o estímulo sera ^ cocetrado em poucos setores. A matrz ( λ ) ( ϕ ) ( δ ). 1 λ = h ( I A) hˆ A Desse modo, a partr da ^ equação (11), defmos b como sedo um elemeto da matrz versa (20) de Leotef ( I 1 λ = h ( I A) 1 hˆ * ou A smbolzado também como B ; B como sedo a méda de b todos ( os (20) elemetos ) 1 de como sedo, respectvamete, a soma de uma colua e de uma lha típca de. Temos etão as equações (21) e U (21) GV J * I A B ; B B e B *, B * b [ ] ( * ) 1 * I A B ; B B e B = B* / / B *, B * (21) * U Teora e Evdêca = [ BEcoômca * / ] / B- Ao 21,. 44, p. 36-75, a./u. 2015 (21) b 2 44 B* B b * 2 u = b B * ( 1) 2 MV = (26) d^ r GV GV J d^ d MV = G

(22) o ídce de lgação e de dspersão para trás e, as equações (23) e (24) o ídce de lgação e de dspersão para frete, respectvamete. U = * [ B / ] B * / (21) u = B* b (22) ( 1) B * / 2 * [ B / ] B U = * / (23) 3.4 Multplcadores tpo I u = b ( 1) B B * / * 2 (24) Quado o efeto de multplcação restrge-se somete à demada de sumos termedáros, eles são chamados de multplcadores tpo I. A partr dos coefcetes dretos apresetados a equação (6) e dos coefcetes da matrz versa ( I A) 1, é possível estmar, para cada setor da ecooma, o quato é gerado dreta e dretamete de emprego, mportações, mpostos, saláros, valor adcoado, etc., para cada udade moetára produzda para a demada fal. Ou sea: GV J ^ r ( I ) 1 = d A ^ Em que GV J é o mpacto total, dreto e dreto, sobre a varável em questão e; d r é o coefcete dreto dagoalzado da varável em questão. A dvsão dos geradores pelo respectvo coefcete dreto do sumo prmáro gera os multplcadores, que dcam o quato é gerado, dreta e dretamete, por exemplo, de empregos, mpostos, saláros, etc. Etão, o multplcador do -ésmo setor será dado por: (25) GV MV = d (26) 45

Em que MV represeta o multplcador da varável em questão. Por sua vez, o multplcador de produção que dca o quato se produz para cada udade moetára gasta a demada fal é defdo a equação (27) como sedo a soma das coluas do -ésmo setor ( b ) da matrz versa ( I A) 1.. 3.5 Multplcadores tpo II MP J = b = 1 Quado a demada das famílas é edogezada o sstema do modelo sumo- -produto, os efetos multplcadores captam o efeto duzdo da reda, pelo qual são deomados multplcadores tpo II. Eles dcam que o aumeto do ível de atvdade e do emprego leva a uma elevação da reda dspoível, tato para os trabalhadores quato para os empresáros. Esse aumeto de reda traduz-se em um ovo aumeto a demada de bes, desta vez ocasoada pelo cosumo fal das famílas, que gerará um adcoal de produção ão captado pelo multplcador tpo I. As equações (28), (29) e (30) stetzam esse processo de estmação. (27) G V [( I A) c v ] 1 * = J d r (28) * M V G V * = d (29) * * MP = b = 1 (30) 3.6 Efeto-reda O efeto reda ou efeto duzdo o sstema ecoômco é estabelecdo para cada sumo prmáro pela dfereça dos multplcadores tpos II e I. Na equação (31), eles dcam o quato a mas se produz em fução do aumeto da reda a ecooma que, por sua vez, ocasoa aumeto o cosumo das famílas. * ER = M V MV (31) 46

3.7 Smulações de mpacto Para avalar os mpactos do setor eergétco sobre a ecooma braslera assumu-se uma taxa de crescmeto em sua demada fal. Para tato, em uma ecooma com setores, sea Y r o vetor-colua cuos elemetos são gual a zero, exceto para o setor eergétco que teve o acréscmo de 15,62%. Logo, a ova demada fal será: r Y = Y + Y (32) Os mpactos sobre a produção e sobre cada sumo prmáro podem ser obtdos pelas equações (33) e (34), respectvamete. X = X = D 1 [( I A) c v ] Y 1 [( I A) c v ] Y r Os resultados líqudos ( X ) dessas smulações podem ser ecotrados pela dfereça dos valores estmados e valores orgas da produção e dos sumos prmáros, X r = X X, alteratvamete. 3.8 Fote e atureza dos dados A MIP mas recete publcada pelo Isttuto Braslero de Geografa e Estatístca (IBGE) refere-se ao ao de 2005. Assm, com fs de estabelecer uma vsão mas atualzada do setor eergétco braslero, os dados utlzados foram extraídos da matrz sumo-produto do Brasl de 2009 estmada por Gulhoto e Sesso Flho (2005, 2010). As formações da MIP apresetam 56 setores e 110 produtos. A agregação das formações levou em cosderação a Classfcação Nacoal de Atvdades Ecoômcas (2.0) do IBGE bem como o grau de homogeedade das atvdades de cada setor. Como resultado, quatro setores passaram a compor o setor eergétco (Petróleo e gás atural, Refo de petróleo e coque, Álcool e Servços de utldade públca - SIUP), e dez produtos passaram a costtur o produto Eerga (Petróleo e gás atural, Carvão meral, Gás lquefeto de petróleo, Gasola automotva, Gasoálcool, Óleo combustível, Óleo desel, Outros produtos do refo de petróleo e coque, Álcool e SIUP, que corpora a eletrcdade). A agregação desses setores e produtos permtu obter uma matrz de 53 por 53 setores, cuos (33) (34) 47

valores estão a custo de fatores e a preços de mercado, em mlhões de reas, e adota a tecologa setor versus setor, baseada a dústra. 4 O setor eergétco e suas relações tersetoras para o crescmeto ecoômco Um dos propóstos da aálse de sumo-produto é o esclarecmeto das relações setoras que se estabelecem com o comérco, sso porque com a caracterzação da terdepedêca comercal é possível estabelecer algus parâmetros sobre a dmesão ecoômca dos mercados e as stuações mas prováves da demada potecal de produtos eergétcos. Nesse setdo, a segur, são apresetados os dversos resultados que saletam a mportâca relatva do setor eergétco para o crescmeto da ecooma braslera. 4.1 Dmesão ecoômca do setor eergétco As trasações etre os setores do país a tabela sumo-produto mostram as demadas termedáras por sumos e as demadas fas por produtos. Do poto de vsta do Valor Bruto da Produção (VBP), verfca-se que o setor eergétco, para o ao de 2009, cotrbu para a ecooma braslera com 7,75% (ou 424.832 mlhões de reas) e, do poto de vsta do valor adcoado ou PIB, sua cotrbução relatva é de somete 5,54% (ou 154.770 mlhões de reas). Com base esses fatos, pode-se argumetar que a oportudade relacoada à maor geração de reda va aumeto da demada de produtos e servços parece substacalmete maor para outros setores da ecooma do que para o setor eergétco. Etretato, é ecessáro, para eteder melhor a serção estratégca do setor a ecooma, avalar sua estrutura de compras e vedas setoras, uma vez que, se faltar eerga para o sstema produtvo, a maor reda dos outros setores poderá ão se cocretzar. Nesse setdo, a estrutura de trasações do setor eergétco, resumdas o Gráfco 1, mostra que 69,56% (ou 295.495 mlhões de reas) de suas vedas são destadas para o cosumo termedáro de dversos setores do país a forma de sumos e 30,44% (ou 129.337 mlhões de reas) são destadas como produtos para os compoetes do cosumo fal. 48

Gráfco 1 Partcpação sumo-produto do setor eergétco os fluxos setoras a demada termedára e a demada fal Vedas Demada Itermedára = 69,56 do VBP Agrcultura, slvcultura, exploração florestal 2,06% Demas Setores 24,49% Formação bruta de captal fxo 0,25% Vedas Demada Fal = 30,44 do VBP Varação de estoque -0,69% Cosumo da admstração públca 0,00% Cosumo das ISFLSF 0,00% Exportação de bes e servços 22,80% Admstração públca e segurdade socal 3,62% Servços prestados às famílas e assocatvas 2,64% Eergétco 43,28% Trasporte, armazeagem e correo 12,27% Comérco 5,55% Almetos e Produtos químcos Bebdas 3,33% 2,76% Cosumo das famílas 76,27% Servços prestados às empresas, 7,94% Servços mobláros e aluguel, 3,30% Servços de formação, 2,01% Trasporte, armazeagem e correo, 6,69% Comérco, 2,74% Máquas, aparelhos e materas elétrcos, 2,05% Compras Demada Itermedára = 51,35 do VBP Demas Setores, 11,82% Agrcultura, slvcultura, exploração florestal, 4,82% Eergétco, 58,63% Compras Demada Itermedára Importações, Impostos e VA = 48,65 do VBP Outros mpostos sobre a produção 1,58% Valor adcoado custo fatores 73,20% Outros subsídos à produção -0,18% Importado 14,30% Imposto sobre Importações 0,14% ICM Nac + Importado 4,40% IPI Nac + Importado 0,15% Outros IIL Nac + Importado 6,05% Fote: elaboração dos autores. Nota: as vedas e compras de produtos acoas da demada termedára, somete costam de forma desagregada os setores com partcpações acma de 2%. Em partcular, o lado das vedas a demada termedára, o setor eergétco (com 43,28% ou 127.890 mlhões de reas) destaca-se como o maor cosumdor de eerga do país, segudo de loge, prcpalmete, pelo setor trasporte, armazeagem e correo (com 12,27% ou 36.263 mlhões de reas) e pelo Comérco (com 5,55% ou 16.387 mlhões de reas). Note-se que, embora 43,28% da eerga seam cosumdos pelo própro setor eergétco o seu processo de refo e trasformação, os restates 56,72% do total de eerga são destados de forma pulverzada para as dversas cadeas produtvas do país. Assm, pode-se afrmar, pelo motate destado aos dversos setores produtvos da demada termedára, a mportâca relatva do setor eergétco como forecedor de sumos para a produção. No lado das vedas a demada fal, destaca-se, por um lado, o cosumo das famílas (76,27%) como um compoete mportate que pressoará de forma 49

sgfcatva a produção de eerga à medda que se cremete a reda famlar do país e, por outro, as exportações (22,80%) com um peso relevate de eerga caalzado para o mercado teracoal. No lado da demada termedára, as formações das compras que o setor eergétco faz para desevolver suas atvdades mostram que 51,35% (ou 218.132 mlhões de reas) de seus sumos são comprados o país, sedo que, desse total, o mesmo setor se autoabastece com 58,63% (ou 127.890 mlhões de reas), segudo de loge pelo setor Servços prestados às empresas com 7,94% (ou 17.315 mlhões de reas) e pelo setor trasporte, armazeagem e correo com 6,69% (ou 14.601mlhões de reas) dos sumos. Nota-se também que o país apreseta uma depedêca sgfcatva por sumo de orgem extera, á que 14,35% (ou 29.661mlhões de reas) dos sumos que o setor utlza são mportados. As remuerações salaras, cotrbuções e redmetos cotdos o valor adcoado a custo de fatores mostram uma partcpação de 73,20% (ou 151.862 mlhões de reas). Pelo couto de formações sobre a dmesão ecoômca setoral bem como dos fluxos sumo-produto, pode-se afrmar, em um prmero mometo, ada que o setor eergétco teha uma partcpação pequea o VBP e o PIB acoal, que a mportâca relatva do setor frma-se o forecmeto de sumos para as dústras e de produtos para o cosumo fal. 4.2 Requermetos setoras de eerga a ecooma braslera Dada a característca do setor eergétco como forecedor de eerga, a segur, avalam-se os requermetos setoras de eerga em udades moetáras com o obetvo de detfcar os setores que mas pressoam a produção de eerga para ateder a um evetual aumeto a demada fal. 50

0,053 0,050 0,000 0,052 52 Saúde públca 0,041 0,056 0,071 0,125 50 Servços doméstcos 51 Educação públca 53 Admstração públca e segurdade socal 48 Saúde mercatl 0,030 0,068 Gráfco 2 Requermetos setoras dretos, dretos e totas de eerga a ecooma braslera em 2009 0,500 0,463 0,450 0,400 0,350 0,298 0,300 0,250 0,235 0,232 0,230 0,230 0,195 0,192 0,200 0,184 0,103 0,090 0,134 0,108 0,088 0,077 0,087 0,139 0,064 0,109 0,144 0,084 0,120 0,152 0,147 0,147 0,137 0,099 0,102 0,074 0,111 0,061 0,093 0,149 0,150 0,097 0,092 0,097 0,110 0,088 0,100 0,075 0,069 0,046 0,050 0,025 0,009 47 Educação mercatl 49 Servços prestados às famílas e assocatvas Requermeto Dreto Requermeto Idreto Méda Requermeto Total = 0,0116 0,000 1 Agrcultura, slvcultura, exploração florestal 2 Pecuára e pesca 3 Eergétco 4 Méro de ferro 5 Outros da dústra extratva 6 Almetos e bebdas 7 Produtos do fumo 8 Têxtes 9 Artgos do vestuáro e acessóros 10 Artefatos de couro e calçados 11 Produtos de madera - exclusve móves 12 Celulose e produtos de papel 13 Joras, revstas, dscos 14 Produtos químcos 15 Fabrcação de resa e elastômeros 16 Produtos farmacêutcos 17 Defesvos agrícolas 18 Perfumara, hgee e lmpeza 19 Ttas, verzes, esmaltes e lacas 20 Produtos e preparados químcos dversos 21 Artgos de borracha e plástco 22 Cmeto 23 Outros produtos de meras ão-metálcos 24 Fabrcação de aço e dervados 25 Metalurga de metas ão-ferrosos 26 Produtos de metal - exclusve máquas e equpametos 27 Máquas e equpameto, clusve mauteção e reparo 28 Eletrodoméstcos 29 Máquas para escrtóro e equpameto de formátca 30 Máquas, aparelhos e materas elétrcos 31 Materal eletrôco e equpameto de comucações 32 Aparelhos/strumetal médco-hosptalar, óptco 33 Automóves, camoetas e utltáros 34 Camhões e ôbus 35 Peças e acessóros para veículos automotores 36 Outros equpametos de trasporte 37 Móves e produtos das dústras dversas 38 Costrução 39 Comérco 40 Trasporte, armazeagem e correo 41 Servços de formação 42 Itermedação facera e seguros 43 Servços mobláros e aluguel 44 Servços de mauteção e reparação 45 Servços de aloameto e almetação 46 Servços prestados às empresas Fote: elaboração dos autores. 51

As formações do Gráfco 2 mostram os requermetos dretos, dretos e totas de eerga de cada setor da ecooma braslera. De modo geral, observa-se que exstem setores mas tesvos e meos tesvos o uso de eerga. Para dferecá-los, podemos estabelecer como parâmetro os dez maores requermetos totas ou os requermetos acma da méda acoal. Isso porque o aumeto da demada fal de um setor relevate forçará um aumeto relatvamete mas forte os demas setores e, portato, um aumeto ada maor o cosumo de eerga. Nesse setdo, cosderado que a méda de requermetos totas de eerga do país é de 0,116, destacam-se etre os dez setores com maores requermetos o própro setor eergétco (0,100), o setor produtos químcos (0,082), o setor fabrcação de resa e elastômeros (0,080), o setor metalurga de metas ão ferrosos (0,067 ), setor Cmeto (0,065), o setor Defesvos agrícolas (0,059), o setor trasporte, armazeagem e correo (0,057), o setor outros da dústra extratva (0,056), o setor outros produtos de meras ão metálcos (0,054) e o setor Ttas, verzes, esmaltes e lacas (0,052). Por exemplo, o setor eergétco, que utlza abudates fotes de eerga prmára para produzr combustível óleo desel, gasola, álcool, eletrcdade, etc., costtu-se, a ecooma braslera, como o setor que cosome o maor volume de eerga por udade de produção para satsfazer o aumeto da demada fal. Isto é, um aumeto a demada fal do setor de eergétco em um mlhão de reas, causará um aumeto total de 0,116 mlhões de reas a produção de eerga, o que equvale a R$ 116.000,00 adcoas de cosumo de eerga. Fca evdete, portato, que, ocorredo o crescmeto da produção em qualquer desses setores relevates detfcados, a demada por maores vestmetos para a produção de eerga aumetará. 52

Tabela 2 Partcpação relatva dos dez maores setores a composção dos requermetos de eerga Requermetos de eerga MIP BR 2009 SETORES Dreto Idreto Total Valor % Valor % Valor % Ordem 3 Eergétco 0,100 21,7% 0,362 78,3% 0,463 100,0% 1 5 Outros da dústra extratva 0,056 28,5% 0,140 71,5% 0,195 100,0% 8 14 Produtos químcos 0,082 27,5% 0,216 72,5% 0,298 100,0% 2 15 Fabrcação de resa e elastômeros 0,080 33,9% 0,155 66,1% 0,235 100,0% 3 17 Defesvos agrícolas 0,059 30,6% 0,133 69,4% 0,192 100,0% 6 19 Ttas, verzes, esmaltes e lacas 0,052 34,0% 0,100 66,0% 0,152 100,0% 10 22 Cmeto 0,065 28,0% 0,167 72,0% 0,232 100,0% 5 23 Outros produtos de meras ão metálcos 0,054 29,3% 0,130 70,7% 0,184 100,0% 9 25 Metalurga de metas ão ferrosos 0,067 29,1% 0,163 70,9% 0,230 100,0% 4 40 Trasporte, armazeagem e correo 0,057 24,7% 0,173 75,3% 0,230 100,0% 7 Méda (53 setores) 0,034 29,4% 0,082 70,6% 0,116 100,0% Fote: elaboração dos autores. Nota: A ordem de classfcação de maor para meor cotempla os 53 setores da ecooma. A aálse da composção dos requermetos de eerga, em termos de efetos dretos e dretos produzdos sobre o setor de eerga, permte, de acordo com Perobell, Mattos e Fara (2007), ferr que quato meor a relação requermetos dretos versus dretos, maor o poder de multplcação que a atvdade de um dado setor exerce sobre o cosumo de eerga. Setores com alto peso a demada de eerga e que, ao mesmo tempo, apresetam uma baxa relação de requermetos dretos versus dretos tedem a produzr as mas fortes pressões de demada sobre o setor de eerga. No outro extremo, estaram setores com baxo peso a demada de eerga e com alta relação requermetos dretos versus dretos, que, este caso, produzram pequeas pressões sobre o setor de eerga. Etre ambos os extremos, cofguram-se setores com graus varados de mportâca a pressão que exercem. A estrutura setoral dos requermetos, apresetada a Tabela 2, mostra a ecooma braslera que os requermetos dretos, em méda (24,19%), são sgfcatvamete meores que os requermetos dretos (75,81%). Essa baxa relação 53

etre requermetos dretos versus dretos dca, em termos geras, que os 53 setores da ecooma exercem sgfcatva pressão sobre o setor eergétco. Por sua vez, detre os dez setores com maores requermetos totas do país, a baxa relação requermetos dretos versus dretos destaca prcpalmete os setores eergétco, trasporte, armazeagem e correo, produtos químcos, Cmeto, Outros da dústra extratva, metalurga de metas ão ferrosos e Outros produtos de meras ão metálcos, como os que exercem forte pressão sobre a produção do setor eergétco braslero. Portato, havedo um aumeto a demada fal desses setores, aumetará muto mas os requermetos de eerga do que se houver um aumeto de gual magtude em outros setores da ecooma. 4.3 Ecadeametos setoras e coefcetes de dspersão do setor eergétco A aálse do processo de terdepedêca setoral, além de permtr caracterzar as estruturas de produção e cosumo, permte também determar quas seram os setores que teram maor poder de ecadeameto detro da ecooma para promover o crescmeto ecoômco, ou sea, os setores-chave. A detfcação desses setores está assocada à dea de estabelecer prordades a alocação de recursos e a estratéga de promoções dustras. Isso porque se espera que os recursos alocados em setores-chave, depededo da polítca a ser mplemetada, estmulem um crescmeto mas rápdo da produção, do emprego e da terdepedêca ecoômca do que se fossem alocados em outros setores. Nesse cotexto, cosderado estrtamete a estrutura tera da ecooma, questoa-se: detre os setores da ecooma braslera, qual sera o poder de ecadeameto que apreseta o setor eergétco. A segur, o Gráfco 3, são apresetados os ídces de lgações setoras para trás e para frete e, a Tabela 3, esses ídces estão assocados a seus coefcetes de dspersão para o ao de 2009. Em fução do volume de formações gerado para os 53 setores da ecooma, a apresetação dos resultados destaca somete os resultados dos setores-chave a classfcação restrta, ou sea, setores que apresetam smultaeamete ídces de lgações maores do que 1 para frete e para trás. Os ídces de Rasmusse e Hrschma para o ao de 2009 destacam oto setores-chave a ecooma braslera, com lgações fortes tato para frete como para trás (Gráfco 3). Certamete, para garatr o crescmeto cotíuo, tora-se ecessáro prorzar vestmetos de expasão e de melhoras a fraestrutura desses setores, relevâca que, segudo Myrdal (1972), Toyoshma e Ferrera 54

(2002) e Torres e Puga (2006), são determates permaetes da reda per capta e da produtvdade de um país, além de serem atratvos para captar vestmetos teracoas. Os ídces de lgações médos desses setores (Tabela 3) localzam-se etre os quatorze maores da ecooma, com destaque para o setor eergétco que detém a maor méda acoal, ou sea, trata-se de um setor que apreseta o maor ecadeameto tersetoral da ecooma braslera. Gráfco 3 Ídces de lgações setoras para frete e para trás da ecooma braslera 4 3 Lgações para Trás 2 Celulose e Produtos de Papel Artgos da Borracha e Plástcos Almetos e Bebdas Fabrcação de Aço e Dervados Eergétco 1 Produtos Químcos Produtos de metal - Exclusve Máquas e Equpametos Peças e Acessóros para Veículos Automotores 0 0 1 2 3 4 Lgações para Frete Fote: elaboração dos autores. Em partcular, o setor eergétco apreseta, por um lado, um ídce de lgação para trás de 1,0375, ocupado a vgésma sétma posção (ordem 27ª) e, por outro, um dos mas elevados coefcetes de dspersão (5,4636), ocupado a quarta posção (ordem 4ª). Em couto, os ídces demostram que se trata de um setor com ecadeametos setoras de compra relevates detro da ecooma braslera e seus estímulos, os dversos setores da ecooma, pelo aumeto da produção de eerga são cocetrados em poucos setores, em fução do elevado coefcete de dspersão que apreseta. Nesse setdo, a aálse da estrutura de compras do setor eergétco 55

apotava para essa evdêca, á que o setor apreseta um ível elevado de autoabastecmeto de sumos e também utlza em sua produção uma parte sgfcatva de sumos mportados, o que cocetra seus estímulos em poucos setores. Tabela 3 Ídces de lgações de Rasmusse e Hrschma e coefcetes de dspersão de Bulmer para o ao de 2009 MIP BR 2009 SETORES Lgação para trás Lgação para frete Méda dos ídces de lgação de cada setor Ídce Ordem Dspersão Ordem Ídce Ordem Dspersão Ordem Valor Ordem 3 Eergétco 1,0375 27 5,4636 4 3,8102 1 1,4554 52 2,4238 1 6 Almetos e bebdas 12 Celulose e produtos de papel 14 Produtos químcos 21 Artgos de borracha e plástco 24 Fabrcação de aço e dervados 26 Produtos de metal - exclusve máquas e equpametos 35 Peças e acessóros para veículos automotores 1,2812 1 3,8989 39 1,2626 11 3,9883 42 1,2719 8 1,1236 11 4,1017 30 1,0281 14 4,4411 38 1,0759 14 1,1444 8 4,0361 32 1,7796 6 2,6068 48 1,4620 6 1,0734 20 3,8587 40 1,1942 12 3,3769 44 1,1338 12 1,0632 22 4,0913 31 1,4374 9 3,0753 45 1,2503 9 1,0061 31 4,1598 28 1,1618 13 3,5335 43 1,0840 13 1,1416 9 4,3084 22 1,2652 10 4,0487 41 1,2034 11 Fote: elaborada pelos autores. Nota: a ordem de classfcação de maor para meor cotempla os 53 setores da ecooma. Aalsado as lgações para frete que dcam o quato um setor é demadado pelos outros setores, verfca-se, para o ao 2009, que o setor eergétco apreseta um ídce maor do que 1, o que lhe cofere a categora de setor-chave para o crescmeto da ecooma. Em partcular, a mportâca relatva dos ecadeametos para frete poscoa o setor eergétco em prmero lugar (ordem 1ª) com um ídce de 3,8102, acompahado com um dos meores coefcetes de dspersão 56

(1,4554) do país, ocupado o ququagésmo segudo lugar (ordem 52ª). Esses resultados coferem ao setor eergétco o status de ser o prcpal setor-chave para o crescmeto acoal, por meo do forecmeto de sumos báscos, á que é fortemete demadado pelos outros setores da ecooma e seus estímulos sobre os dversos setores dão-se de maera abragete e uforme em vrtude dos baxos coefcetes de dspersão que apreseta. 4.4 Os multplcadores e o efeto-reda o setor eergétco Resta saber se esses estímulos promovem mas produção, reda, mportações, mpostos, saláros, emprego. Assm, tora-se ecessáro avalar os dversos multplcadores ecoômcos do setor eergétco. Embora calculados os multplcadores para as dversas varáves mecoadas, em fução do úmero elevado de setores e da delmtação do obetvo desta pesqusa, apreseta-se a Tabela 4 somete os multplcadores e a ordem em que o setor eergétco mostra-se acma da méda acoal. Cosderado que os multplcadores salzam a mportâca dos mpactos dretos e dretos de cada setor, para cada udade produzda para a demada fal, verfca-se que o setor eergétco apreseta relevâca a ecooma braslera como gerador de produção, de emprego e de saláros, uma vez que seus multplcadores tpos I e II localzam-se acma da méda acoal. Em partcular, esse setor apreseta um multplcador de produção tpo I (1,94) localzado a vgésma sétma posção (ordem 27ª). Embora esse ídce, detre os 53 setores da ecooma, ão represete ser um grade multplcador, verfca-se que está acma da méda, assalado a mportâca do setor eergétco para a produção acoal. 57

Tabela 4 Os multplcadores setoras e o efeto-reda o setor eergétco. Valores e ordem de mportâca MULTIPLICADOR TIPO I Produção Emprego Saláros valor ordem valor ordem valor ordem 3 Eergétco 1,943 27 7,733 9 2,665 12 6 Almetos e bebdas 2,399 1 6,676 10 3,446 3 12 Celulose e produtos de papel 2,104 11 5,199 13 2,275 18 14 Produtos químcos 2,143 8 8,228 7 3,364 4 21 Artgos de borracha e plástco 2,010 20 2,379 26 1,916 26 24 Fabrcação de aço e dervados 1,991 22 6,128 11 2,585 14 26 Produtos de metal exclusve máq. e equp. 1,884 31 1,657 36 1,735 34 35 Peças e acessóros veículos automotores 2,138 9 3,080 22 2,107 21 Méda acoal 1,872 4,043 2,109 MULTIPLICADOR TIPO II 3 Eergétco 3,629 25 30,373 6 6,657 9 6 Almetos e bebdas 4,178 1 11,822 22 6,937 7 12 Celulose e produtos de papel 3,793 5 12,381 17 4,547 18 14 Produtos químcos 3,643 22 27,332 9 7,234 5 21 Artgos de borracha e plástco 3,549 37 6,612 27 3,712 31 24 Fabrcação de aço e dervados 3,628 26 24,337 10 5,813 12 26 Produtos de metal exclusve máq. e equp. 3,627 27 4,493 33 3,531 33 35 Peças e acessóros veículos automotores 3,767 8 9,211 23 3,889 27 Méda acoal 3,616 11,870 4,469 EFEITO-RENDA 3 Eergétco 1,687 33 22,641 4 3,992 4 6 Almetos e bebdas 1,779 25 5,145 25 3,491 7 12 Celulose e produtos de papel 1,689 32 7,182 21 2,272 19 14 Produtos químcos 1,500 49 19,104 8 3,871 5 21 Artgos de borracha e plástco 1,539 45 4,233 27 1,796 34 24 Fabrcação de aço e dervados 1,637 39 18,209 10 3,228 10 26 Produtos de metal exclusve máq. e equp. 1,743 29 2,836 33 1,796 35 35 Peças e acessóros veículos automotores 1,629 40 6,131 22 1,782 36 Méda acoal 1,743 7,827 2,359 Fote: elaboração dos autores. Nota: a ordem de classfcação de maor para meor cotempla os 53 setores da ecooma. 58

Desse modo, o setor eergétco cofgura-se como um dos ove setores mas mportates a geração de emprego, com um ídce de 7,73, valor superor à méda acoal (4,04). Assm, se fosse crada uma udade de emprego o setor eergétco, a ecooma braslera, seram gerados 7,73 ovos postos de trabalho, ou sea, um dvíduo trabalhado o própro setor eergétco e 6,73 ovos dvíduos trabalhado os demas setores da ecooma. A mportâca do setor eergétco também se revela pelo lado dos saláros, por apresetar um multplcador salaral (2,66) acma da méda (2,11) e localzar-se o décmo segudo lugar (ordem 12ª) da ecooma braslera. Igualmete, pode-se afrmar que os ovos empregos por cota desse setor são acrescdos também de 2,66 ovos saláros a ecooma para cada udade moetára produzda para a demada fal. Por sua vez, os multplcadores tpo II, que captam o efeto duzdo do cosumo das famílas, corroboram a mportâca relatva do setor eergétco como gerador de produção, emprego e saláros. Em partcular, verfca-se com a edogezação do cosumo das famílas que o multplcador de produção aumetou 1,87, o do emprego, 3,93, e o de saláros, 2,50 vezes. Em vrtude desses fatos, a ordem de mportâca, o setor avaçou três posções em emprego (de 9 a para 6 a ordem) e saláros (de 12 a para 9 a ordem) e duas posções em produção (de 27 a para 25 a ). Como resultado, o setor eergétco tora-se tão relevate que, para cada udade produzda para a demada fal, gera 3,63 udades a produção, 30,37 ovos empregos e 6,66 ovos saláros. Etretato, é ecessáro, para eteder melhor a serção estratégca do setor a ecooma, avalar o efeto-reda obtdo pela dfereça dos multplcadores tpos I e II. Os valores e a ordem do efeto-reda dexam em evdêca que as oportudades relacoadas à maor geração de empregos e saláros por meo do aumeto da produção para a demada fal parecem substacalmete maores para o setor eergétco do que para outros setores da ecooma. Isso porque o efeto-reda esse setor localza-se etre os quatro mas mportates da ecooma, ou sea, trata-se de um setor em que a reda das famílas duz sgfcatvamete o emprego e os saláros. 5 Impactos do aumeto da demada fal do setor eergétco a produção, o emprego e os saláros Cosderado a relevâca detfcada do setor eergétco sobre produção, emprego e saláros, seguem-se algumas cosderações sobre as smulações que foram elaboradas esta pesqusa. Uma vez que os mpactos da demada fal do setor eergétco sobre a ecooma braslera foram calculados utlzado-se a MIP 59

de 2009, este exercíco, cosdera-se que as relações tecológcas de sumo-produto permaeceram estáves etre 2009 e 2015. Embora sabamos que as relações tecológcas mudam o tempo, acredtamos que, em fução da establdade macroecoômca e tecológca, as mudaças estruturas da ecooma tedem a ser relatvamete letas. Para avalar os mpactos do setor, foram utlzados como referêca os dados do Balaço Eergétco Nacoal. Segudo as proeções do IEO (2010), o cosumo de eerga crescerá 2,4% ao ao, fazedo com que a demada fal de eerga aumete em 15,62% o período, passado de 220.711 mlhões de tep em 2009 para 255.180 mlhões de tep em 2015 (BERS, 2010). Para efetuar a smulação dos mpactos do crescmeto, a varação percetual do cosumo de eerga em tep fo trasformada em valor moetáro, utlzado-se a estrutura da demada fal da MIP. Com esse procedmeto, apurou-se um aumeto do valor da demada fal do setor eergétco da ordem R$ 20.199 mlhões para 2015. Na smulação, esses valores foram acrescdos ao setor eergétco. Portato, os mpactos devem ser terpretados como sedo decorretes da maor pressão dos dversos setores de produção e de cosumo por maor volume de eerga. Assm, os resultados mostram o crescmeto potecal da ecooma de 2009 a 2015, por cota exclusvamete do aumeto de 15,62% a demada fal do cosumo de eerga. Na Tabela 5, os resultados globas da smulação sobre a produção para o ao de 2015 dcam que, caso se cocretze o aumeto do cosumo de eerga em R$ 20.199 mlhões, a ecooma braslera terá um acréscmo em seu valor da produção a ordem de R$ 73.306 mlhões, ou sea, ocorrerá um efeto multplcador do setor eergétco sobre a produção de 3,629 (R$ 73.306 R$ 20.199 = 3,629), coforme também costa a Tabela 4. Tabela 5 Impacto total da demada fal do setor eergétco sobre a produção, emprego e saláros da ecooma braslera para o ao de 2015, com base em dados de 2009 Ao Cosumo de eerga fal em mlhões de tep Demada fal do setor eergétco em mlhões de reas Valor da produção em mlhões de reas Emprego Saláros em mlhões de reas 2009 220.711 129.337 5.480.741 96.647.139 206.104 2015 255.180 149.536 5.554.047 97.529.367 215.876 Varação percetual 2009 2015 15,62% 15,62% 1,34% 0,91% 4,74% Impacto líqudo 2009 2015 34.469 20.199 73.306 882.228 9.772 Fote: elaboração dos autores. 60

A dstrbução desses efetos, coforme a Tabela 6, dca que o setor mas estmulado e/ou beefcado pelo cosumo de eerga é o própro setor eergétco com 44,62%, segudo pelos servços com 33,48%, dústra com 17,66%, e agropecuára com 4,24%. Com base essa dstrbução, pode-se afrmar que o setor eergétco promove sgfcatvamete o crescmeto da produção, á que mas da metade dos mpactos (55,38%) ocorrerão fora do setor e, detre eles, os setores servços e dústra são os mas estmulados. Portato, pelo lado da produção, os volumes de vestmetos dspoíves para aumetar a oferta de eerga deverão levar em cosderação o peso dos setores a dstrbução dos mpactos detfcados. No caso da mão de obra, os resultados mostram para 2015 a geração de 882.228 ovos empregos, e quato à dstrbução dos beefícos, eles cocetram-se maortaramete o setor servços com 59,53%, segudo da agropecuára com 21,81% e da dústra com 13,33%, cabedo a meor partcpação ao setor eergétco (5,33%). Assm, se cosderamos que o multplcador de emprego do setor é 30,373 (882.228 ovos empregos 29.046 empregos dretos ou cas = 30,373) e smultaeamete apreseta uma pequea partcpação a dstrbução dos efetos, tora-se evdete que o setor eergétco estmula de forma sgfcatva e abragete a geração de emprego os mas dversos setores da ecooma braslera. Por sua vez, os ovos saláros gerados pelo aumeto do cosumo de eerga alcaçam o motate de R$ 9.772 mlhões. A dstrbução desses efetos dca que os maores beefícos cocetram-se o setor servços (54,54%), segudo de loge pelos setores eergétco (24,32%), dústra (16,09%) e agropecuára (5,05%). Cocomtatemete, quado dvdmos o motate dos ovos saláros com os ovos empregos, verfca-se maor cocetração de beefícos salaras por setores: equato o saláro médo do país alcaça a ordem de R$ 11.076, o setor eergétco o saláro alcaça o valor de R$ 50.536, a dústra R$ 13.366, os servços R$ 10.148, e a agropecuára somete R$ 2.563. Esses fatos, em partcular o do setor eergétco, certamete, estão assocados a padrões salaras dferecados (por exemplo, a extração de petróleo por cota da especalzação e rscos) bem como a cocetração dustral da produção de eerga. 61

Tabela 6 Impacto total de um aumeto de 15,62% da demada fal do setor eergétco sobre a produção,emprego e saláros dos setores agregados da ecooma braslera para o ao de 2015, com base em 2009 Setores agregados Valor em mlhões Produção Emprego Saláros Dstrbução dos efetos (%) Números Dstrbução dos efetos (%) Valor em mlhões Dstrbução dos efetos (%) Agropecuára 3.109 4,24 192.397 21,81 493 5,05 Eergétco 32.708 44,62 47.034 5,33 2.377 24,32 Idústra 12946 17,66 117640 13,33 1572 16,09 Servços 24.543 33,48 525.157 59,53 5.329 54,54 Total 73.306 100,00 882.228 100,00 9.772 100,00 Fote: elaboração dos autores. Nesse cotexto, uma aálse setoral mas desagregada tora-se ecessára para detfcar os prcpas setores mas afetados pelo aumeto do cosumo de eerga. Os mpactos dretos, dretos, duzdos e totas sobre a produção, o emprego e os saláros em cada um dos setores ecotram-se os Aexos A, B e C, respectvamete. O Quadro 1 mostra os setores que sofreram mpactos acma da méda acoal. Os mpactos dretos represetam o choque de produção cal devdo ao aumeto do cosumo de eerga; os mpactos dretos refletem os fluxos de compras e vedas dos setores por cota do maor cosumo de eerga; e os mpactos duzdos represetam os efetos do aumeto do cosumo de eerga sobre a reda da ecooma que, por sua vez, afetam o cosumo fal das famílas. Em geral, se cosderamos que os mpactos dretos mostram os setores que estão mas dretamete lgados com o setor eergétco, verfca-se, o Quadro 1, tato a produção, o emprego e os saláros que, além do própro setor, que a grade maora dos dversos segmetos que coformam o setor tercáro do país pressoa sgfcatvamete a produção de eerga. Assm, pode-se afrmar que o setor eergétco está fortemete terlgado à ecooma braslera por meo dos servços, tas como: os servços prestados às empresas (46), o trasporte, a armazeagem e o correo (40), o comérco (39), os servços de formação (41), os servços mobláros e de aluguel (43), a termedação facera e os seguros (42) e os servços prestados às famílas e assocatvas (49). 62

Quadro 1 Setores mas mpactados pelo setor eergétco com relação à produção, emprego e saláros o Brasl orgazados de maor para meor Impacto dreto Impacto duzdo Impacto total Produção 3 Eergétco 46 Servços prestados às empresas 40 Trasporte, armazeagem e correo 1 Agrcultura, slvcultura, exploração florestal 41 Servços de formação 43 Servços mobláros e aluguel 42 Itermedação facera e seguros 1 Agrcultura, slvcultura, exploração florestal 46 Servços prestados às empresas 39 Comérco 40 Trasporte, armazeagem e correo 3 Eergétco 49 Servços prestados às famílas e assocatvas 41 Servços de formação 38 Costrução 26 Produtos de metal - exclusve máquas e equpametos 39 Comérco 6 Almetos e bebdas 3 Eergétco 43 Servços mobláros e aluguel 42 Itermedação facera e seguros 40 Trasporte, armazeagem e correo 41 Servços de formação 1 Agrcultura, slvcultura, exploração florestal 46 Servços prestados às empresas 45 Servços de aloameto e almetação 48 Saúde mercatl 2 Pecuára e pesca 49 Servços prestados às famílas e assocatvas Emprego 39 Comérco 1 Agrcultura, slvcultura, exploração florestal 50 Servços doméstcos 2 Pecuára e pesca 45 Servços de aloameto e almetação 49 Servços prestados às famílas e assocatvas 40 Trasporte, armazeagem e correo 46 Servços prestados às empresas 6 Almetos e bebdas 9 Artgos do vestuáro e acessóros 44 Servços de mauteção e reparação 48 Saúde mercatl 47 Educação mercatl 41 Servços de formação 3 Eergétco 39 Comérco 6 Almetos e bebdas 40 Trasporte, armazeagem e correo 43 Servços mobláros e aluguel 42 Itermedação facera e seguros 46 Servços prestados às empresas 41 Servços de formação 1 Agrcultura, slvcultura, exploração florestal 1 Agrcultura, slvcultura, exploração florestal 39 Comérco 50 Servços doméstcos 46 Servços prestados às empresas 40 Trasporte, armazeagem e correo 3 Eergétco 2 Pecuára e pesca 45 Servços de aloameto e almetação 49 Servços prestados às famílas e assocatvas 6 Almetos e bebdas 44 Servços de mauteção e reparação 9 Artgos do vestuáro e acessóros 41 Servços de formação 48 Saúde mercatl 47 Educação mercatl 63