UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA HELENISE SARNO SANTOS

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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE ECONOMIA HELENISE SARNO SANTOS A LEI DE THIRLWALL MULTISSETORIAL: Uma Proposa Alernaiva de Análise a Parir da Relação Bilaeral Brasil- China Uberlândia Fevereiro / 2014

2 Dados Inernacionais de Caalogação na Publicação (CIP) Sisema de Biblioecas da UFU, MG, Brasil. S237l 2014 Sanos, Helenise Sarno, 1989- A lei de Thirlwall mulisseorial : uma proposa alernaiva de análise a parir da relação bilaeral Brasil-China / Helenise Sarno Sanos. -- 2014. 96 f. : il. Orienador: Guilherme Jonas Cosa da Silva. Disseração (mesrado) - Universidade Federal de Uberlândia, Programa de Pós-Graduação em Economia. Inclui bibliografia. 1. Economia - Teses. 2. Brasil - Comércio exerno - Teses. 3. China - Exporações - Teses. 4. Lei de Thirlwall - Teses. I. Sanos, Helenise Sarno. II. Universidade Federal de Uberlândia. Programa de Pós-Graduação em Economia. III. Tíulo. CDU: 330

3 HELENISE SARNO SANTOS A LEI DE THIRLWALL MULTISSETORIAL: Uma Proposa Alernaiva de Análise a Parir da Relação Bilaeral Brasil- China Disseração de mesrado apresenada ao Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal de Uberlândia. Orienador: Professor Dr. Guilherme Jonas Cosa da Silva Uberlândia Fevereiro / 2014

4 UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA HELENISE SARNO SANTOS A LEI DE THIRLWALL MULTISSETORIAL: Uma Proposa Alernaiva de Análise a Parir da Relação Bilaeral Brasil- China Disseração de mesrado aprovada em / /2014. Banca Examinadora: Orienador: Prof. Dr. Guilherme Jonas Cosa da Silva IE-UFU Prof. Dr. Ricardo Silva Azevedo Araújo - UNB Prof. Dr. Henrique Danas Neder IE-UFU Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Economia do IE/UFU Prof. Dr. Aderbal Oliveira Damasceno

5 AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar agradeço a Deus, por esar ao meu lado em odos os momenos e por me dar forças para que eu pudesse seguir em frene. Agradeço a minha família por odo apoio, amor e conselhos, em especial aos meus pais, que são presenes de Deus para mim. Agradeço especialmene ao meu orienador, Guilherme Jonas da Cosa Silva, pelos esímulos, amizade e confiança deposiada em mim em odas as eapas de elaboração dese rabalho. Deixo aqui meu muio obrigada. Agradeço ambém a odos os professores do Insiuo de Economia (UFU), por odo o aprendizado que me permiiram. Agradeço aos professores Henrique Danas Neder, por oda aenção e empo despendido me ajudando e ao professor Clésio Lourenço Xavier pela amizade e apoio. À odos os colegas do Mesrado agradeço pelas conversas e pela convivência, que, com cereza, conribuíram para o meu rabalho ao longo do curso. Agradeço à Daniela, grande amiga, que eseve presene dese o início da graduação, e durane odo o mesrado. Agradeço ambém à Olga, pela grande amizade. E ambém ao Leonardo Baldez, pelos conselhos e paciência, com uma incomensurável ajuda durane odo o período do meu mesrado. Agradeço ainda ao professor Dr. Ricardo Azevedo Araújo, que enho grande admiração por seus rabalhos, por paricipar da banca examinadora, deslocando de longe. Por fim, à CAPES, pelo apoio financeiro.

6 RESUMO A Lei de Thirlwall afirma que o crescimeno de longo prazo de um país depende das elasicidades renda das exporações e imporações. O debae em orno dessa lei evoluiu para uma abordagem mulisseorial, al como desenvolvido por Araújo e Lima (2007). Segundo esses auores, as análises seoriais possibiliam idenificar aquele(s) seor(es) que pode(m) conribuir relaivamene mais na esraégia crescimeno do país, basa que ese priorize o(s) seor(es) com a(s) maior(es) razões das elasicidades-renda das exporações quando comparadas as elasicidades-renda das imporações. O objeivo demonsrar a viabilidade de uma esraégia de crescimeno liderada pelas exporações para seores que apresenam maiores elasicidade-renda, já que são considerados os seores mais dinâmicos no senido de Thirlwall. A hipóese é que o baixo crescimeno econômico do país esá associado à esraégia de inserção inernacional, no âmbio do comércio exerno, que é alamene concenrado em ramos cuja elasicidade-renda das exporações são relaivamene baixas. Para aingir o objeivo e esar a hipóese lançada, são realizadas esimações com dados anuais dos esados brasileiros do período 1999-2009, usando a meodologia de dados em painel. Os resulados confirmaram que o seor manufaureiro apresena a maior razão das elasicidades, o que implica em dizer que uma mudança na esraégia de crescimeno de longo prazo que priorize esse seor reduz o hiao do produo em relação à economia chinesa. Enreano, acredia-se que o país se volar para o seor manufaureiro não é suficiene, devem-se priorizar os subseores dinâmicos no senido Verdoorn-Kaldor-Thirlwall, ou seja, deve esimular aqueles subseores que simulaneamene geram emprego, conribuem para o crescimeno do produo e da produividade, mas sem compromeer o balanço de pagamenos, conduzindo a economia brasileira para um círculo viruoso de crescimeno de longo prazo por meio de um processo de causação cumulaiva com mudança esruural. Assim, acredia-se que eses subseores da indúsria idenificados pela análise empírica devem ser priorizados para melhorar o crescimeno de longo prazo da economia brasileira. Palavras Chave: Resrição Exerna, Lei de Thirlwall Mulisseorial, Dados em Painel, Brasil, China.

7 ABSTRACT According o Thirlwall (1979), he long-erm growh of a counry depends on income - elasiciies of expors and impors. The debae over his law has evolved ino a muli-secoral approach, as developed by Araujo and Lima (2007). According o hese auhors, he indusry analysis possible o idenify one(s) Secor(s) ha can(m) conribue relaively more in he counry's growh sraegy, i suffices ha prioriizes Secor(s) wih mos(es) reasons of income elasiciies of expors when compared o he income elasiciy of impors. The demonsraing he feasibiliy of a sraegy of expor-led growh o secors ha have higher income elasiciy, as hey are considered he mos dynamic secors o Thirlwall. The hypohesis is ha he low economic growh is associaed wih he inernaional inserion sraegy, exernal rade, which is highly concenraed in branches whose income elasiciy of expors are relaively low. To achieve he goal and es he hypohesis launched esimaions wih annual daa from Brazilian saes for he period 1999-2009 are performed using he mehodology of panel daa. The resuls confirmed ha he manufacuring secor has he highes raio of elasiciies, which implies ha a change in he long-erm growh sraegy ha prioriizes his secor reduces he oupu gap relaive o he Chinese economy. However, i is believed ha he counry would reurn o he manufacuring secor is no enough, one mus prioriize dynamic subsecors owards Verdoorn-Kaldor-Thirlwall, should simulae hose subsecors ha simulaneously creae jobs, conribue o he growh of oupu and produciviy, wihou compromising he balance of paymens, leading he Brazilian economy o a viruous circle of long-erm growh hrough a process of cumulaive causaion wih srucural change. I is believed ha hese subsecors of indusry idenified by empirical analysis should be prioriized o improve he longerm growh of Brazilian economy. Key - words: Exernal Resricion, Mulisecoral Thirlwall's Law, Panel Daa, Brazil, China.

8 SUMÁRIO 1. Inrodução... 12 2. Esruura Produiva, Comércio Exerior e Crescimeno Econômico na Economia Brasileira: Algumas Reflexões.... 14 2.1. A Transição para a Indusrialização no Brasil... 14 2.2. O Modelo de Desenvolvimeno Esruuralisa (1930 1970)... 16 2.3. As Mudanças da Esruura produiva nos Anos 90... 17 2.4. O Novo Desenvolvimenismo... 24 2.5. Conclusão... 26 3. Revisão da Lieraura Teorias do Crescimeno Pós-Keynesiana... 28 3.1. Crescimeno com Resrição Exerna... 29 3.2. O Modelo Kaldoriano de Crescimeno Liderado pelas Exporações... 31 3.3. A Endogeneidade da Taxa Naural do Crescimeno: O Modelo León-Ledesma e Thirlwall (2002)... 34 3.4. O Modelo de Dixon e Thirlwall (1975)... 36 3.5. A Lei de Thirlwall (1979)... 41 3.6. A Lei de Thirlwall Mulisseorial: O Modelo de Araújo e Lima (2007)... 45 3.6.1. A Lei de Thirlwall Muliseorial: Algumas Evidências Empíricas... 53 3.7. Conclusão... 55 4. Meodologia... 57 4.1. Modelos de Dados em Painel... 57 4.2. Painel Esáico... 58 4.3. Painel Dinâmico... 59 4.4. Base de Dados... 61 4.5. Apresenação dos Resulados... 65 4.6. A Lei Verdoorn-Kaldor-Thirlwall: Uma Proposa de Análise Empírica.... 72

9 4.7. Conclusão... 86 Considerações Finais... 88 BIBLIOGRAFIA... 90

10 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Evolução do Comércio Exerior no Brasil - 1994 a 2011... 20 Tabela 2 Taxa de subsiuição da poupança inerna pela exerna (1993 1999) e da poupança exerna pela inerna (2000 2005) base: média dos rês anos aneriores... 22 Tabela 3: Paricipação nas Exporações Brasileiras por ipo de produo, segundo inensidade ecnológica, como % do oal (2000-2009)... 23 Tabela 4: Países de Desino das Exporações, em Percenual (%)... 65 Tabela 5: Países de Origem das Imporações, em Percenual (%)... 65 Tabela 6: Exporações do Brasil por Faor Agregado... 66 Tabela 7: Imporações do Brasil por Faor Agregado... 67 Tabela 8: Resulados das esimações dos modelos de regressão com dados em painel (GMM Sysem) variáveis dependenes: Exporações de produos Básicos para China; Exporações de produos Semimanufaurados para China e Exporações de produos Manufaurados para China. Unidades da Federação (Brasil) - 1999-2009.... 70 Tabela 9: Resulados das esimações dos modelos de regressão com dados em painel (GMM Sysem) variáveis dependenes: Imporações de produos Básicos da China; Imporações de produos Semimanufaurados da China e Imporações de produos Manufaurados da China.Unidades da Federação (Brasil) - 1999-2009.... 71 Tabela 10: Imporações brasileiras dos subseores indusriais advindas da China por inensidade ecnológica (Paricipação %) 1999-2009... 74 Tabela 11: Exporações brasileiras dos seores indusriais com desino para China por inensidade ecnológica (Paricipação %) 1999-2009... 75 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Teoria Esruuralisa original comparada com a macroeconomia esruuralisa do desenvolvimeno... 25 Quadro 2: A Base de Dados da Relação Comercial Brasil-China... 63 Quadro 3: A Base de Dados da Relação Comercial Brasil-China... 64 Quadro 4. Classificação do Nível de Inensidade Tecnológica dos Seores da Indúsria de Transformação... 73 Quadro 5. Esimações das elasicidades-renda dos subseores da Indusria Manufaureira: Razão das elasicidades maior que um... 78

11 Quadro 6: Esimações das elasicidades-renda dos subseores da Indusria Manufaureira: Razão das elasicidades maior que zero e menor que um... 79 Quadro 7: Esimações das elasicidades-renda dos subseores da Indusria Manufaureira Sem robusez esaísica... 79 Quadro 8: Subseores da indúsria de ransformação... 80 Quadro 9. Esimações das Elasicidades Emprego do Produo... 82 Quadro 10: Classificação dos Seores Quano ao Dinamismo... 83 Quadro 11. Classificação dos Subseores da Indúsria Manufaureira... 85

12 1. Inrodução O debae em orno do crescimeno de longo prazo da economia brasileira, caracerizado como sop and go, se esende desde a adoção das reformas liberalizanes dos anos 1990. Evidenemene, com a implemenação do plano real, arquieou-se um novo modelo de crescimeno, no qual o país alera o modelo de subsiuição de imporações por uma esraégia de crescimeno com poupança exerna. A hipóese do presene rabalho é que o baixo crescimeno econômico do país esá associado a essa esraégia de inserção no mercado inernacional, que é alamene concenrado em seores cuja elasicidade-renda das exporações são relaivamene baixas. De acordo com Thirlwall (1979), o crescimeno da economia no longo prazo é definido pela razão enre a axa de crescimeno das exporações e a elasicidade-renda das imporações. Recenemene, esse debae evoluiu para uma abordagem mulisseorial, al como desenvolvido por Araújo e Lima (2007). Os auores afirmam que exisem seores que podem conribuir relaivamene mais para a esraégia de crescimeno do país, que são aqueles mais dinâmicos, que apresenam as maiores razões das elasicidades-renda das exporações e imporações. Desa forma, a axa de crescimeno da economia brasileira pode ser maior mesmo que a axa de crescimeno do reso do mundo permaneça inalerada. Para ano, basa que a composição seorial das exporações e imporações priorize os seores com economias dinâmicas, como o seor manufaureiro. Assim, preende-se avaliar a hipóese de que essa siuação pode ser melhorada a parir da compreensão da relação do Brasil com seus principais parceiros comerciais, como a China. A escolha dese parceiro comercial decorreu do fao de as exporações brasileiras para a China apresenarem endência de crescimeno desde 2000, superando os demais parceiros em 2009, ulrapassando as vendas para os Esados Unidos. Assim, o país esá se beneficiando do crescimeno econômico Chinês. A mudança deve começar pela implemenação de uma esraégia de crescimeno liderada pelas exporações dos seores que apresenam as maiores razões das elasicidaderenda das exporações e imporações, que são aqueles seores da economia brasileira que apresenam reornos crescenes de escala. Para aingir o objeivo e esar a hipóese lançada, além desa inrodução, o primeiro capíulo faz uma conexualização abordando as reformas implemenadas na economia

13 brasileira nos anos 1990 e suas consequências na esruura produiva. No segundo capíulo, realiza-se uma revisão da lieraura, que passa pelo arigo seminal de Thirlwall (1979) e pelo modelo mulisseorial desenvolvido por Araújo e Lima (2007), que considera que a esruura de produção impaca decisivamene na rajeória de crescimeno de longo prazo das economias. No erceiro capíulo, apresenam-se a meodologia e os dados empregados na análise empírica e os resulados da análise seorial da relação bilaeral Brasil-China. Por fim, algumas considerações finais são aponadas.

14 2. Esruura Produiva, Comércio Exerior e Crescimeno Econômico na Economia Brasileira: Algumas Reflexões. Ese capíulo objeiva fazer uma apresenação da esruura indusrial brasileira, a fim de refleir sobre a melhor esraégia de crescimeno de longo prazo da economia brasileira. Acredia-se que a proposa deve passar por uma mudança na mariz produiva do país, que beneficie os seores mais dinâmicos, aqueles que apresenam as maiores razões das elasicidades renda da demanda. Para ano, o capiulo esá esruurado em cinco seções, além desa inrodução. Na primeira será realizada uma análise da ransição para a indusrialização brasileira. Na seção seguine, será apresenado o modelo de desenvolvimenismo esruuralisa, que vigorou aé o fim dos anos 80. Na erceira seção consise em conexualizar a indúsria brasileira, em paricular a parir da crise do processo de subsiuição de imporações e das reformas liberalizanes implemenadas nos anos 90, e mudanças em relação à aberura comercial. Na seção quara será apresenado o novo desenvolvimenismo, que consise na proposa póskeynesiana para aingir um crescimeno susenável para economia brasileira. 2.1. A Transição para a Indusrialização no Brasil As eses de Mello (1982), e de Tavares (1986) avançaram na explicação do processo de indusrialização brasileiro, caracerizando-o como eminenemene capialisa e propondo uma nova periodização 1 para o movimeno da economia brasileira no longo prazo, ressalando a ideia de capialismo ardio. Para Mello (1982), a indusrialização supõe o surgimeno de vários deparamenos 2 que se inegram e imprimem um dinamismo próprio. De 1888 a 1930, no Brasil, ocorre uma desproporcionalidade enre os deparamenos de bens de consumo duráveis, bens 1 As relações capialisas se modificam hisoricamene, seja na organização das forças sociais, com o progresso écnico, e as novas formas de organização da produção. Iso quer dizer que a indusrialização não é um processo hisoricamene daado, que em um fim. Enreano, ele apresena caracerísicas hisóricas, muias vezes esáveis, que permiem ao pesquisador uma cera periodização. (NIEMEYER, 2002) 2 Esse ipo de inerpreação do desenvolvimeno brasileiro é radicional na Escola Campineira. Os rabalhos seminais são os de CARDOSO DE MELLO (1982) e CONCEIÇÃO TAVARES (1986).

15 inermediários e bens não duráveis. A reprodução ampliada do capial era garanida pelas imporações, a parir da aquisição de bens de produção de fora do país, susenado pelas divisas gerados do seor cafeeiro, ou seja, havia uma subordinação do capial indusrial ao cafeeiro. A crise de 1929 ainge o seor cafeeiro, ocasionando uma resrição exerna, que limiava a capacidade brasileira de imporação. A compensação foi obida por meio da ação do Esado, que garanira a circulação de dinheiro no seor cafeeiro, comprando o excedene de café e queimando. Com isso, a indúsria não se conraiu e a economia brasileira pode se recuperar anes mesmo que o reso do mundo. Começa enão a exisir uma diferença enre capial indusrial e cafeeiro, sendo que coninua havendo dependência, mas houve um elemeno novo, o invesimeno, que promoveu dinamismo no seor inerno (MELLO, 1982). A parir de 1930 o invesimeno e o consumo inerno são de grande imporância para o desenvolvimeno do país, garanindo que a dinâmica do sisema fosse deerminada endogenamene. Afinal, anes o que dava dinamismo ao país era o capial exerno, classificando a dinâmica como sendo deerminada exogenamene (Ibdem, 1982). Enão na periodização, os anos de 1933 a 1955 classificam-se como indusrialização resringida. Indusrialização porque começa a er cera vericalização da indúsria, e resringida porque o crescimeno vai se der de uma forma limiada, principalmene dos bens inermediários e bens de capial, são eles os limies écnicos e financeiros, que geram dificuldades para er invesimenos, impossibiliando a expansão da própria indúsria, pois esbarra na necessidade de bens imporanes para a indusrialização. A grande mudança, com relação ao período de ransição, é que não se em mais a dependência do capial indusrial ao capial cafeeiro. A parir de 1956, com o plano de meas, passa a exisir a inegração dos deparamenos, ao se desenvolver os seores de bens inermediários, e de bens de capial. Com isso passa a ser possível a inernalização das variáveis essências para a dinâmica econômica, que são invesimeno e o progresso écnico. Porano, em-se o processo erminado, com a indusrialização propriamene dia 3, de modo que, a esruura indusrial brasileira passa ser considerada dinâmica e coner impulsos endógenos próprios (TAVARES, 1986). Esa eapa nos países periféricos seria compaível com o subdesenvolvimeno, bem como com uma 3 Ese ipo de formulação foi muio imporane nos anos 1970 por permiir uma ampliação significaiva da compreensão de aspecos chaves de nossa indusrialização e da conformação da economia brasileira. Enreano, ao nos debruçarmos sobre as quesões dos anos 1980 verificamos a insuficiência dese ipo de raameno. (NIEMEYER, 2002)

16 maior dependência financeira, ecnológica e dos fluxos comerciais em relação ao capial inernacional (TAVARES, 1974). 2.2. O Modelo de Desenvolvimeno Esruuralisa (1930 1970) Segundo Bresser-Pereira e Gala (2012), no período compreendido enre os anos de 1930 e 1970, as economias da América Laina, com desaque para o Brasil, caracerizou-se por elevadas axas de crescimeno do PIB, impulsionada pela indusrialização. Nese período predominou a eoria esruuralisa, sisemaizada pela Cepal, que defendia a paricipação aiva do Esado na economia. Enre as preposições, desacam-se oio eses cenrais, sendo a primeira a noção de deerioração dos ermos de inercâmbio; a segunda consisia em aribuir ao Esado um papel cenral de promoor do desenvolvimeno econômico; a erceira aponava para o caráer esruural do desenvolvimeno; a quara aponava o subdesenvolvimeno como sendo resulado da subordinação da periferia aos países que se indusrializaram primeiro; a quina defendia a exisência ilimiada de mão de obra, que resulava em baixos salários e insuficiência de demanda; A sexa ese, da indúsria infane, jusificava a proeção arifária à indúsria manufaureira e o modelo de subsiuição de imporações; A séima ese apresenava às imperfeições do mercado; E por fim, a oiava ese, de crescimeno com poupança exerna, devido ao pressuposo de insuficiência de poupança inerna por pare das economias em desenvolvimeno. (BRESSER- PEREIRA e GALA, 2012) Diane da proposição de deerioração dos ermos de roca, pois havia uma especialização em produos básicos, que resulava em ransferências de renda para o exerior via comércio inernacional, uma vez que, eses caracerizavam-se por er baixa elasicidade renda das exporações, enquano que os produos imporados possuíam elevadas elasicidades renda das imporações, prejudicando a balança comercial. O Esado promoveu vários incenivos à indusrialização, aravés de políicas: cambiais, arifárias, fiscais e subsídios. O processo de indusrialização penerou em seores mais complexos, enquano a agropecuária e os seores radicionais da indúsria foram diminuindo sua paricipação no PIB (CARVALHO, 2007). Avançar na indusrialização para seores de maior valor agregado seria uma forma de diminuir a ransferência de renda para o exerior, relaxando a resrição exerna. A alernaiva era o modelo de subsiuição de imporações, que inha como fundameno maner o equilíbrio do seor exerno e criar uma esruura produiva para o país.

17 Durane quase oda a década de 60, a dívida exerna brua não se alerou, oscilando em orno do paamar de 3 bilhões de dólares. A primeira aceleração da dívida coincide com o período do Milagre. Em 1968, a dívida era de 3,8 US$ bilhões, enquano que em 1973 aingia os 12,6 US$ bilhões, um valor 3,3 vezes maior (DAVIDOFF, 1983). A jusificaiva se dava pela proposa de crescimeno liderada pela poupança exerna, susenada na afirmação da necessidade dos recursos exernos como elemenos viais para a viabilização das alas axas de crescimeno do PIB (BRESSER- PEREIRA e GALA, 2012). De forma que a esraégia adoada para financiar a políica de subsiuição de imporações foi de endividameno exerno, aproveiando a grande liquidez inernacional exisene na época (BAER, 1972). Conudo, no fim da década de 1970, esse modelo inha resulado em uma economia indusrial pouco diversificada, disane da froneira ecnológica em muios segmenos, uma economia basane proegida da concorrência inernacional, foremene regulamenada e com marcane presença do Esado. Esses faores aliado à crise da dívida exerna, causada pela políica de crescimeno com poupança exerna, fez com que o esruuralismo perdesse espaço (BRESSER- PEREIRA e GALA, 2012). Diane das críicas, houve espaço para a realização das reformas dos anos 1990 que revereram o processo de indusrialização com ação induora do Esado, realizando a aberura comercial, que em pares, reomou as práicas de vanagens comparaivas, se especializando em commodiies e minimizando a ação do Esado (BAER, 1972). Porano, a quesão a ser levanada é se o baixo crescimeno nos anos 1990 pode ser aribuído à desconsideração da resrição exerna, e da esruura produiva como faor imporane para o crescimeno econômico. 2.3. As Mudanças da Esruura produiva nos Anos 90 A década de 1980 no Brasil foi muio urbulena, com a crise da dívida insaurada, alas axas de inflação e reduzidas axas de crescimeno. A década é, inclusive, chamada de a década perdida (SICSÚ, OREIRO e PAULA, 2004). Diane dese cenário, nos anos 1990, abriu-se espaço para a realização de reformas de cunho liberal no Brasil, conforme recomendações do Consenso de Washingon (BARUCO e GARLIPP, 2005). Vários planos de ordem macroeconômica foram criados, configurando-se uma endência, onde a políica fiscal cenrou-se em maner meas de superávi primário e a

18 políica moneária maneve-se conracionisa, objeivando a esabilidade do nível de preços, conrolando a inflação, aravés das axas deerminadas pela Selic (SICSÚ, OREIRO e PAULA, 2004). Essa esruura funcional da políica macroeconômica, junamene com a [...] flexibilidade cambial, ficou conhecida como o Novo Consenso Macroeconômico [...] (TERRA e FERRARI FILHO, 2010, p. 8). As medidas de caráer neoliberal preconizadas pelo Consenso de Washingon para os países emergenes são as que seguem: (i) redução ou eliminação das barreiras alfandegárias; (ii) livre mobilidade de capiais, seja para invesimenos esrangeiros, seja para as ransações de moeda de conversibilidade; (iii) disciplina fiscal; (iv) reforma ribuária; (v) desregulamenação financeira; e (vi) privaizações. (FERRARI FILHO, 2008, p. 2). Hermann (2002) mosra que o conjuno de medidas esabelecidas pelo Consenso de Washingon permiiu que o Brasil, resabelecesse a reomada de crescimeno, por meio da omada de capial exerno. De modo que o receiuário de políica adoado inha como susenação principal a financeirização da economia. O financiameno do balanço de pagamenos passa a ser feio com poupança exerna 4, passando a ser esa a variável dinâmica da economia, alamene dependene de alas axas de juros. Além disso, o país abre mão de planejar invesimenos em infraesruura aravés das privaizações. A inenção é o Esado ser o menos inervenor possível. O objeivo final a ser alcançado é a esabilidade dos preços. O efeio combinado dessas medidas aingiu seus objeivos: juros elevados araíram o capial exerno e o câmbio valorizado esimulou foremene as imporações, manendo os preços inernos conrolados (BACHA, 1995). Além diso, o processo de liberalização e desregulamenação resulou em ransformações na esruura produiva brasileira, que realizou reduções arifárias, que faciliaram a enrada de produos esrangeiros (Lacerda, Bocchi, e al., 2000). Começaram a ocorrer uma série de privaizações das empresas esaais, especialmene, nas áreas de infraesruura e commodiies, além de grande presença de empresas ransnacionais aravés da realização crescene de aquisições e fusões (KATZ e STUMPO, 2001). A aberura comercial foi realizada sob a jusificaiva de que quano mais inegrada inernacionalmene uma economia, maior sua possibilidade desenvolvimeno, devido à facilidade de enrada de poupança exerna (LIMA e SICSÚ, 2003). A aberura comercial consiuiu-se basicamene em redução das barreiras ao comércio e diminuição dos cusos dos imporados no país, o que implicaria em acirrameno da concorrência e inensificação da reesruuração da indúsria brasileira. A ancoragem cambial adoada inha por objeivo maner o câmbio 4 Segundo Bresser-Pereira&Gala (2008) poupança exerna financia necessariamene défici em cona correne, enquano que invesimenos direos podem financiar o aumeno de reservas inernacionais do país recipiene ou invesimenos direos que ese realize no exerior.

19 valorizado a fim de baraear os produos imporados, incenivando a concorrência. (SILVA, 2004, p. 23) Assim, no âmbio comercial foi feia a redução das arifas de imporação de produos que inham peso na deerminação dos índices de preços. A ideia era abrir o mercado para ampliar a concorrência e assim reduzir os preços. Além disso, aderiu-se à Tarifa Exerna Comum do MERCOSUL (TEC), cujas alíquoas passaram a er um eo máximo de 20%. Dessa forma, a esraégia de esabilização passou a subordinar a esraégia de políica comercial (KATZ e STUMPO, 2001). Com a fuga de capiais, decorrenes de [...] uma sucessão de crises exernas: a crise mexicana em 1995, a crise asiáica em 1997, a crise russa em 1998. (OREIRO, SISCSÚ e PAULA, 2003, p. 119), o governo iniciou uma políica de reversão parcial do regime de arifas e as medidas de políica comercial passaram a incenivar as exporações e a proeger seores da indúsria com o objeivo de reverer às conas exernas, para não afear o ajuse inflacionário. No enano, essas medidas foram ímidas e, na verdade, coninuou-se a aberura no seor exerno. Nese período, o seor agropecuário foi um dos poucos a ser beneficiado e passou por melhoras, devido aos invesimenos feios por empresas ransnacionais, além do uso de novas ecnologias, expansão da froneira agrícola e liberalização comercial. Com esse crescimeno da produividade, o seor se ornou fundamenal nas exporações brasileiras (HOLANDA, 1997). A cona ransações correnes é composa pelo resulado da balança comercial, mais serviços e rendas e ransferências unilaerais, assim, para ober resulados melhores, a opção mais plausível é pela balança comercial, por meio do aumeno das exporações, que pode ser esimulada aravés axa de câmbio desvalorizada, que promova a compeiividade dos produos nacionais no exerior (OREIRO, SICSÚ e PAULA, 2003). Segundo Nakabashi e Neo (2008), déficis em ransações correnes apresenam-se como um grande problema para a economia, por rês moivos, primeiro porque afea os seores alvos, ano um aumeno nas imporações, como a queda nas exporações. Segundo, porque déficis consanes na Balança de Pagamenos acarream na necessidade de serem financiados via cona movimeno de capiais, que faz com que o país enha que praicar axas de juros alos, a fim de arair capial. Porém essas alas axas de juros, ao lado de déficis fiscais, provocaram o crescimeno da dívida pública a uma velocidade excessiva, indicando a não susenabilidade daquele crescimeno (HOLLAND, CANUTO e VIEIRA, 2003). De forma que em 1999 ocorreu à crise do balanço de pagamenos no Brasil, mas mesmo com a crise, as políicas foram apenas parcialmene modificadas. No que ange às

20 imporações, as políicas de liberalização se maniveram, e a modificação apresenou-se no esímulo ao desenvolvimeno do seor exporador. O governo promoveu: desvalorização cambial, incidência de novas conribuições sobre imporações e expansão do crédio dirigido às exporações e concedido pelo BNDES. Mesmo com essas medidas, o país pouco avançou na diversificação da esruura de comércio, e apesar de alcançar superávi comercial a parir de 1999, esa coninuou concenrada em produos pouco elaborados (KATZ e STUMPO, 2001). Tabela 1: Evolução do Comércio Exerior no Brasil - 1994 a 2011 PIB BRASIL EXP BRASIL (FOB) IMP BRASIL (FOB) SALDO COMERCIAL Período US$ bi Tx. Real Aber. US$ bi Var. Par.% US$ bi Var. Par.% US$ bi (A) % econ. (B) % B/A (C) % C/A (B - C) 1994 543,1 5,9 14,1 43,5 12,9 8 33,1 31 6,1 10,5 1995 770,4 4,2 12,5 46,5 6,8 6 50 51,1 6,5-3,5 1996 840,3 2,2 12 47,7 2,7 5,7 53,3 6,8 6,3-5,6 1997 871,3 3,4 12,9 53 11 6,1 59,7 12 6,9-6,8 1998 844 0 12,9 51,1-3,5 6,1 57,8-3,3 6,8-6,6 1999 586,8 0,3 16,6 48-6,1 8,2 49,3-14,6 8,4-1,3 2000 645 4,3 17,2 55,1 14,8 8,5 55,9 13,3 8,7-0,7 2001 553,8 1,3 20,6 58,3 5,7 10,5 55,6-0,4 10 2,7 2002 504,4 2,7 21,4 60,4 3,7 12 47,2-15 9,4 13,2 2003 553,6 1,1 22 73,2 21,1 13,2 48,3 2,3 8,7 24,9 2004 663,8 5,7 24 96,7 32,1 14,6 62,8 30 9,5 33,8 2005 882,4 3,2 21,8 118,5 22,6 13,4 73,6 17,1 8,3 44,9 2006 1.088,80 4 21 137,8 16,3 12,7 91,4 24,1 8,4 46,5 2007 1.366,50 6,1 20,6 160,6 16,6 11,8 120,6 32 8,8 40 2008 1.650,90 5,2 22,5 197,9 23,2 12 173 43,4 10,5 25 2009 1.625,60-0,3 17,3 153-22,7 9,4 127,7-26,2 7,9 25,3 2010 2.143,90 7,5 17,9 201,9 32 9,4 181,8 42,3 8,5 20,1 2011 2.475,10 2,7 19,5 256 26,8 10,3 226,2 24,5 9,1 29,8 Fone: Exporação e Imporação Brasileira: SECEX/MDIC A abela 1 indica a evolução do comércio exerior no Brasil, mosrando o crescimeno da aberura comercial, que gerou um aumeno nas imporações. A coluna do saldo comercial demosra que o país alcançou déficis enre os anos de 1995 a 2000, devido a combinação de câmbio sobrevalorizado aliado à aberura comercial brasileira, razendo uma onda de produos imporados que coninuou a crescer aé o ano 2000. Dessa forma, o início de 1999 foi marcado por uma profunda mudança no regime cambial

21 brasileiro. Com o início da desvalorização cambial, movida por uma políica de axa fluuane, nese momeno as exporações ganharam expressividade. A parir de 2001 o país vem incorrendo em superávis comerciais, e com uma axa média de crescimeno do PIB da ordem de 3,5%, isso porque, o aumeno das exporações significa maior enrada de divisas no país e, com elas, maior capacidade de pagameno das obrigações exernas que indica liquidez financeira para o país. Porém, mesmo com resulados comerciais posiivos, o país não esá livre do problema da resrição exerna, em razão da esruura produiva, de baixo valor agregado, que deerioriza os ermos de roca. De forma que Nakabashi e Neo (2008) afirmam que por mais que houve melhorias nas conas exernas, nos úlimos anos, ainda persise o problema da resrição exerna. Pode-se resumir que as melhorias no saldo da balança comercial brasileira se devem a rês moivos, primeiro pelo superávi comercial, gerado por meio das desvalorizações cambiais e do crescimeno da economia mundial, que esimularam as exporações. O segundo moivo, seria a melhoria nos indicadores macroeconômicos, as políicas adoadas conferiam segurança para o capial inernacional, assim [...]desperaram nos invesidores esrangeiros à época, que lhes aporaram vulosos invesimenos direos e financeiros (basicamene, em porfólio). (HERMANN, 2002, p. 2). E por fim, o erceiro moivo é o fao do Brasil maner alas axas de juros, que arai invesimenos em careira. Analisando a variável câmbio, noa-se a imporância desse insrumeno para o equilíbrio do balanço de pagamenos. Se há sobreapreciação do câmbio, decorrene da políica de crescimeno com poupança exerna, aumenam-se as imporações, desesimulando o crescimeno da indúsria inerna (BRESSER-PEREIRA e GALA, 2008). Iso porque, ao priorizar a enrada de invesimeno exerno, por meio da sobreapreciação do câmbio, ocorre um aumeno arificial dos salários, e com isso, há um aumeno do consumo, suprido via imporação, e com isso há redução da poupança inerna. Agora, ao olhar a demanda, verifica-se a queda nas oporunidades de invesimeno voladas para a exporação, fao que diminui o invesimeno e a poupança inerna. Assim sendo, ao fazer uso da políica de crescer por poupança exerna, gera uma conradição, afinal, esa subsiuí a poupança inerna, ao invés de complemená-la (BRESSER-PEREIRA e GALA, 2008).

22 Tabela 2 Taxa de subsiuição da poupança inerna pela exerna (1993 1999) e da poupança exerna pela inerna (2000 2005) base: média dos rês anos aneriores. Período Poupança exerna Sx (% do PIB) Poupança Inerna, Si (% do PIB) Invesimeno (% do PIB) Si/Sx Sx/Si (%) (%) 1990-1992 0,44 18,62 19,06 - - 1993-1999 2,78 15,91 18,69 115,8-1997- 1999 4,07 13,96 18,03 - - 2000-2005 0,9 16,56 17,46-121,9 Fone: Bresser-Pereira e Gala (2008). É relevane apresenar a abela 2 elaborada por Bresser-Pereira e Gala (2008, p. 92), pois mosra que, por mais que a poupança exerna enha aumenado enre os anos de 1997-1999, o invesimeno não obeve aumeno, pelo conrário, houve uma queda em relação aos anos aneriores, porano, houve uma subsiuição da poupança inerna pela exerna. A abela 2 ambém mosra que, de 2000 á 2005 (anos de depreciação do real) há a subsiuição da poupança exerna pela inerna, porque os salários caem, assim como o consumo, aumenando a poupança inerna pelo lado da ofera, enquano, pelo lado da demanda, as exporações aumenam. Agora, mesmo com depreciação cambial, há elemenos esruurais que impedem o crescimeno de indúsrias nacionais, mesmo havendo a aberura, que por ouro lado, só maném o país mais subordinado, ficando especializado em commodiies e dependene de ala ecnologia. Enre os elemenos esruurais [...] a baixa capacidade de imporar [...], devido ao alo peso, das commodiies na paua de exporação. As diferenes elasicidade-renda enre exporação e imporação e a grande volailidade das commodiies no mercado inernacional geram variações cíclicas na capacidade de imporar e provocam elevada insabilidade na axa de câmbio e na demanda por fluxos de capiais. (MEDEIROS, 2008, p. 120). Eses diferenciais enre as elasicidades-renda gera uma baixa capacidade de imporar, o que anepara o crescimeno dos invesimenos, que se veem barrados, devido à necessidade de imporar. Enão a aberura comercial, foi nada mas do que realizar um [...] revigorado modelo primário-exporador [...], mas ambém pela dominância dos fluxos financeiros sobre a evolução do balanço de pagamenos. (MEDEIROS, 2008, p. 118). Observando o comporameno das exporações, na abela 3, percebe-se o aumeno do peso das commodiies na paua exporadora:

23 Tabela 3: Paricipação nas Exporações Brasileiras por ipo de produo, segundo inensidade ecnológica, como % do oal (2000-2009) 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Commodiies Primárias Trabalho e recursos naurais Baixa inensidade Média inensidade Ala inensidade 37% 39% 39% 40% 39% 38% 39% 41% 43% 49% 14% 13% 13% 13% 12% 11% 10% 9% 7% 7% 8% 7% 8% 8% 10% 10% 8% 8% 9% 7% 18% 18% 17% 19% 19% 20% 20% 18% 16% 13% 18% 16% 15% 12% 12% 12% 12% 12% 11% 11% Ouros 5% 7% 8% 8% 7% 9% 11% 11% 13% 13% Toal 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% Fone: (DE NEGRI e ALVARENGA, 2011) Verifica-se que, com aplicação das políicas liberais, os seores mais dinâmicos da economia brasileira passaram a ser dominado por empresas esrangeiras (COUTINHO, HIRATUKA e SABBATINI, 2003). Iso se configura a permanência do modelo de divisão inernacional do rabalho, definido pela CEPAL (2002) como a especialização dos países desenvolvidos em produos dinâmicos, de maior valor agregado, e países em desenvolvimeno especializados em commodiies, divisão esa que esaria reomando com as políicas liberais. Esa reomada da divisão inernacional do rabalho esaria resulando em uma especialização ainda menos viruosa para os países em desenvolvimeno. À medida que eses países se especializam em segmenos de baixo valor agregado, surgindo problemas de balança comercial deficiária (CEPAL, 2002). Por fim, mesmo que o Brasil apresene vanagens comparaivas naurais em seores abundanes em mão-de-obra e recursos naurais, em geral de menor coneúdo ecnológico, ais como Alimenos, bebidas e abaco; Madeira e seus derivados: papel e celulose; Produos meálicos, peróleo e peroquímico, enre ouros seores com baixa inensidade ecnológica, nos quais o país apresena vanagens de cuso de produção e capacidade produiva. Em conraparida, a especialização neses seores gera uma fragilidade para a economia, pois eles são sensíveis aos preços inernacionais e esão sujeios a concorrência crescene (MOREIRA e CORREA, 1996). Resulado desas políicas liberalizanes, o país se enconrou no período de pior crescimeno do PIB, as promessas de melhorias dos problemas sociais e econômicos não se

24 verificaram, mas sim, foram agravados, com enormes massas de desempregados, enfraquecimeno do mercado inerno, e perda da auonomia econômica do país, que passa a depender mais de imporações, financiamenos, denre ouros. Como apona Belluzzo (1995, p. 19), que o receiuário do Consenso de Washingon resulou na [...]decadência econômica de muias regiões, o crescimeno do desemprego esruural, a proliferação de formas de precarização do emprego, e o aumeno da desigualdade. Mosrando a ineficiência dessas políicas de cunho orodoxo, que vem como uma carilha a ser seguida pelos países subdesenvolvidos, mas que na realidade não foram as praicadas pelas economias desenvolvidas, quando esas esavam ainda se desenvolvendo (CHANG, 2004). 2.4.O Novo Desenvolvimenismo O Novo-Desenvolvimenismo é ido como uma esraégia de crescimeno susenável, alernaiva as políicas neoliberais inspiradas no Consenso de Washingon, que fracassaram em gerar resulados econômicos e sociais posiivos. A ideia é repaginar o velho desenvolvimenismo, com a junção do Mercado e do Esado como elemenos complemenares para o desenvolvimeno econômico (OREIRO e PAULA, 2012, p. 59). Onde as exporações assumem posição esraégica, e devem ser esimuladas por meio de políicas econômicas, ais como, manuenção de uma axa de câmbio compeiiva e invesimenos em infraesruuras logísicas. A fim de ornar as indúsrias nacionais compeiivas, aravés do aumeno da produividade da mão-de-obra, que deve ser buscado por meio de políicas indusriais, visando incorporar maior valor agregado às exporações, e com iso, alcançar o crescimeno susenável, com geração de emprego e crescimeno do produo e renda. (OREIRO e PAULA, 2012) No novo-desenvolvimenisa, busca um conjuno de medidas que elevem o nível de demanda agregada, de forma que cabe ao Esado inerferir a fim de propiciar um ambiene seguro para os invesidores, minimizando as incerezas, seja por meio de políicas moneárias, cambiais, fiscais, ou de políicas indusriais e de comércio exerior. Iso é necessário para haver aumeno na geração de empregos, além diso, cabe ao Esado buscar a minimização das desigualdades, auando na políica ribuária, de forma a orná-la mais progressiva. (OREIRO e PAULA, 2012)

25 Além diso, deve-se buscar o equilíbrio no balanço de pagamenos por meio de superávis na balança comercial, para iso, é necessária uma mudança esruural da paua exporadora, de modo a priorizar produos com elevada elasicidade-renda das exporações. O novo desenvolvimenismo surge visando superar e aualizar as eses do velhodesenvolvimenismo, adapando aquelas anigas ideias a conjunura aual e a um novo projeo de desenvolvimeno, o novo-desenvolvimenismo. O quadro 1 elaborado por Bresser-Pereira e Gala (2012), realiza uma comparação enre os modelos, é imporane desacar a aualidade de cinco das oio eses do velho-desenvolvimenismo, e levando em consideração as mudanças esruurais em vários países, foram acrescenadas cinco novas eses. Quadro 1: Teoria Esruuralisa original comparada com a macroeconomia esruuralisa do desenvolvimeno 1 Teoria Esruuralisa Original Tendência à deerioração dos ermos de inercâmbio Macroeconomia Esruuralisa do Desenvolvimeno Manida 2 Caráer esruural do desenvolvimeno Manida 3 Papel cenral do Esado no desenvolvimeno 4 Subdesenvolvimeno como conraparida do desenvolvimeno Manida (e modificada): Esado em papel esraégico, induor do desenvolvimeno econômico. Manida 5 Indúsria infane legiimando proeção arifária Superada (para países de renda média). 6 Tendência dos salários a crescerem menos do que produividade devido a ofera ilimiada de mão de obra Manida (é uma das duas causas esruurais da insuficiência de demanda inerna nos países em desenvolvimeno). 7 Inflação esruural 8 Resrição exerna ou modelo dos dois hiao 9 Acrescenada 10 Acrescenada 11 Acrescenada 12 Acrescenada 13 Acrescenada Superada (países de renda média podem apresenar axas de inflação baixas). Abandonada (devido à críica à políica de crescimeno com poupança exerna exposa na Tese 11). Taxa de câmbio compeiiva é essencial para o aumeno da poupança inerna e o invesimeno. Tendência esruural à sobrevalorização cíclica da axa de câmbio é causa de insuficiência de demanda para exporações. Doença holandesa, que sobreaprecia permanenemene a axa de câmbio e impede ou dificula indusrialização. Críica à políica de défici em cona correne ou de crescimeno com poupança exerna que aumena mais o consumo do que os invesimenos. Como o equilíbrio exerno, o equilíbrio fiscal é essencial para o desenvolvimeno econômico. Fone: (BRESSER- PEREIRA e GALA, 2012)

26 Porano, a macroeconomia esruuralisa do desenvolvimeno surge reomando a velha abordagem do esruuralismo, ressalando a necessidade da mudança esruural para o desenvolvimeno econômico. Tomando a abordagem mais condizene com a aualidade, ressalando a imporância de invesimenos em inovação, a fim de agregar valor ás exporações, e ransferência de mão-de-obra para seores com valor adicionado per capia e salários médios maiores. 2.5.Conclusão Imporanes esudiosos da formação econômica do Brasil como Tavares (1974) e Mello (1982) já aleravam, em décadas aneriores, que o processo conemporâneo de formação do Brasil esaria ameaçado devido à desorganização econômica e a subordinação à lógica da acumulação do capial inernacional. A hisória brasileira é ida como ausene de rupuras, possuindo caracerísicas, como a coninuidade da subordinação exerna e precariedade do mercado inerno, fores condicionanes do desenvolvimeno econômico. Mudanças ocorreram durane as décadas de 1930 e 1970, onde os esforços da economia brasileira foram em prol da consiuição de uma esruura produiva para o país, por meio do processo de subsiuição de imporações, buscando o equilíbrio no balanço de pagamenos, esimulando a demanda inerna, de forma a maximizar as exporações e minimizar as imporações. Com a crise da dívida, inflação desconrolada e esagnação econômica, vieram as reformas dos anos 1990, que rerocederam com a inenção de criação de uma esruura produiva com mais inensidade ecnológica, e volaram a velha divisão inernacional do rabalho, especializando-se aonde há vanagens comparaivas, que é no caso o seor de produos básicos, primários, ais como commodiies, que possui baixa elasicidade preço e renda da demanda. Assim, as políicas implemenadas nos anos de 1990 não se raduziram em crescimeno, ao conrário, gerou insabilidade macroeconômica e uma siuação de vulnerabilidade exerna.

27 Com efeio, abre-se espaço para novas abordagens, como a macroeconomia esruuralisa do desenvolvimeno, que busca na eoria pós-keynesiana, uma agenda mais aual, que aborda a imporância das exporações e da mudança esruural para o crescimeno econômico de longo prazo.

28 3. Revisão da Lieraura Teorias do Crescimeno Pós-Keynesiana Os faores explicaivos do crescimeno êm sido discuidos desde os clássicos (inicialmene coma obra A riqueza das nações de Adam Smih publicada em 1776), que agregou grande conribuição, apresenando dois conceios. O primeiro consise na ideia de mercado descenralizado, em que os indivíduos buscam a máxima eficiência, em busca de alcançar ineresses pariculares. E o segundo conceio, é com relação ao crescimeno e o desenvolvimeno gerado pela divisão do rabalho e nos rendimenos crescenes da indúsria, que confere exernalidades posiivas para odos os seores. Além de ressalar a imporância das exporações, para aumenar a produção, com ampliação do mercado (THIRWALL, 2005). Mais arde surgiram ouras eorias, aé mesmo com abordagens mais pessimisas, como as de Ricardo e Mill, que previam uma esagnação das economias, devido à limiação dos faores. Já Karl Marx, acrediava que o capialismo desmoronaria por suas próprias amarras, devido as conradição exisene enre os capialisas, e os ineresses dos rabalhadores (THIRWALL, 2005). Após Marx, novas eorias do desenvolvimeno demoraram a surgir, o que reinavam eram as eorias neoclássicas, onde o desenvolvimeno era viso como um processo naural, de forma que os esudos sobre o crescimeno ficaram relaivamene esquecidos, pois argumenava-se que o crescimeno era dado pelas condições de ofera, em que a absorção plena dos faores de produção seria garanida pelo funcionameno dos diversos mecanismos de mercado. Daí surgiram Keynes, Kalecki, aé os dias auais por meio dos modelos de crescimeno liderado pela demanda oriundos dos rabalhos de Harrod (1939) e de Domar (1946), que por mais que feios separadamene, chegaram a mesmos resulados, uilizando de uma exensão da análise do equilibro esáico de Keynes, é um modelo simples, com a inuição de agregar princípios dinâmicos a eoria do crescimeno (BUSATO, 2011). The Harrod rade muliplier predaes he keynesian invesmen muliplier and may be he more imporan mechanism in he real world for undersanding no only he growh experience of counries, bu also he srucural ransformaion of developing economies and he ups and downs of he worls economy a large. (MCCOMBIE e THIRLWALL, 1994, p. 17) Os modelos de Harrod e Domar conribuíram para grandes debaes da economia do desenvolvimeno. A parir daí surgem duas grandes linhas inerpreaivas do crescimeno. A primeira consise na verene da eoria neoclássica, e sua evolução com a nova eoria do crescimeno, que podem ser caracerizadas, como endo analises baseadas na ofera, principalmene, na força de rabalho domésico, no esoque de capial e no progresso

29 ecnológico exógeno (SANTOS, LIMA e CARVALHO, 2008). A segunda verene, denominada keynesiana, e que leva em consideração o lado da demanda, como sendo o mais relevane (MCCOMBIE e THIRLWALL, 1994). Duas conribuições nas primeiras décadas do século XX vieram a se junar as conribuições dos economisas clássicos para ampliar as bases do esudo do processo de desenvolvimeno econômico. A primeira delas, realizada por Schumpeer, enfaizou a naureza dinâmica e de consane ransformação do sisema capialisa e o papel fundamenal das inovações ecnológicas como moor dessas ransformações. E a segunda feia por Kaldor (1966), a parir de análises seoriais, observa-se que a indúsria apresena rendimenos crescenes, e esas esão presenes nos países ricos e desenvolvidos, enquano que os países pobres, em desenvolvimeno endem a se especializar em aividades com rendimenos decrescenes (THIRWALL, 2005). A parir desas considerações, o presene capíulo em como objeivo fazer uma revisão da lieraura do modelo de crescimeno com resrição exerna. O capíulo cona com see seções, incluindo essa inrodução. Na primeira seção desaca-se o que consise ser a resrição exerna. Na segunda apresena-se conribuição de Kaldor (1966), para o crescimeno liderado pelas exporações. Na erceira apresenamos o modelo de León-Ledesma e Thirlwall (2002) que demonsram a endogeneidade da axa naural do crescimeno. Na quara seção apresena-se o modelo de Dixon e Thirlwall (1975), formalizando a causação cumulaiva. Na quina seção apresena-se a Lei de Thirlwall (1979). Enquano que na sexa seção apresena-se a Lei de Thirlwall Mulisseorial: O Modelo de Araújo e Lima (2007), com a subseção abordando a revisão da lieraura empírica da Lei de Thirlwall Muliseorial. Por fim, na úlima seção apresenamos as considerações finais. 3.1.Crescimeno com Resrição Exerna O Balanço de Pagamenos (BP) é o regisro conábil de odas as ransações de um país com o reso do mundo. Os países devem maner a BP em equilíbrio, ou seja, deve conseguir fechar suas conas. Para maner o país sem dependências exernas o ideal é ober superávis em ransações correnes, principalmene via balança comercial, ou seja, que as exporações sejam maiores que as imporações. Caso isso não ocorra, o equilíbrio deve ser buscado por meio da cona movimeno de capiais, aravés de emprésimos, invesimeno direo, financiamenos, e capiais de curo prazo, ficando a mercê dos fluxos inernacionais.

30 A geração de superávis faz com que acumule divisas, que permie que aumene o volume de imporações, que são esraégicas para o crescimeno do país, como aquisição de máquinas e equipamenos. [...] os pagameno em divisas não podem ser, no longo prazo superiores ás receias em divisas [...]. Os níveis de invesimeno e ouros gasos, no âmbio domésico, podem aé ser manipulados por políica fiscal ou financeira [...]. Já a resrição de divisas depende de faores fora do conrole imediao dos gesores da demanda agregada. (SANTOS, LIMA e CARVALHO, 2008, p. 7) Assim, a resrição exerna consise na ausência de divisas, que limiam ás imporações, que são necessárias para o desenvolvimeno do país. Daí o papel crucial das exporações, que são o único componene da demanda capaz de gerar receias em divisas para cusear os requisios de imporação para o crescimeno, sem ficar dependene dos fluxos de capiais especulaivos inernacionais (THIRWALL, 2005). Um das principais resrições ao crescimeno é a ausência de reservas em moedas esrangeiras suficienes para financiar imporações. Assim, o crescimeno das exporações é imporane para relaxar as limiações do balanço de pagamenos e orna-se crucial para deerminar a axa global de crescimeno. (THIRWALL, 2005, p. 11) Não havendo um crescimeno susenável para o fechameno das conas do Balanço de Pagamenos, o país fica a mercê das expecaivas dos invesidores esrangeiros nos deixa dependenes de ciclos de liquidez que fragilizam nossas economias. Porcile, Curado e Cruz (2012), mosram a permanência de déficis em ransações correnes no Brasil, nos úlimos anos, o que geram uma dependência do país com relação à enrada de capiais exernos para equilibrar o balanço de pagamenos. Sendo que, segundo Thirlwall (1979) nenhum país pode crescer a axas sisemaicamene maiores que àquelas correspondenes ao crescimeno do produo compaível com o equilíbrio do balanço de pagamenos, pois nesse caso a economia enderia a perder reservas inernacionais, o que inviabilizaria a manuenção de suas ransações com o exerior. Assim, para Thirlwall (1979), a principal limiação ao crescimeno econômico de longo prazo, para uma economia abera é o equilíbrio de seu balanço de pagamenos. Dado que, quando ocorrem déficis nas conas exeriores, a primeira consequência é resringir a demanda por imporações, de forma a reomar o equilíbrio, porém, iso freia o crescimeno da economia.