Unidade IV. Unidade IV



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Unidade IV Unidade IV 100 7 CUSTOS DOS ESTOQUES Um gestor deve ter visão generalista, enxergando as operações da empresa no mundo, percebendo que nunca terá somente uma regra. Assim, a flexibilidade para lidar com custos será muito importante. A formação de estoques é essencial para atender à demanda. Uma vez que não temos como prever com precisão a necessidade de materiais, a formação de estoque é a peça-chave. O problema é quantificar, saber o quanto comprar. Erros são comuns nesse processo, sejam para mais ou para menos. Por isso, nenhuma das opções seria segura. O objetivo seria o equilíbrio. Mas é necessário observar que a necessidade de manter estoque acarreta uma série de custos às empresas. Há algumas formas diferentes de apurar os custos de manter estoques, tomemos cuidado para não confundirmos com as formas de apuração de custos PEPS (Primeiro que entra, primeiro que sai) e UEPS (último que entra, primeiro que sai), pois esses conceitos levam em consideração os custos de aquisição (mas os estoques precisam ser comprados, e esse departamento gera um custo). A compra gera um recebimento, que envolve custo. Os itens recebidos geram necessidade de espaço para estocagem e temos mais custos nessa operação. Como uma empresa vive em regime de competitividade, a ideia é ter estoques que garantam o atendimento das operações com os menores custos possíveis. Vamos adotar uma definição de Martins (2005), que classifica os custos de manter estoques em três grandes categorias: custos diretamente proporcionais; custos inversamente proporcionais; custos fixos, ou independentes. Os custos totais serão obtidos somando os três custos, e o objetivo é perceber suas variações pela mudança das quantidades em estoque. 7.1 Custos diretamente proporcionais São os custos que aumentam com o aumento do volume estocado. Ocorrem quando os custos crescem com o aumento da quantidade média estocada. Por exemplo, quanto maior o estoque, maior o

RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS custo de capital investido. Quanto maior a quantidade de itens armazenados, maior a área necessária e maior o custo de aluguel. Exemplo ilustrativo 2 Armazenagem: quanto mais estoque mais área necessária mais custo de aluguel. Manuseio: quanto mais estoque mais pessoas e equipamentos necessários para manusear os estoques mais custo de mão de obra e de equipamentos. Perdas: quanto mais estoque maiores as chances de perdas mais custos decorrentes das perdas. Obsolescência: quanto mais estoque maiores as chances de materiais tornarem-se obsoletos mais custos decorrentes de materiais que não serão mais utilizados. Furtos e roubos: quanto mais estoques maiores chances de materiais serem furtados e/ou roubados mais custos decorrentes. Esses custos são conhecidos também como custos de carregamento (do inglês carrying cost). E, ainda, pelo motivo de serem custos necessários para se manterem ou carregarem os estoques. Com uma visão mais ampla, pode-se dizer que os custos de carregamento levam em consideração: custo de oportunidade; estocagem e manuseio do material; taxas e seguros; perdas e furtos; obsolescência; custo do capital investido. Vamos conhecer cada um deles: Custo de oportunidade e custo do capital investido É o custo da aplicação ou uso do dinheiro, se não investisse o dinheiro no estoque quanto ganharia se aplicasse em outro investimento qualquer. Uma forma simples de entender é imaginar que tenha um 2 Adaptado de Martins (2005). 101

Unidade IV 102 valor aplicado na poupança e decida sacar o dinheiro e comprar um carro. Enquanto o dinheiro estava aplicado na poupança, o rendimento era mensal. Quando comprou o carro, esse rendimento deixou de existir. Assim posso dizer que o valor desse rendimento é o custo de ter gastado tal valor na compra do carro. Nas nossas aplicações, isto será representada pela taxa de juros (i). Custo de estocagem É o custo dos espaços utilizados para estocar os itens, considera a estrutura física, prateleiras etc. é um custo que aumenta de acordo com o volume de estoque, envolve ainda mão de obra entre outros. Custo de manuseio de material É o custo com todas as etapas que envolva movimentação de materiais, entre elas podemos citar: recebimento, a separação de pedidos, expedição e a própria organização dos itens no estoque. É um item que também aumenta de acordo com o volume de estoque. Taxas e seguros Custo da burocracia legal nas aquisições. Pode ser ainda custo de espaço locado por m², pagam-se taxas de acordo com o produto, volumes e frequência de solicitações quando os armazéns são terceirizados. No que se refere a seguros, é uma proteção necessária para todo tipo de negócio, e quanto maior o estoque, maior será o gasto com seguros. Custo de perdas A falta de planejamento no recebimento e na estocagem, onde não houver pessoas qualificadas, espaços predefinidos, conhecimento prévio do que vai receber, gera um trabalho inadequado e, por consequência, avarias nos produtos ou embalagens, gerando assim perdas. Há perdas ainda na estocagem, onde não se respeite o conceito PEPS (Primeiro que entra em estoque, primeira a sair). Isso faz com que os itens não vençam no estoque. Custo de furtos A falta de organização no recebimento, na armazenagem e na expedição amplia ou facilita a ocorrência de roubo. Também é uma perda, mas se diferencia desse no sentido de que o roubo se caracteriza pela não presença do item que deveria estar no estoque. Quanto maior o estoque, mais difícil é o controle para minimizar furtos. Custo de obsolescência Com as mudanças no consumo que ocorre hoje, um produto ou item qualquer perde seu valor muito rapidamente, por vários motivos: surgimento de novidades, defasagem tecnológica, substituição do produto, entre outros. Não importa o motivo, mas o fato é que o excesso de produto faz com que ele fique muito tempo no estoque e perca valor.

RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Para encontrar o custo de carregamento, utilizaremos a fórmula Cc = (Ca + i X p) Onde: Ca = Custo armazenagem É o somatório de todos os custos, como a própria armazenagem, manuseio e perdas. Entenda como custo operacional dos estoques operacional e estrutural. i = Taxa de juros Utilizada para calcular o custo do capital utilizado. i X p = indica o custo de cada real utilizado. Então, observe os seguintes pontos: p = preço de compra, caso seja adquirido de terceiros ou custo de fabricação. Cc = custo de carregamento entenda como custo de manter a operação de estoque. Observação O tratamento de unidade de tempo pode ser: $/unidade. ano, $/unidade.mês. Quando se afirma que os custos de carregamento são $ 0,45/unidade. mês, estamos dizendo que uma unidade estocada durante um mês custa $ 0,45, e é o mesmo que dizer que custou $ 2,70/unidade. Semestre ou $ 5,40/unidade. ano. Considerando o que vimos, analisemos a seguinte situação: um item tem custo de armazenagem anual total de $ 0,60 por unidade e preço de compra unitário de $ 2,00. Considerando uma taxa de juros de 12% ao ano, como calcularíamos o custo de carregamento do estoque desse item? Primeiro passo: fazer uma legenda Ca = $ 0,60/unidade.ano I = 12% a.a = 0,12 a.a P = $ 2,00/unidade 103

Unidade IV Segundo passo: buscar a fórmula Cc = Ca + (i X P) Vamos substituir: Cc = 0,60 + (0,12 X 2) Lembrete: primeiro se faz a multiplicação e depois a soma. Cc = 0,60 + (0,24) Cc = 0,84/unidade.ano Isso significa que cada unidade de um item parado em estoque custa por ano $ 0,84. Então, o custo total de carregamento será multiplicado pelo estoque médio desse item. E, quanto maior for o estoque, maior será o estoque médio e maiores serão os custos para manter os estoques. Observações importantes Uma grande dificuldade é atribuir os valores, como o de armazenagem, pois devemos considerar alguns pontos: Caso seja alugado o espaço, podemos atribuir por meio de rateio por unidade estocada se for um serviço terceirizado de estocagem, é pago por espaço utilizado, o que facilita o cálculo. Em relação ao manuseio, devemos considerar a depreciação dos recursos utilizados, como empilhadeira, pontes rolantes, paleteira, carrinhos manuais etc. Vamos observar que o preço do item é somente uma parte do seu custo, pois o dinheiro utilizado tem seu custo. No exemplo dado, utilizar os $ 2,00 custa 0,24. E ainda existem os custos de espaço e movimentação. Este custo do capital leva em conta o custo de oportunidade, pois seria uma possibilidade de ganho caso se investisse em outra atividade. Para Francischini e Gurgel (2002), uma opção de levantar os custos de armazenagem seria: Quadro 22 Fatores Descrição Cálculos Juros Juros médios recebidos em aplicações financeiras ou rentabilidade mínima exigida pela empresa. J = Juros no tempo T Valor médio do estoque no tempo 104

RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Aluguel Seguros Perdas e danos Aluguel pago pela área de armazenagem. Prêmios de seguros pagos pela empresa. O custo de seguro varia com o valor do estoque segurado. Valor de materiais danificados, obsoletos e desaparecidos do estoque em determinado intervalo de tempo T. CAL = SEG = PD = Impostos Predial, alfandegário e outros. IMP = Movimentação Mão de obra Despesas Custos com transporte, manuseio, embalagem, manutenção de equipamentos etc. Salários, encargos e benefícios adicionais pagos ao pessoal operacional da área de estocagem. Despesas com luz, telefone, material de escritório, serviços de terceiros, EPIs, veículos e outras despesas administrativas. Custo de aluguel do estoque no tempo T Valor médio do estoque no tempo T Seguros pagos no tempo T Valor médio do estoque no tempo T Valores das perdas no tempo T Valor médio do estoque no tempo T Impostos pagos no tempo T Valor médio do estoque no tempo T MOV = Custos de movimentação no tempo T Valor médio do estoque no tempo T MDO = DES = Custos de mão de obra no tempo T Valor médio do estoque no tempo T Despesas gerais no tempo T Valor médio do estoque no tempo T Total Custo unitário de armazenagem CAmu = J + CAI + SEG + PD + IMP + MOV + MDO + DES. Fonte: Francischini e Gurgel (2002) Observação Para calcular o CDPE a fórmula é: (Ca + i x p). Q/2 Q/2 é o que chamamos de estoque médio. Q é o lote de compra. Pensemos na seguinte hipótese: a empresa JCC tem uma demanda de 40.000 unidades. ano, para atender a esta demanda, existem três opções: 1. Comprar lotes de 2.000 unidades; 2. 5.000 unidades; 3. 10.000 unidades. Sabe-se que o preço da unidade é de R$ 10,00 e que, totalizando todos os custos operacionais, chegou-se a um custo de armazenagem de R$ 1,20 unidade/ano e que a taxa de juros no mercado está estipulada em 10% ao ano. Assim, o que ocorre com o CDPE (Custo Diretamente Proporcional ao Estoque)? 105

Unidade IV Legenda Ca = 1,20 I = 10% ao ano, que, para colocar na fórmula, temos que transformar tirando a % dividindo por 100 = 0,10 p = preço de compra Com lotes de 2.000 unidades Cc = (1,2 + 0,10. 10). 2.000/2 Cc = (1,2 + 1). 1.000 Cc = 2,2. 1.000 = Cc = R$ 2.200,00 Com lotes de 5.000 unidades Cc = (1,2 + 0,10. 10). 5.000/2 Cc = (1,2 + 1). 2.500 Cc = 2,2. 2.500 = Cc = R$ 5.500,00 Com lotes de 10.000 unidades Cc = (1,2 + 0,10. 10). 10.000/2 Cc = (1,2 + 1). 5000 Cc = 2,2. 5000 = Cc = R$ 11.000,00 Comparando Tabela 11 Lotes 2.000 Lotes 5.000 Lotes 10.000 2.200,00 5.500,00 11.000 106

RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Em todas as alternativas, a demanda atendida é a mesma 40.000 unidades/ano, o ideal seria atender a essa demanda com o menor custo, só que se escolher essa opção vai ter que fazer mais pedidos, e esses custos vão aumentar. Isso é o que veremos a seguir. Observação Como gestor, observe que toda ação terá uma reação, se esses custos citados aqui aumentam, teremos outros custos diminuindo. Deverá, assim, ponderar e buscar um equilíbrio. 7.2 Custos inversamente proporcionais aos estoques médios Para facilitar a utilização da nomenclatura, vamos usar a sigla CIPE para nos referirmos a esse custo. Como visto na Unidade II, o departamento de compras tem uma atuação preponderante na formação do estoque. Como regra, podemos enxergar que quando: Entrada > Saída = estoque aumenta. Entrada < Saída = estoque diminui. Entrada = Saída = se mantém. A entrada é o ato da compra, e se comprar em lotes maiores, para mais dias, a consequência será ter estoques maiores, mas fará menos pedidos. Observação O CIPE é um custo que, quando o estoque aumenta, ele diminui; quando o estoque diminui, ele aumenta. É um custo formado basicamente pelo custo do departamento de compras, envolve todos os custos para que se faça um pedido. Para enxergarmos esses custos, vamos visualizar um departamento de compras de uma empresa: 107

Unidade IV Compras Cadastro de fornecedores Processamento Compras locais Diligenciamento (Follow up) Figura 31 Organograma ilustrativo Esse departamento tem suas operações diárias como receber pedidos, fazer cotação, negociar, cadastrar fornecedor, controlar entregas, qualificar fornecedor, entre outras. Cada setor terá seus funcionários, com materiais de escritório e suas funções comuns. Assim, essas operações têm seus custos. Quanto mais pedidos forem feitos, maiores serão os custos do setor, pois farão mais ligações, fax, mais tempo gasto em contato, visitas a fornecedores. Inclui-se também como parte deste custo os custos de transporte, pois quanto mais pedidos, mais entregas. Custo CDPE CIPE Figura 32 Estoque Estoques maiores, em algumas operações, em vez de gerar aumento de custos, geram redução dos custos para manter estoques. Um custo que diminui proporcionalmente ao aumento dos estoques é o custo de obtenção, ou custo de fazer um pedido isso no caso de itens comprados de terceiros, e os custos de preparação do pedido no caso de fabricação interna. Isto porque estoques maiores resultam em compras maiores (e se repetem menos vezes em um período). Dada uma demanda em um período, o planejamento dos pedidos feitos aos fornecedores pode ocorrer de uma única vez, duas, três ou mais vezes. Quanto maior o número de vezes que se repetir, menor será o lote comprado e, por consequência, o estoque médio. Isso vai gerar um custo maior de compras. Além disso, será necessário manter mais contato com os fornecedores, aumentando os custos de estoque. 108

RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Observação Esclarecendo conceitos Custo de obtenção: é o custo de fazer o pedido, ou de se obter o produto, é um custo que é formado pelas operações do setor de compras. Custo de preparação: é um custo presente em uma indústria. Pode ser considerado um custo de se preparar as ordens de produção e é realizado pelo PCP planejamento e controle da produção. Veja a ilustração a seguir Quadro 23 Entendendo o quadro Número de vezes em que a compra é efetuada por ano Tamanho do lote Estoque médio 1 Q = D Em= Q/2 = D/2 2 Q = D/2 Em = Q/2 = D/4 3 Q = D/3 Em = Q/2 = D/6 4 Q= D/4 Em = Q/2 = D/8 Entenda: D = Demanda; Q = lote de compra; Em = Estoque médio Fonte: Martins (2005). Quando se faz um único pedido, o lote a ser comprado deve ser o suficiente para atender à demanda D. Por isso, Q = Q. Neste caso, o estoque médio seria Q/2. Quando se fazem dois pedidos no período, o lote a ser comprado seria D/2. Ou seja, se a demanda fosse de 1.000 unidades, o lote a ser comprado seria 1.000/2 = 500 unidades, assim deveria fazer dois pedidos para atender a essa demanda. Neste caso, o estoque médio seria Q/2 > 500/2=250 unidades. Observação Você deve estar se perguntando: mas não tínhamos definido que estoque médio seria EI + EF / 2? 109

Unidade IV O conceito é o mesmo: fazendo um pedido de 500 unidades, ficaria: EI = 500 Quando o estoque estivesse zerando, faria novo pedido, então o estoque final seria zero. 500 500 EM = 250 0 0 Figura 33 Assim (EI + EF)/2 (500 + 0)/2 = 250 unidades Quando fizer quatro pedidos por ano, o Q (lote) será D/4. A partir do exemplo anterior, 1.000/4 = 250 unidades. O estoque médio, nesse caso, seria Q/2 > 250/2 = 125 unidades. 250 250 250 250 0 0 0 0 EM = 125 unid. Figura 34 Perceba que, quanto mais vezes comprar, menores serão os estoques médios e maiores serão os custos decorrentes desse processo por isso, inversamente proporcional aos estoques médios. 110 Lembrete A boa gestão de compras como meio para gerenciar os materiais é cada vez mais necessária, pois o valor total gasto nas compras de insumos para a

RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Case produção, seja do produto ou do serviço final, varia de 50% a 80% do total das receitas brutas. Na indústria, esta cifra chega a 57% do faturamento. Duas consultorias americanas criaram uma joint venture para criar soluções na área de compras utilizando a internet. A joint venture terá foco no mercado de e-procurement, um sistema de compras por meio da internet que pesquisa fornecedores com melhores preços. O objetivo da nova empresa é atender às necessidades de compras pela rede mundial de computadores, que deve movimentar muitos bilhões de dólares nos próximos anos. Observando este breve case, você acha que isso vai se firmar como necessidade nas empresas? Essa prática reduz custos? Sim. Essa já é a realidade, e vem aumentado a cada dia. Agilidade é o que as empresas buscam nessa operação. O pregão on-line é outra atividade que vem sendo praticada nesse sentido. As compras são melhores, buscam-se mais fornecedores e comparam-se melhor e mais rápido os preços. Em relação à redução de custo, é nítida a facilidade, faz-se mais com menos, compra-se mais, cotam-se mais fornecedores com menos esforço, menos mão de obra, menos espaço etc., e a soma de tudo isso gera redução de custo. Pensemos na seguinte hipótese: uma empresa somou todos os gastos do departamento de compras do ano anterior, computando os custos de mão de obra e encargos, materiais de escritório, aluguel das salas, correios, fax e dividiu pelo número de pedidos efetuados no período, chegando a um valor de R$ 15,00 por emissão de pedido de compras. Determine os custos incorridos na obtenção de um item de estoque cujo consumo anual é de 12.000 unidades, para as seguintes políticas: a) Comprar uma única vez por ano. b) Comprar duas vezes por ano. c) Comprar dez vezes por ano. Deste modo: a) Se um único pedido será feito, então é necessário que se peça o valor da demanda, o lote será de 12.000 unidades. O custo para este pedido será de R$ 15,00. b) Se forem feitos dois pedidos, faz-se necessário que se atenda à demanda de 12.000 unidades e que se comprem lotes de 6.000 unidades. Como cada pedido custa R$ 15,00, esta operação custará R$ 30,00. 111

Unidade IV c) Fazendo dez pedidos, sendo cada um de R$ 15,00 cada, a operação custará R$ 150,00 e o lote de compra será de 1200 unidades. Lembrando que o estoque médio é Q/2. O que resulta dessas operações é: Quadro 24 Custo de obtenção (R$) Estoque médio 15,00 12.000/ 2 = 6.000 unidades 30,00 6.000/2 = 3.000 unidades 150,00 1.200/2n = 600 unidades Compare os custos quando o volume em estoque é maior, perceba que os custos são menores e vice-versa. 7.3 Custos fixos ou independentes Esses custos não se modificam com as oscilações dos estoques médios, não importa se aumentaram ou diminuíram. Um item usual seria o custo de aluguel de um galpão. O objetivo de trabalhar custos é encontrar os custos totais, e estes são encontrados somando todos os custos: custos diretamente proporcionais + custos inversamente proporcionais + custos independentes. Para facilitar a encontrar os valores vamos adotar a seguinte fórmula: CT = (Ca + i x P) x (Q/2) + (Cp) x (D/Q) + Ci + D x P Parece uma fórmula complicada, mas vamos interpretá-la: Enxergue a fórmula dividida em três partes: A primeira diretamente proporcional A segunda inversamente proporcional A terceira Fixos CT custo total 112

RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Ca custo de armazenagem i = taxa de juros P = preço do item Q = lote de compra Q/2 = estoque médio Cp = custo do pedido D = demanda Ci = custos independentes Lembrete Você deve ter em mente o conceito relativo a todos esses itens. Olhe e tente definir com suas palavras. Verá que vai ajudar a fazer os cálculos. Para exemplificar os conceitos aqui apresentados, determinemos o custo total anual de manutenção dos estoques de uma empresa que comercializa um produto cuja demanda anual é de 40.000 unidades. O produto é comprado por R$ 2,00 a unidade. Em uma taxa de juros correntes de 24% ao ano, os custos anuais de armazenagem são de R$ 0,80 por unidade, e os custos fixos anuais para esse item de estoque são estimados em R$ 150,00. Os custos de obtenção são de R$ 25,00 por pedido. Calcule o custo total de estocagem para lotes de compra de 1.000, 1.200 e 1.400 unidades. Solução Primeiro passo: identificar quem é quem. C A = R$ 0,80/unidade I = 24% a.a = 0,24 a.a P = R$ 2,00/unidade C P = R$ 25,00/pedido D = 40.000 unidades/ano C I = R$ 150,00 ano 113

Unidade IV Observando sempre que o tamanho do lote Q muda o custo total. Vamos iniciar com lotes de 1.000 unidades. a) Q= 1.000 unidades Fórmula completa CT= (C A + i x P) x (Q/2) + (C P ) x (D/Q) + (C I ) + D x P CDPE CIPE CF Substituindo os dados CT= (0,80+0,24 x 2) x 1.000 / 2 + (25) x (40.000/1.000) + 150 + 40.000 x 2 = Uma fórmula que gere uma equação grande como esta assusta, mas vamos entender por partes, assim você verá que é bem simples. Para melhor entendimento, vamos iniciar pela primeira parte, que é o CDPE: (C A + i X P) X (Q/2) (0,80 + 0,48) x 1.000 / 2 1,28 x 500 = 640,00 Vamos agora calcular a segunda parte, o CIPE: (C P ) X (D/Q) (25) X (40.000/1.000) 25 x 40 = 1.000,00 Veja que 25 é o custo de cada pedido. Se forem necessárias 40.000 unidades e serão feitos pedidos de 1.000 unidades, será necessário fazer pedidos 40 vezes no ano. Vamos agora calcular a terceira e última parte, aquela que chamamos de custo fixo. É nesta parte do cálculo que inserimos o valor pago aos fornecedores. A fórmula é: 114 (C I ) + D X P

RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Onde C I é o que chamamos de custo invariável ou custo fixo. Tais custos ocorreriam independentemente do volume. D é a demanda, é o volume que irá vender ou consumir em determinado período. Perceba que todo o planejamento vai depender dessa demanda. P é o preço de compra do item. Caso seja um processo produtivo, vamos chamá-lo de custo do produto. Resolvendo: (C I ) + D X P 150 + 40.000 x 2 150 + 80.000 = 80.150,00 Agora, vamos recordar o cálculo para encontrar o custo total, que pode ser obtido da seguinte maneira: CDPE + CIPE + EF Então: CT= 640 + 1.000 + 80.150 = CT= R$ 81.790,00/ano Como interpretar esse resultado? Para atender à demanda de 40.000 unidades com lotes de 1.000 unidades, será necessário gerar um custo de estoque de R$ 81.790,00 por ano. A cada nove dias, será necessário fazer um novo pedido (360/40= 9). Agora, vamos calcular lotes de 1.200 unidades. (C A + i X P) X (Q/2) (0,80 + 0,48) x 1.200 / 2 1,28 x 600 = 768,00 115

Unidade IV Observação O lote aumentou de 1.000 para 2.000 unidades. Assim, o estoque médio foi de 500 para 600 unidades. Veja que o CDPE subiu de R$ 640,00 para R$ 768,00. Vamos agora calcular a segunda parte, o CIPE: (C P ) X (D/Q) (25) X (40.000/1.200) 25 x 33,33 = 833,25 Veja que 25 é o custo de cada pedido. Se forem necessárias 40.000 unidades e pedidos de 1.200 unidades, haverá uma necessidade de fazer pedidos 33,33 vezes no ano. Como vimos aqui, o estoque médio subiu, assim teve que fazer menos pedidos e o custo com pedidos caiu de R$ 1.000 para R$ 833,25. Você deve estar perguntando o porquê da redução, certo? Imagine que a soma dos salários, telefones, transporte e visita a fornecedores atinja o valor de R$ 10.000,00 ao mês. Todos os custos fixos do setor de compras estão inseridos nessa cifra, que puxou o volume de pedidos feitos no mês e chegou ao valor de 1.000,00 pedidos feitos. Assim, se dividirmos o valor gasto pela quantidade de pedidos, teríamos que cada pedido custou R$ 10,00. Agora, se forem feitos 500 pedidos, os gastos serão os mesmos. Então, ao dividir os 10.000 por 500, cada pedido custaria R$ 20,00. Se forem feitos 1.500 pedidos, o custo de cada pedido será R$ 6,66. Ao se ajustar para fazer menos pedidos, seria possível enxugar o setor, gastar menos e, assim, trazer ganhos para a empresa. Vamos agora calcular a terceira e última parte, aquela que chamamos de custo fixo. É nesta parte do cálculo que inserimos o valor pago aos fornecedores. A fórmula é: (C I ) + D X P Resolvendo: (C I ) + D X P 150 + 40.000 x 2 116

RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS 150 + 80.000 = 80.150,00 Calculando o custo total CDPE + CIPE + EF CT= 768,00 + 833,33 + 80.150 = CT= R$ 81.751,33/ano Como interpretar esse resultado? Para atender à demanda de 40.000 unidades com lotes de 1.200 unidades, haverá um custo total de estoque de R$ 81.751,33. Perceba que, ao aumentar o estoque, neste caso, o custo total caiu. Você já deve estar se perguntando: E se o lote for aumentado para 1.400 unidades? Isso vai diminuir ainda mais os custos?. Vejamos: Q = 1.400 unidades Como fizemos nos exemplos anteriores, vamos resolver a questão parte a parte: CDPE (CA + i X P) X (Q/2) (0,80 + 0,48) x 1400 / 2 1,28 x 700 = 896,00 Veja que, anteriormente, houve um aumento no valor, de R$ 640,00 para R$ 768,00. Agora, houve um novo aumento para R$ 896,00. Este aumento se deve ao maior volume em estoque. Vamos agora calcular a segunda parte, o CIPE: (C P ) X (D/Q) (25) X (40.000/1400) 117

Unidade IV 25 x 28,57 = 714,25 Veja que 25 é o custo de cada pedido. Se forem necessárias 40.000 unidades e pedidos de 1.400 unidades, deverão ser feitos 28,57 pedidos no ano. Veja que este custo diminuiu ainda mais: era de R$ 1.000, caiu para R$ 896,00 e agora caiu ainda mais para R$ 714,25. Será que o custo total será menor? Vamos agora calcular a terceira e última parte, aquela que chamamos de custo fixo. É nesta parte do cálculo que inserimos o valor pago aos fornecedores. A fórmula é: (C I ) + D X P Resolvendo: (C I ) + D X P 150 + 40.000 x 2 150 + 80.000 = 80.150,00 Agora, vamos recordar o meio para encontrar o custo total, que pode ser calculado da seguinte maneira: CDPE + CIPE + EF Então: CT= 896 + 714,25 + 80.150 = CT= R$ 81.760,25/ano Interpretação: Para atender à demanda com lotes de 1.400 unidades, os custos de estoques seriam de R$ 81.760,25. 118

RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Comparando os lotes de compras Lotes de: 1.000 unidades custo total 81.790,00/ano 1.200 unidades custo total 81.751,33/ano 1.400 unidades custo total 81.760,28/ano Perceba que o lote ideal para atender a uma demanda de 40.000 unidades ano seria a compra de lotes de 1.200 unidades, o que resultaria em um custo menor. Lembrete Na gestão de recursos materiais e patrimoniais, controlar os custos é essencial. Além disso, tomar decisões com base em cálculos de custos dá mais embasamento para tomar decisões mais seguras. Considerações importantes Estoque deve ser visto levando-se em conta dois aspectos: por um lado, deve ser visto como uma forma de desperdício. Por isso, as empresas buscam reduzi-lo ou eliminá-lo a um mínimo possível. Essa visão foi o que inspirou a ideia de JIT (just in-time), de estocar o mínimo possível, evitando desperdício em várias tarefas, como recebimento, conferência, armazenagem, controle, expedição, produção e venda. Como meio de buscar um estoque reduzido, há diversas metodologias que podem ajudar nesta tarefa é o que chamamos de busca do estoque ideal. O housekeeping e o modelo dos 5 Ss são bons exemplos de auxílio na busca desse objetivo, pois pregam a filosofia da organização e limpeza. Outras medidas possíveis são: redução dos prazos de entrega dos fornecedores; aumento da eficiência de todos os setores; eliminação de atividades que não agreguem valor ao serviço; estabelecimento de estoque de segurança realista; trabalho com classificação ABC. Outro ponto de vista sobre estoque alto significa atender aos clientes prontamente. Isso seria o sonho dos vendedores: estoques elevados e variados. Como principais motivos para estoques elevados, podem ser citados a aquisição de matéria-prima e material em processo que não sejam consumidos prontamente. Compra-se para aproveitar promoção ou produz-se para aproveitar mão de obra e evitar ociosidade. Podemos citar ainda a solicitação de compras ou produção em maiores quantidades, prevendo aquecimento nas vendas gerado por ações promocionais da empresa. 119

Unidade IV 120 Há também a atuação da engenharia, que, quando faz muitas modificações em produtos, acaba gerando muitos refugos. A área de qualidade pode contribuir para o aumento de estoque ao criar métodos de controle que gerem muitas interrupções no processo produtivo, exigindo níveis de exigência não comuns no mercado, gerando assim grande estoque de material inadequado. Estes são alguns pontos que geram ampliação dos estoques. A ideia é que você busque um equilíbrio. 8 MÉTODOS DE CONTROLE DE ESTOQUES Inventário físico Pode ser definido como a contagem física de todos os itens de estoque. A ideia é que aquilo que foi comprado e não foi retirado do estoque deve estar lá a conferência é justamente para verificar tal fato. Caso perceba diferença entre o que há e o que deveria haver, podem-se usar meios de ajustes legais conforme as recomendações contábeis. O processo de inventário físico pode ser efetuado de duas maneiras: periódico; rotativo. 8.1 Método do inventário periódico É o método que, em determinado período normalmente no fim de um exercício fiscal, ou duas vezes ao ano, faz a contagem física de todos os itens de estoque. Este método verifica, em um período fixo, a situação do estoque e, caso necessário, é providenciada sua complementação. É mais usado com controles de estoques de empresas comerciais. Em algumas situações, periodicamente, o controlador percorre as prateleiras, verificando os níveis e anotando as quantidades necessárias à complementação do estoque. Recomenda-se este tipo de controle para este tipo de empresa por dois motivos: a) A falta de um determinado item não impedirá o funcionamento normal da empresa. b) Seria difícil a adoção de um sistema que exigisse o registro para cada saída de material, que é muito frequente. 8.2 Método do inventário rotativo Nesse modelo, permanentemente, os itens de estoque estão em contagem. Este método faz com que, dentro de um período fiscal, o trabalho de conferência seja organizado de forma que todos os