CARACTERIZAÇÃO DO VINGAMENTO DA AZEITONA EM CULTIVARES DE OLIVEIRA EM AUTOPOLINIZAÇÃO CHARACTERIZATION OF OLIVE CULTIVARS FRUIT SET IN SELF-POLLINATION A.M. Cordeiro 1, P.C.S. Mrtins 2, A. Rmos 3, P. Sequeir 1 1 INRB, L INIA Elvs, Aprtdo 6, 7350-951 Elvs 2 ELAIA, Herdde do Mrmelo, Aprtdo 43, 7900-909 Ferreir do Alentejo 3 ESA-IPCB/CERNAS Aprtdo 119, 6001-909 Cstelo Brnco ABSTRACT Fruit set is the result of the vegettive nd reproductive processes occurring in the iennil cycle of the olive tree. Genetic fctors hve the mjor influence, lthough some experimentl work lso point to environmentl fctors. In this work, in two consecutive yers on ering dult nd nonirrigted olive trees, the flower qulity nd the self-pollintion fruit set were determinte in the Cornços, Conserv De Elvs, Cordovil De Cstelo Brnco, Gleg Vulgr nd Picul olive cultivrs. After the two yers oservtions, there were significnt differences etween yers nd cultivrs. Olive trees lso showed to e n exceptionl producer of pollen. The vriility oserved in the results cn e relted to the dpttion ility to the typicl oscilltions of the Mediterrnen climte. Key words: Ole europe L.; cultivrs; flower qulity; self-pollintion; fruit set RESUMO O vingmento d zeiton é o resultdo dos processos vegettivo e reprodutivo que decorrem durnte o ciclo inul d oliveir. O fctor genético tem um grnde importânci, ms diversos trlhos experimentis concluírm existir um preponderânci dos fctores mientis. Neste trlho experimentl, relizdo durnte dois nos consecutivos com árvores dults, em sfr, de Cornços, Conserv De Elvs, Cordovil De Cstelo Brnco, Gleg Vulgr e Picul cultivds em sequeiro,, determinou-se qulidde d flor e o vingmento de frutos em utopolinizção. Em resultdo dos dois nos de oservção, precirm-se diferençs significtivs entre nos e entre cultivres. Tmém se confirmou ser oliveir um espécie vegetl com um produção excepcionlmente elevd de grãos de pólen. A vriilidde nos resultdos otidos poderá estr ssocid com rusticidde d oliveir e su cpcidde de dptção às oscilções típics do clim mediterrânico. Plvrs-chve: Ole europe L.; qulidde d flor; utopolinizção; vingmento; cultivres 1 - INTRODUÇÃO A undnte florção d oliveir (Ole europe L.) é responsável pel produção elevd de zeiton em nos de sfr, pesr de, ser pequen proporção de flores que dá origem os frutos
que permnecem té à colheit. Com efeito, Griggs et l. (1975) referem que em nos de sfr pens 1 % ds flores são suficientes pr otenção de um o produção. O vingmento d zeiton é o resultdo dos processos vegettivo e reprodutivo que decorrem durnte o ciclo ienl d oliveir. Cd fruto é consequênci do processo evolutivo de um flor e o seu número depende directmente d quntidde e d qulidde ds flores. O sucesso d reprodução sexul ns plnts depende d intercção ltmente específic entre o pólen e o pistilo, o gmetófito msculino e o órgão reprodutor feminino, respectivmente (Knox, 1984). De cordo com Cuevs e Rllo (1990), o nível de florção, influenci percentgem de flores perfeits e imperfeits, existindo um efeito compenstório n qulidde d flor, que é mior nos nos com intensidde de florção ix. Mfld Ros (2003) registou em oliveirs dults de Blnquet de Elvs em contr-sfr, um quntidde de flores perfeits superior 90 % do totl de flores. Com efeito Lvee (2007), referem que os estudos em cmpo presentm um grnde vriilidde de resultdos devido à dificuldde em controlr s condições mientis, à qued mciç de flores no período pós-ntese e à percentgem de flores imperfeits que, nest espécie, é vriável de no pr no. A produção finl de frutos d oliveir é determind num curto, ms intenso, período de cisão de flores e frutos que decorre durnte 5 7 semns pós plen florção (Lvee, 1986). A oliveir present um mecnismo de esterilidde fisiológic que se crcteriz pel não formção de zigotos como resultdo de ostáculos fisiológicos que impedem fecundção, pesr d existênci de pólen e óvulos funcionis. O mecnismo de incomptiilidde oper-se no sentido de impedir utopolinizção. A incpcidde d plnt pr formr sementes viáveis pode ser totl ou prcil (Cuevs, 1992). Num vlição sore o vingmento in vivo Cordeiro et l. (2004) registrm, em utopolinizção comprtivmente à polinizção livre, menor quntidde de grãos de pólen no estigm de flores de lgums cultivres de oliveir e do número de tuos polínicos em desenvolvimento no estilete. O ojectivo deste trlho experimentl foi vlir o efeito ds condições climtérics prevlecentes durnte dois nos consecutivos sore qulidde d flor e o vingmento em utopolinizção. 2 - MATERIAL E MÉTODOS O trlho experimentl foi relizdo com s oliveirs Cornços (Trás-os-Montes), Conserv De Elvs (Alto Alentejo), Cordovil De Cstelo Brnco (Beir Interior), Gleg Vulgr (origem desconhecid) e Picul (Andluzi - Espnh), nos nos de 2001 e 2002. A prcel experimentl está loclizd n região olivícol do Alto Alentejo Elvs (INRB, I.P./INIA Elvs, Herdde do Reguengo). As árvores são dults, cultivds em condições de sequeiro e prcel está implntd num mnch de solos mediterrâneos vermelhos de clcários cristlinos. A região de Elvs, pelo seu enqudrmento geográfico, present um clim mediterrânico. De cordo com clssificção climátic de Köppen, o clim crcteriz-se como mesotérmico húmido, com 70 % ou mis d precipitção nul concentrd no Outono/Inverno e com o Verão quente e seco. A Figur 1 present os ddos climtéricos registdos no período de Jneiro Mio no no médio (1958-88) e nos nos de 2001 e 2002. Em 2001, tempertur médi ds máxims foi
ligeirmente superior à do no médio nos primeiros dois meses do no e mês de Aril, onde chegou lcnçr um diferenç de 5 ºC; tempertur médi ds mínims registou vlores quse sempre superiores os verificdos no no médio; precipitção totl registd de Jneiro Mrço foi muito superior à do no médio e em Aril não se registou precipitção. Em 2002, tempertur médi ds máxims nos meses de Aril e Mio registou, comprtivmente o no médio, grndes oscilções com diferençs superiores 3 ºC; tempertur médi ds mínims lcnçou vlores próximos ds verificds no no médio; precipitção totl registd entre o mês de Mrço e o primeiro decénio de Aril e entre os segundo e terceiro decénios de Aril e o mês de Mio, foi superior e inferior à registd no no médio, respectivmente. Temperturs (ºC) 35 30 25 20 15 10 5 0 precip. 30 nos precip. ANO 1 precip. ANO 2 TMáx 30nos TMáx. ANO 1 TMáx. ANO 2 TMin 30 nos TMín ANO 1 TMín ANO 2 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 Jneiro Fevereiro Mrço Aril Mio 120 100 80 60 40 20 0 precipitção (mm) Figur 1 Tempertur do r (ºC) médi ds mínims e médis ds máxims e precipitção totl (mm) registds entre Jneiro Mio no no médio (1958-1988) e nos nos 1 e 2 (2001 e 2002, respectivmente). Em cd no, seleccionrm-se e mrcrm-se três árvores de cd cultivr de igul volume de cop e com elevd intensidde de florção. Em cd árvore e nos qutro qudrntes, mrcou-se um rmo frutífero. No estdo fenológico D/E (Colrnt e Fré, 1972), contrm-se s inflorescêncis e enscrm-se os rmos com scos de ppel cristl ceroso. Os rmos permnecerm enscdos té o estdo fenológico I (Colrnt e Fré, 1972), ltur em que form cortdos. Os scos com os respectivos rmos form então trnsportdos pr o lortório, onde se efectuou contgem e o registo do número de corols, do número de cálices ocos e do número de frutos, determinndo-se o número de flores totl, o número de flores perfeits, esterilidde florl e o número de frutos. Os resultdos otidos form trtdos esttisticmente com o progrm informático Sttistic-SXW. Estelecerm-se correlções lineres de Person entre s vriáveis dependentes e relizrm-se nálises de vriânci (ANOVA) e testes de seprção de médis (Tukey) pr intervlos de confinç de 95 %.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A florção/polinizção/vingmento d zeiton decorre num époc do no com centud irregulridde térmic (temperturs máxim e mínim) e de precipitção, que condicionm dt e durção d florção e fvorecem lternânci n oliveir. A florção decorreu no mês de Mio. Não houve coincidênci n époc de florção, com diferençs entre nos e entre cultivres. A époc de florção foi mis trdi em 2002 e teve um mior durção médi em 2001 (Cordeiro e Mrtins, 2004). O conhecimento d qulidde d flor é importnte, n medid em que pens s flores perfeits são cpzes de dr origem frutos. Por oposição, s flores imperfeits ou estminds não originm frutos e crcterizm-se por presentrem um ovário muito rudimentr ou, inclusive, pel su usênci. Os scos de ppel cristl ceroso utilizdos pr grntir utopolinizção form eficzes, mesmo qundo s condições climtérics form desfvoráveis. Os resultdos d qulidde d flor (Qudro I) mostrm um efeito significtivo do no, d cultivr e d intercção no*cultivr. N nálise de vriânci constt-se tmém que o fctor no mnifestou mior preponderânci sore os totis de flores e de flores perfeits/inflorescênci, enqunto o fctor cultivr, mnifestou preponderânci sore esterilidde florl. Qudro I Resultdos dos qudrdos médios pr s vriáveis d qulidde d flor e do vingmento, por efeito dos fctores no e cultivr. Fonte de vrição g.l Totl Flores/Inflor Qudrdo Médio Flores Perfeits/Inflor. Esterilidde florl % Frutos Vingdos Ano (A) 1 715,67 *** 622,60 *** 3.513,8 *** 1.044,51 *** Repetição (B) A*B (E1) 22 21,01 14,42 210,58 35,07 Cultivr (C) 4 192,44 *** 205,68 *** 5.530,84 *** 398,75 *** A*C 4 50,57 ** 85,10 ** 3.803,29 *** 243,74 ** A*B*C (E2) 85 12,83 7,998 140,40 64,31 Níveis de significânci: ***ltmente significtivo (P 0,001); **muito significtivo (P 0,01). g.l grus de lierdde. As diferençs entre nos estão tmém representds n Figur 2. No no 1 (2001), s cultivres presentrm inflorescêncis com mior número médio totl de flores e s flores registrm nesse no, um mior proporção de flores perfeits. O vingmento de frutos foi tmém superior nesse
no. O vingmento presentou um correlção de Perce com o nº de flores por inflorescênci positiv e muito significtiv (r = 0,70, P < 0,008). Figur 2 Vlores médios do número totl de flores por inflorescênci, d percentgem de flores perfeits por inflorescênci, d percentgem de esterilidde florl e d percentgem de vingmento nos nos 1 e 2 (2001 e 2002, respectivmente). Letrs diferentes n mesm crcterístic correspondem diferençs significtivs pelo teste de Tuckey (P < 0,05). Figur 3 Vlores médios do número totl de flores por inflorescênci, d percentgem de flores perfeits por inflorescênci, d percentgem de esterilidde florl e d percentgem de vingmento no no 1 (2001). Letrs diferentes n mesm crcterístic correspondem diferençs significtivs pelo teste de Tuckey (P < 0,05).
As diferençs entre cultivres são presentds ns Figurs 3 e 4, por nos, tendendo à intercção significtiv com este fctor. Em 2001 (Figur 3), s oliveirs Gleg Vulgr, Conserv de Elvs e Cordovil de C. Brnco registrm o mior número totl de flores / inflorescênci, enqunto Cornços registou o menor vlor. A proporção de flores perfeits diferiu significtivmente entre cultivres: Cornços e Conserv de Elvs registrm o mior e o menor número de flores perfeits, respectivmente. A esterilidde florl foi mior em Conserv de Elvs. Neste no, s oliveirs Picul e Cornços registrm s miores vingmentos (em médi, cerc de 15 frutos por cd 100 flores), enqunto Cordovil de C. Brnco e Gleg presentrm os menores vingmentos em utopolinizção (em médi, menos de 2 frutos por cd 100 flores). Em 2002 (Figur 4), s cultivres Gleg Vulgr e Cordovil de C. Brnco registrm o mior número totl de flores/inflorescênci, tendo Picul registdo o menor nº totl de flores por inflorescênci. Neste no, proporção de flores perfeits tmém diferiu entre cultivres: Gleg e Cordovil De C. Brnco e Picul registrm mior e menor proporção de flores perfeits, respectivmente. Os vingmentos neste no lcnçrm vlores muito ixos, tendo Cornços (em médi cerc de 3,7 frutos por cd 100 flores) registdo os miores vingmentos. 80 60 nº Flor / Infl. % Flor perfeits % Esterilidde % Vingmento no 2 40 c c 20 0 c c c c Cornços C. Elvs Cord. C.Brn Gleg Picul Figur 4 Vlores médios do número totl de flores por inflorescênci, d percentgem de flores perfeits por inflorescênci, d percentgem de esterilidde florl e d percentgem de vingmento no no 2 (2002). Letrs diferentes n mesm crcterístic correspondem diferençs significtivs pelo teste de Tuckey (P < 0,05). O número totl de flores por inflorescênci é, de cordo com Lvee (1986), determindo geneticmente e, portnto, específico pr cd cultivr. Nos resultdos deste trlho experimentl, verificou-se um preponderânci do fctor genético, ms pens n esterildde
florl, um vez que no nº totl de flores por inflorescênci houve um preponderânci do fctor miente (no). Os resultdos purdos de esterilidde florl, comprtivmente os vlores médios presentdos por Leitão (1988) mostrrm-se inferiores, ms como o mesmo esclonmento referido por quele utor. O número de flores registdo em Picul e nos dois nos foi normlmente pequeno e poderá estr ssocido com deficiêncis nutritivs detectds durnte o período de crescimento. Ns mesms condições experimentis, Mrtins (2002) registou um médi de 15 flores por inflorescênci nquel cultivr. N oliveir, o vingmento de frutos ocorre pós polinizção/fecundção de flores perfeits e em resultdo d intercção pólen/pistilo, um fctor importnte pr o sucesso d reprodução sexul (Knox (1984). Os resultdos do vingmento form similres os otidos por Leitão (1988). A iliogrfi consultd refere existênci de outros fctores preponderntes sore o vingmento do fruto, os mecnismos de incomptiilidde Cuevs (1992), o nível de florção (Cuevs e Rllo, 1990), s condições climtérics, o estdo nutritivo d árvore, o estdo snitário e humidde do solo (Lvee, 1986; Pulido et l., 2005). 4 CONCLUSÕES Nenhum ds cultivres em estudo se mostrou completmente utoincomptível, tendo Cornços e Cordovil De Cstelo Brnco registdo o mior e o menor nível de comptiilidde, respectivmente. Em resultdo ds diferençs registds no vingmento nos dois nos em estudo, pode concluir-se que utocomptiilidde ns cultivres de oliveir vri com cultivr (componente genétic) e com o no (componente mientl), com um clro predomínio d segund componente. 5 BIBLIOGRAFIA Colrnt, P. & Fré, P. 1975. Stdes repérés de l'olivier. In: Milld, R. (ed.) L olivier Ed. INVUFLEC. Pris. p. 24-25. Cordeiro, A.M., Mrtins, P.C.S., Ros, M.M., Mouro, F. Botelho, R. & Rmos, A. 2004. Incomptiilidde pólen/pistilo em vrieddes de oliveir (Ole europe L.). Melhormento, 39: 114-121. Cuevs, J. & Rllo, L.1990. Response to cross-pollintion in olive tree with different levels of flowering. Act Hortriculture 286: 179-182. Cuevs, J. 1992. Incomptiilidd pólen pistilo.procesos gméticos y frutificción de cultivres de olivo (Ole europe L.). Dissertção pr otenção do Gru de Doutor presentd à Universidd de Córdov, Fcultd de Ciêncis. Griggs, W.H., Hrtmn, H.T., Brdley, M.V., Iwkiri, B.T. & Whisler, J.E.1975. Olive Pollintion in Cliforni. Cliforni Agriculture Experimentl Sttion Bulletin, 869: 1-10.
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