Dezembro/2014. Panorama Geral
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- Henrique Arantes Belo
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1 Panorama Geral Dezembro/2014 O mês que passou Nesse mês o grande destaque internacional foram as ações de política monetária por parte dos Bancos Centrais. Enquanto os Estados Unidos se preparam para um ciclo de alta na taxa de juros, o resto do mundo caminha na direção oposta. Os EUA, entretanto, divulgaram uma série de indicadores abaixo das expectativas nesse mês, correspondentes ao mercado de trabalho, índice de preços, mercado imobiliário e até expectativas na economia. O Fed também não se demonstrou otimista no período de médio prazo, preocupado com o contagio da baixa atividade global, principalmente da Europa e da China. No entanto, permanecemos acreditando que a força da recuperação da atividade econômica norte-americana autorizará eventual início da elevação das taxas de juros nos EUA em meados do próximo ano. No caso europeu as economias em geral saíram do patamar negativo de crescimento, porém ainda não registram tendências de crescimento claras. O BCE, ainda assim, não adotou e provavelmente não adotará medidas mais agressivas de expansão monetária até o fim deste ano. Ainda assim, a autoridade monetária europeia foi capaz de melhorar as expectativas do mercado através de declarações feitas por Mario Draghi sobre uma intervenção menos tímida. Por outro lado temos a China, que já tomou atitudes e surpreendeu o mercado diminuindo juros. O país vem passando por uma inevitável queda no crescimento, na qual há uma transferência do modelo de crescimento passando do eixo de investimentos para consumo das famílias. No entanto o importante é observar o movimento das autoridades chinesas para que esse processo seja feito de forma suave (soft landing). Pelo seu lado, o Japão permanece no grupo daqueles cujo BC estão expandindo seu balanço, algo que se tornou ainda mais relevante após o país nipônico entrar em recessão técnica, caracterizada por duas retrações seguidas no PIB trimestral. Por fim, destaque para o petróleo que teve grande queda nos seus preços ao longo do mês devido ao aumento da oferta mundial. A OPEP decidiu não diminuir a produção e deixará o preço mundial da commodity se equilibrar por conta própria. No Brasil o que tomou conta dos movimentos de mercado ao longo de grande parte do mês foi a divulgação da equipe econômica do governo. Grandes foram as especulações e a volatilidade dos mercados enquanto eram desconhecidos os futuros ministros. Entretanto, após a escolha e a confirmação dos nomes, com destaque para Joaquim Levy como Ministro da Fazenda, houve melhora nas expectativas dos agentes quanto ao futuro da política fiscal, bem como da inflação. O cenário de estagflação é preocupante ainda assim. O Brasil depende de um ajuste fiscal urgente para evitar um possível downgrade de seu risco soberano. Ao menos foi possível sair da recessão técnica após um crescimento de 0,1% no PIB no 3º trimestre. O que olhar neste mês Nesse próximo mês, os destaques no cenário internacional serão o relatório do mercado de trabalho americano e a reunião do BCE (Banco Central Europeu). Há enorme expectativa de que o presidente do BCE, Mario Draghi, dê sinais mais fortes da proximidade da adoção de um programa amplo de compras de ativos, que envolva títulos soberanos de paísesmembros da zona do euro. Na verdade, sua postura tem sido considerada bastante "dovish" nos discursos feitos após a última reunião, mas, ainda assim, não se espera uma decisão já no próximo encontro, especialmente pela reiterada indicação dos membros do Conselho de que é necessário esperar um pouco para se avaliar os resultados obtidos com as medidas recentemente tomadas, como os leilões de TLTRO (refinanciamento de longo prazo aos bancos), cuja nova oferta acontecerá em 11 de dezembro, as compras de títulos ABS, "covered bond" e a redução dos juros. A insistente baixa inflação vem ampliando as preocupações com um cenário deflacionário na região, o que coloca mais pressão sobre o BCE. Serão também divulgadas novas projeções macroeconômicas para a união monetária. Espera-se que tanto o crescimento quanto a variação de preços sejam reduzidos novamente. Nos Estados Unidos, a atenção será para o relatório do mercado de trabalho, uma vez que o FED (Banco Central dos EUA) já indicou que suas decisões estarão vinculadas ( data dependent ) aos dados econômicos, principalmente os envolvendo os de mercado de trabalho. Os dados de outubro apontaram para ampla melhora no mercado de trabalho americano, com exceção das horas pagas, que mais uma vez vieram abaixo das expectativas. Os números sugerem que um expressivo impulso econômico continuou a vigorar no mês passado. O mercado espera a criação de 228 mil vagas de trabalho em novembro, de 214 mil em outubro. A taxa de desemprego deve cair de 5,8% para 5,7% - o que impõe desafios ao Fed, que previa o alcance de um nível próximo a este apenas no fim de 2015 (o intervalo de projeção vai de 5,4% a 5,6%).
2 Por fim, na China os agentes continuarão monitorando os indicadores que apontam para a força da atividade econômica. Últimos indicadores que mostraram dados relativamente mais baixos do que o esperado tem tido um efeito considerável nos mercados de commodities. É claro que alguns deles (notadamente petróleo e minério) também são afetados pelo excesso de oferta, mas não podemos descartar a influência que o gigante asiático tem sobre o mercado de fatores. Em relação ao cenário doméstico, o mercado observará os primeiros movimentos da nova equipe econômica do governo. Afinal, a tão esperada confirmação do nome de Joaquim Levy como novo ministro da Fazenda reduz o risco de rebaixamento do rating brasileiro. Apesar disso, em nossa opinião, a nova equipe precisará mostrar resultados para reconquistar a credibilidade. Também deve se notar que, para além da credibilidade do ministro, os indicadores precisam melhorar. Em relação especificamente à agenda fiscal, ainda que pareça positivo o esforço em relação a racionalização de despesas públicas, sabemos que até por conta do engessamento de alguns dispêndios a discussão passará pela questão de arrecadação. Ainda para o próximo mês será relevante observar a política monetária, em que mantemos como cenário central a aposta de que a taxa Selic subirá na próxima reunião em 0,50 pontos porcentual. Até porque para a nova equipe, o eventual aumento no passo da subida do juro, deveria ser interpretado como um sinal de reconquista da credibilidade. Estratégia de Investimento Renda Fixa Após a nomeação da nova equipe econômica o mercado aguarda novos ajustes na área fiscal e monetária, entre os quais está a elevação da taxa básica de juros para controlar a inflação e recuperar parte da credibilidade perdida. A principal indefinição no momento é se o BC irá acelerar as altas de juros ou continuara o ciclo de aperto monetário com altas de 25 bps. O mercado já esta precificando um aumento de 50 bps na próxima reunião do COPOM, podendo chegar a um ciclo total de 200 bps, elevando a taxa Selic para 13%, reforçando a tese que o governo espera pela recuperação da credibilidade em termos de gestão econômica. Com esses ajustes elevando a curva de juros na ponta curta, observamos o movimento inverso na ponta longa, com a taxa cedendo. A grande dúvida ainda é qual vai ser o ponto de inflexão e até quando vai durar esse ciclo de aperto monetário, especialmente em um cenário que o dólar devera seguir sua trajetória de valorização e a politica fiscal tem limites em sua contribuição no ano que vem. Com essas indefinições os títulos pós-fixados podem obter retornos mais elevados que títulos pré-fixados, até ficarem mais claro os próximos passos das políticas monetária e fiscal. Renda Variável O mês de Novembro deve ser lembrado pela surpreendente noticia de estímulos no Japão (NKY + 6,4%) e também pelo corte dos juros na China (SHCOMP +10,83%), o primeiro tentando estimular o cresciemento e o segundo suavizando a desaceleração. Essas duas notícias fizeram as bolsas preformarem muito bem a despeito de números mais fracos dessas economias e da continua queda no preço de commodities, em particular petroleo e minério de ferro. Na Europa, uma inflação insistentemente baixa vem aumentando as preocupações com um cenário deflacionário na região, abrindo espaço para um discurso insistentemente dovish do Sr. Mario Draghi. Com este cenário de ampla liquidez internacional, apesar do fim da expansão monetária dos US, a busca por rentabilidade beneficiou ativos de maior risco. O Euro Stoxx 50 subiu quase 5%, com destaque para o DAX alemão. Nos EUA as bolsas também tiveram um bom desempenho, depois de um período bom dos resultados corporativos do terceiro trimestre, dados fortes de mercado de trabalho, confiança e PIB (3Q). O S&P500 apresentou alta de quase 3% no mês (Nasdaq +3.5%) e um movimento bastante diferente de Outubro, onde tivemos uma forte volatilidade nos mercados, o mês de Novembro foi marcado por certa calmaria nas bolsas americanas. O mesmo não pode ser dito em relação ao petróleo (WTI), que teve uma queda de quase 20%, arrastando o setor de energia (S5ENRS -9%) dentro do S&P 500. Vindo para Brasil, a definição da nova equipe económica e notícias sobre Petrobras e minério de ferro marcaram os principais ativos de risco na bolsa brasileira. Com uma mínima perto de e uma máxima de 57360, o Ibovespa fechou o mês perto do zero a zero, com destaque para as quedas de CSN, Petrobras e Usiminas. Do lado positivo, tivemos Eletropaulo, Gol e Lojas Americanas, sendo que os papeis da Gol subiram em consequência da queda forte no preço do petróleo. Devemos citar também os setores financeiro e exportador como ganhadores neste ultimo mês, sendo que o primeiro se beneficiou da elevação da Selic e o segundo pela alta da moeda americana. Isto posto, alguns benchmarks tiveram performances diferentes, como o IDIV perdendo quase 3,5%, SMLL -0.6%, e o ISE subindo 1,57% (efeito do setor financeiro, BRF e Cielo).
3 Moedas O mercado cambial inicia o mês na expectativa pelas decisões de política monetária dos BC brasileiro e do BCE. Aqui, o dólar alto sustenta as apostas em um aumento de 0,50 ponto porcentual da taxa Selic, enquanto a queda dos índices de atividade industrial na zona do euro pode levar o BCE a reforçar os sinais de que novos estímulos podem ser necessários. Isso porque além dessas questões conjunturais, continuamos acreditando na apreciação do dólar em termos mundiais por conta da aceleração da economia norte-americana em comparação com as dos demais países. Nesse sentido, é de se esperar que o Fed atue no sentido de retirar os estímulos monetários em contra partida aos outros BCs das regiões desenvolvidas. A queda no preço de commodities também é mais uma força na direção da desvalorização de moedas de alguns países exportadores como é o caso da Australia, Brasil, Nova Zelândia e África do Sul. No Brasil, além dessas questões internacionais, contribui para um real mais desvalorizado os investidores ecoando as declarações do final da última semana de novembro quando o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, falou sobre os leilões de swap (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). A leitura feita por grande parte do mercado foi a de que o BC pode não deverá continuar com os leilões diários de swap no ano que vem. Não nos parece provável que o BC ira interromper repentinamente o programa de swaps na virada do ano como alguns participantes de mercado temem. Portanto, continuamos com nossa aposta estrutural na valorização da divisa norte-americana, pelas razões internacionais citadas. Multiestratégia Passadas as eleições, esperávamos que os gestores, principalmente os da estratégia MACRO, conseguiriam obter resultados positivos frente a eliminação dos ruídos que o calendário político geraram nos principais mercados. Em novembro, nossa expectativa foi confirmada, sendo um mês positivo para os fundos da nossa grade, com destaque para aqueles que estavam trabalhando com cenário de valorização do Dólar, não só frente ao Real, mas como tendência global. Os fundos da estratégia Long Short Direcional, que atuam com posições compradas e vendidas no mercado acionário, também registraram boa performance no período, beneficiados pelos movimentos em setores e papéis específicos, cujo preços deixaram de oscilar em detrimento de expectativas de mudanças de governo. Os gestores da Estratégia de Arbitragem também conseguiram bons resultados em novembro, capturando as distorções causadas nos mercados pela volatilidade recente. Seguimos otimistas com os gestores da Estratégia Macro que devem ser beneficiados por um cenário, ainda que difícil em termos econômico, porém com tendências mais claras.
4 INFORMAÇÕES IMPORTANTES AO INVESTIDOR Este material, meramente informativo, foi preparado pela área de Estratégia do Votorantim Private Bank e não se caracteriza como relatório de análise, para fins da Instrução CVM nº 483/2010, e, não foi produzido por analista de valores mobiliários. Este material não constitui, nem deve ser interpretado, como oferta ou solicitação de compra, venda ou distribuição de valores mobiliários. As informações contidas neste material foram obtidas por meio de comunicação de acesso público, tais como jornais, revistas, internet entre outros, de forma aleatória. Tais informações estão sujeitas a alterações, a qualquer momento, sem que haja necessidade de comunicação neste sentido. Apesar das informações aqui contidas terem sido obtidas de fontes consideradas confiáveis, a área de Estratégia não pode garantir a precisão e veracidade das mesmas. As recomendações de alocação deste documento refletem única e exclusivamente a opinião pessoal dos profissionais da área de Estratégia do Votorantim Private Bank, de modo que as recomendações foram elaboradas de forma independente e autônoma com relação às demais áreas da Votorantim Asset Management DTVM Ltda., ao Banco Votorantim S.A. e demais empresas do Consolidado Econômico Financeiro Votorantim. As recomendações de alocação deste documento não levam em consideração os objetivos de investimento, a situação financeira ou as necessidades específicas de um determinado investidor. Os investidores devem obter orientação financeira, tributária e contábil independente, com base em suas características pessoais, antes de tomar qualquer decisão de investimento. Rentabilidade passada não é necessariamente indicativa de resultados futuros e nenhuma segurança ou garantia, de forma expressa ou implícita, é dada neste material em relação a desempenhos futuros. As recomendações de alocação contidas neste documento apresentam riscos de investimento e não são asseguradas pelos fatos nem contam com qualquer tipo de garantia ou segurança, de forma expressa ou implícita, da área de Estratégia. O Votorantim Private Bank e suas áreas de negócio não serão responsáveis por perdas diretas, indiretas ou lucros cessantes decorrentes da utilização deste material para quaisquer finalidades, incluindo, mas não se limitando a realização de negócios, investimentos ou transações baseadas nestas informações. Em caso de dúvidas, sugestões e reclamações, entre em contato com o Serviço de Atendimento ao Cliente: , Deficientes Auditivos e de Fala horas por dia, 7 dias por semana, ou sac@bancovotorantim.com.br. Caso suas dúvidas, sugestões ou reclamações não tenham sido satisfatoriamente solucionadas pelo Serviço de Atendimento ao Cliente, entre em contato com a Ouvidoria: , Deficientes Auditivos e de Fala de 2ª a 6ª feira - 9:00 às 18:00 hs, exceto em feriados nacionais; ou Caixa Postal 21212, Rua Barão do Triunfo, 242, São Paulo SP, CEP: ; ou pelo formulário disponível no site do Banco Votorantim S.A.
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