WORKSHOPS SEMANAIS DO NÚCLEO DE ESTUDOS FISCAIS DA ESCOLA DE DIREITO DE SÃO PAULO DA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS 30/03/2015

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1 WORKSHOPS SEMANAIS DO NÚCLEO DE ESTUDOS FISCAIS DA ESCOLA DE DIREITO DE SÃO PAULO DA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS 30/03/2015 Apresentação As reuniões semanais do Núcleo de Estudos Fiscais (NEF) têm o objetivo de discutir temas relevantes dentro das suas quatro linhas de pesquisa: 1. Transparência do Setor Público, 2. Transparência Corporativa, 3. Reforma Tributária e 4. Administração Pública e Democracia. Nesse sentido, as reuniões fomentam a discussão dos projetos através de apresentações preparadas de acordo com a evolução das pesquisas desenvolvidas pelo NEF. No presente documento, estão transcritos os principais tópicos e temas debatidos durante o Workshop ocorrido no dia 30 de março de 2015, segunda-feira, das 13h às 15h. Local: Escola de Direito de São Paulo (FGV DIREITO SP), Auditório. Workshop de Pesquisa Projeto Reforma Tributária Apresentação do Projeto Reforma Tributária Viável Expositora: Stella Oger Pereira dos Santos Stella iniciou com a apresentação do Relatório do NEF Reforma Tributária Viável, chamando atenção para o aumento da carga tributária no Brasil nos últimos anos e para as alternativas de reforma tributária mais comprometidas com a realidade: Combater complexidade com complexidade não é a solução É importante a dimensão relacional entre Fisco e contribuinte Necessidade de combater a Guerra Fiscal Necessidade de repensar o Ensino do Direito no Brasil; Mencionou o artigo 1,3 mil escolas de Direito. Para quê? 1 Precisamos de uma nova atitude das escolas de Direito. Pensar numa reforma simples, mas viável. 1 Disponível em

2 Isaias Coelho ICMS parece ser o tema mais intratável de Direito Tributário; Vocacionado para ser um IVA, mas possui diversas falhas de desenho. Elenca em texto quais as principais dificuldades e em que pontos indica que está atrasado em relação a outros países. Nasceu para ser um IVA. É um imposto punitivo do investimento físico (tem dificuldade de desonerar as exportações, cria óbice de grande importância na competitividade, guerra fiscal. Dificuldades decorrem de erros de desenho, alguns dos quais intencionais (ex. da cobrança com cálculo com alíquota por dentro). Simples de corrigir. Retirar essa alíquota arguta de 18%. Trocar essa por uma nominalmente por outra. Difícil, porque se colocou na Constituição. Vai-se fazendo retalhos à Constituição; Eurico Ideia do grupo é dar soluções, não ser um muro de lamentações; Dois pontos: alíquota e cálculo por dentro e crédito físico. Clovis Panzarini É difícil mudar o ICMS porque ele tem 27 donos. É um imposto de natureza nacional que não poderia ser de competência municipal. Mas se não houvesse tributação das operações interestaduais grande parte do problema já seria resolvido. Objetivo da emenda não era constitucionalizar alíquota por dentro, era equiparar as importações às operações internas. Importações por não contribuinte gozavam de um benefício de 18%. Fato concreto é que essa cobrança por dentro escondem a verdadeira alíquota; Bitributação: cobra na entrada e na saída. Contraponto de quebrar o Estado retirar essa tributação. Arrecadação teria uma perda de 10%. Pode-se anular essa perda cobrando de forma eficiente e transparente, cobrando por fora e deduzindo insumos básicos. Explicitar que a alíquota verdadeira é 21,95% seria estimular a sonegação. Mas 18% por dentro ou 21,95% por fora é a mesma coisa. Imposto nasceu errado. Esse tipo nasceu para ter caráter nacional. A Competência Estadual do ICMS é a fonte das principais distorções. Propõe-se federalização envergonhada do imposto, para acabar com a guerra fiscal. Quando se tributa no destino, tem efeitos colaterais inadequados. Mercadoria importada é cobrada no destino. Mas ela normalmente passa as fronteiras estaduais; Importa por 18% na entrada e saída com 4%. Ou ele muda para o México, p. ex., ou consegue um regime especial. A cada edição do Diário Oficial, ele vai sendo esfacelado. Estados foram destruindo o ICMS. Continua representado os mesmos 7,5% do PIB. Substituição tributária. Criamos uma jabuticaba, que é um IVA monofásico. Necessidade imensa de regimes especiais para nivelar assimetrias apenas gera cada vez mais assimetrias. Caos de um imposto que ninguém sabe mais o que é. Que tem altíssimo custo de conformação. Estamos na iminência de ver um golpe ser criado.

3 O ganho da guerra de um acabará fazendo todos se perderem. A cada dia, a a acada mês, o ICMS piora. Bernard Appy Incidência do ICMS também leva em consideração o PIS e a COFINS. Sobre o PLS 130: convalida dos benefícios da guerra fiscal e permite que Estados criem os mesmos benefícios já concedidos por outros Estados. Caso seja aprovado, o resultado será uma piora significativa da Guerra Fiscal. Consequência de longo prazo: despencar a arrecadação do ICMS. Começou a amadurecer no país, por parte de vários contribuintes, a consciência de que é preciso mudar. O grau de distorções provocadas pelo ICMS chegou a um ponto insustentável. Mas a grande dificuldade é definir como será feita essa transição da Guerra Fiscal e a busca por harmonização em uma reestruturação do ICMS. Função do IPI o Ajudar a Zona Franca de Manaus o Ser um imposto de importação disfarçado. Pode ser ingênuo, mas deve-se construir um discurso unificado. Positivo do ponto de vista do benefício de desenvolvimento econômico, de arrecadação da Receita Federal. Clovis Panzarini A Guerra Fiscal é uma guerra desigual e que acaba gerando corrosão da arrecadação tributária. Ganhos e perdas marginais: os Estados guerreiros, que dão benefício para atrair empresas só tem ganho marginal, já os Estados que dão benefício para as indústrias irem para outros Estados só tem perda marginal; Estado dá benefícios e entra na guerra fiscal para não ter perda marginal; Após 88, deu-se benefício em SP para não perder as indústrias; Novas atividades geram novas demandas fiscais; São Paulo é um exemplo de Estado que se defende da Guerra Fiscal de outros Estados. Nelson Machado Qualquer redução na arrecadação necessariamente conduz a uma redução nos gastos do Estado. Receita e Despesa andam juntas. Será que teríamos condição de construir uma pauta que em um primeiro momento não falasse em redução de arrecadação? Após 88 tivemos uma definição mais clara de captura dos grupos de investimento; PLS com possibilidade de amplificar a guerra fiscal. Em médio prazo, é um desastre para as empresas. Crédito financeiro x crédito físico e cobrança por dentro. Pontos de pauta, entendendo o impacto que pode ter na redução do contencioso e da complexidade. Júlio de Oliveira Dois pontos: transparência e carga efetiva de tributação;

4 O cenário político é o caminho oposto, na contramão do que queremos. Questão da modulação de efeitos: Quem não discutiu e tem auto de infração, paga!. Enquanto o processo tributário for lento e passar borrachas em inconstitucionalidades, não haverá incentivos para mudanças. Quem é amigo do rei, tem tudo; quem não é amigo do rei, nem a lei tem ; Temos que caminhar na contramão de tudo que é tendência atual. PIS/COFINS copia o ICMS no que tem de pior (crédito financeiro) Cálculo por dentro é a melhor forma de fazer pagar sem perceber Onde as coisas vão deixar de ser negociadas entre secretários de fazenda e donos de empresa; Outro ponto relevante para o debate é a questão processual: necessidade de rever o número excessivo de perdões e parcelamentos. José Garcez Esse esforço de ficar reformando na verdade nada mais é do a tentativa frustrada de maquiar um cadáver. Descompasso enorme pela forma de organização institucional e uma organização social completamente diferente. Descolamento entre as instituições Ressignificar a questão do tributo na sociedade. A curto prazo, é uma visão pessimista. Principal problema é que estamos sem imaginação política. Precisamos pensar coisas que não existem ainda. Agenda política. Pessimismo é ruim para gerar ideias. Sacrifica o que é ruim pelo que é urgente. Construir um discurso que aponte para uma organização política diferente para o país. Pauta substantiva, mas sem dúvida uma pauta de comunicação. Aldo de Paula Transformação do PIS/COFINS na forma não cumulativa. Pleito dos exportadores para a não cumulatividade. PIS/COFINS não cumulativos trouxeram complexidade. Instrumento de aumenta da carga tributária. Representou grande aumento. Energia está fora de qualquer discussão de não cumulatividade, TELECOM também. Combustíveis dentro da substituição indústria fica com o papel de agente de arrecadação e pagamento do fisco. Substituição seria mais simples se monofásico então (fim da substituição); Hélio Barthem É preciso separar os efeitos macro dos efeitos micro da guerra fiscal; É preciso antes de mais nada uma mudança de cultura no país. Isso seria um efeito macro. Sobre a Substituição Tributária: certamente é um mecanismo simples de arrecadar e que em tese seria bom. O problema é quando 27 Estados resolvem discutir sobre substituição tributária. Marcos Matsunaga Não são 27 ICMS, são 27 vezes o setor atrelado a isso.

5 Além disso, grande parte das dificuldades residem nas obrigações acessórias que tornam a vida do empresário quase impossível. São diversas. Cada vez, surge uma sigla e uma obrigação acessória nova O ponto muitas vezes não é a mordida do leão, mas sim a previsibilidade e a certeza de qual será o tamanho dessa mordida. O empresário precisa dessa informação para conseguir organizar o seu negócio. Alíquota como ponto de partida para saber qual o tamanho da carga. Se coloca no pacote os custos de compliance, para conseguir navegar nessa complexidade toda, vê o Brasil como perigoso. Mudanças estruturais são importantes, mas vê como mais difícil de atingir. Linha de simplificação, transparência e menos risco para cumprimento das regras. Eurico Próximos passos: 1 : mais simplificação e transparência Garantir para 2020 crédito financeiro 2 o.passo de fazer a cobrança por fora Direito não enxerga a legitimidade do sistema. Construir essa legitimidade. 3 a pauta de desonerar investimentos Pensar em soluções jurídicas a longo prazo. Paulo Ayres Barreto Mundo ideal seria começar de novo. Resolver guerra fiscal do ICMS como situações casuísticas. O problema é que os Estados querem a Guerra Fiscal, assim como os países também. Grande desafio da transparência é o de trabalhar a imprensa, empresário, contribuinte. Mas o nominalismo tem uma força. Maior dificuldade em relação à transparência é a lógica do contribuinte e a carga tributária nominal. Por que o Brasil tem que ter 36% de carga tributária do PIB e outros países alíquotas menores? Bernard Appy Por que um tributo não cumulativo? (Com base no que o Aldo falou). Não inventamos a roda. O nosso é mesmo? Devemos caminhar para ter um que seja. Substituição tributária faz sentido para o SIMPLES. Temos a carga tributária menor do mundo para pequenas empresas e uma das maiores do mundo para as grandes empresas. Não temos crédito financeiro para PIS/COFINS, mas se tivesse seria um desastre. Por que não monofásico? Porque é um desastre. Não gera distorção de preço relativo. Monofásico hoje seria uma pressão. Monofásico é só para o que se quer desestimular o consumo e tem que ser federal, sem gerar perdas de base. Falta de confiança como um dos problemas sérios também.

6 No momento que adotamos um modelo de IVA simples, eliminamos 90% da complexidade. E se eliminar o IPI, 99%. Isaías Coelho Já tivemos um imposto monofásico. Tivemos o IVC. No governo Vargas e JK. Tivemos um processo de modernização importante. O IPI seria interessante apenas para alguns casos, como por exemplo para tributar emissão de carbono, cigarros, bebidas. Gisele Bossa Falta de clareza fez com que a Reforma não andasse muito; Trazer esses números para as empresas e o próprio Estado. Problema de formação do Estado e necessidade de reinventar uma forma de atuação da empresa como do próprio Estado. Dar clareza pode significar dar andamento; Nelson Machado Espada do Dâmocles (Gilmar Mendes). Interesse deles de no curto prazo resolver o passado. De um lado melhorar a segurança jurídica, e não potencializar os danos; Júlio de Oliveira Alíquotas de 25% inconstitucionais (na verdade, são 33%) da energia elétrica. Ainda não é plenário, mas é unânime. Não pode ter ainda (seletividade) (vício do cachimbo); Como fazer para voltar essa alíquota para 18%? Não sei quanto vem da energia elétrica do Paraná para São Paulo? (15%) Isaías Coelho Como artigo de 1 a necessidade? Comida a 17% e Iate a 7%. Se não concede os 7%, vai para o Estado vizinho. Reagir a essa lógica maluca. Clóvis Panzarini Poderá ser seletivo, em função da essencialidade. E não pode ter uma carga tributária acima de elementos essenciais, como de alimentos. Uma norma que não era mandatória o Supremo entendeu como mandatória; Deverá ser essencial, se a Suprema Corte decidiu que poderá ser essencial. Seletividade na energia elétrica Gisele Bossa Gasto público para impulsionar a política pública; Pelo adianto da hora o professor Isaías encerrou o debate.