ANÁLISE DOS RISCOS ERGONOMICOS EM COSTUREIRAS UTILIZANDO O CHECKLIST DE COUTO EM UMA EMPRESA DO POLO DE CONFECÇÃO DO SUDOESTE DO PARANA
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- Letícia Alícia Salgado Machado
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1 ANÁLISE DOS RISCOS ERGONOMICOS EM COSTUREIRAS UTILIZANDO O CHECKLIST DE COUTO EM UMA EMPRESA DO POLO DE CONFECÇÃO DO SUDOESTE DO PARANA Lucas Augusto Pezzini 1 Adriano Fasolo 2 Resumo. A necessidade de se aplicar a Ergonomia dentro das empresas vem se tornando um fator relevante nos dias atuais, pois vem proporcionando um ambiente para o funcionário desempenhar sua função de maneira mais saudável. Nesse contexto o presente trabalho objetiva avaliar os riscos ergonômicos inerentes no processo de confecção de roupas da empresa Krindges Industrial e constatar quais danos trazem a linha produtiva da empresa. Trata-se de um trabalho com pesquisa de campo, onde serao abordados temas ligados à engenharia de produção e ergonomia, para posteriormente avaliar os impactos que a segurança no trabalho tras para a linha de processos produtivos. Palavras-Chave: Ergonomia, Produção, Segurança. INTRODUÇÃO Com a crescente busca das empresas por maior produtividade tornou-se importante à necessidade do acompanhamento da engenharia de produção e da ergonomia no ambiente de trabalho. Para alcançarem seus objetivos as empresas não precisam somente de equipamentos, mas também de pessoas, ou seja, são elas que estão à frente de todo maquinário para a realização de atividades, por isso é de suma importância à preocupação com o bem estar físico e mental dos colaboradores. Com isso a Ergonomia vem se tornando um item muito discutido e ampliado nas organizações, pois é um campo complexo e extremamente preciso já que, para as empresas a eliminação das doenças do trabalho é vital para seus interesses, pois provocam perdas sociais e econômicas, prejudicam a produtividade individual e coletiva de seus funcionários. 1 Acadêmica da FAMPER - lucaspezzini1994@gmail.com 2 Professor da FAMPER arfasoslo@gamil.com 122 Mundo Contemporâneo em Revista Número 05 Volume
2 Nas empresas do setor de confecção têxtil, com o passar dos anos, a atuação na Segurança do Trabalho, vem se tornando mais e mais fundamental, para o bem estar dos funcionários e diminuição de doenças ocupacionais e assim possíveis custos inerentes ao processo. Entre riscos que os trabalhadores de uma indústria têxtil estão expostos podemos citar os riscos ergonômicos como postura inadequada, movimentos repetitivos e riscos psicológicos como estresse, cobranças para que atinjam metas e insatisfação com o próprio trabalho. Segundo Almeida e Pereira (2006) o trabalho na indústria de confecção é desgastante como qualquer processo produtivo que exija uma produção em ritmo acelerado e com certo grau de concentração, bem como contínua repetição padronizada de movimentos e predominância de posição comprometedora à saúde do trabalhador. As exigências do trabalho na indústria da confecção do vestuário, na maioria das vezes, fazem com que os trabalhadores permaneçam muito tempo na posição sentada. Esta é a mais comum para os operadores de costura nas fábricas do vestuário (FREITAS ET al., 2009). Segundo Freitas ET al. (2009), a manutenção da postura sentada em seu posto de trabalho, configurado pela máquina de costura e cadeira, pode não apresentar condições apropriadas, além dos seguintes fatores: estresse em relação à exigência de produtividade, ruídos e temperaturas extremas, que, entre outros, podem favorecer a caracterização de uma ocupação altamente fatigante. Identificar e analisar os principais riscos ergonômicos pode ser uma importante forma de se conhecer mais sobre como as atividades que estão sendo desenvolvidas na linha de produção. (COUTO, 1995). De acordo com Renner (2006) é impossível um trabalhador produzir bem, com qualidade, sentindo dor e desconforto, o que torna necessário, para o bem dos trabalhadores e a sobrevivência das empresas, a busca da qualidade de vida do trabalhador. Uma das melhores estratégias para eliminação da dor é a implantação de um processo de ergonomia, atuando na base do problema, quer seja no processo ou na organização do trabalho. Diante destes riscos, a Ergonômica se torna uma peça chave, para buscar melhorias para o ambiente de trabalho, e proporcionar mais qualidade de vida para o trabalhador e maior produtividade para a empresa. Existem vários ferramentas para Análise Ergonômica do Trabalho, principalmente dos riscos posturais, que podem ser classificados como checklists, ferramentas semiquantitativas ou ferramentas quantitativas (COUTO, 1995). Mundo Contemporâneo em Revista Número 05 Volume
3 Entre as principais ferramentas podemos citar: Checklist de Michigan - Lista de avaliação das extremidades superiores dos indivíduos no ambiente de trabalho. OCRA - Caracterização da tarefa por sua frequência e esforço requerido. RULA - Identificação de posturas e esforços que contribuem ao aparecimento de dores e lesões musculares em membros superiores. OWAS - Rápida identificação da gravidade das posturas assumidas. OSHA - Identificação de fatores de risco de DORT. Checklist de Couto - Avaliação da sobrecarga física; força; postura; posto e esforço estático; repetitividade, organização e ferramenta de trabalho de membros superiores. O Checklist é uma alternativa ou um suplemento na condução de uma análise de trabalho. Ele é normalmente direcionado para determinadas situações. Assim, o Checklist tem como grande vantagem o fato de exigir que o observador pesquise todos os itens, o que equivale a dizer que a chance de que algum item específico seja esquecido, fica minimizado (COUTO, 1995). Criado por Couto (1995), avalia a sobrecarga física, com relação à contatos com quinas vivas, ferramentas vibratórias, carga e condições ambientais. A força realizada com as mãos, torna-se relevante quanto à movimentos de pinça, duração do esforço, dentre outros. O Checklist avalia, ainda, a postura e o ambiente de trabalho, além do esforço estático e a repetitividade, organização e ferramentas utilizadas. METODOLOGIA O presente trabalho iniciou-se pelo levantamento bibliográfico, no qual foram consultados artigos disponibilizados na internet, e a biblioteca do campus Ampere da FAMPER Faculdade de Ampere. Posteriormente foi realizada a pesquisa em campo na indústria para coleta de dados, que teve como local o setor de montagem da camisa da empresa. Para levantamento dos dados no setor de costura da camisa foram utilizadas entrevistas e observações diárias do setor a fim de elucidar determinadas situações, foram coletados informações como, numero de funcionários, carga horaria de trabalho, faixa etária, funções executadas e equipamentos utilizados. 124 Mundo Contemporâneo em Revista Número 05 Volume
4 Com o objetivo de estudar a influência da Ergonomia no ambiente de trabalho, foi aplicado o Checklist de Couto para analise ergonômica onde foi realizada a observação dos postos de trabalho de cada funcionário, após foi feita a interpretação conforme o critério definido. Com base nos dados coletados serão elaboradas análises, que serão apresentados em forma de tabelas e discutidos no próximo capitulo. RESULTADOS E DISCUSSÕES O estudo teve como amostra 17 costureiras com idade entre 16 e 49 anos todas do sexo feminino, com a seguinte carga horária: manhã: 6:45 horas às 11:30 horas, tarde 13:30 horas às 17:30 horas, sendo o tempo de trabalho de 8 horas e 45 minutos. As informações como idade, tempo de serviço, tempo na função, histórico ergonômico foram coletados com entrevistas com os funcionários, e com o fornecimento de dados pela empresa. A avaliação do checklist foi através da observação dos postos de trabalho do setor de montagem da camisa, onde foi analisado cada funcionário desempenhando a sua função, durante a montagem de uma ordem de produção. O processo de montagem está dividido em células de trabalho denominado times. Cada time executa uma ou mais operações, após concluir a sua atividade o time transfere as peças para o time seguinte, para este as processar, e assim sucessivamente até a conclusão do processo. As funções no setor são divididas em: Distribuidor: Recebe as peças cortadas, faz a contagem das mesmas e distribui as peças nas caixas da esteira. Passador: Retira as peças sem acabadas da esteira, e as passa com ferros a vapor e recoloca a peças na esteira. Costureira: Retira as peças sem acabadas da esteira, realiza a costura das mesmas em diversos tipos de maquinas de acordo com a ordem de produção. Revisador: Retira as peças prontas da esteira, faz a retirada de fios excedentes e a revisão final das peças e as encaminha para o próximo setor. As funcionarias operam máquinas com inúmeras variações (reta, reta eletrônica com uma e duas agulhas, overloque, zig-zag, plana, braço, caseadeira e travete), devido a fabricação de diversos modelos de camisa, e se utilizam de ferramentas como tesourinhas e ferros de passar a vapor. Mundo Contemporâneo em Revista Número 05 Volume
5 No desenvolvimento das atividades manuais e de costura pode-se observar que a cadeira disponibilizada para as profissionais, e regulável, também são utilizadas mesas de madeira e cavaletes de revisão com ajustes a necessidade dos funcionários e destinam-se à colocação de objetos a serem manipulados. Quanto ao método de trabalho, as costureiras realizam atividade cíclica em diversos postos de trabalho. Após uma sequência de tarefas ou fechando um trabalho, repete-se a sequência da mesma maneira, ou de forma semelhante. São profissionais especializadas em atividades parceladas, com o objetivo de eficientização da produção. Histórico Ergonômico: Funcionário 02 Apresentou dores na região do pescoço (cervicalgia). Funcionário 08 Apresentou dores na região lombar (lombalgia). Para obtenção dos resultado, foram atribuídas as pontuações conforme os itens abaixo: 1) Sobrecarga física: apresentaram existência de fator de risco a situação: a) O trabalhador movimenta peso acima de 300g como rotina; 2) Força com as mãos: apresentaram existência de fator de risco a situação: a) A posição de pinça é utilizada para fazer força; 3) Postura no trabalho: apresentaram existência de fator de risco as situações: a) esforço estático das mãos ou antebraços; b) esforço estático do ombro, braço e pescoço; c) a abdução do braço acima de 45 graus; e) inexistência de flexibilidade da postura do trabalhador. 4) Posto de trabalho e esforço estático: não foi verificada a existência de fator de risco. 5) Repetitividade e organização do trabalho: da análise da situação de trabalho, foi considerado como fatores de riscos: a) a existência de algum movimento repetido mais de 3000 vezes no turno ou com ciclo menor de 30 segundos; b) no ciclo do movimento maior a 30 segundos não há diferentes padrões de movimento; 126 Mundo Contemporâneo em Revista Número 05 Volume
6 Tabela 1 Dados coletados CHECK LIST DO COUTO IDADE (ANOS) TEMPO DE SER- VIÇO TEMPO NA FUN- ÇÃO HIST. ERGON. FORÇA COM AS MÃOS CARGA HO- RÁRIA SO- BRE- CAR- GA FÍSICA POSTU- RA NO TRABA- LHO POSTO DE TRA- BALHO E ESFORÇO ESTÁTICO REPETITI- VIDADE E ORGANI- ZAÇÃO DO TRABALHO FERRA- MENTA DE TRABA- LHO TOTAL DE PONTOS FUNC anos 2 anos Não 08h45min FUNC anos 2 anos Sim 08h45min FUNC meses 7 meses Não 08h45min FUNC anos 3 meses Não 08h45min FUNC anos 1 ano Não 08h45min FUNC anos 5 meses Não 08h45min FUNC meses 9 meses Não 08h45min FUNC anos 2 anos Sim 08h45min FUNC meses 3 meses Não 08h45min FUNC meses 3 meses Não 08h45min FUNC anos 2 anos Não 08h45min FUNC anos 2 anos Não 08h45min FUNC ano 8 meses Não 08h45min FUNC anos 20 anos Não 08h45min FUNC anos 2 anos Não 08h45min FUNC anos 2 anos Não 08h45min FUNC anos 2 anos Não 08h45min Mundo Contemporâneo em Revista Número 05 Volume
7 6) Ferramenta de trabalho: não ocorre o uso de ferramentas no desenvolvimento da atividade pesquisada. De acordo com a aplicação e avaliação dos critérios de interpretação do checklist específico, chegou - se aos seguintes resultados apresentados na tabela abaixo. Tabela 3 Resultados Checklist Função Avaliação Func. 01 Ditribuidor 5 pontos. Fator biomecânico pouco significativo AUSENCIA DE RISCO Func. 02 Func. 03 Costureira e Passador Costureira e Passador 2 pontos. Ausência de fatores biomecânicos AUSENCIA DE RISCO 3 pontos. Ausência de fatores biomecânicos AUSENCIA DE RISCO Func. 04 Costureira 2 pontos. Ausência de fatores biomecânicos AUSENCIA DE RISCO Func. 05 Costureira 2 pontos. Ausência de fatores biomecânicos AUSENCIA DE RISCO Func. 06 Costureira 2 pontos. Ausência de fatores biomecânicos AUSENCIA DE RISCO Func. 07 Costureira 3 pontos. Ausência de fatores biomecânicos AUSENCIA DE RISCO Func. 08 Costureira 2 pontos. Ausência de fatores biomecânicos AUSENCIA DE RISCO Func. 09 Costureira 3 pontos. Ausência de fatores biomecânicos AUSENCIA DE RISCO Func. 10 Costureira 2 pontos. Ausência de fatores biomecânicos AUSENCIA DE RISCO Func. 11 Costureira 2 pontos. Ausência de fatores biomecânicos AUSENCIA DE RISCO Func. 12 Costureira 2 pontos. Ausência de fatores biomecânicos AUSENCIA DE RISCO Func. 13 Costureira 3 pontos. Ausência de fatores biomecânicos AUSENCIA DE RISCO Func. 14 Func. 15 Costureira e Passador Costureira e Passador 2 pontos. Ausência de fatores biomecânicos AUSENCIA DE RISCO 2 pontos. Ausência de fatores biomecânicos AUSENCIA DE RISCO Func. 16 Revisador 6 pontos. Fator biomecânico pouco significativo AUSENCIA DE RISCO Func. 17 Revisador 6 pontos. Fator biomecânico pouco significativo AUSENCIA DE RISCO Fonte: Autor A partir das informações geradas, foi possível estabelecer os níveis de priorização de riscos. Constatou-se que em 11,76% os fatores biomecânicos são pouco significativos e em 88,24% a ausência de fatores biomecânicos. Foram analisados as funçoes de dezesete funcionarias que trabalham no setor de montagem da camisa. Destas, 14 foram atribuidos 2 e 3 pontos, demonstrando que não há necessidade de mudanças na postura. Constatou-se que todas trabalham na função de costureira, embora esta exija uma postura estatica do funcionario, este fato isoladamente, de acordo com a analise, não indica riscos, justificado 128 Mundo Contemporâneo em Revista Número 05 Volume
8 pelo fato de que o memo executa esta função com rotatividade de postos de trabalho. Três tarefas foram atribuidos 5 e 6 pontos. Embora contenham posturas incômodas, que é o caso de permanecerem em pe e a posição dos braços acima da linha dos ombros na função de revisador, tambem não indicam riscos, explicado pelo fato que o mesmo executa a tarefa nesta posição de forma dinâmica e não estática, desta forma por apresentarem os niveis de pontuação mais alto deverão ser feitas analises mais profundas em um futuro próximo. Assim, pode-se observar que a analise apontou que as atividades desenvolvidas pelas funcionarias do setor não possuem riscos para o desenvolvimento de doenças ocupacionais. CONCLUSÃO Este trabalho de avaliação ergonômica foi de fundamental importância para o conhecimento mais aprofundado das ferramentas de análise ergonômica tradicionais. O objetivo geral desta pesquisa era identificar através de Análise Ergonômica os riscos ergonomicos durante a jornada de trabalho e suas consequências para o sistema produtivo da empresa. Foi possível verificar atraves da análise dos resultados encontrados, que as funções exercidas pelas funcionarias da empresa concedente do estagio não apresentam riscos para o desenvolvimento de doenças ocupacionais, pois realizam suas com rotatividade de funções o que não gera uma atividade monótona e repetitiva. Verificou-se ainda que a linha produtiva não sofre impactos negativos, devido as questões ergonomicas, pois a empresa disponibiliza postos de trabalho que atendem a todas as exigencias impostas pela Norma Regulamentadora 17. Concluímos que a utilização da ergonomia e de ferramentas de apoio (como o CHECKLIST DE COUTO, por exemplo), no estudo do comportamento humano e do sistema de trabalho pode ser um diferencial das empresas num mercado tão competitivo, como o atual. Cuidar da qualidade de vida dos empregados pode ser um caminho para atingir altos índices de produtividade e qualidade do produto ou serviço, gerar maior eficiência e maximizar lucros. Mundo Contemporâneo em Revista Número 05 Volume
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