Juliana de Oliveira Barros
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- Madalena Castelo Leal
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1 CURSO DE ATUALIZAÇÃO Gestão das Condições de Trabalho e Saúde dos Trabalhadores da Saúde GERENCIAMENTO DE RISCOS ERGONÔMICOS: PROPOSTA PARA A EQUIPE DE ENFERMAGEM DA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ADULTO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (HU USP) Juliana de Oliveira Barros São Paulo Agosto, 2012
2 1 1. PROBLEMA E JUSTIFICATIVA O ambiente de trabalho hospitalar é considerado de alta compleidade e insalubridade. Nele são acompanhados predominantemente sujeitos em fase aguda de seu processo de adoecimento, fato este que eige dos trabalhadores a oferta de cuidados intensivos e o desenvolvimento de número grande de procedimentos (Nishide, 2004). A equipe de enfermagem representa nas instituições de saúde e principalmente nos hospitais, um papel de total relevância no tocante a assistência e demais ações de cuidado. Em se tratando das Unidades de Terapia Intensiva (UTI s), este papel é compreendido como essencial (Garanhani et al, 2008). Em estudo realizado por Martins (2011) na UTI Adulto do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU USP), 44 trabalhadores de Enfermagem foram entrevistados e avaliados por meio do Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares. Os dados apontaram que aproimadamente 65,9% e 63,63% destes apresentaram, respectivamente, dor torácica e lombar, e 61,36% dores em ombro nos últimos 12 meses. Os discursos revelaram ainda que os trabalhadores estabelecem neo causal entre os sintomas apresentados e as atividades de trabalho. Foi referido também, o uso de analgésicos de maneira indiscriminada para permitir a continuidade do eercício profissional. Tais queias estão relacionadas à eposição destes trabalhadores aos riscos ergonômicos presentes no setor, que decorrem, por eemplo, da adoção de posturas inadequadas no transporte e movimentações de usuários; inadequação de mobiliários e equipamentos e questões relativas à organização do trabalho como a falta de tempo para descanso, ritmo ecessivo, jornada de trabalho prolongada, controle rígido de produtividade e trabalho em período noturno. Neste conteto, em junho de 2012, diante das queias osteomusculares apresentadas por estes trabalhadores, do impacto da problemática para o trabalho desenvolvido no setor, e objetivando a melhoria da gestão das condições e organização do trabalho e saúde dos trabalhadores envolvidos, a respectiva chefia procurou o serviço de Terapia Ocupacional do HU - USP para buscar auílio no desenvolvimento de estratégias para intervenção nas situações de trabalho geradoras de agravos para a saúde dos trabalhadores do local.
3 2 2. OBJETIVOS De forma geral, a proposta de intervenção possui quatro grandes objetivos: 1) Identificar e caracterizar, na UTI Adulto do HU USP, as situações de trabalho que oferecem maior risco ergonômico aos trabalhadores da equipe de enfermagem; 2) Desenvolver estratégias que possam contribuir para diminuição do risco ergonômico presente nas situações identificadas; 3) Contribuir para a melhoria da saúde desses trabalhadores e, consequentemente da qualidade da assistência prestada a população; 4) Oferecer subsídios a chefia do respectivo setor para a identificação precoce de situações geradoras de adoecimento aos trabalhadores, bem como favorecer a construção de novas ferramentas para o gerenciamento das condições e da organização do trabalho. 3. PLANO DE AÇÃO A presente proposta é destinada a todos os trabalhadores da equipe de enfermagem (enfermeiros, auiliares e técnicos) inseridos na UTI Adulto do HU USP. O HU - USP constitui-se enquanto Hospital com fins de assistência, pesquisa e ensino, localizado no campus da Cidade Universitária São Paulo. Em decorrência das atividades do Programa de Residência Multiprofissional em Promoção à Saúde e Cuidado na Atenção Hospitalar do HU USP, esta proposta será desenvolvida por 4 profissionais: duas terapeutas ocupacionais preceptoras e duas terapeutas ocupacionais residentes. A equipe adotará, para a realização de todas as etapas da proposta, o referencial teórico da Análise Ergonômica do Trabalho (AET) (Abrahão et al, 2010). Para dar continuidade às negociações já iniciadas em julho de 2012, será necessária a realização de uma ou mais reuniões com a enfermeira chefe da UTI Adulto, com o objetivo de pactuar os objetivos das ações a serem desenvolvidas e aprovar o cronograma de trabalho. Posteriormente tal proposta será encaminhada à Comissão de Ética do HU - USP para que, no futuro, os resultados da intervenção possam ser publicados em revistas científicas de forma a subsidiar futuras iniciativas na área e o avanço das políticas públicas em saúde do trabalhador destinadas ao setor. Com a aprovação do Comitê de Ética do HU-USP, na primeira etapa do processo serão agendadas reuniões, no ambiente da UTI Adulto, para apresentação da proposta aos respectivos trabalhadores. Para não prejudicar a
4 3 dinâmica do setor e acessar toda a população alvo, será necessária a realização desta apresentação em todos os turnos de trabalho eistentes. A segunda etapa, que subsidiará em conjunto com as seguintes a identificação e caracterização dos riscos ergonômicos, consistirá no levantamento de dados do setor e respectivos trabalhadores junto ao Departamento de Recursos Humanos do HU USP e a enfermeira chefe. Tais dados referem-se a: número de trabalhadores de enfermagem, idade, seo, formação, gênero, tempo de trabalho na instituição, taa de rotatividade no setor, índice de absenteísmo, número de trabalhadores afastados do trabalho e respectivas razões, número de trabalhadores em restrição laborativa, trabalho prescrito para o enfermeiro, auiliar e técnico de enfermagem, organização do trabalho prescrita e fluo de processos no setor. Paralelamente ao levantamento destas informações, será procurada a Comissão Interna para Prevenção de Acidentes (CIPA) para acesso ao Mapa de Riscos do setor e também o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) para consulta do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) também referente ao setor. A terceira etapa consistirá de dois momentos: 1) no primeiro será aplicada uma entrevista semi-estruturada, com um número de trabalhadores a ser definido, a fim de investigar o processo, organização do trabalho e as demandas desses trabalhadores. Será aplicado também o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares; 2) no segundo, serão realizadas observações abertas das principais tarefas e processos apontados pelos trabalhadores como geradores de dor e sofrimento, de forma a compreender melhor a realidade vivenciada por eles e o desenvolvimento das atividades de trabalho. A partir de todas as informações coletadas, a quarta etapa consistirá da elaboração de um diagnóstico situacional e de propostas de intervenção com a finalidade de produção de melhorias para a UTI Adulto do HU - USP. Em seguida, na quinta etapa, estas informações serão apresentadas e validadas pelos trabalhadores e chefia do respectivo setor. Por fim, a seta e última etapa consistirá na elaboração de um novo cronograma para implantação das estratégias de melhoria pactuadas entre equipe de intervenção, trabalhadores e chefia.
5 4 Os resultados produzidos ao final do processo poderão ser divulgados em eventos destinados aos trabalhadores dos diversos setores eistentes no HU - USP, como a Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (SIPAT) e, caso haja interesse da direção do Hospital e chefias de setor, tal proposta poderá ser desenvolvida com outros trabalhadores inseridos na instituição. 4. CRONOGRAMA Ações 2012 A S O N D 1) Reuniões com a enfermeira chefe para pactuação dos objetivos da ação a ser desenvolvida e aprovação do cronograma de trabalho. 2) Encaminhamento da proposta à Comissão de Ética do HU USP. 3) Reuniões para apresentação da proposta aos respectivos trabalhadores. 4) Levantamento de dados do setor e respectivos trabalhadores junto ao DRH / HU USP e a enfermeira chefe. 5) Acesso a CIPA para verificação de Mapa de Riscos do setor. 6) Acesso ao SESMT para consulta do PPRA do setor. Ações 2013 J F M A M J J 7) Construção de roteiro e aplicação de entrevista semiestruturada. 8) Aplicação de Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares 9) Observações abertas das principais tarefas e processos 10) Elaboração de diagnóstico situacional e de propostas de melhoria 11) Apresentação e validação da proposta de melhoria pelos trabalhadores e chefia do setor 12) Elaboração de um novo cronograma para implantação das melhorias pactuadas. 5. INVESTIMENTO (12 Meses) Material permanente 2 Computadores R$2.500,00 R$5.000,00 1 Filmadora R$3.000,00 R$ 3.000,00 2 mini gravadores digitais R$ 350,00 R$ 700,00
6 5 Total: R$8.700,00 Material de consumo - Papel A4 (5 pcts com 500 folhas) R$18,00 R$90,00 - Cartuchos (10 unidades) R$75,00 R$750,00 -Pastas plásticas (20 unid) R$7,00 R$140,00 - Avental (4 unidades) R$80,00 R$ 320,00 Total: R$ 1.300,00 Total Geral: R$ ,00 6. AVALIAÇÃO Ao final da elaboração do diagnóstico situacional, espera-se que os dados encontrados representem à realidade da problemática e, consequentemente das necessidades dos trabalhadores do setor de enfermagem inseridos na UTI Adulto do HU USP e, portanto, sejam validados pelos mesmos. No ato da validação, é esperado que todos se co-responsabilizem pelo desenvolvimento das ações pactuadas. Já na etapa da intervenção propriamente dita, ou seja, com a implementação das melhorias, os resultados terão sua relevância e impacto avaliados a partir de 5 indicadores: redução do índice de absentismo e de afastamento relacionados a sintomas osteomusculares; redução de queias relacionadas à dor e sobrecarga; melhora da postura adotada pelos trabalhadores ao longo da jornada de trabalho e no desenvolvimento dos procedimentos de enfermagem; maior participação dos trabalhadores na gestão da organização do trabalho; identificação precoce de situações de risco ergonômico. 7. REFERÊNCIAS Abrahão, J et al. Introdução à Ergonomia: da prática a teoria. São Paulo, ed. Blucher, et al, Garanhani, et al. O trabalho da enfermagem em unidade de Terapia intensiva: Significados para técnicos de enfermagem. SMAD- Revista Electrónica Salud Mental, Alcohol y Drogas, v. 4 n.2, p. 1-15, 2008 Martins, AC. Sintomas Osteomusculares Relacionados ao Trabalho de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva. Dissertação apresentada à Escola de Enfermagem da USP, p. Nishide, VM et al. Ocorrência de acidente do trabalho em uma Unidade de Terapia Intensiva. Rev. Latino-Am.Enfermagem vol.12 no.2 Ribeirão Preto Mar./Apr
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