A inserção da medicina de família no SUS
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- Maria Vitória Aquino Cabral
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1 A inserção da medicina de família no SUS Rodrigo Lima Médico de Família e Comunidade Prefeitura do Recife, Pernambuco, Brasil Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade
2 Premissas O Brasil reformulou o seu modelo de sistema de saúde há 25 anos O novo modelo foi elaborado tendo a APS como centro ordenador do sistema (PSF, depois ESF) Os resultados desta mudança são reconhecidos mundialmente, mas o modelo dá sinais de esgotamento Aliar a efetividade de ações populacionais com maior efetividade clinica é um dos desafios
3 Premissas A efetividade clínica depende de profissionais com formação eminentemente clinica, mas que enxerguem a ligação entre os determinantes sociais da saúde-doença e as atividades clínicas O médico de família e comunidade é o profissional médico mais adequado para a atuação na APS
4 Então... As ações de fortalecimento do SUS necessariamente devem priorizar o fortalecimento da APS, especialmente no sentido de aumentar sua resolutividade Entre estas ações, estimular a formação e a fixação de MFCs na rede é essencial
5 Qual o cenário atual?
6 Características do trabalho médico na ESF equipes, cobertura pouco acima de 50% da população Equipes multiprofissionais com território definido (escolha não é livre) População definida: média 3000, máximo 4000 Contratação feita pelos municípios: funcionários, contratos temporários, sem contratos formais Remuneração fixa (não por capitação), valor varia entre os municípios Clínicas organizadas pela gestão municipal
7 Quem são os médicos?
8 Um enigma brasileiro: quem é o médico da APS? Médico de Família e Comunidade Médico de Saúde da Família Médico de Saúde da Família e Comunidade Clínico Geral Médico de Saúde Coletiva Médico de Saúde Pública Médico Geral de Família e Comunidade
9 Atribuições do médico na ESF (PNAB, 2011) Responsável por 3000 pessoas em média (máximo de 4000) Atendimento clínico individual (incluindo pequenas urgências, pequenos procedimentos) Atuação na USF, no domicílio, em escolas e outros espaços Atividades em grupo Encaminhar, quando necessário, o usuário a outros profissionais/serviços para atendimento ambulatorial, hospitalar ou internação domiciliar, mantendo-se responsável pela coordenação do cuidado Contribuir, realizar e participar das atividades de educação permanente de todos os membros da equipe Participar do gerenciamento da UBS
10 Características da MFC (Wonca-Europa, 2002) Ser normalmente o primeiro contato da pessoa com o sistema de saúde, oferecendo acesso aberto e ilimitado Ter uma responsabilidade específica pela saúde da comunidade Lidar com os problemas de saúde em todas as suas dimensões física, psicológica, social, cultural e existencial Promover a saúde e bem-estar através de intervenções tanto apropriadas como efetivas Possuir um processo de tomada de decisão determinado pela prevalência e incidência de doença na comunidade Trabalhar de forma integrada com outros profissionais e gerir a interface entre as outras especialidades, defendendo os interesses das pessoas sob sua responsabilidade Desenvolver uma abordagem centrada na pessoa, orientada para o indivíduo, a família e a comunidade Estabelecer relações com as pessoas ao longo do tempo, prestando cuidados longitudinais
11 É um pássaro? É um avião? Não! É o Superman?
12 Também não! É o MFC!
13 E onde estão os MFC no SUS?
14 MFC nas ESF Estima-se que apenas 10% das ESF tenham MFC São maioria entre os médicos nas ESF: Recém-formados sem residência médica Médicos próximos da aposentadoria Entre as especialidades, a pediatria é a mais presente, com óbvias limitações na atuação
15 Faltam MFC no Brasil?
16 Quantos MFC formamos no Brasil? (MS-DAB/CNRM) Não existem números confiáveis Tendência de crescimento discreto na oferta de vagas Insuficiente para a enorme demanda Vagas residência ESF Vagas/ 1000 ESF , , , , , , , , , , , ,7
17 Vagas disponíveis e egressos em residências em MFC, Brasil, (CNRM) Vagas Egressos % Ocup % % % % % % % % % % % % Dados de egressos não são confiáveis Até 2012 o país nunca havia conseguido ocupar nem 15% das vagas Mesmo o indicador do último ano é ruim
18 Por que? Pouca visibilidade na graduação (desconhecimento, desvalorização) Mercado pouco atrativo (interesses individuais) Formas de contratação e pagamento Não-necessidade de titulação para atuar na ESF Pouca valorização entre os pares Expansão dos programas limitada pela disponibilidade de tutores/professores
19 Há solução para as residências em MFC? Depende de ações estruturantes na política nacional (interferindo no mercado) Mercado induziria adaptações nas universidades Impossível em curto prazo, talvez em médio prazo
20 Existem possibilidades de termos MFC mais rapidamente?
21 Titulação No Brasil é possível reconhecer o especialista através da aprovação em um exame feito pela sociedade da especialidade Vantagens: Velocidade Critério único Avaliação das residências Desvantagens: Não é formação, mas um reconhecimento Dependente de estímulos do governo/ mercado
22 Quantos são os titulados? Titulados Acum O período de maior crescimento foi entre Tendência de desaceleração após
23 Todos os MFC atuam na ESF?
24 Onde atuam os MFC? A maioria em ESF Muitos na gestão federal/estadual/municipal Alguns no setor privado
25 E a corporação médica, como se comporta?
26 A visão da MFC pela corporação médica Promoção da saúde e prevenção de doenças Especialidade dos que não são capazes de escolher outra Pouco efetivos clinicamente Menor remuneração entre as especialidades
27 A corporação médica tende a se comportar de maneira conservadora As entidades médicas nacionais não valorizam a MFC enquanto especialidade médica O confronto direto de políticas públicas com a corporação tende a prejudicar a MFC, que absorve as insatisfações dos demais médicos Embora difícil, é essencial um consenso que permita o desenvolvimento da MFC
28 Conclusões O SUS obteve avanços extraordinários nos últimos 25 anos Os avanços se deram mais em âmbito populacional do que em efetividade clínica Como qualquer modelo, precisa ser revisto para atender aos novos cenários Dificilmente o modelo atingirá boa resolutividade clinica sem investir nos profissionais adequados Soluções como o convite a médicos estrangeiros são bemvindos em curto prazo, mas não funcionam sozinhas
29 Conclusões A categoria médica é das mais difíceis de lidar, pois historicamente acumulou muito poder Este poder tem sido usado de forma mais conservadora do que reformadora, o que muitas vezes tem inviabilizado mudanças necessárias Formar médicos que confrontem este poder pode facilitar a disputa Sem médicos bons e comprometidos, nenhum sistema avança
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