A MOBILIDADE URBANA EM PELOTAS A MOBILIDADE URBANA EM PELOTAS. LEITZKE, Marcos de Oliveira¹; VIEIRA, Sidney Gonçalves² 1.
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1 A MOBILIDADE URBANA EM PELOTAS Autor(es): Apresentador: Orientador: Revisor 1: Revisor 2: Instituição: LEITZKE, Marcos de Oliveira Marcos de Oliveira Leitzke Sidney Gonçalves Vieira Rosa Elena Noal Paulo Quintana Rodrigues ICH - UFPel A MOBILIDADE URBANA EM PELOTAS LEITZKE, Marcos de Oliveira¹; VIEIRA, Sidney Gonçalves² Laboratório de Estudos Urbanos e Regionais - ICH/UFPel ¹Autor do artigo, acadêmico do Curso de Geografia. marcos.leitzke@hotmail.com ²Professor orientador do trabalho de pesquisa. yendis@ufpel.tche.br 1 1. INTRODUÇÃO Quando pensamos no transporte urbano realizado preferencialmente por automóveis, identificamos logo que a falta de uma política de gerenciamento da infra-estrutura viária é causadora de aumento nos tempos de deslocamentos realizados nos percursos urbanos, promovendo um número mais elevado de conflitos entre os usuários das vias, o que leva a somar em prejuízos individuais e coletivos para a população do município. Com o passar do tempo, os veículos foram tomando espaço na vida cotidiana das cidades, tornando-se um meio de transporte indispensável para muitos. Esse é um aspecto preocupante que, somado ao crescimento constante da frota de veículos no Brasil, e por conseguinte nas cidades brasileiras, demonstra a necessidade de políticas públicas para adequar a infraestrutura viária aos moldes necessários atendendo os interesses coletivos da população, e proporcionando uma mobilidade urbana segura e confortável a todas as pessoas. A forma como o homem utiliza o espaço é um tema muito discutido no âmbito da geografia. A interação da sociedade com a natureza é o foco principal de análise da ciência geográfica. Para analisarmos o espaço geográfico, mais especificamente o espaço urbano, podemos verificar duas transformações importantes desse objeto a serem observadas no presente texto: a Revolução Industrial e o êxodo rural. Com o advento da Revolução Industrial a sociedade começou a viver de forma mais concentrada, surgiram novos vilarejos, novas cidades e os já existentes tomaram novas proporções, aumentando assim o tecido urbano existente no espaço terrestre.
2 Durante o século XX, com o êxodo rural, a sociedade brasileira tornou-se uma sociedade tipicamente urbana. Com o inicio do processo de industrialização no Brasil na década de 1940, a população é fortemente atraída para as cidades em busca de melhores condições de vida. Essa fase migratória da sociedade, proporciona um novo estilo social e econômico na população e vai dar ao espaço uma nova configuração. Cada vez mais o espaço urbano tem crescido aumentando também a necessidade de organizar este espaço. É óbvio que quanto menor for o espaço ocupado por determinado número de pessoas maiores serão as probabilidades de conflitos sociais ali presentes. Conforme Louis Wirth (1987, p.104): 2 O necessário movimento freqüente de um grande número de indivíduos num habitat congestionado ocasiona atrito e irritação. As tensões nervosas que derivam dessas frustrações são acentuadas pelo ritmo acelerado e pela complicada tecnologia sob os quais a vida em áreas densas tem de ser vivida. O meio rural nos faz perceber o contraponto dessa realidade vivenciada no cotidiano das grandes cidades. As atividades econômicas ou sociais são mais homogenias no meio rural, ao contrário do meio urbano onde encontramos múltiplas funções e infinitos interesses ocupando um espaço bem menor. Como a grande maioria da população brasileira vive hoje no perímetro urbano, é de grande importância estudarmos esse espaço para uma melhor qualidade de vida de todos nós. 2. MATERIAL E MÉTODOS Para a realização dessa pesquisa foi feito um amplo levantamento sobre o tema com o estudo de fontes primárias encontradas na Secretaria Municipal de Segurança Transportes e Trânsito, do município de Pelotas e Departamento de trânsito do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Da mesma maneira, foi feito um levantamento bibliográfico sobre o tema a fim de caracterizar as conceituações teóricas e metodológicas que tratam do mesmo. Para uma melhor contextualização da problemática existente, foi realizado uma análise descritiva da existente infraestrutura viária no centro da cidade de Pelotas para melhor caracterizar e identificar a forma como acontece a mobilidade urbana da cidade. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O centro da cidade é um lugar de atração de todos os habitantes do município, por menor que este seja. Pessoas que moram nos mais distantes distritos e zona rural, estão ligados ao distrito sede do município ao centro político e administrativo. Nas cidades médias e grandes, onde o tecido urbano possui proporções bem maiores, o espaço urbano é mais dividido classificando os espaços em zonas, bairros, vilas, etc. Sendo todos estes interligados com o centro políticoadministrativo da cidade tendo sempre como espaço de atração o chamado popularmente centro da cidade. Quanto maior for a cidade maior será o poder de atração do centro, portanto mais disputado será este espaço devido ao grande contingente de pessoas que afluem para o tal. No caso de Pelotas, esse fenômeno se torna ainda mais acentuado, pelo fato da cidade ter como sustentáculo principal da sua economia a atividade comercial a
3 qual, concentra-se em grande parte no centro da cidade. Este espaço concentra o maior número de estabelecimentos comerciais do município, atraindo para o seu interior milhares de pessoas. Possui pontos mais densos e outros menos concentrados contudo, recebe pessoas dos mais distintos lugares, inclusive, de países vizinhos. Para o centro, afluem desde trabalhadores que se deslocam dos bairros dos cidade até visitantes de outros municípios, estados e países latinos. Como é notório, o trânsito nas vias centrais do município é composto por veículos locais e veículos externos, indivíduos nativos e visitantes, todos utilizando o mesmo espaço da circulação. Esta é uma situação em que a Secretaria de Articulação com os Estados e Municípios (1982, p.9) descreve em uma de suas publicações: 3 A frota de veículos rodoviários não circula somente entre as cidades e as áreas rurais. Através das rodovias, caminhões, ônibus, carros de passeio (de vários tamanhos, formas, cores e com velocidade e combustíveis diferentes) invadem os meios urbanos... O centro da cidade é a área, ou o ponto, para onde convergem o maior número de pessoas com as mais distintas ocupações e finalidades. Portanto é comum observarmos no traçado urbano, avenidas e ruas que, direcionadas para o centro, tornam-se as vias principais de circulação. O transporte coletivo, seja de ônibus, metrô ou outra modalidade qualquer, através de seus itinerários demonstram perfeitamente que a grande parte dos deslocamentos das pessoas é para o centro da cidade. Sendo assim, o centro torna-se o espaço mais denso no tecido urbano, dificultando a mobilidade das pessoas e veículos no seu interior. Diante dessa problemática queremos enfocar um outro fator considerado importante que diz respeito, a acessibilidade ao centro. O acesso a essa área tornase mais difícil quanto maior for o grau de densidade do espaço. Tratando-se de pedestres verifica-se a grande necessidade de calçadões e faixas destinadas para esse tipo de usuário. Porém, ao obstruirmos uma rua para melhorar a acessibilidade dos pedestres, estamos dificultando a acessibilidade dos automóveis. Este é um fator ainda mais preocupante para os condutores de veículos, pois a acessibilidade dessa categoria à área central, a cada ano fica mais reduzida. Pensar em utilizar um automóvel para fazer um deslocamento rápido e com acesso direto ao local de destino, dispondo de um local ocioso para o estacionamento do mesmo no leito da via, é o desejo de todos os usuários desse tipo de transporte, no entanto, sabe-se que essa é uma situação utópica nas médias e grandes cidades do Brasil. Em Pelotas, percebe-se uma redução gradativa na acessibilidade à área central. Veículos de grande porte, que excedem o comprimento de dez metros, tiveram o acesso cortado em grande parte do espaço central na última gestão municipal, não dispondo mais da oportunidade de abastecer um número considerável de comércios na Zona de Comércio Central de Pelotas. Veículos de menor porte realizam o transporte das mercadorias entretanto, os mesmos também encontram dificuldades de acesso a área central devido à falta de estacionamentos regulamentados para operações de carga e descarga e devido a grande disputa pelo espaço entre os veículos que trafegam na área central. Um exemplo nítido da redução gradativa de acessibilidade ao centro, principalmente no que tange aos meios de transportes motorizados. Outro aspecto relevante é a acessibilidade dos pedestres ao centro da cidade, mais precisamente ao chamado popularmente calçadão, o lugar de maior atração e fluxo de pessoas. Tratando-se dos pedestres, usuários do transporte coletivo, verifica-se uma certa dificuldade de acesso destes aos locais de destinos. Ao
4 transitarem pelas ruas disputam o espaço com os veículos, vendedores ambulantes e demais transeuntes que utilizam o mesmo trajeto. Esta dificuldade de transitar a pé pelas vias, são obstáculos indesejáveis que diminuem a mobilidade urbana e a acessibilidade. Conforme a Associação dos Transportes Públicos ( 1997, p.127) publicou em sua edição: 4 As vias de pedestres têm a função de priorizar e privilegiar a circulação das pessoas a pé na cidade. Constituem parte relevante do sistema de transportes nas áreas com grande movimento de pedestres. [...] - Acomodação do tráfego de pedestres em áreas de grande demanda, nas quais ocorrem conflitos pela coexistência de veículos em circulação e estacionamentos e carga e descarga de mercadoria. 4. CONCLUSÕES A questão da acessibilidade está intimamente relacionada com o tempo gasto pelas pessoas em seus deslocamentos diários. Cada vez mais as pessoas necessitam chegar rapidamente aos seus locais de destino. Com o crescimento físico das cidades esta situação tem se agravado, no sentido de que o local de moradia e de trabalho tem se tornado mais distantes. Nesse sentido, os deslocamentos representam um tempo importante na vida das pessoas, haja vista que é sempre necessário se deslocar de um lugar para outro por inúmeros motivos, tais como trabalho, lazer, educação e outros. Como os deslocamentos ocorrem por motivos distintos no mesmo espaço urbano ocorre que muitas vezes são conflitantes, sendo necessário a utilização de regras de conduta e de estruturas próprias para garantir o perfeito funcionamento da acessibilidade e conseqüentemente da mobilidade urbana como um sistema. 5.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS VILLAÇA, Flavio. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel: FAPESP: Lincoln Institute,1998. WINGO, L. Transportation an urban land. Washington: Recourses for the future, Associação Nacional de Transportes Públicos. Transporte Humano: cidades com qualidade de vida. 2ª Edição GEIPOT. São Paulo, ANTP, Secretaria de Planejamento da Presidência da República, Secretaria de Articulação com os Estados e Municípios. Sistema Viário. Coleção Alternativas Urbanísticas. Rio de Janeiro: SAREM BEAUJEU-GARNIER J. & CHABOT, G. Tratado de geografía urbana. Barcelona: Vicensvives, CASTELLS, M. La questión urbana. 5. ed. Ciudad de México: Siglo Veintiuno, VIEIRA, Sidney Gonçalves. A fragmentação social do espaço urbano. Uma análise da (re) produção do espaço urbano em Pelotas, RS. Dissertação de Mestrado. Porto Alegre: PROPUR/FAUrb/UFRGS, VIEIRA, Sidney Gonçalves, PEREIRA, Óthon Ferreira & DE TONI, Jakcson Silvano. "Evolução urbana de Pelotas: Um estudo metodológico." In: Núcleo de Documentação Histórica da UFPel. História em Revista. N. 1. Pelotas: UFPEL, (21-34 ) VIEIRA, Sidney Gonçalves. "Estado e planejamento urbano no Brasil." In: Instituto de Sociologia e Política. Cadernos do ISP. N o 11. Pelotas: Ed. Da UFPel, dez/1997 (65 78) VIEIRA, Sidney Gonçalves. O Centro Vive: O espetáculo da revalorização do centro de São Paulo: Sobrevivência do Capitalismo e apropriação do espaço. São Paulo,2002. p-
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