UTILIZAÇÃO DE ATIVIDADES PRÁTICAS E COLEÇÕES VEGETAIS NO ENSINO DE MORFOLOGIA VEGETAL
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- Wagner Luca Casado Sá
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1 UTILIZAÇÃO DE ATIVIDADES PRÁTICAS E COLEÇÕES VEGETAIS NO ENSINO DE MORFOLOGIA VEGETAL Paula Helena Pereira², Daniela Macedo de Lima¹*[orientador], Ciro Duarte de Paula Costa², Maurício José Gesser², Victor Miguel Ferreira² 1 Alunos do curso de Engenharia Florestal, Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Câmpus Dois Vizinhos, Paraná. paulahp.minas@hotmail.com 2 UTFPR, Câmpus Dois Vizinhos, Paraná. danielamlima@utfpr.edu.br *Autor para correspondência Resumo: A morfologia vegetal estuda as formas e estruturas das plantas. Diante das atuais grades curriculares dos cursos de formação em Ciências Florestais, é indispensável aos acadêmicos, o conhecimento básico de Morfologia Vegetal. O presente trabalho teve como objetivo verificar a importância da utilização de atividades práticas e de coleções vegetais na disciplina de Morfologia Vegetal e de suas contribuições na formação de alunos do curso de Engenharia Florestal da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Dois Vizinhos (UTFPR-DV). Os órgãos necessários para confecção da coleção foram dois tipos de raízes, dois tipos de caule, dez tipos de folhas diferentes e três tipos de flores. O conhecimento obtido com esta atividade foi avaliado por meio de um questionário de nove questões fechadas, realizado com a 4ª turma de engenharia florestal.o mesmo permitiu um levantamento sobre as dificuldades encontradas, fontes de pesquisa utilizadas, local da coleta, tipo de secagem, importância da atividade e grau de dificuldade. Através da pesquisa evidenciou-se a enorme importância da atividade como um todo para os alunos do curso de Engenharia Florestal. A realização dessa atividade permitiu aos universitários maior interação com os objetos de estudo de Morfologia Vegetal, facilitando o processo de ensino e aprendizagem pela construção e reconstrução de conhecimentos e, capacitando-os a assimilar os conteúdos básicos necessários para a sua formação. Palavras-chave: ensino de Botânica, práticas educacionais, órgãos vegetais Introdução A Morfologia Vegetal estuda as formas e estruturas das plantas. A Morfologia teve suas bases na Philosophia Botânica de Linnaeus. Entretanto, o termo Morfologia foi atribuído a Goethe que tentava comprovar que, apesar da imensa variação morfológica, os órgãos vegetais tinham uma organização essencial, que era comum a um grande número de formas superficialmente distintas (GEMMELL, 1981). Durante muitos anos, a Anatomia Vegetal foi apresentada segundo um prisma morfológico, no qual o estudante simplesmente teria de ser capaz de reconhecer tecidos e conhecer sua distribuição espacial em um caule. Nos últimos anos, a Anatomia Vegetal tornou-se muito mais experimental, recebendo um novo enfoque e tomando novos rumos (GONÇALVES; LORENZI, 2007), já que o ensino somente descritivo não é o suficiente para despertar o interesse dos estudantes e, consequemente, estes consigam assimilar todas as informações, podendo dessa forma até causar uma certa aversão à disciplina e/ou total desinteresse por parte dos alunos. Krasilchick e Trivelato (1995) revelaram que o enfoque tradicional e sistemático com que a Botânica vem sendo tratada, reflete o baixo rendimento dos alunos nesse conteúdo. Esse cenário é mais marcante quando verificamos que os alunos de Ensino Médio, de modo geral, ao menos percebem as plantas como ser vivo e a partir daí, é notório o descontentamento por não entenderem o significado de tantas palavras, conceitos e funções usados (MENEZES, 2009). Diante das atuais grades curriculares dos cursos de formação em Ciências Florestais, é indispensável aos acadêmicos, o conhecimento básico de Morfologia Vegetal. A confecção de uma coleção botânica com órgãos vegetais é uma excelente ferramenta educacional, sendo uma ótima complementação prática das atividades realizadas em sala de aula. 17 e 18 de Outubro de
2 Sendo o reconhecimento de cada órgão vegetal, com suas devidas partes e características, exercício de coleta à campo, pesquisa bibliográfica e introdução ao estudo da botânica, o presente trabalho, teve por objetivo verificar a importância da utilização de atividades práticas e de coleções vegetais na disciplina de Morfologia Vegetal e de suas contribuições na formação de alunos do curso de Engenharia Florestal da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Dois Vizinhos (UTFPR-DV). Material e Métodos O trabalho foi realizado na UTFPR-DV pelos acadêmicos de Engenharia Florestal. Para realização das atividades os acadêmicos contaram com área do Câmpus, Laboratório de Microscopia da UTFPR-DV, estufa de secagem, acervo bibliográfico e apoio técnico de professores. A coleção botânica foi denominada Classificação de órgãos vegetais e sua realização foi dividida nas seguintes etapas: coleta, prensagem, classificação, secagem, montagem e organização da pasta de órgãos vegetais. Os órgãos necessários para confecção da coleção foram dois tipos de raízes, dois tipos de caule, dez tipos de folhas diferentes e três tipos de flores, sendo os materiais coletados em duplicata para facilitar a classificação e também para realização da prensagem. Para a etapa de coleta fez-se a seleção dos órgãos necessários e utilizou-se pá e tesoura de poda para a retirada dos mesmos do ambiente, além de jornais, papelão, prensa de madeira (Figuras 1A a 1E). Após essa etapa, os materiais vegetais in natura foram levados ao Laboratório de Microscopia para que, com o auxílio dos Microscópios estereoscópicos fossem observadas as características com maior precisão, possibilitando a classificação adequada (Figuras 2A a 2C). Para a prensagem, os órgãos vegetais coletados foram distendidos em folhas de jornal para maior absorção da umidade, sendo as folhas de jornal intercaladas com folhas de papelão (Figuras 2D a 2F). Em seguida, os mesmos foram empilhados e comprimidos ao máximo pelas chapas de madeira com cintos para que ficassem bem estendidos. Os materiais prensados foram colocados em estufa para a secagem artificial a aproximadamente 60º C, por 24 a 72 horas, dependendo do tipo de material (Figuras 2G e 2H). Como opção os alunos utilizaram também a secagem natural, realizando a troca diária de jornais úmidos por jornais secos até a secagem completa. As raízes e caules foram classificados quanto ao habitat e tipo; as folhas quanto às partes constituintes, nervação, consistência, superfície, forma do limbo, bordo, ápice, base, número de limbos e filotaxia; e as flores quanto à nomenclatura floral, características de cálice, corola, androceu e gineceu. A etapa de montagem e organização da coleção de órgãos vegetais consistiu da digitação das características necessárias para a classificação em papel sulfite A4, fixação cuidadosa dos órgãos vegetais com fita adesiva e colocação em pasta do tipo arquivo com plásticos A4 (Figura2I a 2L). Para a avaliação do conhecimento obtido por meio da atividade utilizou-se a análise qualitativa, tendo como ferramenta um questionário de nove questões fechadas, realizado com os colegas de turma. Esse permitiu o levantamento dos conhecimentos para outras disciplinas, das dificuldades encontradas, fontes de pesquisa utilizadas, local da coleta, tipo de secagem, grau de dificuldade, referências, dentre outras. 17 e 18 de Outubro de
3 Resultados e Discussão O questionário a respeito da prática realizada na disciplina de Morfologia Vegetal, foi proposto aos 40 alunos do 2 período de Engenharia Florestal, sendo respondido por 29 universitários. Os resultados obtidos por meio das entrevistas são apresentados na Figura 4. Em relação ao tempo médio necessário para a elaboração da atividade de classificação de órgãos vegetais, a maioria dos entrevistados, 62% levou aproximadamente um mês para realizar todas as etapas necessárias à confecção da coleção vegetal, enquanto que 10% levou mais de um mês e 28% somente uma semana. Quanto aos locais de coleta dos materiais vegetais, verificou-se que foram os mais variados, de acordo com a acessibilidade de cada um, sendo que 41% das coletas foi realizada no Câmpus. Para a secagem do material coletado, verificou-se que 59% dos alunos utilizaram a estufa disponível no Câmpus. Quanto à classificação, 90% dos alunos apontaram que a flor foi o órgão de maior dificuldade para a realização da atividade de classificação de órgãos vegetais, devido à diversidade de características e tamanho desse órgão e também à dificuldade para reconhecimento das estruturas ao microscópio estereoscópico. Entretanto, 79% dos alunos, consideraram que em relação a todas as etapas envolvidas para constituição do trabalho teve nível médio de dificuldade. Para a classificação dos órgãos vegetais os livros destacaram-se como a principal fonte de referência utilizada pelos alunos, sendo utilizado por 79% dos alunos, enquanto que a consulta aos professores foi citada por 18% dos entrevistados e a internet por 3%. Todos os alunos (100%) consideraram a realização da atividade prática de classificação de órgãos vegetais como uma importante ferramenta para a construção dos conhecimentos de Morfologia Vegetal e da área de Botânica em geral. Com relação ao aproveitamento dos conhecimentos obtidos com essa atividade prática em outras disciplinas, os alunos consideraram que o mesmo varia entre razoável a alto, sendo que as porcentagens foram de 48%, para ambos. Levando em conta todo o processo, desde a coleta, classificação, prensagem, secagem, montagem, organização da coleção de órgãos vegetais e entrevista, junto a todos os estudantes que executaram a atividade prática, evidenciou-se a enorme importância da atividade para a formação dos alunos do curso de Engenharia Florestal. A realização dela proporcionou aos estudantes a oportunidade de ter o contato direto com os órgãos vegetais e suas características, facilitando o processo de ensino aprendizagem pela vivência e experiência prática em virtude da fixação dos conceitos no decorrer da mesma. Conclusão A realização da atividade de classificação de órgãos vegetais, como recurso didático, permitiu aos universitários maior interação com os objetos de estudo de Morfologia Vegetal, facilitando o processo de ensino e aprendizagem pela construção e reconstrução de conhecimentos e, capacitando-os a assimilar os conteúdos básicos, sendo de grande importância para a formação de um bom profissional na área de Ciências Florestais. Referências GEMMELL, Alan Roberton. Anatomia do Vegetal em desenvolvimento. São Paulo: USP, GONÇALVES, Eduardo Gomes ; LORENZI, Harri. Morfologia Vegetal. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, KRASILCHICK, Myrian; TRIVELATO, Silvia L. F. Biologia para o cidadão do século XXI. São Paulo: FEUSP, 1995, 26 p. 17 e 18 de Outubro de
4 DE MENEZES, Luan Cardoso; SOUZA, Vênia Camelo; NICOMEDES, Mário Pereira; Da SILVA, Natalí Azevedo; QUIRINO, Max Rocha; De OLIVEIRA, Ademir Guilherme; De ANDRADE, Rodrigo Ronelli Duarte; Dos SANTOS, Betânia Araújo Cosme. Iniciativas para Aprendizado de Botânica no Ensino Médio, XI Encontro de Iniciação à Docência, UFPB-PRG, Figura 1. Atividade prática de Classificação de órgãos vegetais. A-E. Seleção e coleta de órgãos vegetais para classificação. 17 e 18 de Outubro de
5 Figura 2. Atividade prática de Classificação de órgãos vegetais. A-C: classificação de órgãos vegetais. D-F: Prensagem, G-H: secagem de órgãos vegetais. I-L: montagem e organização da pasta de Classificação de órgãos vegetais. I. Folha; J. Caule; L. Flor. Figura 3. Análise qualitativa dos resultados obtidos por meio do questionário a respeito da atividade prática de classificação de órgãos vegetais, realizado com os alunos do Curso de Engenharia Florestal. UTFPR, Dois Vizinhos, e 18 de Outubro de
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