Mídia, Política e Poder

Transcrição

1 Mídia, Política e Poder

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3 Material Teórico A política na era da internet Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Regina Tavares de Menezes Revisão Textual: Prof. Ms. Rosemary Toffoli

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5 A política na era da internet A política na era da internet A presente unidade se dispõe a compreender o papel da Internet na comunicação política desempenhada na sociedade contemporânea. A ideia é entender fenômenos como Obama e suas redes sociais nos Estados Unidos. Atenção Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. 5

6 Unidade: A política na era da internet Contextualização A eleição do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em 2008, significou uma revolução no planejamento de uma campanha política. O uso da rede mundial de computadores não era, claro, uma novidade, mas o modo como o candidato valeu-se dos recursos da internet transformou-se em parâmetro para especialistas em marketing político. Por Igor Silveira (25/02/2010) 6

7 A política na era da internet Para Canavilhas, célebre autor interessado nas questões que envolvem Internet e Política, há uma possível crise na relação mantida entre política e mídia tradicional. Para ele, ambos atores (política e mídia) desejam reduzir a dependência mútua há muito cativada nesse casamento. Referimo-nos à dependência mútua, pois a política necessita da mídia para se reportar à sociedade. Já a imprensa precisa das informações geradas pelos políticos para publicar notícias. Contudo, vimos, em unidades anteriores, como a mídia tem, por vezes, manipulado - de forma perigosa - as informações decorrentes do universo da política e do poder. A desconfiança gerada por vários episódios fez com que determinados políticos procurassem alternativas para a divulgação de suas ideias para o público-eleitor. Entre tantas alternativas, a mais comum está a utilização da Internet. Os políticos veem com bons olhos o fato de que no contato direto entre cidadão e político, pelos novos dispositivos online, não há a intervenção da imprensa tradicional. Disponível em: Em recentes campanhas norte-americanas, a internet foi um elemento importante na manobra do candidato Barack Obama, que, na época, criou vários espaços de publicidade online. Só no Facebook, chegou aos 320 mil seguidores e, ainda, arrecadou dinheiro para a sua campanha eleitoral. Muitos políticos se inspiraram em Obama ao redor do mundo. Resta saber se o uso da Internet substitui a forma tradicional de contatar os eleitores ou se deve apenas complementar as ações de campanha? 7

8 Unidade: A política na era da internet Explore Leia o artigo de Canavilhas, A comunicação política na era da Internet, em pag/canavilhas-joao-comunicacao-politica-na-era-da-internet.pdf. Que tal retomar os principais dispositivos tradicionais de interação entre políticos e eleitores, na era pré-internet? Contato físico (congressos, palestras, comícios etc.) Horário eleitoral gratuito radiofônico e/ou televisivo Debates eleitorais radiofônicos e/ou televisivos Material impresso propagandístico ou outros suportes de propaganda (folder, cartaz, outdoor, brinde, folheto etc.) Entrevistas individuais e/ou coletivas para a imprensa impressa, televisiva, radiofônica ou online. Por dispositivo, entendemos qualquer elemento que permite ao político ter contato com os eleitores, seja individualmente ou em grupo. As diferenças entre estes dispositivos verificam-se em seis níveis, segundo o autor Canavilhas: 1. Acesso (acesso direto ou indireto com o eleitor/cidadão) 2. Características (vídeo, áudio, texto...) 3. Dimensão da audiência (quanto mais pessoas têm acesso, melhor) 4. Distribuição (em massa ou individualmente) 5. Tempo de emissão/recepção (quanto tempo leva da produção da mensagem ao acesso direto por parte dos cidadãos) 6. Custos de produção ($) A partir da segunda metade da década de 1990, os partidos encontraram uma nova ferramenta para o processo de comunicação política: a WEB. A seguir, algumas características fundamentais dessa nova fase da política, a era da Internet: Reunião das características dos dispositivos tradicionais da comunicação; Acesso direto ou indireto; 8

9 Tempo real ou não; Contato personificado; Capacidade tendencialmente ilimitada de reunir e distribuir informação; Possibilidade dos cidadãos poderem se comunicar entre si, independente da localização geográfica; Acesso à informação sem qualquer tipo de limitação; Acesso universal com a presença simultânea em qualquer local com uma ligação à rede; Possibilidade de retorno imediato. Para Pensar Logicamente, nem sempre foi assim. No passado, os partidos usavam a internet somente para funções informativas, desconsideravam seu poder de interatividade. Possibilidades de uso da Internet a favor da divulgação política: Blogs e microblogs (A dita blogosfera os blogs reforçam a importância da sociedade civil no sistema político) Redes sociais diversas (Por vezes, as utilizamos ludicamente, apenas para contatar amigos ou pessoas distantes. Os políticos deveriam utilizá-las no contato com a mídia, os cidadãos, os militantes e os simpatizantes do partido) Vídeocast e Podcast (A comunicação política deveria abusar de tais recursos, pois se assemelham às mídias de maior audiência popular: a televisão e o rádio) Trocando Ideias Para que a comunicação política na Internet seja bem sucedida, é preciso ter acesso universal à rede, formação dos cidadãos para uso das ferramentas online, qualidade e diversidade de informações no meio. Agora, eu pergunto: como estão estes aspectos no Brasil, hein?! Vale dizer que os jovens possuem um papel decisivo na comunicação política desempenhada na web. A série de manifestações ocorridas em 2013 no Brasil, apesar da ausência de representação partidária, foi considerada extremamente politizada e teve como adeptos um grande número de jovens. As redes sociais, nesse caso, serviram, entre outras funções, como canal de agendamento e divulgação antes e depois das manifestações. Dicas para os profissionais da comunicação interessados em atuar em campanhas eleitorais virtuais. 9

10 Unidade: A política na era da internet Tratando-se de dispositivos de comunicação virtuais ou não, é importante que as mensagens utilizem linguagem específica e de acordo com o perfil do público almejado; outra variável é ter em conta a dimensão da mensagem, especialmente no caso do texto e, por fim, cabe ressaltar que, apesar do potencial dos novos dispositivos, o seu sucesso dependerá muito da forma como a comunicação política os integra no Mix de comunicação da campanha eleitoral. Ou seja, é preciso integrar a Internet a outras ferramentas da comunicação, inclusive as presentes nos dispositivos tradicionais. É preciso lembrar também da soberania dos dispositivos tradicionais da comunicação política. Ainda falta muito para a web desbancar o poder da TV, do rádio ou do aperto de mão de um político em campanha. 10

11 Material Complementar ARBEX JUNIOR, J. Showrnalismo: A Noticia Como Espetaculo. 4. ed. Sao Paulo: Casa Amarela, CÉSAR, Guilherme. Documentário O espetáculo democrático COHN, G. Comunicacao e Industria Cultural. 2. ed. Sao Paulo: Companhia Editora Nacional, COSTA, Ramilton Marinho, Espelho de narciso A subjetividade, O cenário e o Imaginário dos Anos 80 e a construção da imagem do Caçador de Marajás através da mídia e da publicidade. Tese de doutorado, UFPB. João Pessoa GOMES, Wilson Transformações da política na era da comunicação de massa. São Paulo: Paulus, WEBER, M. H. Comunicacao e Espetaculo da Politica. 2. ed. Porto Alegre: Ufrgs,

12 Unidade: A política na era da internet Referências ALBUQUERQUE, Afonso de. Aqui você vê a verdade na tevê : A propaganda política na televisão. Niterói: MCII (Publicações do Mestrado em Comunicação, Imagem e Informação), BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, CHAIA, V. Analise do Discurso Político: Abordagens. São Paulo: Edusp/Perspectiva, DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Lisboa. Edições Afrodite, s/d GOMES, Wilson da Silva. Duas premissas para a compreensão da política espetáculo, in: NETO, Antônio Fausto e PINTO, Milton José (org) O indivíduo e as mídias: ensaio sobre comunicação, política, arte e sociedade no mundo contemporâneo. Rio de Janeiro. Diadorim, 1996 HABERMAS, Jurgen. Mudança Estrutural da Esfera Pública. Rio de Janeiro. Tempo Brasileiro LIMA, Venício A. de. Televisão e poder: a hipótese do cenário de representação da política; CR-P, Comunicação & Política, Nova Fase, Vol. 1, n. 1, agosto-novembro, 1994a. LIMA, Venício A. de. Cenário de representação da política (CR-P): um conceito e duas hipóteses sobre a relação da mídia com a política. in: Mídia, Téoria e política. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo LIMA, V. A. Mídia Crise Política e Poder no Brasil. São Paulo: Perseu Abramo, RUBIM, Antônio Albino Canellas. Mídia e Política no Brasil. João Pessoa. Editora Universitária/UFBP, THOMPSON, John B. A Mídia e a Modernidade: uma teoria social da mídia. Petrópolis. Vozes,

13 Anotações 13

14 14 Unidade: A política na era da internet

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