TRABALHO DECENTE E JUVENTUDE NO BRASIL. Julho de 2009
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- Irene Custódio Palma
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1 TRABALHO DECENTE E JUVENTUDE NO BRASIL Brasília, Julho de 2009
2 Trabalho Decente e Juventude no Brasil 1. Diagnóstico da situação magnitude do déficit de Trabalho Decente para os jovens relação educação e mercado de trabalho grupos mais afetados 2. Elementos para uma estratégia de promoção do trabalho decente para os jovens 2
3 PERFIL DA JUVENTUDE BRASILEIRA ,1 milhões de jovens de 15 a 24 anos (18% da população total) Distribuição dos Jovens de 15 a 24 anos Brasil 2007 em % do total , ,5 49,5 46,2 52, , Homens Mulheres Brancos Negros Urbano Rural Fonte: Elaboração OIT/PREJAL a partir dos microdados da PNAD/IBGE
4 PERFIL EDUCACIONAL DA JUVENTUDE BRASILEIRA Avanços importantes, com persistência de problemas, desigualdades e desafios: jovens têm maior escolaridade que os adultos e permanecem mais tempo na escola; ainda há uma parcela relevante deles com baixa escolaridade, fora da escola ou com defasagem escolar; Desigualdades expressivas no acesso à educação (renda, regional, raça, urbano/rural); Desafio de elevar ainda mais escolaridade, melhorar qualidade do ensino e outros 4
5 PERFIL EDUCACIONAL DA JUVENTUDE BRASILEIRA 2006 Distribuição de Jovens e Adultos segundo grupos de anos de estudo em % do total Brasil ,0 45,0 40,0 35,0 41,0 34,8 44,2 % do total 30,0 25,0 20,0 22,1 24,0 Jovens Adultos 15,0 10,0 11,9 8,4 12,5 5,0 0,0 0 a 4 5 a 8 9 a ou mais anos de estudo Fonte: Elaboração OIT/PREJAL a partir dos microdados da PNAD/IBGE
6 Escolaridade Jovens e Adultos Número Médio de Anos de Estudo Brasil PNAD/IBGE ,2 6,9 6,8 5,4 20 a 24 anos 25 anos ou mais Fonte: PNAD / IBGE , sem área rural do Norte. 6
7 DESIGUALDADES EDUCACIONAIS JUVENTUDE BRASILEIRA 2006 Distribuição dos Jovens segundo Grupos de Anos de Estudo em % Brasil ,0 50,0 40,0 49,4 39,7 39,6 30,0 29,5 Brancos Negros 20,0 10,0 7,2 16,2 13,3 3,7 0,0 0 a 4 5 a 8 9 a ou mais Fonte: Elaboração OIT/PREJAL a partir dos microdados da PNAD/IBGE
8 DESIGUALDADES EDUCACIONAIS JUVENTUDE BRASILEIRA 2006 Distribuição dos Jovens segundo Grupos de Anos de Estudo em % Brasil ,0 50,0 43,7 48,0 40,0 33,0 30,0 28,7 25,7 Urbano Rural 20,0 10,0 8,6 9,8 0,0 0 a 4 5 a 8 9 a ou mais 1,4 Fonte: Elaboração OIT/PREJAL a partir dos microdados da PNAD/IBGE
9 DESIGUALDADES EDUCACIONAIS JUVENTUDE BRASILEIRA 2006 Média de Anos de Estudo por Quintil de Renda Brasil 2006 Jovens 19 a 24 anos 14 média de anos de estudo ,16 7,24 6,61 7,38 8,72 7,94 8,41 9,72 8,98 11,36 10,62 9,58 10,04 12,13 11,72 Homem Mulher Total 0 1º quintil 2º quintil 3º quintil 4º quintil 5º quintil Fonte: Elaboração OIT/PREJAL a partir dos microdados da PNAD/IBGE
10 TAXA DE PARTICIPAÇÃO (2006) Econômicamente ativos (PEA): 22,2 milhões (63,9%) 15 a 19 anos: 50,4% 20 a 24 anos: 77,5%; Forte tendência de queda na taxa de participação para a faixa dos 15 a 17 anos entre 1992 e 2006 Tendência de aumento da frequência escolar Dados indicam impacto negativo da participação no mundo do trabalho sobre frequência escolar, em especial devido a jornada de trabalho. 10
11 TAXA DE PARTICIPAÇÃO (ATIVIDADE) JUVENTUDE BRASIL em cada 3 jovens participa do mundo do trabalho (1 em cada 2 na faixa de 15 a 19 anos; 3 em cada 4 na faixa de 20 a 24 anos). Taxa de Participação Jovens Brasil 2007 em % da PEA 90,0 80,0 70,0 62,7 69,7 73,6 76,2 77,7 79,1 81,0 63,6 77,5 taxa atividade em % 60,0 50,0 40,0 30,0 26,7 39,7 50,7 50,0 20,0 10,0 0, Idade Fonte: Elaboração OIT/PREJAL a partir dos microdados da PNAD/IBGE
12 PARTICIPAÇÃO e FREQUÊNCIA ESCOLAR Freqüência escolar e jornada de trabalho (jovens): 57,8% com jornada de trabalho de até 20 horas semanais 30,3% com jornada superior a 20 horas semanais Jornada média de trabalho: 38,4 horas semanais; 83,6% dos jovens ocupados (15,3 milhões) tinham jornada de trabalho acima de 20 horas semanais; 31,2% deles (5,7 milhões de jovens) tinham jornada acima daquela legalmente estabelecida pela Constituição (44 horas semanais) 12
13 PARTICIPAÇÃO e FREQUÊNCIA A ESCOLA 2006 Frequência a Escola para Jovens fora da PEA e Ocupados Brasil 2006 em % frequência em % 100,0 90,0 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 92,8 86,9 80,2 81,2 75,3 67,1 63,2 65,4 53,5 45,1 44,0 33,7 38,8 25,9 34,1 28,9 20,8 26,1 22,7 34,8 19,5 16, a 24 idade Fora da PEA Ocupados Fonte: Elaboração OIT/PREJAL a partir dos microdados da PNAD/IBGE
14 TAXA DE DESEMPREGO (2007) Desemprego dos jovens (16,8%) é quase 3 vezes superior ao dos adultos (5,6%) Das mulheres (22%) é superior ao dos homens (13%) e dos negros (17,7%) superior ao dos brancos (15,8%) Maior peso dos determinantes de gênero Das jovens mulheres negras (24%) é o dobro dos jovens homens brancos (12,5%) Jovens mulheres negras metropolitanas: 30,8% (quase 5 vezes superior à média!) 14
15 TAXA DE DESEMPREGO 2007 Desemprego é juvenil, feminino, negro e urbano/metropolitano. Taxa de Desemprego Brasil ,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 24,0 22,9 22,0 20,0 18,8 16,8 17,7 15,8 13,0 12,5 13,3 5,6 0,0 7, ,8 desemprego em % jovens adultos homens jovens mulheres jovens jovens brancos jovens negros jovens homens brancos jovens homens negros jovens mulheres brancas jovens mulheres negras jovens regiões metrolitanas jovens urbanos jovens rural jovens mulheres negras metropolitanas Fonte: Elaboração OIT/PREJAL a partir dos microdados da PNAD/IBGE 2007
16 INFORMALIDADE (2007) Do total de 18 milhões de jovens ocupados no Brasil, cerca de 10,6 milhões estavam em ocupações informais Taxa de Informalidade (Informais/Total de Ocupados em % do total) Brasil 2007 informalidade em % do total de ocupados 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 58,9 50,9 50,7 64,8 68,6 0,0 jovens jovens homens brancos jovens mulheres brancas jovens homens negros jovens mulheres negras Fonte: Elaboração OIT/PREJAL a partir dos microdados da PNAD/IBGE
17 INFORMALIDADE 2007 informalidade em % 90,0 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 Informalidade Segundo Anos de Estudo Jovens Brasil ,4 84,5 84,3 81,2 86,3 77,7 81,7 81,2 71,7 69,2 61,5 43,4 46,7 43,8 36,7 34, anos de estudo ou mais Fonte: Elaboração OIT/PREJAL a partir dos microdados da PNAD/IBGE
18 Déficit de Emprego Formal Juvenil ,3 milhões de jovens afetados pelo déficit de emprego formal: 3,6 milhões de desempregados e 10,6 milhões de informais. Déficit Emprego Formal (em% da PEA) Brasil 2007 déficit emprego formal em % da PEA 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 65,8 63,9 68,3 58,6 72,2 57,1 69,5 60,5 76,1 0,0 Jovens Homens Jovens Mulheres Jovens Jovens Brancos Jovens Negros Jovens Homens Brancos Jovens Homens Negros Jovens Mulheres Brancas Jovens Mulheres Negras Fonte: Elaboração OIT/PREJAL a partir dos microdados da PNAD/IBGE
19 Jovens que não estudam nem trabalham 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 Percentual de Jovens que Não Estudam e Não Trabalham em% Brasil ,8 11,8 26,0 16,3 21,1 10,5 21,9 13,0 29,7 19 jovens homens jovens mulheres jovens jovens brancos jovens negros jovens homens brancos jovens mulheres brancas jovens homens negros jovens mulheres negras percentual não estuda e não trabalha em% Fonte: Elaboração OIT/PREJAL a partir dos microdados da PNAD/IBGE 2007
20 A inatividade juvenil Conjunto heterogêneo de situações: Jovens que deixaram de procurar devido ao desalento, mas que aceitariam trabalhar caso tivessem oportunidade; Jovens que estão em um período de trânsito ou espera entre determinadas situações; Jovens que trabalham em atividades não remuneradas (muitas vezes no âmbito familiar); Jovens que se dedicam às tarefas domésticas (cuidado de filhos, irmãos, parentes idosos 20
21 A inatividade juvenil Forte componente de gênero Alta porcentagem de dedicação às tarefas domésticas Taxa de atividade doméstica : pessoas classificadas como economicamente inativas e que estão dedicadas às tarefas domésticas: mais de 48% das jovens latino-americanas entre 20 e 24 anos (CEPAL, 2002); Relação com a maternidade adolescente e com as altas taxas de fecundidade das jovens pobres 21
22 INSERÇÃO DA JUVENTUDE BRASILEIRA NO MUNDO DO TRABALHO Heterogênea, mas em média bastante precária: elevadas taxas de desemprego e informalidade, baixos níveis de rendimento e de proteção social; Mais precária que nas demais faixas etárias ou que os adultos: taxas de desemprego e informalidade maiores e níveis de rendimento inferiores a dos adultos (em que pese a maior escolaridade); Limitado acesso a empregos de qualidade dificuldade para construir ou iniciar uma trajetória de trabalho decente 22
23 2. ELEMENTOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DO TRABALHO DECENTE PARA A JUVENTUDE Crescimento econômico e qualificação: condições necessárias mas não suficientes Necessidade de conciliar: crescimento econômico promotor do trabalho decente com políticas econômicas e sociais políticas micro e mesoeconômicas para a geração de emprego de qualidade; ações do lado da oferta e da demanda do mercado de trabalho 23
24 ELEMENTOS PARA UMA ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DO TRABALHO DECENTE PARA A JUVENTUDE Visão de que o problema da inserção precária da juventude no mercado de trabalho decorre da falta de qualificação dos jovens de atitudes inadequadas (alta rotatividade) transfere a responsabilidade do problema da sociedade como um todo para os jovens em situação de exclusão social 24
25 Estratégia de Promoção do Trabalho Decente para a Juventude: políticas mesoeconômicas Objetivo: aumentar a competitividade sistêmica da economia e melhorar o clima para o investimento: estímulo ao desenvolvimento da infra-estrutura produtiva e de arranjos produtivos locais aperfeiçoamentos do sistema financeiro voltado aos investimentos produtivos, em especial aos micro e pequenos empreendedores jovens estímulo ao fortalecimento do setor de serviços, pelo seu caráter intensivo em mão-de-obra e por ser o setor que mais emprega jovens desenvolvimento de um entorno favorável à criação de mais e melhores empresas, inclusive para empreendedores juvenis. 25
26 Estratégia de Promoção do Trabalho Decente para a Juventude aperfeiçoamento do Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda: um olhar para os jovens apoio ao fortalecimento das micro e pequenas empresas papel relevante na geração de empregos para jovens necessidade de melhorar a qualidade dos postos de trabalho nas mesmas apoio ao fortalecimento dos micro e pequenos empreendedores jovens, inclusive os do setor informal (facilitar a transição para a formalidade) 26
27 Estratégias de Promoção do Trabalho Decente para a Juventude: Educação Manter e fortalecer as políticas de resgate educacional prevenir trajetórias educacionais irregulares combater às desigualdades educacionais e promover a qualidade da educação como um todo elevar a escolaridade e ampliar o acesso ao ensino superior ampliar a oferta de educação profissional em sintonia com a demanda local e como mecanismo de fortalecimento dos arranjos produtivos locais; buscar uma melhor articulação entre o sistema educacional e o mundo produtivo. 27
28 Estratégias de Promoção do Trabalho Decente para a Juventude: Proteção social Necessidade de uma atenção especial à juventude como parte de uma política integrada de combate à informalidade Maior incidência do emprego informal e precário entre os jovens, principalmente entre os negros Uma contínua e precária inserção do jovem no setor informal, no começo de sua carreira profissional, tende a gerar prejuízos e pode comprometer toda a sua trajetória profissional O aumento da formalidade e da contribuição a previdência entre os jovens é um fator importante para garantir maior sustentabilidade a médio e longo prazo dos sistemas de seguridade social. 28
29 Estratégias de Promoção do Trabalho Decente para a Juventude Respeito aos direitos no trabalho Erradicar o trabalho infantil combate à todas as formas de discriminação Promover a igualdade de gênero e raça combate ao trabalho forçado e ao tráfico de pessoas fortalecer o tripartismo e o diálogo social fomentar a negociação coletiva 29
30 Estratégias de Promoção do Trabalho Decente para a Juventude Vincular as políticas de promoção do trabalho decente para os/as jovens às políticas de saúde reprodutiva A maternidade adolescente ou precoce é um forte obstáculo à inserção das jovens no mercado de trabalho em igualdade de condições com os jovens Apoio à entrada e/ou permanência no sistema educacional e no mercado de trabalho às jovens grávidas ou que já são mães : licença maternidade, acesso a creches, etc. 30
31 Políticas para ampliar as oportunidades de emprego dos/as jovens com resposabilidades familiares Percepção generalizada de que a mulher é a principal responsável pelas tarefas domésticas e a família e que isso impede que ela se dedique plenamente ao trabalho reumerado desigual distribuição das tarefas domésticas, aliada à falta de apoio ao cuidado infantil, constituem fortes barrreiras para a incorporação das mulheres jovens ao mercado de trabalho, especialmente entre os mais pobres 31
32 Políticas para ampliar as oportunidades de emprego dos/as jovens com resposabilidades familiares Importância das políticas de conciliação entre o trabalho e a vida familiar para os/as jovens Área de particular relevância para a igualdade de oportunidades das jovens, que estão em plena etapa reprodutiva Não devem ser pensadas como um problema das mulheres e das mães trabalhadoras em particular, mas sim como algo que diz respeito aos trabalhadores de ambos sexos 32
33 Estratégias de Promoção do Trabalho Decente para a Juventude Estimular o debate sobre o tema na sociedade Ampliar a base de conhecimentos Estimular a participação dos e das jovens na formulação, implementação e gestão das políticas de juventude. 33
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