IGUALDADE DE GÊNERO E RAÇA NA AGENDA DO TRABALHO DECENTE. Laís Abramo Diretora do Escritório da OIT no Brasil Outubro 2011

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1 IGUALDADE DE GÊNERO E RAÇA NA AGENDA DO TRABALHO DECENTE Laís Abramo Diretora do Escritório da OIT no Brasil Outubro 2011

2 O conceito de TRABALHO DECENTE Formalizado pela OIT em 1999 Sintetiza sua missão histórica de: Promover oportunidades para que homens e mulheres possam conseguir um trabalho produtivo e de qualidade em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humana 3

3 Ponto de convergência de 4 objetivos estratégicos A geração de mais e melhores EMPREGOS A promoção dos DIREITOS no trabalho TRABALHO DECENTE Ponto de convergência de 4 objetivos estratégicos A extensão da PROTEÇÃO SOCIAL O fortalecimento do DIÁLOGO SOCIAL EQUIDADE: eixo transversal

4 Trata-se, portanto, de um conceito multidimensional Dimensão quantitativa: oportunidades de empregos para homens e mulheres Dimensão qualitativa: salários, condições de trabalho, saúde e segurança, direitos, proteção social, oportunidades de crescimento profissional Noção correlata: trabalho inaceitável (a ser abolido) trabalho infantil, trabalho escravo ou forçado, trabalho degradante, tráfico de pessoas 6

5 Contexto Internacional (anos 80/90) baixas taxas de crescimento econômico aumento do desemprego e do emprego informal e precário debilitamento da organização sindical e dos processos de negociação coletiva persistência e expansão de formas degradantes e inaceitáveis de trabalho Além disso, predominava uma visão de que seria quase impossível que voltassem a crescer e a predominar em nossas sociedades as formas estáveis e protegidas de trabalho 9

6 A Agenda do Trabalho Decente A Agenda Global do Trabalho Decente foi proposta como uma resposta a essa situação Uma estratégia de ação frente à crise mundial de emprego Seu objetivo fundamental: afirmar o direito ao trabalho e a sua importância central nas estratégias de redução da pobreza e da desigualdade social crescimento e desenvolvimento ampliação da cidadania fortalecimento da governabilidade democrática 11

7 A Crise Mundial de Emprego Anterior à crise financeira internacional de 2008 e uma das suas causas (desvalorização do trabalho e supervalorização do mercado financeiro) 195 milhões de desempregados (2007) a metade de todos os ocupados (cerca de 1,4 bilhão de pessoas) vivia com menos de US$ 2 por dia (situação de pobreza) 20% deles vivia com menos de US$ 1 por dia (situação de extrema pobreza) Grande obstáculo para a redução da pobreza, e portanto para o cumprimento dos ODMs Ameaça à credibilidade das democracias no mundo 12

8 A Agenda detrabalho Decente e a igualdade de gênero e raça

9 Alguns pontos de partida As desigualdades de gênero e raça são eixos estruturantes dos padrões da pobreza e da desigualdade social no Brasil Não são uma problema de minorias, mas sim da grande maioria da sociedade e do mercdo de trabalho no Brasil: mulheres e negros correspondem a 72% da PEA Por isso, é fundamental incluir uma dimensão de gênero e raça nas políticas de combate à pobreza e à exclusão social e de promoção do trabalho decente

10 Trabalho decente e equidade de gênero e raça A noção de equidade está no centro da definição do trabalho decente e de sua Agenda (transversalidade) Sem avanços efetivos na promoção da equidade de gênero e raça será impossível reduzir significativamente o deficit de Trabalho Decente em qualquer de suas 4 dimensões básicas (direitos, emprego, proteção social e diálogo social) Avançar na superação de cada um desses deficits pressupõe avançar também e ao mesmo tempo - na superação dessas desigualdades

11 O compromisso do Brasil com a Agenda do Trabalho Decente

12 Agenda Nacional do Trabalho Decente Compromisso assumido entre o presidente Lula e o Diretor Geral da OIT em junho de 2003 Lançada em maio de 2006 durante XVI RRA com o objetivo de: gerar trabalho decente para combater a pobreza e as desigualdades sociais Prioridades: 1. Gerar Mais e Melhores Empregos, com Igualdade de Oportunidades e de Tratamento 2. Erradicar o Trabalho Escravo e o Trabalho Infantil, em especial nas suas piores formas 3. Fortalecer os Atores Tripartites e o Diálogo Social como um instrumento de governabilidade democrática

13 Agendas estaduais e municipais de trabalho decente Ineditismo e importância da experiência brasileira de desenvolvimento de Agendas Sub-Nacionais de Trabalho Decente Agenda Bahia de Trabalho Decente (2007) Agenda Mato Grosso pelo Trabalho Decente (2009) Agenda Regional de Trabalho Decente da Região do Grande ABC paulista (2010) (7 municípios) Agenda do Trabalho Decente de Curitiba (2011) Novas agendas surgem no processo da I CNETD Minas Gerais: decisão aprovada na CEETD-MG (6/10/2011) 25

14 A pertinência da ATD frente à crise de 2008 Proteger o emprego, a renda e os direitos no trabalho: Políticas anti-cíclicas: investimentos produtivos em setores geradores de emprego Manutenção da demanda agregada Fortalecimento dos sistemas de proteção social (programas sociais e seguro desemprego) Salário mínimo Politicas ativas de mercado de trabalho Geração de empregos verdes Diálogo social: o Pacto Mundial pelo Emprego (2009) Atualidade deste tema no contexto atual (2011) 27

15 Plano Nacional de Emprego e Trabalho Decente Comitê Executivo Interministerial (CEI) (junho de 2009) formado por 18 Ministérios/Secretarias Plano Nacional de Emprego e Trabalho Decente: Lançado em maio de 2010 Dentro das 3 prioridades da ANTD, estabelece 12 resultados esperados com metas e indicadores (2011 e 2015) DESAFIO: Garantir que o emprego seja tratado como elemento central das políticas públicas

16 A igualdade de gênero e raça no PNETD Resultado esperado (parte da Prioridade 1): Aumento da igualdade de oportunidades e de tratamento no mundo do trabalho, em consonância com as convenções 100 e 111 da OIT ratificadas pelo Brasil Metas: aumento das taxas de participação e nível de ocupação de mulheres e negros diminuição das desigualdades de rendimentos ratificação da Convenção nº 156 a OIT aumento das adesões ao Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça equiparação dos direitos das trabalhadoras domésticas 29

17 Agenda Nacional de Trabalho Decente para a Juventude (2010) Subcomitê de Juventude (no âmbito da CEI) e Grupo Técnico Tripartite 4 prioridades: 1. Mais e melhor educação 2. Conciliação estudos, trabalho e vida familiar 3. Inserção digna e ativa no mundo do trabalho 4. Diálogo Social: juventude, trabalho e educação 30

18 Indicadores de Trabalho Decente: Avanços e desafios

19 Indicadores de trabalho decente e igualdade de gênero e raça: avanços ( ) 1. Diminuição da pobreza e da desigualdade social 2. Diminuição do desemprego 12,3% para 6,2% entre Aumento do emprego formal 48,4% para 54,3% 15,4 milhões de novos empregos formais ( ) 4. Ampliação da cobertura da proteção social: 46,3% para 54,1% (+ 17%) 5. Aumento da proteção social em relação à população idosa (85,7% das pessoas com mais de 65 anos recebem aposentadoria ou pensão) 6. Política de valorização do salário mínimo (67,4%) 7. Recuperação dos rendimentos do trabalho (25%)

20 Queda significativa do desemprego Fonte: PME/IBGE.

21 Evolução da taxa de formalidade no Brasil, ,0 49,0 48,0 49,5 48,1 49,6 47,0 46,0 45,0 44,0 46,4 45,7 45,5 46,0 45,5 44,8 43,9 45,2 44,5 45,7 46,3 46,9 43, Fonte: IBGE/PNAD.

22 Aumento no número de trabalhadores que contribuem à previdência Fonte: PNAD/IBGE.

23 volução do salário mínimo real, R$ Valores em R$ de janeiro de Fonte: DIEESE.

24 Indicadores de trabalho decente: desafios Persistência de desigualdades de gênero e raça (taxas de desemprego, informalidade, remuneração) Alta porcentagem de informalidade: Total: 45,7% Homens: 43,0% Mulheres: 49,3% Brancos: 38,1% Negros: 53,2% Mulheres negras: 57,5% Altas taxas de rotatividade no emprego (44%) 38

25 Desafios: trabalho decente para os/as jovens (15 a 24 anos) Desemprego juvenil é muito superior à taxa média de desemprego, especialmente para as mulheres Alta porcentagem de jovens que não estudam e não estão no mercado de trabalho: Total: 18,4% Homens: 12,1% Mulheres: 24,8% Mulheres negras: 28,0% Alguns estados: Pernambuco: 36,7% Rio Grande do Norte: 36% Alagoas: 34,9% Pará: 33,7% 39

26 Indicadores de trabalho decente: desafios Trabalhadoras domésticas: salário médio: inferior ao mínimo alta incidência de trabalho infantil Carteira de trabalho assinada: Brasil 32,3% UF Porcentagens Santa Catarina 50,0 São Paulo 45,1 Rio Grande do Sul 44,2 Distrito Federal 42,5 Ceará 9,5 Amazonas 8,2 Maranhão 7,0

27 A I Conferência de Emprego e Trabalho Decente

28 I Conferência Nacional de Emprego e Trabalho Decente É a primeira no âmbito do emprego e trabalho (abordagem geral e integrada) Peculiaridade: tripartismo (CON, COEs e delegações) RI estabelece que, para ser coerente com o o enfoque da igualdade de gênero, raça, etnia e juventude na ANTD, devem ser realizados esforços para incentivar a participação desses segmentos sociais na composição das delegações nas conferências (no mínimo 30% de mulheres nas delegações)

29 Objetivos da I CNETD Rever e atualizar o PNETD: PPA novas prioridades nacionais como a erradicação da extrema pobreza Definir diretrizes para uma Política Nacional de Emprego e Trabalho Decente como política de Estado monitorada por um amplo processo de consulta tripartite Como garantir a adequada priorização do tema? 44

30 SIGNIFICADO da CNETD Mudança de escala no compromisso do país com a promoção do trabalho decente Mais amplo exercício de diálogo social já ocorrido no país (fortalecimento do tripartismo) Oportunidade ímpar de incorporar à agenda do trabalho decente a diversidade de temas e situações que caracterizam o país Possibilidade de surgimento de outras agendas estaduais e municipais de trabalho decente Experiência única no mundo - referência para outros países e para a cooperação Sul-Sul 48

31 Muito Obrigada! Escritório da OIT no Brasil: 50