Desafios do desenvolvimento da cadeia de valor das matérias-primas para melhorar a competitividade dos produtos agrícolas em África
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- Lídia Lobo Benevides
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1 UNIÃO AFRICANA Desafios do desenvolvimento da cadeia de valor das matérias-primas para melhorar a competitividade dos produtos agrícolas em África Documento de Referência Preparado para a 2ª Conferência do CTE sobre Agricultura, Desenvolvimento Rural, Água e Ambiente 2-6 de Outubro de 217 Adis Abeba, Etiópia Pag. 1 de 1
2 1.: Introdução A Declaração de Arusha de 25 sobre as matérias-primas Africanas enuncia claramente que o desenvolvimento do sector das matérias-primas é um pré-requisito para se alcançar os objectivos de desenvolvimento. A declaração realça os papéis significativos que a produção e o comércio de matérias-primas desempenham na geração de receitas e de emprego, na criação da riqueza e a sua contribuição directa para as receitas das exportações. Tendo em conta que a economia da maior parte dos países Africanos é dependente das matérias-primas, torna-se impossível acelerar a melhoria dos meios de subsistência e o desenvolvimento económico, eliminar a pobreza e a fome e atingir o desenvolvimento sustentável sem o desenvolvimento da cadeia de valor das matérias-primas. A economia Africana é essencialmente agrária. Esta vantagem comparativa apresenta uma grande oportunidade para impulsionar a vantagem competitiva de África na produção e comércio de matérias-primas agrícolas. Os compromissos de Malabo de 214, que definiram o futuro imediato das economias Africanas em torno da agricultura também articulam os papéis fundamentais do desenvolvimento das cadeias de valor das matérias-primas agrícolas como instrumento para triplicar o comércio intra-africano. Provas emergentes mostram que deficientes cadeias de valor de matérias-primas associadas a uma série de constrangimentos relacionados com infra-estruturas e políticas estão a travar as capacidades dos países Africanos no sentido de impulsionarem a competitividade das matériasprimas. O desenvolvimento das cadeias de valor das matérias-primas, que é o produto da análise da cadeia de valor, ajuda a situar o sistema de mercado de matérias-primas em termos da melhoria da sua competitividade, eficiência e fiabilidade. A análise envolve a identificação dos intervenientes e actividades que aumentam os custos de transação em toda a cadeia e limitam a eficiência. No quadro da sua acção de apoio na promoção de cadeias de valor de matérias-primas agrícolas estratégicas na zona semi-árida, o SAFGRAD-UA encomendou dois estudos - o da região da IGAD (214) e o da zona Saelo-saariana (215) - para identificar os desafios ligados ao desenvolvimento das cadeias de valor visando melhorar a sua competitividade. Enquanto o estudo da IGAD focou nas cadeias de valor do sésamo e do sorgo utilizando dados administrativos, o estudo da zona sahelo-saariana investigou as cadeias de valor do milho e do sorgo utilizando dados de inquéritos no terreno gerados a partir dos principais agentes que intervêm na cadeia de valor das matérias-primas.. Pag. 2 de 1
3 A avaliação das actividades dos principais intervenientes através da utilização da análise FOFA (SWOT) revela os resultados específicos dos países, que são fundamentais para iniciar o desenvolvimento de cadeias de valor através da redução de custos de transação e da produção de produtos competitivos. As actividades de produção, comercialização (a grosso e a retalho) e de transformação foram analisadas com referência à sua competitividade e eficiência. 2.: Principais conclusões A. Gerais: O estudo encontra muitas semelhanças na estrutura, comportamento e desempenho das actividades da cadeia de matérias-primas nos países e nas zonas. Especificamente: 1. Os agentes da cadeia incluem fornecedores de meios de produção, agricultores, colectores, grossistas, exportadores, transformadores (empresas de moagem) e retalhistas. 2. A produção de cereais foi feita principalmente nas explorações agrícolas de sequeiro; as explorações cultivadas são pequenas (< 2 ha/família) e dispersas, com pouca ou nenhuma utilização de factores de produção comprados. Em grande parte, a produção do sorgo e do sésamo foi considerada para satisfazer as necessidades das famílias (67% e 74% da produção total consumida pelas famílias das zonas da IGAD e Saelo-saariana respectivamente). 3. Baixos níveis de rendimento de sorgo e sésamo por hectare e perto da média da ASS (72kg). Contudo, os níveis de rendimento do milho no Burkina Faso (1,79tons) e no Mali (1,9tons) foram mais elevados que a média da ASS (1,14tons). B. Vantagens do crescimento das cadeias de valor de matérias-primas: 1. Condições climáticas favoráveis; 2. Grandes oportunidades para aumentar o rendimento através da intensificação da produção; disponibilidade de apoio técnico e institucional; 3. Grupo maciço de famílias agrícolas envolvidas na produção e adição de valor; 4. Oportunidades de adição de valor considerando a vasta gama de variedades de preparação e aplicação; 5. Grandes oportunidades de mercado (procura por parte das famílias e a nível industrial) na região. Pag. 3 de 1
4 1 Produção (toneladas) Somália Somalia Eritreia Eritrea Ethiopia Etiopia Sudan Sudão Quenia Kenya Uganda Sorgo Fig.1: Produção de sorgo em países seleccionados na região IGAD (213) Produção (toneladas) Somalia Somália Ethiopia Etiopia Sudan Sudão Quenia Kenya Uganda Sésamo Fig. 2: Produção de sésamo em países seleccionados da região IGAD (213) Fonte: dados brutos FAOSTAT (213) Pag. 4 de 1
5 Produção de sorgo (Kg) Rendimento do sorgo (kg/ha) Produção de milho (kg) Rendimento do milho ()kg/ha) Burkina faso Chade Mali Fig3: Produção e rendimento do milho em países seleccionados na zona. Produção de Milho (kg) Rendimento de Milho (kg/ha) Burkina faso Chade Mali Niger Sudão Sudan Fig4: Produção e rendimento de sorgo nos países seleccionados Produção de Sorgo Rendimento de Sorgo (kg/ha) Pag. 5 de 1
6 C. Fontes de ineficiências nas cadeias de valor de matérias-primas: A nível nacional 1. Falta de padronização, 2. Fraca qualidade das colheitas, 3. Ausência de serviços de apoio ao mercado, 4. Deficientes infra-estruturas rodoviárias, e 5. Práticas desonestas da parte dos agentes das autoridades públicas de comercialização. Entre os países 6. Barreiras não-tarifárias provocadas por documentação excessiva, e 7. Atrasos resultantes dos excessos dos agentes nas fronteiras terrestres (fitossanitários e de certificação), e 8. Custos elevados de transporte. D. Áreas prioritárias de intervenção para o desenvolvimento da cadeia O estudo identifica as principais áreas prioritárias de intervenção para acelerar o desenvolvimento da cadeia nos países. As áreas prioritárias sugerem os tópicos específicos que irão acelerar o desenvolvimento das cadeias de valor aos níveis nacional e regional. As figuras 5 e 6 mostram as áreas mais importantes de intervenção específicas dos países (produção agrícola, comercialização e transformação). A altura de cada coluna significa a sua relativa importância na aceleração do desenvolvimento da cadeia nos respectivos países. Por exemplo, para além de incentivar actividades de transformação, o desenvolvimento de infraestruturas de mercado e outras medidas de redução dos custos de comercialização contribuirão para reduzir os custos de transação do sorgo e apresentar produtos competitivos. E. Resumo dos desafios do desenvolvimento a partir das actividades dos agentes da cadeia O Quadro 1 é um resumo dos principais desafios do desenvolvimento das cadeias de valor identificados a partir do estudo. Ao nível do agricultor, os constrangimentos recorrentes são a falta de acesso a sementes melhoradas e fertilizantes químicos. Ao nível da recolha e da venda a grosso, os elevados custos de transporte e a falta de acesso a boas estruturas de armazenamento (que resultam em elevadas perdas de qualidade e quantidade) bem como a volatilidade foram consideradas como causas significativas dos elevados custos de transação. Pag. 6 de 1
7 Percentagem As actividades de processamento, especialmente ao nível industrial, foram em grande parte afectadas pelos elevados custos do processamento, a instabilidade dos preços resultantes do irregular abastecimento de cereais e a feroz concorrência com os produtos importados acabados e mais baratos Burkina faso Chade Mali Niger Sudan Sudão Fig 5: Áreas prioritárias de intervenção para o desenvolvimento da cadeia de valor do sorgo Produção Agrícola Comercialização Processamento Pag. 7 de 1
8 Percentagem Burkina faso Chade Mali Fig 6: Áreas prioritárias de intervenção para o desenvolvimento da cadeia de valor do milho Produção Agrícola Comercialização Processamento Pag. 8 de 1
9 Quadro 1: Resumo dos desafios do desenvolvimento a partir das actividades dos agentes da cadeia Actividade da cadeia Produção Colheita Venda a grosso Processamento Retalho Desafios Falta de acesso (disponibilidade e viabilidade dos preços) a sementes melhoradas e fertilizantes; irregularidade das chuvas Falta de medida-padrão, fraca qualidade dos produtos, ausência de estruturas de armazenamento e acesso ao crédito, elevados custos de transporte Estruturas de armazenamento e acesso ao crédito, falta de medida-padrão, fraca qualidade dos produtos, ausência de estruturas de armazenamento e acesso ao crédito Grande variabilidade na qualidade e preço oferecidos, elevados custos de energia, custo elevado da reparação e manutenção das instalações, disponibilidade de produtos importados baratos. Fonte: Estudo UA-SAFGRAD (216) 3.: Recomendações Grande variabilidade de qualidade e de preços e acesso ao crédito São apresentadas as seguintes recomendações com base nas conclusões dos estudos: Os Estados-membros (EM) devem: 1. Promover políticas anti-dumping para incentivar e proteger os investimentos em toda a cadeia de valor; 2. Incentivar regimes de apoio às empresas para atrair investidores; 3. Abrir e desenvolver estradas secundárias e infra-estruturas de mercado; 4. Facilitar o acesso a meios de produção e equipamento a preços razoáveis; e 5. Promover o desenvolvimento de informação sobre mercados funcionais e estruturados. Aos níveis regional e continental 6. As CERs devem facilitar a regularização das normas comerciais; 7. As CERs devem dar prioridade às matérias-primas estratégicas regionais sobre as quais devem concentrar esforços de desenvolvimento das cadeias de valor para melhorar as vantagens competitivas regionais; 8. As CERs, em colaboração com a CUA, devem harmonizar as certificações, documentos e licenças dos postos fronteiriços para facilitar o comércio intra-africano de matérias-primas; e Pag. 9 de 1
10 9. As CERs, em colaboração com a CUA, devem organizar comités regionais de matérias-primas estratégicas (CRME). O Comité traçará o roteiro para o desenvolvimento de cadeias de valor que são consideradas fundamentais para garantir a segurança alimentar e impulsionar o comércio intra-africano. Pag. 1 de 1
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