Anais 5º Simpósio de Gestão Ambiental e Biodiversidade (21 a 23 de junho 2016)

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1 AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL MUNICÍPIO DE SEROPÉDICA/RJ Allan Guilherme Rodrigues de Souza 1* ; Sérgio Ricardo de Freitas Júnior 1 ; Letícia Santos 2 ( 1 Faculdade de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro, Rua Sebastião de Lacerda, s/n Bairro da Fábrica, Paracambi RJ, , *<allanguilhermevacani@hotmail.com>; 2 Faculdade Católica do Tocantins, Avenida Teotônio Segurado LT 01 Bairro Centro (QD 1402 Sul) Cep.: Palmas/TO) RESUMO Este artigo deriva das ações do projeto de pesquisa verticalizando, que tem como objetivo transmitir e analisar os conhecimentos, sobre o meio ambiente de crianças do ensino fundamental em Seropédica/RJ, através da criação de hortas verticais e práticas sustentáveis. Utilizando a metodologia de pesquisa ação educacional, segundo o ciclo de pesquisa-ação de Lewin. No qual se inicia à ação (Hortas verticais e práticas sustentáveis), e após avalia os efeitos dessa ação, dando ênfase às relações: solo-planta-água-atmosfera. O projeto exerce um papel importante, visto que, quanto mais cedo as crianças forem inseridas nas questões ambientais, as mesmas interagiram e serão mais críticas com as questões ambientais. Palavras-chave: Educação Ambiental. Hortas Verticais. Meio Ambiente. Ensino Fundamental. INTRODUÇÃO A questão ambiental está sendo palco das diversas discussões mundiais, desde a década de 70, fruto das ações do homem na natureza. A educação ambiental se insere nesse contexto como uma das principais ferramentas para minimizar os impactos causados pelos seres humanos. "Vivemos em tempos de crise, a turbulência, entropias, necrose e desastres, em campos da matéria, vida e Humanidade. Estamos em um mundo marcado por incertidumbe. Nós vivemos a crise de um sistema. Neoliberais insistem em implementar políticas que devastaram a natureza empobrecida e os habitantes da terra. O resultado é suicídio. Especialistas em meio ambiente, biosfera e Ecossistemas, hum estão silêncio dramática entre os responsáveis pela preservação do planeta ". (Casanova apud Hevia 2006, tradução nossa). Diante desse cenário dar-se-á necessidade de um modelo/ferramenta que integre educação e meio ambiente, de forma a manter o progresso do ser humano enquanto ser dependente e explorador da natureza e a manutenção da sadia qualidade do planeta: a Educação Ambiental. Quanto à Educação Ambiental: A educação ambiental deve se pautar por uma abordagem sistêmica, capaz de integrar os múltiplos aspectos da problemática ambiental contemporânea. Essa abordagem deve reconhecer o conjunto das inter-relações e as múltiplas determinações dinâmicas entre os âmbitos naturais, culturais, históricos, sociais, econômicos e políticos. Mais até que uma abordagem sistêmica, a educação ambiental exige a perspectiva da complexidade, que implica em que no mundo interagem diferentes níveis da realidade (objetiva, física, abstrata, cultural, afetiva...) e se constroem diferentes olhares 364

2 decorrentes das diferentes culturas e trajetórias individuais e coletivas. (ProNEA 2005). Os últimos 40 anos da história ambiental foram pródigos quanto à realização de atividades que tivessem como foco a mitigação dos impactos ambientais. A EA como uma ferramenta importantíssima de gestão ambiental tem como princípios construir as sociedades de forma mais sustentável. A Educação Ambiental não deve ser vista somente nos espaços formais de ensino. Ela deve ocorrer em todos os espaços, sejam eles formais e não formais de ensino, tendo os nãos formais com maior ênfase, pois são neles que ocorrem as principais ações lesivas ao meio ambiente. Entretanto a escola desempenha um papel importantíssimo na conscientização ambiental. A escola tem importância na formação de uma consciência crítica do indivíduo, de uma consciência ambiental, portanto deve trabalhar de forma que desenvolva o cognitivo e o afetivo juntos, para que provoque na criança um sentimento em relação ao meio, para que ele sinta-se tocado. (Martins 2009). Segundo Andrade (2000), a implementação da educação ambiental nas escolas tem sido um grande desafio, atribuído à existência de complexidades na implantação de atividades de sensibilização e formação, e elaboração de projetos. Não obstante, os projetos implementados tem resultados significativos no processo de conscientização ambiental, sendo estes, em números expressivos, projetos de hortas. Morgado (2006), diz que a horta inserida no ambiente escolar pode funcionar como um laboratório vivo, proporcionando a prática de diversas atividades voltadas para a educação ambiental, abrangendo teoria e prática de modo contextualizado, colaborando, desta forma, para o processo de aprendizagem. O presente estudo é fruto das ações do projeto de pesquisa verticalizando, que tem por objetivo analisar a educação ambiental em escolas dos ensinos fundamental e médio no território do estado do Rio de Janeiro. Através da criação de hortas verticais e práticas sustentáveis. Seguindo pela hipótese de que: há um déficit de ensino/aprendizagem de educação ambiental, ocasionada pela falta de qualificação do profissional de educação para o ensino de educação ambiental. METODOLOGIA Para atingir o objeto dessa pesquisa foi utilizada a metodologia de pesquisa açãoeducacional, segundo o ciclo pesquisa ação de Lewin ( ). No qual se tinha pontos chaves a Ação e a Investigação, onde na ação você planeja-se uma melhora, em seguida implanta-se essa melhora (Criação das hortas verticais e as práticas de sustentabilidade), monitora-se e descreve-se todos os efeitos e aspectos da ação e, ao fim desse processo, investiga-se os resultados da ação. Além disso, emprega-se um método próprio de criação de hortas verticais (utilizando garrafas PET, solo, sementes e fitas) a fim de dinamizar o aprendizado de crianças e jovens dos ensinos fundamental e médio e também são utilizadas duas ferramentas avaliativas, uma com fim de analisar o desempenho dos pesquisados e outra com o objetivo de verificar a qualificação do profissional de educação que trabalha com a educação ambiental no ensino fundamental e médio. Ambos devidamente autorizados por um termo de consentimento livre e esclarecidos. O projeto foi realizado no período de dois semestres, sendo um mês com cada turma, em um dia da semana, com tempo de 1 hora e 20 minutos. Tendo abaixo o seguinte cronograma de ação: 1 Semana: Análise das características da turma/grupo que seria pesquisado (a). 365

3 2 Semana: Apresentação do projeto; Introdução a hortas verticais; Criação de hortas verticais; Introdução à importância das plantas para o planeta; Importância das práticas sustentáveis; Prevenção de acidentes com manuseio terra e sementes. 3 Semana: Acompanhamento do desenvolvimento da horta; A relação entre o solo e planta; A importância da água no processo de germinação; Processo de germinação; e, Fotossíntese. 4 Semana: Acompanhamento do desenvolvimento da horta; Convergência adaptativa de plantas (Plantas Carnívoras); Importância das plantas contra o agravamento do processo de erosão do solo; práticas de desenvolvimento sustentável e reutilização; Retirada da horta e entrega aos participantes; Elaboração de um relatório técnico e Encerramento do projeto com aquela turma/grupo. As ferramentas avaliativas são aplicadas da 2º semana até a 4º semana. RESULTADOS E DISCUSSÃO A pesquisa coletou informações de crianças do Ensino fundamental (3ºano, 4ºano e 5ºano) da Escola Municipal Luiz Claúdio Baranda no município de Seropédica/RJ, do turno Vespertino. A pesquisa analisou a percepção ambiental das crianças sobre os ciclos/elementos da natureza. A metodologia de ensino proposta pela secretária de educação do município e a escola contempla o ensino teórico, deixando a desejar no aspecto prático, que quando se trata de ciclos e elementos da natureza se faz necessário. Os resultados obtidos abaixo na tabela1 é fruto da análise das ferramentas avaliativas, que avaliaram em três índices a percepção ambiental das crianças do ensino fundamental do município de Seropédica/RJ. Tabela 1 - resultados das ferramentas avaliativas. Fonte: Dados dos autores. Os pesquisadores buscaram analisar de forma sistêmica como as crianças interagiram com as questões práticas do projeto, avaliando assim, a sua percepção ambiental. Os dados da tabela 1 reflete a percepção ambiental dos pesquisados, que demostraram através dos índices de avaliação um déficit estrutural nos fatores de avaliação. Essa deficiência pode ter várias vertentes, seja ela, pedagógica, política e ambiental. Ocasionada pelo sistema de educação, pelo processo ensino-aprendizagem e/ou pelo meio social no qual aquele grupo está inserido. Entretanto em confronto direto com esses índices baixos, os dados apresentaram que as crianças tem um alto interesse pelos temas, o que pode ser explicado pela, intervenção positiva realizada pelo projeto de pesquisa ou por estarem inseridas em uma localidade cuja a realidade socioambiental é rural e de baixa renda, possibilitando utilizar esses aspectos negativos para o avanço educacional-ambiental. 366

4 Figura 1: Imagem da 2ª semana do projeto com alunos do 5º ano da E.M. Luiz Claudio Baranda no mês de Junho/2015. Fonte: Dados dos autores. Em primeira instância é necessário analisar a realidade do educador e da habilitação para atuarem na educação ambiental. As escolas de ensino fundamental dos municípios do Rio de Janeiro tem uma realidade complexa. Visto que, uma parte dos professores é oriunda do ensino médio normal ou formação de professores, onde sua formação é baseada nas questões pedagógicas nos processos educacionais. Com isso, esses profissionais, possuem pouca habilitação para atuarem na educação ambiental, pela sua formação não compreender, alguns pontos importantes para a atuação dos educadores ambientais. E se tratando de ensino fundamental, essa realidade negativa refletirá em déficits em outros níveis de ensino. Da mesma forma é prudente a reflexão do sistema de ensino implementado pela Secretária Municipal de Educação, que não contempla de forma positiva as legislações vigentes sobre a educação ambiental e sua aplicação em ambientes formais de ensino. Tendo a realidade do município, uma situação socioambiental precária: Por que não aproveitar a experiência que tem os alunos de viver em áreas da cidade descuidadas pelo poder público para discutir, por exemplo, a poluição dos riachos e dos córregos e os baixos níveis de bem-estar das populações, os lixões e os riscos que oferecem à saúde das gentes. (Freire 1996 apud Pernambuco; Da Silva 2009) Nesse contexto é importante ressaltar que o sistema de educação implementado no município é falho, pois, não compreende a importância de se trabalhar com os aspectos práticos da educação ambiental, que é interdisciplinar, transversal, que dialoga com os novos e antigos problemas, produzindo reflexos sobre a realidade, construindo assim novas pontes de conhecimento, valores e ética com ambiente. O projeto de pesquisa verticalizando identificou os principais problemas na relação ensino aprendizagem, que são estruturais oriundos de um sistema de ensino falho e a falta de habilitação para os professores que desempenham o papel de educadores ambiental. 367

5 Figura 2. Experiência de erosão do solo com a turma do 4º ano da E. M. Luiz Claúdio Baranda no mês Maio/2015. Fonte: Dados dos autores. CONCLUSÃO Portanto, os dados demostraram um baixo nível de conhecimento sobre os principais ciclos da natureza pelas crianças, sendo necessária uma intervenção educacional e social para que haja uma melhora significativa nos índices avaliados. A pesquisa além de avaliar, introduziu aqueles conhecimentos naquele ambiente formal de ensino, intervindo de forma positiva, trazendo reflexões e mudanças de hábitos. Também, se faz necessário o investimento público na criação e manutenção dos projetos de educação ambiental voltados para os primeiros níveis de ensino, de forma que estes possam impactar positivamente na mudança socioambiental daquelas crianças e da população do município de Seropédica/RJ. AGRADECIMENTOS Agradecemos à Secretária Municipal de Educação de Seropédica e à Faculdade de Educação Tecnológica do Estado do Rio de Janeiro, campus Paracambi, pelo apoio ao projeto. REFERÊNCIAS Andrade, D. F Implementação da Educação Ambiental em escolas: uma reflexão. Fundação Universidade Federal do Rio Grande. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, v. 4.out/nov/dez. Jacobi, Pedro Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de pesquisa, v.118, n. 3, p Lima, G. F. C Questão ambiental e educação: contribuições para o debate. Ambiente & sociedade, v. 2, n. 5, p Martins, N A educação ambiental na educação infantil. Universidade Federal de São Carlos. Centro de Educação e Ciências Humanas. Morgado, F. S A horta escolar na educação ambiental e alimentar: experiência do Projeto Horta Viva nas escolas municipais de Florianópolis. Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências Agrárias. Curso de Agronomia. Pesquisa-ação: Uma introdução metodológica PUC-SP, Disponível em < Acesso em 16 de Março de Programa Nacional de Educação Ambiental, Disponível em < Acesso em 23 de Março de V Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental Perspectivas da educação ambiental na Região Iberoamericana. Rio de Janeiro: Associação Projeto Roda Viva. 368