COMUNICAÇÃO E CIDADANIA NA ESCOLA
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- Geraldo Gama Valgueiro
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1 29º Seminário de Extensão Universitária da Região Sul COMUNICAÇÃO E CIDADANIA NA ESCOLA Área temática: Comunicação Coordenador da Ação de Extensão: (Edgard Cesar Melech) Autor: (Edgard Cesar Melech*) Palavras-chave: Comunicação, Educação, Cidadania Resumo Este projeto foi realizado no período de abril de 2010 a abril de 2011 e sua principal proposta foi oferecer consultoria e assessoria a projetos de educomunicação e uso de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) a diversas escolas públicas estaduais localizadas em Guarapuava e municípios da região. As ações se direcionaram para realização de pesquisa e atividades pedagógicas teórico-práticas que incentivaram recursos como fotografia, rádio e mídias digitais enquanto importantes suportes pedagógicos que podem auxiliar na formação da cidadania. Introdução Este projeto de educomunicação teve como base o resgate da cidadania do chamado consumidor da informação numa fase em que ainda cursa o Ensino Médio, ou seja, é estudante de escola pública e divide sua vida em dois momentos básicos e que muitas vezes são contrapostos: De um lado a realidade dos currículos escolares e suas características específicas; e de outro lado a realidade social em que está inserido, refletida quase sempre de forma distorcida através dos meios de comunicação, notadamente via mídia jornalística e publicitária através dos oligopólios de tevê e rádio. Desta forma, pretendeu-se inserir no contexto escolar atividades de comunicação comunitária, haja vista a quase total inexistência de projetos nessa área. A idéia foi interagir com algumas escolas públicas, ouvir seus professores e estudantes para saber quais eram suas expectativas quanto às propostas do projeto Comunicação e Cidadania na Escola, e desta forma, estabelecer uma relação baseada muito mais na troca de experiências e desenvolvimento comunitário. * Edgard Cesar Melech é professor do Departamento de Comunicação Social da Unicentro e mestre em Comunicação Social pela UMESP. Endereço eletrônico: edgardmelech@gmail.com
2 O projeto propôs o desenvolvimento de algumas ações específicas para as escolas em que foi apresentado. Entre essas ações destacam-se: - Incentivar escolas públicas estaduais a desenvolver atividades interdisciplinares com o uso de comunicação digital, jornal impresso, jornal mural, rádio comunitária, vídeo, fotografia, produtos de comunicação, interagindo com direção e professores e os objetivos específicos das instituições interessadas em participar do projeto. - Realizar oficinas teórico-práticas que possibilitem a interpretação, a análise e a criação de projetos de comunicação nas escolas públicas estaduais. - Despertar o interesse de professores e estudantes para o uso da comunicação digital e das mídias tradicionais enquanto instrumento à serviço das comunidades em quais estão inseridos. - Formar multiplicadores sociais na área da comunicação social, possibilitando assim que os conhecimentos aprendidos resultem numa autonomia por parte das escolas e suas comunidades. - Possibilitar que estudantes do Curso de Comunicação Social da Unicentro apliquem na prática os conhecimentos adquiridos na Universidade, oportunizando que a sociedade seja beneficiada através de projetos junto às comunidades escolares da Região. - Interagir com professores de disciplinas teóricas e práticas do Curso de Comunicação Social da Unicentro, possibilitando ampliar a interdisciplinaridade já desenvolvida pelo curso. Entretanto, antes de iniciarmos algumas ações práticas, buscamos entender melhor a realidade quanto às práticas educomunicativas e o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação - TIC nas escolas públicas estaduais localizadas em Guarapuava e municípios da região. Partimos então de alguns questionamentos que consideramos importantes: - Até que ponto escolas e suas comunidades estão efetivamente envolvidas com as TIC, haja vista o distanciamento de ações teóricas e práticas que substanciem projetos em andamento ou que ainda poderão ser propostos? - De quê maneira viabilizar uma prática pedagógica que insira as TIC em ações do cotidiano? Estas foram algumas perguntas que buscamos para identificar com melhor precisão onde e como um projeto de extensão poderia contribuir melhor nesta área. Desta forma, enfatizamos a coleta de dados junto às próprias escolas, bibliografia especializada e pesquisa em sites afins, possibilitando reunir informações capazes de identificar algumas situações que mais nos interessassem dentro das escolas pesquisadas.
3 As respostas obtidas com dados e observação possibilitaram levantar uma amostra da realidade local e regional que, acreditamos, possa de alguma pode ser colocada como questão central para outras realidades, pois em geral os sintomas apresentam os mesmos efeitos quando abordamos TIC e ações de educomunicação envolvendo novas e velhas mídias. Em geral, professores e estudantes já vivenciam novas realidades tecnológicas em suas bases de trabalho, mas a viabilidade prática de muitos projetos que envolvem comunicação e educação, de acordo com as diferentes realidades em que estivemos inseridos, depende muito mais do esforço individual e coletivo do que propriamente de uma política estratégica para este campo do conhecimento. O contraditório é ter que reconhecer que enquanto os dados mostram que já em 2012 teremos 2 bilhões de usuários mundiais na Internet, algumas escolas não possuem sequer recursos para viabilizar projetos utilizando novas mídias, ou então, mantém distanciamento dessas tecnologias por falta de conhecimento de seu uso adequado. Evidencia-se que as instituições escolares precisam desenvolver rapidamente projetos pedagógicos com práticas e conteúdos capazes de assimilar as profundas mudanças nos processos comunicativos e midiáticos deste início de século. Mas por outro lado, a maior demanda por novos projetos em educomuniação vem de alguns professores idealistas e jovens estudantes, reforçando as análises de que jovens nascidos e rodeados de tecnologia digital estão acostumados a interagir, explorar, construir e descobrir são o que se pode chamar de Geração Net. Essa geração é produto de uma sociedade cercada por diferentes tecnologias e estas são, por sua vez, não apenas instrumentos, mas ferramentas que integram o perfil desses jovens (TAPSCOTT, 1999, p. 72). 1 Afinal, estamos falando de um mundo que mudou? Os estudantes não possuem os mesmos problemas das décadas passadas? A escola já não é tão rígida quanto antes? Não importa mais buscar apenas comparações, nem respostas tão óbvias que expliquem o porquê das mudanças no perfil dos estudantes do Século XXI. Afinal, o que mudou foram as tecnologias de informação e comunicação, e junto com elas os meios de comunicação de massa, fatores que, bem ou mal, se incorporaram definitivamente à história humana e que refletem interesses culturais, políticos, econômicos e sociais. Entretanto, algumas temáticas sempre foram assunto de maior interesse para adolescentes: amizade, relacionamento, sexo, futuro pessoal e profissional. Claro exemplo disso é o fato de que jovens estudantes gastam mais tempo vendo televisão e sites pessoais na Internet do que as horas destinadas ao estudo dentro e fora das salas de aula, uma forma dinâmica de interação social e cultural. Neste sentido, os meios de comunicação transformaram-se em mensageiros da globalização fenômeno que extirpa fronteiras e mescla culturas (ORTIZ 1994, p. 71). 2 Constata-se, finalmente, que as escolas estaduais localizadas no município de
4 Guarapuava podem e devem ampliar seus processos comunicacionais, no sentido de que professores e estudantes aproveitem melhor as ferramentas de tecnologias de informação e comunicação disponibilizadas. Observa-se que a utilização dessas ferramentas no espaço escolar é recente e gera desafios aos professores, muitos deles sem treinamento adequado para utilizar com melhor aproveitamento os recursos disponibilizados. Importante considerar ainda que, via de regra, as escolas públicas mostram-se pouco inseridas ao contexto comunitário, situação motivada pela cultura verticalizada de como o modelo de ensino foi sendo estruturado ao longo das últimas décadas. Essa realidade se reflete através de ações pouco dialógicas, que colocam diretores e professores no topo das decisões em contrapartida os alunos ficam à espera de projetos e de autorizações para que possam criar dentro dos moldes curriculares. Em geral, a própria fuga dos estudantes, refletida através das novas tecnologias direcionadas para interesses não acadêmicos, deve-se, provavelmente, a isto. Metodologia Entre as ações metodológicas desenvolvidas, a primeira envolveu pesquisa junto à Secretaria Estadual de Educação, Núcleo Regional de Educação e 26 escolas públicas estaduais, para identificar padrão qualitativo das Tecnologias de Informação e Comunicação que o Estado oferece às escolas, e a partir daí, constatar em que níveis acontece o aproveitamento dessas tecnologias. Foram realizados encontros, entrevistas e reuniões com professores, coordenadores pedagógicos e diretores escolares, no sentido de identificar necessidades específicas para cada comunidade. Algumas ações ficaram restritas às reuniões e/ou evoluíram para consultorias; outras geraram projetos teórico-práticos em ambientes escolares ou em laboratórios do curso de comunicação na Unicentro. Quanto à dimensão, o projeto atingiu público alvo composto por professores e estudantes do Colégio Estadual Manoel Ribas, em Guarapuava, e Escola Estadual Iraci Strossack, no município de Rio Bonito. Indiretamente, também chegou a outras 15 escolas estaduais e municipais, isso através de contatos pessoais e reuniões com diretores e professores interessados em desenvolver projetos de educomunicação. No total, 42 pessoas participaram diretamente de projetos através de reuniões, oficinas de fotografia e rádio, e planejamento de projetos utilizando instrumentos de comunicação e novas mídias nas escolas. Conclusões O projeto possibilitou a realização de atividades teóricas e práticas de comunicação social em comunidades escolares localizadas em Guarapuava e municípios da região, através da troca de idéias e, principalmente, reuniões com professores e diretores buscando o incentivo à criação e ao desenvolvimento de projetos de
5 comunicação que contribuam com a formação da cidadania. Também foram realizadas consultorias sobre ações de educomunicação com diretores, coordenadores e professores de diversas escolas. No entanto, ações que estimulem a implantação de práticas educomunicativas em ambientes escolares dependem de diagnósticos sobre a gestão de comunicação nesses espaços. Somente a partir da investigação das condições de infra-estrutura, corpo docente e administrativo de cada espaço escolar, com suas respectivas particularidades, é possível desenvolver projetos que permeiem o espaço educativo formal. Trata-se do ecossistema comunicativo, ou seja, um espaço que cuide da saúde e do bom fluxo das relações das pessoas e os grupos humanos, bem como do acesso de todos ao uso adequado das tecnologias da informação (SOARES, 2007) 3. É assim que um novo momento coloca-se em pauta, que é a realidade das tecnologias de informação e da comunicação (TIC) e de como elas interferem na vida acadêmica e nos projetos pedagógicos das instituições educacionais. Repensar os modelos pedagógicos tradicionais é ainda mais imprescindível na medida em que a Internet tornou-se uma estrada de convergência digital, pois associa tanto as tecnologias da computação, como das telecomunicações e as múltiplas formas de conteúdos (textos, imagens, sons, dados, gráficos, música, ruídos, etc.). Essa tecnologia não só altera a forma como é produzida e difundida a informação e a comunicação, mas também a forma de viver e de refletir dos seres humanos (Siqueira, 2008) 4. A realização do projeto Comunicação e Cidadania na Escola possibilitou entender melhor as diversas realidades internas e externas às escolas públicas, as quais destacamos a seguir: - Análise crítica sobre a realidade do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação em 26 escolas públicas estaduais localizadas em Guarapuava e municípios da região, no que se referiu ao uso de instrumentais tecnológicos modernos (sites, blogs, mídias sociais, vídeos, fotografia digital etc), mostrou que ainda há muitos espaços vazios no que se refere às condições de infra-estrutura e uso dessas tecnologias, dificultando sobremaneira a viabilidade de ações inovadoras em educomunicação. - Através de consultorias, reuniões com professores e direção, foi possível constatar que algumas escolas não medem esforços para realizar projetos diferenciados envolvendo atividades em comunicação. Entre essas escolas, destacamos o Colégio Estadual Manoel Ribas, de Guarapuava, que implantou projeto intitulado Rádio Dimensão, coordenado por professores com atuação prática de uma equipe de estudantes. Apesar das enormes dificuldades para que o projeto da rádio obtenha melhores condições de infra-estrutura e equipamentos, ainda assim trata-se de uma ação que referencia uma atitude cidadã no âmbito escolar e comunitário.
6 - Apesar de alguns esforços localizados, de uma forma geral foi possível constatar que estudantes e professores das escolas públicas estaduais estão carentes quanto ao desenvolvimento e participação em projetos pedagógicos que envolvam atividades curriculares e extra-curriculares com o uso de novas tecnologias, bem como a criação e manutenção de projetos que incluam mídias sociais, blogs, sites, jornais escolares, vídeo, fotografia, rádio etc, enquanto instrumentos capazes de contribuir com o processo educacional. - Integração Universidade/Comunidade não somente através das ações realizadas, mas principalmente porque destaca o papel da Unicentro enquanto instituição voltada à realidade social e de seus atores. Referências 1 - TAPSCOTT, Dan. Geração Digital: A Crescente e Irreversível Ascensão da Geração Net. São Paulo: Makron Books, ORTIZ, Renato. Mundialização e cultura. São Paulo: Brasiliense, SOARES, I. de O. Ecossistemas comunicativos. Disponível em: SIQUEIRA, Ethevaldo. Para compreender o Mundo Digital. São Paulo: Globo, 2008
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