O PARADOXO BIOPOLÍTICO E A BIOGOVERNAMENTALIZAÇÃO ESTATAL EM MICHEL FOUCAULT

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1 O PARADOXO BIOPOLÍTICO E A BIOGOVERNAMENTALIZAÇÃO ESTATAL EM MICHEL FOUCAULT Rogério Luis da Rocha Seixas RESUMO Michel Foucault ao tratar da questão do poder, recusa sua concepção essencialista ou meramente negativadora. O jogo estratégico passa a ter grande relevo na análise foucaultiana, permitindo diagnosticar a inversão do antigo direito do poder soberano de matar e deixar viver, para o exercício atual do biopoder de manter a vida e deixar morrer. Esta biogovernamentalidade do biológico apresenta um paradoxo biopolítico: a prática de diferentes tipos de racismo de Estado, para preservar, proteger e purificar uma população, em detrimento do descarte de outra. Palavras-chave: biogovernamentalidade- biopoder- paradoxo biopolíticopoder- racismo de Estado. Mestre em Filosofia pela UERJ. Atualmente é Doutorando em Filosofia PPGF-UFRJ. Estudante do Laboratório de Filosofia Contemporânea UFRJ. rlseixas@oi.com.br 89

2 1. INTRODUÇÃO Michel Foucault não pode ser apontado como um teórico da política. Não possui nenhum texto que trate especificamente de política no sentido tradicional de sua interpretação e aplicação. Porém, principalmente a partir dos anos 70, seu interesse pela questão do poder se torna mais intensa em suas reflexões. Este fato pode ser bem ilustrado em uma entrevista realizada em dezembro de 1977, quando Foucault tenta explicar que inicialmente voltou seus esforços para analisar os saberes e os conhecimentos, como o saber da loucura, o da doença ou o da vida, por exemplo. Contudo, o filósofo afirma que o problema real e por sinal bem atual, é o problema de todo mundo: o poder 1. Nesta mesma entrevista, Foucault aponta para a necessidade de pensar esse problema do poder e critica a ausência de instrumentos conceituais para pensá-lo 1. Por esta razão sua percepção sobre a prática do poder, não se coaduna com as variadas formulações de teorias e tratados comuns à tradição da filosofia política. Em outra entrevista, datada do ano de 1978, com estudantes na cidade de Los Angeles, explicita que não possui a pretensão de descrever um paradigma do poder. Como ressalta o autor: Gostaria de observar a maneira como os diferentes mecanismos de poder funcionam em nossa sociedade, entre nós, no interior e fora de nós. Gostaria de saber de que maneira nossos corpos, nossas condutas do dia-a-dia, nossos comportamentos sexuais, nosso desejo, nossos discursos científicos e teóricos se ligam a muitos sistemas de poder que são, eles próprios, ligados entre si 2. Colocou-se agora no campo da discussão sobre o poder e por conseqüência, são tratadas por Foucault como questões de cunho ético e político, temas como a loucura, as prisões e as práticas sexuais. Mas qual seria o ponto original da reflexão foucaultiana sobre o poder? Indubitavelmente, o primeiro ponto a ser ressaltado é sua recusa em considerá-lo como uma realidade que possuidora de uma determinada natureza e não defini-lo a partir das características universais, adotadas pela reflexão filosófico-jurídica tradicional. Foucault não entende o poder como propriedade ou promoção de instituições que garantem a sujeição dos indivíduos a um determinado Estado ou soberano, assim como recusa a concentração do poder pela figura clássica do príncipe, detentor do exercício da prerrogativa de retirar a vida dos seus súditos, ancorado pelo direito de exercício de governar, impondo a violência legalizada. Temos a simbolização típica do poder que apenas oprime e por esta razão, precisa ser rejeitada. Desta forma, se deve criticar a visão simplista e limitada enquanto expressão dominante de uma série de efeitos negativos sobre o poder: exclusão, rejeição, obstrução. Também não pertence a uma classe que o teria conquistado. Alija-se, com efeito, tanto a ideologização da participação e atuação de dominados ou oprimidos por parte de um grupo opressor que detenha o poder como se este possuísse um corpo ou uma materialidade 1 FOUCAULT, M. Dits et Écrits II, Paris: Ed. Gallimard, 2001, p Dits et Écrits II. p

3 passível de posse e por conseqüência, fosse exercido pela prática da opressão e da dominação. Situação muito comum na interpretação das lutas de classes históricas. A partir do viés foucaultiano, não se utiliza a concepção dialética para se elucidar a expressão do poder que passa a não ser mais analisado e interpretado na condição de uma entidade coerente, unitária e estabilizada, mas sim como relações de poder que supõem uma multiplicidade das relações de força imanentes ao campo em que se exercitam e constitutivas da sua organização 3. O autor, deste modo, não intenta contrapor uma teoria do poder as já existentes, mas sim realizar deslocamentos que destaquem a não existência de algo unitário e global chamado poder, permitindo desenvolver um diagnóstico mais apurado e refinado das formas heterogêneas e dinâmicas de seu exercício, expressando uma intensa dinâmica. Desloca-se a noção de um poder centralizado e único para a percepção de uma multiplicidade de focos que impedem a existência de um núcleo central, determinando a existência de um poder sem regência própria e privilegiada por parte de algum agente. Passa-se a descrever as relações de poder e não mais o poder, que como destaca Vera Portocarrero, apresenta o caráter genealógico de interrogar não o que é o poder, mas como este é exercido. Relações em movimento, imbricadas no campo político, social, filosófico e histórico 4. A partir deste ponto se começa a detectar a singularidade do pensamento Foucaultiano: ao perceber que a tarefa crítica filosófica é a de se problematizar. 5 No mecanismo do poder ao ser exercido ou em outros termos, como só pode existir poder no momento em que este inventa suas possibilidades de exercício, de acordo com as diferentes relações, distribuições e conexões. Desenvolve-se a percepção de um poder relacional, essencial para analisar os efeitos do seu exercício. O ponto de destaque da problematização formulada é a recusa dos modelos filosóficos e políticos que conferem um caráter negativo ao poder. Por este motivo, são considerados insuficientes para tratar da introdução e o funcionamento de um poder positivador a partir do século XVIII, não identificável com o modelo opressor e se expressa como produtivo e inventivo de gestos, atitudes e saberes. Foucault prefere fazer uso do modelo estratégico 6 para problematizar o poder relacional em seu exercício, em detrimento ao modelo jurídico-político. Pois partindo da noção de poder positivador e levando em conta a ineficácia das teorias repressoras, as estratégias de podem ser compreendidas como um conjunto de assujeitamentos das ações dos corpos, exercendo um trabalho de seleção, 3 FOUCAULT, M., História da Sexualidade I: A Vontade de Saber, Tradução de Maria Thereza da Costa Guilhon Albuquerque; revisão técnica de José Augusto Guilhon Albuquerque. São Paulo/SP: Graal, 2005b, p PORTOCARRERO, V., As Ciências da Vida: de Canguilhem a Foucault, Rio de Janeiro/RJ: Ed. Fiocruz, 2009, p O emprego do termo problematização significa a instauração de uma distância crítica com o objetivo de retomar o problema através de um verdadeiro exercício crítico do pensamento, não como uma característica ou propriedade natural do ser humano, mas como uma prática histórica, filosófica e política. 6 Foucault compreende por estratégia as escolhas dos meios para obter um fim, os modos mais eficazes de levar vantagem sobre outro ou outros, e a designação dos procedimentos necessários para alcançar o fim desejado. 91

4 inibição, orientação ou suporte, de modo a penetrar nos seus comportamentos, realizando a mistura com os desejos e os prazeres. De fato passa a existir um exercício de poder mais tênue sobre os corpos. Há um investimento político muito sutil sobre suas atitudes ou condutas, tanto individuais quanto coletivas. Ao explicitar a mecânica do exercício do poder, Foucault a identifica como sendo um modo de ação de estratégias de poder sobre as ações dos corpos dos sujeitos: o tipo de racionalidade utilizada para alcançar os objetivos, como se expressa nas técnicas disciplinares e regularizadoras. Por não apresentarem qualquer tipo de substancialização, seus mecanismos são descritos como normalizadores. O ponto de partida na análise genealógica foucaultiana é apontar como o poder, na sua forma moderna, passa a ser exercido cada vez mais em um domínio que não é o da lei, mas sim o das normas, se caracterizando por não reprimir uma individualidade, mas a constituindo e moldando. Aliás, normas são as regras naturais da disciplina, que não se confunde com a lei ou apresenta algum tipo de conotação jurídica. Ela se configura como um princípio de exclusão e ou de integração relativamente às práticas dos indivíduos e se revelando como norma de poder, na medida em que fixam o sujeito às condições de sua ação segundo padrões estabelecidos. Não por acaso Foucault adverte que as práticas disciplinares definirão um código que não será o do legal, mas sim o da normalização 7. Contudo, um fator muito interessante precisa ser mais diretamente explicitado ainda com relação à norma e a lei: a norma possui as características de produtora e positivadora, logo não se confunde com qualquer tipo de dispositivo de repressão, interdição ou propriedade de ser julgada como lícita ou ilícita. As normas estimulam os comportamentos, condutas, ações, funcionando segundo as modalidades disciplinares dos corpos e reguladoras da vida biológica das populações. Mesmo não se aproximando do âmbito do direito, detecta-se uma implicação entre a norma e as estruturas formais jurídicas. Uma estratégia interessante de poder normatizador onde a lei funciona cada vez mais como norma. Em nossa atualidade, o direito se apresenta normalizado, o que torna mais fácil e muito mais sutil o estabelecimento da normalização. As técnicas de normalização, emergentes na modernidade, passam a ter como alvo o corpo humano 8, visando a normalização da sua saúde, sexualidade, herança racial e higiene. O exercício destas técnicas de individuação dos corpos determina a constituição dos sujeitos que passam a serem distribuídos, segundo uma norma definidora sobre o que é normal ou anormal, sobre a periculosidade criminal, a enfermidade e a saúde. O objetivo destas técnicas visa não violentar ou reprimir os indivíduos, mas sim adestrá-los, qualificá-los e se necessário excluí-los. Deste modo, se concentram na gestão das suas potencialidades, 7 FOUCAULT, M. Microfísica do Poder, Organização e tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro/RJ: Edições Graal, 1996, p Desde a época clássica o corpo se tornou objeto e alvo político do poder. O corpo precisa ser docilizado politicamente, para que seja utilizado, transformado e aperfeiçoado através de mecanismos disciplinares e de regulação. 10 Microfísica do Poder, p

5 utilizando-se de um sistema de aperfeiçoamento gradual e contínuo de suas capacidades produtivas. Os corpos tornam-se força de trabalho, recebendo assim uma qualificação e hierarquização de economicamente mais capazes ou não. Ao mesmo tempo, buscam dirimir suas capacidades de revolta e resistência, os tornando dóceis politicamente e aparentemente não deixando espaço para qualquer tipo de resistência. A normalização está diretamente associada à disciplina, como destacaremos em seguida. Este tema vem à tona, quando Foucault começa a desenvolver sua genealogia do poder e a orienta para a análise das estratégias de seu exercício. Tais estratégias são descritas como disciplinares, que tem por objetivo os corpos dos indivíduos de um modo mais individualizado e a biopolítica, exercendo suas táticas do biopoder sobre a vida da população. Estendendo sua análise ao surgimento da governamentalidade, tema tratado em um dos seus últimos cursos no Collège de France, Foucault identifica um modo de administração dos corpos individualmente e também das populações, agora como uma arte de governar 9. Com a noção governamentalidade, percebe-se o estabelecimento de uma racionalidade política que surgiu no século XIX, produzida pelo Estado moderno, que sob o pano de fundo da regularização biopolítica, centra-se na questão população/economia/segurança, desenvolvendo uma norma específica: atuar sobre os fenômenos naturais que se manifestam nas populações de corpos, os gerindo de forma racional e calculada. A governamentalidade efetivamente articula a normalização individual da disciplina com a regularização totalizadora da biopolítica. Em suma, o que Foucault elucida é que o poder, outrora pautado na soberania sobre vida e morte, torna-se incapaz de conter ou reger o corpo coletivo. Para tanto, veio a disciplina da vigilância e treinamento, atuando de modo normalizador sobre os corpos individuais e posteriormente, a acomodação do poder regulamentador sobre o corpo coletivo. 2. GENEALOGIA DAS MODALIDADES DE PODER A interrogação filosófica exercida criticamente com referência as relações de poder precisa se voltar para os fenômenos políticos da modernidade que nos colocam diante do problema da relação direta entre o processo de racionalização da atualidade e as formas de como se exercer o poder. Tal esforço significa analisar a operacionalidade e o funcionamento estratégico de novos mecanismos de poder, como as técnicas das disciplinas e da biopolítica, identificando as suas práticas de submissão sobre os indivíduos, tanto individualmente, como coletivamente. A particularidade histórica das formas políticas da Modernidade, não se resumindo ao Estado Moderno, reside no fato de que em nenhuma outra sociedade encontramos uma combinação tão complexa de técnicas de individualização e procedimentos de totalização Dits et Écrits II, p

6 Através da sua Genealogia das Modalidades de poder, Foucault inicialmente descreve a extensão progressiva do poder disciplinar no decorrer do século XVII e sua difusão através do conjunto do corpo social, culminando na formação do que se poderia chamar grosso modo de sociedade disciplinar 11. Este tema da disciplina, tratado pela análise genealógica em Vigiar e Punir (1969), diz respeito a um conjunto de mecanismos de poder multiformes, que se ocupam na normalização dos corpos singulares, efetuando a comparação, a diferenciação, a exclusão e a hierarquia entre os indivíduos, os dividindo entre normais e anormais. Sua atuação difere do modo pelo qual se articulava o poder político da Idade Média marcado pelo poder que funcionava essencialmente por meio de símbolos e taxas. Signos de lealdade dos vassalos ao senhor feudal 12. Se antes o corpo era suscetível de sofrimentos através das punições e castigos físicos, este desaparece como alvo principal da repressão penal 13. Ao fim do século XVIII é essencial entendermos por disciplinarização das sociedades, não o exercício de poder para forçar obediência total dos indivíduos ou de práticas de violência direta, mas uma mecânica muito minuciosa de coerção material sobre os corpos individuais, distinguindo-se assim da intervenção opressora de um príncipe soberano. A disciplinarização se caracteriza como uma anatomo-política operando na extração do tempo e trabalho dos corpos, os qualificando como corpos úteis, sendo estes investidos de maior capacidade possível para produzirem, conferindo aos indivíduos a propriedade de máquinas. Estes corpos mecanizados precisam ser assujeitados às condições de trabalho para produzirem com maior eficácia. Como observa Vera Portocarrero, o corpo humano passa a ser desarticulado e recomposto, através desta anatomo-política do detalhe 14 que desenvolve técnicas para viabilizá-la como a repartição dos indivíduos no espaço trabalhando de modo sutil e refinado. A norma é a regra natural da disciplina. A normalização disciplinar promove esquadrinhamentos sistemáticos do tempo, espaço e movimento dos indivíduos, buscando atingir suas atitudes, gestos, performances, onde o corpo se torna força de produção fabril quando devidamente domesticado pelo sistema político de dominação, comum ao poder disciplinar. Também se identifica como uma prática de vigilância dos corpos, não estando presente em todo o lugar, mas nos espaços onde os corpos são visualmente controlados e que precisam saber que estão sendo vigiados. Embora direcionadas aos corpos individuais, as técnicas disciplinares, devido ao seu caráter multiforme, são aplicáveis também aos corpos sociais, cujo objetivo é a padronização das ações dos indivíduos em suas diversas realizações para que se enquadrem na norma estabelecida. Assim, as técnicas disciplinares são exercidas também em espaços do corpo social, tendo como principais objetivos, distribuir espacialmente os corpos individuais, controlando o desenvolvimento das suas ações, implicando em vigilância e controle do 11 FOUCAULT, M., Vigiar e Punir. Tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis/RJ: Ed. Vozes, 2005, p Vigiar e Punir, p História da Sexualidade. Vol. I, A Vontade de Saber, p As Ciências da Vida: de Canguilhem a Foucault, p

7 tempo das suas atitudes. O poder disciplinar apresentou o perfil do jogo do pastor 15 - individualizador, jogado nos corpos dos indivíduos, marcando-os com a constituição de identidades. Foucault assinala o surgimento de um novo jogo: o jogo da cidade totalizador, jogado no corpo população 16. Um jogo envolvendo a relação normal/anormal referente aos fenômenos da vida biológica e, se configurando como um segundo mecanismo estratégico de exercício de poder conhecido como biopolítica, será um importante critério para as diferentes formas de racionalidades políticas e os diversos procedimentos técnicos pelos quais se dará o governo. Por outro lado, Foucault destaca que a partir do século XIX ocorre o surgimento de outra técnica de poder esta, não de caráter disciplinar em que se rege o homem-espécie. Ela não exclui as técnicas disciplinares, antes as acopla. É a técnica do biopoder caracterizado como o poder que se aplica à vida dos indivíduos, isto é, aos corpos, naquilo que eles têm em comum: a vida, o pertencimento a uma espécie. Trata-se de uma biopolítica porque os inéditos objetos de saber, que criam a serviço do novo poder, destinam-se ao controle da própria espécie; e a população é o novo conceito que se constrói para dar conta de uma dimensão coletiva que até então não havia sido uma problemática no campo dos saberes. É uma técnica de poder pautada no controle e gestão de uma massa de indivíduos. Obtém-se, portanto, como instrumentos de conhecimento os processos de natalidade, mortalidade e longevidade; enfim, o mapeamento de toda uma dinâmica de vida e morte do homem. Evidentemente, incluem-se as inerências que as doenças impõem, diminuindo a força de produção e causando despesas. Sintomaticamente surge outro aspecto de intervenção da biopolítica: se por um lado a doença revela a baixa na produção e despesas com tratamento, por outro, a velhice revela que o indivíduo não mais constitui capacidade de produção. Nesse instante, aqueles conhecimentos acerca de natalidade, mortalidade e longevidade passam a ser instrumentos de gestão; não de indivíduos, mas de um corpo social, de uma população. Enquanto a disciplina se aplica sobre o homem-corpo, o biopoder atua sobre o homem enquanto ser vivo, ou antes, ao que se passa a denominar de homemespécie, o qual se investe em estratégias de agenciamento político, caracterizando-se como uma biopolítica da espécie humana. Obviamente o biopoder não exclui a disciplina, mas simplesmente apresenta-se em outro nível, possuindo outros tipos de estratégias totalmente diferentes. Assinala-se, portanto, o conhecimento enquanto ferramenta de intervenção do biopoder sobre um conjunto possível de fenômenos coletivos e imprevisíveis. Não que haja, com isso, uma possibilidade, por exemplo, de se extinguir a mortalidade ou antecipar a natalidade, mas através dessa gestão de mecanismos de fixação de equilíbrio, protelar a primeira e estimular a segunda. Não é o Homo sapiens o lugar dessa gestão; e sim o indivíduo maior, a população que representa um novo tipo de corpo: corpo múltiplo, corpo 15 Microfísica do Poder, p Referimo-nos a arte de governar da pastoral cristã que consiste no controle de todas as ações dos indivíduos durante sua existência e em cada uma das circunstâncias de suas vidas. 95

8 com inúmeras cabeças, se não infinito pelo menos necessariamente numerável 17 Tudo isso encerra o fazer viver citado anteriormente. Este mecanismo de poder delineia uma nova forma de jogo do poder sobre um personagem político completamente novo: a população 18, esse novo corpo: corpo múltiplo, corpo com inúmeras cabeças, se não infinito pelo menos necessariamente numerável 19 que se transforma em alvo e objeto do poder e começa a ser analisada e principalmente esquadrinhada por uma variada quantidade de políticas públicas, visando à regulamentação da dinâmica dos corpos que a constituem. Esta noção de população passa a ser delineada não como a descrição de um somatório de indivíduos que habitam uma determinada extensão de território, mas uma variável dependente de um determinado número de fatores que não são exclusivamente naturais. Assim sendo, enquanto a normalização da prática disciplinar se aplica essencialmente aos corpos individuais, a biopolítica surge como um conjunto de mecanismos estratégicos do poder destinados ao controle, regulação e transformação da vida da população. Instala-se o biopoder sobre a vida humana, se centralizando no corpo-espécie, que visa à subordinação dos corpos e das populações por meio de todas as formas de estratégias reguladoras impostas aos indivíduos. A biopolítica, através das estratégias do biopoder determina como norma a regulação da vida social, com o objetivo claro de governar a vida dos corpos não apenas individualmente, mas coletivamente 20. Alguns questionamentos relevantes: quais objetos esta biopolítica da espécie humana pretende atingir? Quais os processos da vida que ela quer alcançar? Como assinalado anteriormente, a biopolítica não se resume ao agenciamento do homem enquanto microcorpo, característica mais comum das disciplinas. Ela se dirige aos fenômenos mais globais, mais gerais. Vai afetar os processos ligados à vida, como o nascimento, a morte, a doença, a produção, o casamento. Nesse sentido, não será a individualização que se coloca, mas a massificação; não o homem-corpo, mas o homem-espécie. Processos como os de natalidade, mortalidade e de longevidade se articulam a uma série de outros de ordem política e econômica, eles serão os principais campos de saber e alvos dessa biopolítica. É então que se lança mão de incrementos para a melhor captação destes processos. Nós destacamos, entre esses processos, a produção da estatística que será de fundamental importância. Sobretudo, no que toca à medição dos fenômenos da natalidade. Mas não só o problema da natalidade será tocado. A morbidade fará parte do esquema da biopolítica, não a morte representada como o abandonar à vida de maneira monstruosa, mas a morte que se prolonga e que se instala permanentemente. 17 FOUCAULT, M., Em Defesa da Sociedade, Tradução de Maria Ermatina Galvão. São Paulo/SP: Ed. Martins Fontes, 2002, p Para Foucault, esse conceito comporta dois elementos: a relação número de habitantes/ território e as relações de coexistência que se estabelecem entre indivíduos que ocupam o mesmo espaço e suas condições de existência. 19 Em Defesa da Sociedade, p FOUCAULT, M., Naissance de La Biopolitique, Cours Collége de France Paris :Ed. Seuil/Gallimard, oct., 2004, p

9 Desloca-se a própria história da sexualidade como uma problematização que fugiu à soberania e à lei, passando a existir uma espécie de tecnologia do sexo que agiu na positividade ao invés da interdição. Então se faz necessário esclarecer que antes de promover qualquer tipo de interdição, a sociedade cristã abre as portas para se sexualizar os corpos. Esta sexualização passa a se constituir como uma grande questão para se problematizar e se compreender o exercício das estratégias do biopoder no homem ocidental do século XIX. Deste modo, podemos detectar um importante deslocamento foucaultiano, retirando a sexualidade do viés inteiramente ligado à repressão e a interdição, pondo em seu lugar a produção do sexo pelo poder: a Psychopathia sexualis de Heinrich Kaan, em 1946, pode servir de indicador: datam desses anos à relativa autonomização do sexo com relação ao corpo, o aparecimento correlativo de uma medicina, de uma ortopedia específica do sexo, em suma, a abertura desse grande domínio médico-psicológico das perversões, que viria tomar o lugar das velhas categorias morais da devassidão e da extravagância. Na mesma época, a análise da hereditariedade colocava o sexo (as relações sexuais, as doenças venéreas, as alianças matrimoniais, as perversões) em posição de responsabilidade biológica com relação à espécie; não somente o sexo podia ser afetado por suas próprias doenças, mas se não fosse controlado, podia transmitir doenças ou criá-las para as gerações futuras; ele aparecia, assim, na origem de todo um capital patológico da espécie. Daí a implantação de um projeto médico, mas também político, visando organizar uma gestão estatal dos casamentos, nascimentos e sobrevivências; o sexo e sua fecundidade devem ser administrados. A medicina das perversões e os programas de eugenia foram, na tecnologia do sexo, as duas grandes inovações da segunda metade do século XIX. A população se configura como objeto técnico-político de governo, centrando-se na população de corpos e deste modo passando a se ocupar calculadamente de novos problemas propostos para a prática de governar, na gestão da saúde, da higiene, da alimentação, da sexualidade, da natalidade 21. As estratégias do exercício do biopoder aplicam uma política de investimento na vida em sentido muito extenso: produção de corpos e da vida dos indivíduos e sua regulação. Em nossa atualidade, os Estados perceberam a importância de lidar não apenas com sujeitos, mas com uma população que precisa ser regulada, que tem variáveis específicas (natalidade, fecundidade, alimentação, habitação) aos quais se situam no ponto de interseção dos movimentos próprios à vida e aos efeitos particulares das instituições. Por conseguinte, o Estado passa a se ocupar da saúde dos corpos com intervenções políticas de gerenciamento da saúde e da doença, promovendo programas de imunização e distribuição de medicamentos. Esta estratégia do exercício do biopoder se dá sempre em nome de melhorar as condições do homem-espécie, do bemcomum, da saúde das populações e/ou da vitalidade do corpo social. Embasadas nestes discursos de viés humanista, as mecânicas da biopolítica passam a trabalhar na administração da vida da população, não apenas para que esta seja disciplinada, mas 21 Em Defesa da Sociedade, p

10 também normalizada. Esta normalização permite a intervenção direta do Estado, legitimado pela junção entre os saberes médicos e jurídicos 22. Esses duplos mecanismos de estratégias de normalização, apresentando ao mesmo tempo um caráter individualizante e também totalizante, nos constituem enquanto sujeitos, no sentido de estarmos assujeitados a partir do controle do corpo individual (disciplina) e da regulação da vida das populações (biopolítica). Partindo da análise genealógica Foucaultiana sobre a biopolítica, identifica-se a conformação de um tipo sutil, complexo e principalmente positivo de arte de governar que se apresenta como um conjunto de técnicas e procedimentos destinado a conduzir a conduta dos homens. Foucault traz a tona a problematização do como se governar em nossa atualidade? A noção de governar aqui destacada não está ligada aos regimes políticos que regem um Estado. O governo no contexto das artes de governar refere-se ao problema da gestão dos corpos: individuais ou coletivos. Refere-se à gestão das condutas dos indivíduos de uma determinada população. Os contrastes e as regularidades populacionais são os componentes que constituem o objeto de governo. Podemos ainda nos indagar a respeito da conformação do sentido de se governar, a partir do mecanismo da biopolítica, o caracterizando como uma forma de agenciamento da das populações, partindo da norma instaurada de poder sobre a vida, caracterizada como um deslocamento das práticas do exercício do poder soberano relacionado com o direito de vida e morte dos indivíduos governados, para um exercício de poder de causar a vida ou devolver à morte 23. Significa dizer que se na teoria clássica de soberania o rei tinha o poder de vida e de morte com relação aos súditos. Também em Vigiar e Punir, Foucault abordou o tema em termos de economia da punição no suplício: Nos excessos dos suplícios, se investe toda a economia do poder 24. O direito de punir com a morte se colocava como fundamental para o exercício da soberania clássica. Mas o que significava ter o poder de vida e de morte? Significa dizer que o soberano pode tanto fazer morrer quanto deixar viver, que nada nessa relação há de natural. Nem a morte e nem a vida são termos comuns e naturais. No limite, quem decide entre a vida e a morte é o soberano. Portanto, percebendo mais de perto, o súdito está na posição de neutro em relação ao poder 25. Não há a priori a escolha pela vida e aí se pode encontrar a contradição no exercício do poder soberano. Se o soberano tem o direito de vida e de morte, para seu exercício, o desequilíbrio entre deixar morrer e deixar viver é fundamental. Desta forma, a prática do poder não se exerce de maneira equilibrada, muito pelo contrário. O soberano possui o poder sobre a vida por ter antes o direito de exercer o poder sobre a morte. Em outros termos, o soberano pode matar por possuir o poder de dispor da vida dos 22 Temos o processo de Medicalização Social, onde os campos dos saberes jurídicos e da medicina passam a determinar o fundamento das aplicações das estratégias do poder governamentalizado do Estado. 23 História da Sexualidade I: A Vontade de Saber, p Vigiar e Punir, p Vigiar e Punir, p

11 seus súditos. Então, o exercício soberano coloca-se a partir do direito de fazer morrer ou deixar viver. O mecanismo do biopoder inverte o fazer morrer e deixar viver do direito soberano. Agora se trata de querer fazer viver e deixar morrer. Essa inversão recoloca a questão da relação da vida com o poder, isto é, da vida como objeto e como móbil do e para o exercício do poder. Para esclarecer melhor esta mudança, destacamos um paradigma político tradicional que permaneceu por longo tempo, inspirado na concepção política aristotélica: o homem como um animal racional e, além disso, por ser naturalmente sociável, torna-se capaz de existência política. É a famosa definição construída por Aristóteles do homem descrito como um Zoon polytikon. Porém, Michel Foucault afirma que o homem moderno é um animal, em cuja política, sua vida de ser vivo está em questão 26. Como o autor justifica sua afirmação? Ao constatar que a vida foi elevada a valor máximo da política. Acarretando por conseqüência na substituição do tradicional direito de causar a morte e deixar viver, antes um privilégio do poder soberano, pela inversão do direito atual de fazer viver e deixar morrer, visando-se à manutenção e desenvolvimento do corpo social. Quando a biopolítica, através das estratégias da mecânica de exercício do biopoder, atua sobre a vida da população, como já destacado anteriormente. Embora até atue em regime de reciprocidade com as técnicas disciplinares, a biopolítica é de outro nível, está noutra escala, tem outra superfície de suporte e é auxiliada por instrumentos totalmente diferentes 27. Quando pensamos no exercício do biopoder, podemos destacar sua dupla condição: exercício de poder sobre a vida e sobre a morte. Esta condição traz a tona uma situação bastante interessante e passível de ser problematizada como o paradoxo da biopolítica e sua relação com a governamentalidade do Estado. 3. BIOGOVERNAMENTALIDADE Destaque-se que Foucault, embora nunca tenha alijado totalmente a figura do Estado com relação ao exercício do poder, o deslocou do centro das suas práticas. Ao analisar a racionalidade política atual, caracterizada pela biogovernamentalidade, Foucault foca sua análise genealógica na descrição de uma conformação de Estado que apresenta uma realidade muito específica e descontínua. Realidade correlativa a um modo de governar, onde as práticas de governo se capilarizam para além da estrutura estatal, atingindo dimensões mais capilares e mais refinadas da vida das populações. A governamentalização do corpo social como bem aponta Prado Filho, gera um efeito de governamentalidade que faz parecer que tudo pode ser governado, tudo é passível de ser tomado como objeto de 26 História da Sexualidade I. Vontade de Saber, p Vigiar e Punir, p

12 governo 28. Com o desenvolvimento da arte de governo, a partir da racionalidade específica da governamentalização da estrutura do Estado e sua intervenção na vida dos indivíduos, esta se manifesta como sendo a razão de sua manutenção de maneira eficaz e persistente no cenário político atual.segundo Foucault: Desde o século XVII, vivemos na era da governamentalidade. Governamentalização do Estado, que é um fenômeno particularmente astucioso, pois efetivamente os problemas da governamentalidade, as técnicas de governo se tornam a questão política fundamental e o espaço real da luta política, a governamentalização do Estado foi o fenômeno que permitiu a sua sobrevivência. Se o Estado é hoje o que é, é graças a esta governamentalidade, ao mesmo tempo interior e exterior ao Estado. São as táticas de governo que permitem definir a cada instante o que deve ou não competir ao Estado, o que é público ou privado, o que é ou não estatal etc; portanto o Estado, em sua sobrevivência e em seus limites, deve ser compreendido a partir das táticas gerais da governamentalidade 29. Com o objetivo de identificar melhor esta arte política de governar, Foucault salienta o nascimento da medicalização social como um saber que passa a se ocupar de campos de intervenção que ultrapassam a relação paciente/doença 30. Esta estratégia funciona como um aparelho de medicalização atuante tanto ao nível dos indivíduos, quanto da população por meio de diferentes e diversas modalidades de administração médica, de controle da saúde, da demografia, da higiene. Com a medicalização torna-se possível a aplicação em toda população de mecanismos de diferenciação entre o normal e o patológico, além da imposição de um sistema de normalização, correção dos comportamentos e das existências, permitindo a utilização de estatutos morais e legais, diferenciando entre o saudável e o doente ou entre o desejável e o indesejável. Temos o exemplo da governamentalidade na atualidade, onde se supõe que o Estado possa dar conta politicamente do todo e de cada um, implicando em um cruzamento de estratégias macro e micropolíticas. Claramente a medicalização social se constitui como uma estratégia de biogovernamentalidade, impondo um sistema de normalização dos comportamentos e das existências dos trabalhos e dos afetos. O autor afirma que: Por pensamento medicalizado, eu entendo uma maneira de perceber as coisas que se organizam em torno da norma, separando o considerado normal daquilo que é anormal, o que não coincide exatamente com a repartição entre lícito e ilícito; o pensamento jurídico diferencia o lícito do ilícito; o pensamento medicalizado distinguiu o normal e o anormal; ele se atribui os meios de correção que não são exatamente os meios de punição, mas meios de transformação dos 28 PRADO FILHO, K., Michel Foucault: Uma História da Governamentalidade, Florianópolis/ SC: Ed. Insular/Achiamé, 2006, p História da sexualidade. Vol. I. A vontade de saber, p Securité, Territoire et Population. p Dits et Écrits, Vol. II, p

13 indivíduos, toda uma tecnologia do comportamento do ser humano que está ligada a ele 31. Presente na composição deste novo jogo de poder, voltado agora para este novo sujeito indicado como a população, tornou-se primordial a emergência de novos saberes como: a Estatística, a Economia e a Demografia. Saberes utilíssimos para a contagem dos corpos individuais e das populações no caso específico da Estatística. Para o mapeamento ou controle do espaço demográfico, melhorando o gerenciamento da distribuição das populações, estamos nos referindo à Demografia. E finalmente, o cálculo do custo da prática do gerenciamento das populações, como o saber da Economia. Está presente nesta prática de governar os homens uma economia de governo importante para obtenção de maiores resultados a partir de esforços mínimos. Mas que racionalidade implica no exercício desta nova forma de governo? Há algum princípio ordenador que se configure como determinante para tratar desses problemas específicos da vida não apenas dos micro-corpos, característica das disciplinas. Mas sim de um macro-corpo que apresenta diversidades e maior complexidade. Segundo Foucault a biogovernamentalidade ao administrar as questões referentes à vida da população não pode estar dissociada do quadro de racionalidade política no interior do qual eles apareceram e adquiriram sua acuidade. Este é o liberalismo 32. Mas qual é o sentido de liberalismo aqui mencionado? Precisa ser interpretado como uma prática refletida de governo (como uma 'maneira de fazer' orientada para objetivos e se regulando por uma reflexão contínua ) e não como uma teoria econômica ou jurídica, mas sim um princípio regulador político-administrativo que parte da premissa que sempre se governa demais 33. A suspeita de que sempre se governa demais é habitada pela questão: porque é necessário governar? Percebe-se então uma crítica da própria racionalidade do governo, ou seja, um método e um princípio crítico de racionalização do Estado biogovernamentalizado. Constitui-se, assim, como a crítica de uma governamentalidade atual que se tenta reformar e racionalizar e que deseja limitar os abusos 34. Temos deste modo a aplicação do princípio de máxima economia: os maiores resultados a menor custo e a sustentação de que a ação de governar os indivíduos a partir do Estado, não pode ser um fim em si mesmo. Trata-se então de se verificar o modo como os problemas, que a população coloca para uma prática governamental, foram postos no interior de uma tecnologia de governo que se não foi sempre liberal, nunca deixou de estar obcecada a partir do final do século XVIII, pela questão do liberalismo 35. Como praticamente todas as formas de práticas de poder foram governamentalizadas caracteriza-se a modernidade como a era da governamentalidade. 32 Sécurité, Territoire, Population, p Naissance de La Biopolitique, p Sécurité, Territoire, Population, p Dits et Écrits, Vol. II, p

14 Como destacamos anteriormente Foucault detecta que a condição deste Estado biogovernamentalizado apresenta um incômodo paradoxo: a biopolítica, a partir de estratégias como a medicina social, aparentemente designa um viés humanista à ação do Estado, que se encarrega de proteger e promover cada vez mais as condições de vida (fazer viver). Contraditoriamente, este Estado também pode perpetuar o descarte ou exclusão dos indivíduos por meio de práticas depuradoras em nome da proteção e purificação desta vida. Assim sendo ocorre a manifestação das estratégias do biopoder na prática de se deixar morrer. Desta forma, Foucault faz menção há vários e amplos tipos de racismo de Estado 36, justificando o descarte dos indivíduos indesejáveis ou não normalizados, para assim preservar, proteger e purificar a vida do homem espécie, deixando ou fazendo morrer. Foi a partir do biopoder que o racismo se transformou em estratégia de governo Estatal, instalando-se como elemento fundamental do poder, embora, deve-se deixar bem claro que não foi o biopoder o criador do racismo, e que esse já existia muito tempo antes das configurações atuais da sociedade. Mas na verdade o que seria o racismo de que aqui tratado? Como afirma Foucault: No contínuo biológico da espécie humana, o aparecimento das raças, a distinção das raças, a hierarquia das raças, a qualificação de certas raças como boas e de outras, ao contrário, como inferiores, tudo isso vai ser uma maneira de fragmentar esse campo do biológico de que o poder se incumbiu; uma maneira de defasar, no interior da população, uns grupos em relação aos outros 37. O racismo funciona fragmentando, criando áreas no interior desse contínuo biológico a que se dirige o biopoder. Foucault diz que o racismo terá também um papel que permite uma relação positiva, quando diz respeito a manter-se vivo: se você quer viver, é preciso que você faça morrer, é preciso que você possa matar 38. Essa atitude representa uma relação de tipo guerreira, constituída em parte por esse racismo, que permite que eu mate o meu oponente, meu inimigo, para me manter vivo, permitindo que exista entre a minha vida e a morte do outro uma relação compatível com o exercício do biopoder: Quanto mais as espécies inferiores tenderem a desaparecer, quanto mais os indivíduos anormais forem eliminados, menos degenerados haverá em relação à espécie, mais eu não enquanto individuo, mas enquanto espécie viverei, mais forte serei, mais vigoroso serei, mas poderei proliferar. A morte do outro não é simplesmente a minha vida, na medida em que seria minha segurança pessoal; a morte do outro, a morte da raça ruim, da raça inferior (ou do degenerado, ou do anormal), é que vai deixar a vida em geral mais sadia; mais sadia e mais pura 39. Não se trata somente de uma relação militar e guerreira, mas sim de uma relação biológica, sendo assim, a eliminação da vida no biopoder é permitida, porque representa uma eliminação de um perigo biológico, e, por sua vez, essa eliminação do perigo, 36 Em Defesa da Sociedade, p Em defesa da Sociedade, p Em defesa da sociedade, p Ibid., p

15 acarretará no fortalecimento de um determinado grupo racial. Nesta condição a raça, o racismo é a condição de aceitabilidade de tirar a vida numa sociedade de normalização. 40 O racismo legitima e justifica a ação do poder soberano e do exercício do biopoder. Existem outras formas de eliminar um inimigo. Segundo Foucault: por tirar a vida não entendo simplesmente o assassínio direto, mas também tudo o que pode ser assassínio indireto; o fato de expor à morte, de multiplicar para alguns o risco de morte ou, pura e simplesmente, a morte política, a expulsão, a rejeição, etc 41. Desta forma, podemos compreender a associação estabelecida entre a teoria biológica do século XIX e o discurso do poder. A teoria biológica não seria somente uma forma de mascarar os interesses políticos, tampouco seria somente uma imagem científica, mas, uma forma de pensar as colonizações, as guerras, a criminalidade, os fenômenos da loucura e da doença mental e a história das sociedades com diferentes classes. Justificam-se as práticas de mecanismos de eliminação muitas vezes bastante sutis, agora não mais para derrotar adversários políticos, mas para a promoção da vida, para o fortalecimento da própria espécie. Foucault apresenta o racismo de Estado como condição de se exercer o direito de morte no interior de uma configuração biopolítica do poder, ou seja, a noção de raça agora é utilizada para se operar censuras dentro da espécie humana, possibilitando que se determine aqueles seres inferiores que devem morrer para a própria manutenção e preservação dos superiores 42. O extermínio e os massacres são assim justificados dentro da lógica do biopoder, tratando-se de mais um mecanismo não para vencer os adversários políticos, mas para a promoção da vida, para o fortalecimento da própria espécie, o que acaba por explicar até mesmo a morte entre nós. O que Foucault tenta dizer é que não se trata de um racismo que se traduz em ódio de uma raça pela outra, ou uma espécie de operação ideológica tradicional. Aqui se descreve o racismo ligado ao funcionamento de um Estado que é obrigado a utilizar a raça, a eliminação das raças e a purificação da raça para exercer seu poder soberano 43. O pensador francês compreendeu que a partir do momento em que a vida passou a se constituir como elemento político, passando a ser calculado, gerido e normalizado por políticas estatais, este racismo se impôs como totalmente original em termos históricos, não podendo e não devendo ser confundido com o anti-semitismo, por exemplo. O que se observa nesta condição não é uma diminuição da violência, pelo contrário, pois tal cuidado com a vida de uns, traz consigo de maneira sempre justificada como necessária, a exigência contínua e crescente do emprego da violência como instrumento político de depuração, para garantir mais e melhores condições para a sobrevivência de uma dada população. Como o 40 Em defesa da Sociedade, p Ibid., p Esta noção de Racismo de Estado, não se limita à conotação de sentido étnico, comumente utilizado, mas se relaciona com qualquer tipo de norma que determine se um indivíduo ou grupo deve sofrer algum tipo de intervenção, exatamente por não estar de acordo com esta norma. 43 Em Defesa da Sociedade, p

16 pensador francês destaca jamais as guerras foram tão sangrentas como a partir do século XIX e nunca, guardadas as proporções, os regimes tinham até o momento, praticado tais holocaustos em suas próprias populações 44. Descreve-se uma mutação no modo de se exercer o poder nas sociedades ocidentais atuais, a qual dá ensejo a que se passa a denominar como a biogovernamentalização estatal, através de um mecanismo estratégico de poder que lança mão desta outra face do biopoder, identificada como o racismo biológico de Estado. Não temos a figura de um Estado centralizador, mas esta governamentalização ou biogovernamentalização permite ao Estado moderno permanecer presente no interior da mecânica das relações de poder e do seu exercício. Por sua vez, a prática de racismo de Estado estabelece uma situação onde a sociedade ou o tipo determinado a ser defendido contra os inimigos, sendo estes internos e especialmente externos. Observemos que em defesa da sociedade, cumpre-se doravante, combater todos os perigos que o inimigo, sempre desqualificado como não participando da purificação social ou da normalização possa exercer. Faz-se necessário então o combate à raça inimiga ou inferior, segundo determinadas normas, em nome da vida da melhor raça, podendo colocar em risco o seu progresso ou estabilidade de um futuro melhor. Introduz-se uma nova economia de poder na qual a morte dos outros, classificados como inferiores ou perigosos à manutenção da vida social, fortalece a própria pessoa na medida em que se é membro de uma população determinada como superior. Ora, nesta condição de se fazer morrer, para deixar viver, a violência contra o estranho ou o outro, visto como o fora, sempre se torna uma alternativa para o exercício de depuração biopolítica dos Estados modernos. Um dos pontos mais curiosos deste paradoxo biopolítico é que em nome da defesa de algum tipo de sociedade, aplica-se o racismo interno ao próprio corpo social, isto é, a população de uma determinada sociedade elegerá os seus inimigos internos ou os indesejáveis, passíveis de alguma estratégia depuradora de biopoder. Este tipo de prática se coloca na linha das práticas de higienização, do terror político e da destruição total 45. CONCLUSÃO Segundo nossa interpretação nada é mais evidente na atualidade como tema a ser diagnosticado do que a relação entre racionalização política e seus excessos, ameaçando a liberdade dos indivíduos. Foucault parte de um foco crítico original: inicialmente não se pode mais insistir em tratar da questão: O que é o poder? Mas como o poder é exercido. Suas análises opõem-se à corrente dominante da filosofia política e do direito que parte dos sujeitos como elementos naturais, para avaliar qual a parte de liberdade que podem alienar 44 História da Sexualidade I. A Vontade de Saber, p Foucault faz menção a biopoder racista promovido pelo Estado Alemão Nazista, que buscava depurar principalmente de sua sociedade projetada para ser pura de sangue, os inimigos da raça, mesmo considerados pelas leis anteriores como pertencentes à sociedade alemã. Nesta condição o Estado Nazista se identificava como destrutivo e suicida. 104

17 ou não ao poder soberano do Estado centralizador. Agora se trata de ao contrário, perceber de que modo o poder produz o indivíduo, investindo o seu corpo, agenciando sua saúde, o seu comportamento e assim organizando a vida quotidiana. O que se torna mais essencial é a fabricação dos sujeitos mais do que a gênese do soberano 46. Deve-se rejeitar a substancialidade do poder. Não se pode mais analisar o poder como se pertencesse a um indivíduo ou a classes de indivíduos. Não se parte mais da análise do poder centralizado. Não por acaso, Foucault passa a trabalhar com a noção das relações de poder em diversos setores, compreendendo um campo múltiplo e diverso de relações de poderes onde se defrontam. O olhar filosófico ou o sentido de diagnóstico filosófico desloca-se para as relações múltiplas de exercício de poder, que se formam no interior das famílias, dos grupos restritos ou das instituições. São originais e bastante profundos os deslocamentos efetuados por Foucault: além de retirar o poder da forma negativa na qual, comumente o discurso político tradicional o aborda, reitera uma descrição nominalista do poder ao afirmar que o poder não é uma instituição, uma estrutura, uma lei universal: é o nome dado a uma situação estratégica complexa, numa sociedade determinada 47. Foucault demonstra que não se pode resumir o poder enquanto prática de interdição, delimitação, barreira ou censura e que nesta situação, o seu enfrentamento só se torna possível quando se concebe algum tipo de transgressão. Ao se desenvolver a análise do poder como relacional e estratégico, recusa-se a sua leitura tradicional e simplista, comumente o representando de forma centralizada, onipotente e até como a expressão de um poder onisciente, isto é, tudo pode fazer e se encontra em todo o lugar, dominando a todos. De outro lado, compõe-se o grupo dos indivíduos completamente dominados, obedientes e oprimidos por este tipo de poder negativador. Sendo assim, como afirma o autor não se deve, pensar o poder como um fato primeiro e maciço de dominação, mas antes, uma produção multiforme de relações de dominação, que são parcialmente integráveis a estratégias de conjunto 48. Podemos constatar que se o poder dos Estados modernos se limitasse apenas à repressão, a possibilidade de produzir corpos úteis e produtivos não seria tão eficaz. Se os mecanismos da dominação fossem exercidos unicamente em sua forma violenta, pela opressão sobre os cidadãos, os movimentos de libertação alcançariam êxito muito mais facilmente. A dificuldade maior é que o poder moderno desenvolve mecanismos de dominação muito sutis, uma propriedade desprezada pelas análises históricas sobre a teoria do poder. Um fator é salientado pelo pensador quando afirma que: De maneira geral, os mecanismos de poder nunca foram muito estudados na história. Estudaram-se as pessoas que detiveram o poder. Era a história anedótica dos reis, dos generais. Ao que se opôs à história dos processos, das infraestruturas econômicas. A estas, por sua vez, se opôs uma história das instituições, 46 Em Defesa da Sociedade, p História da Sexualidade I. Vontade de Saber, pp Dits et Écrits, Vol. II, p

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