II Congresso Caciopar O Papel da Iniciativa Privada no Desenvolvimento Territorial
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- Elza Domingos Rosa
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1 II Congresso Caciopar O Papel da Iniciativa Privada no Desenvolvimento Territorial As Cadeias Propulsivas e sua relação com as demais Atividades do Território Carlos Aguedo Paiva
2 A Pergunta O Oeste Paranaense vem apresentando uma dinâmica de crescimento superior à média nacional e similar à média do Paraná (em torno de 11,5% nominal e 4,5% real ao ano). A questão posta pelos articuladores do Projeto Oeste em Desenvolvimento é: A Economia do Oeste poderia crescer a uma taxa mais elevada a partir da mobilização de recursos endógenos?
3 A Resposta (1) Supondo que o Brasil e o mundo não alterem de forma radical suas próprias performances, a resposta é: DEFINITIVAMENTE, SIM. E isto, por uma série de motivos, dentre os quais: 1) Parcela expressiva da região Oeste já cresce acima da média do Paraná, pois está conectada a mercados nacionais e internacionais de crescimento acelerado;
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5 A Resposta (2) 2) A sub-região que cresce abaixo da média estadual (deprimindo os índices do Oeste e igualando-os aos índices estaduais) já está enfrentando seus gargalos e pode apresentar uma performance similar às sub-regiões mais dinâmicas; 3) O enfrentamento destes gargalos passa pela articulação das sub-regiões menos dinâmicas às mais dinâmicas, potencializando o crescimento de ambas; e, por fim: 4) Mesmo as sub-regiões mais dinâmicas da região Oeste estão realizando um aproveitamento apenas parcial de suas oportunidades de crescimento por falta de planejamento e exploração das possibilidades de articulação (sinergia) entre as organizações produtivas, as organizações sociais e as organizações voltadas à pesquisa, ao desenvolvimento e à qualificação de agentes produtivos
6 Será mesmo? A afirmação de que poderíamos fazer melhor é o núcleo de todo o discurso de consultor. E isto não é gratuito. Ela é sempre verdadeira. Sempre poderíamos inovar, empreender, trabalhar mais, mudar os hábitos, sermos mais eficazes.... A questão efetivamente complexa é onde inovar? O que, exatamente, estamos fazendo errado? Existe uma forma certa de fazer? Qual?
7 Como a renda de uma região cresce? Primeiro, precisamos entender como a renda de um território é determinada. A renda total de uma região é composta de dois tipos: renda primária e renda multiplicada. A renda primária é aquela que ingressa na região desde fora. É a renda que está associada às relações da região com o seu exterior, às funções que à região cumpre no interior da nação. A renda primária pode se originar de três fontes distintas:
8 As fontes da Renda Primária 1) produção e exportação de bens tradables (agropecuária, indústria de transformação, indústria extrativa mineral, produção de energia elétrica); 2) aquisição de bens e serviços na região por agentes domiciliados e que auferem sua renda fora da mesma; 3) transferências governamentais deficitárias para pagamento de salários do funcionalismo, aposentadoria, pensões e similares
9 A Renda Multiplicada A renda primária transforma-se em demanda de bens de consumo ou em investimento (em bens de capital ou em poupança financeira). Como regra geral (sujeita a exceções) a poupança e as demandas de investimento tendem a se deslocar para fora da região. Mas parcela importante da demanda de consumo volta-se para atividades da própria região. Este é o caso das demandas sobre comércio varejista e serviços básicos de saúde e educação. Esta são atividades ubíquas, atividades que estão em todas as partes. Ao receberem as demandas dos auferidores de renda primária, os produtores de serviços ubíquos recebem renda, e, por sua vez, passam a demandar outros bens e serviços na região, gerando novas rendas e demandas.
10 A Renda Total A renda total é a soma da renda primária mais a renda multiplicada. Alternativamente, poderíamos dizer que a renda total é a renda primária vezes o multiplicador. O multiplicador é relativamente rígido, difícil de ampliar, pois é determinado por três fatores: 1) grau de integração regional da produção de bens e serviços associados às atividades multiplicativas 2) distribuição de renda e propriedade 3) padrão de relação entre polo e periferia e qualificação relativa dos empresários dos municípios periféricos com relação aos municípios polo
11 Supondo um Multiplicador Dado O multiplicador usualmente gira entre 2 e 3. Se ele for baixo por hipótese, 2 e estável, a dinâmica da economia como um todo será integralmente determinada pela dinâmica da renda primária (atividades propulsivas). De sorte que: se a renda primária for de 100, a renda total será de 200 se a renda primária for de 200, a renda total será de 400 Se a renda primária for de 400, a renda total será de 800
12 Se a renda primária for estável E o multiplicador for dado, a demanda sobre as atividades ubíquas (secundárias e multiplicadas) também será estável. Neste caso, de nada adiantará inovar ou empreender. Um exemplo pode ajudar: o caso das carrocinhas de cachorro quente na cidade do interior. Se a renda primária for dada, a única forma de ampliar a renda é ampliando o multiplicador. Existem mecanismos para tanto, mas eles são de alcance relativamente limitado. Os mecanismos mais eficazes são: 1) qualificação do empresariado local com vistas a atingir um padrão de prestação de serviço similar (ou superior) aos serviços prestados no polo; 2) modificação no padrão de fiscalidade com vistas a onerar as rendas mais altas (e a evasão de renda) e desonerar as rendas mais baixas
13 A forma mais simples de crescer É pelo crescimento da renda primária A renda primária de uma região vem de fora. Para alavancar seu crescimento é preciso: 1) identificar a dinâmica da demanda dos bens e serviços exportados. (A demanda tende a crescer?) 2) identificar as competências e carências das organizações produtoras dos bens e serviços propulsivos vis-à-vis os concorrentes atuais e potenciais. (Somos os mais competitivos? Continuaremos sendo? Quais são os nossos desafios? Podemos enfrentá-los?)
14 As Atividades Propulsivas do Oeste O Oeste é uma região de produção diversificada e conta com um conjunto amplo de atividades propulsivas, dentre as quais podemos salientar: produção graneleira (soja, milho, etc), produção pecuária (aves, suínos, gado vacum, leite, pescado, etc.), fármacos, turismo, material de transporte, logística, madeira-celulose-mobiliário, dentre outras. Entretanto, algumas destas atividades apresentam capacidade propulsiva maior do que outras. A identificação da capacidade de propulsão, depende da identificação de relações de encadeamento e integração das distintas atividades no território. Além disso, nem todas as cadeias propulsivas apresentam o mesmo potencial de crescimento à frente e de inclusão de novos agentes. Por fim, há cadeias para as quais contamos com recursos endógenos suficientes para enfrentar seus gargalos, alavancar sua competitividade e sua rentabilidade. E há outras cujos desafios estão além de nossa capacidade imediata de enfrentamento.
15 As Atividades de maior potencial propulsivo no Oeste Após a análise dos dados disponibilizados pela RAIS e Censo Demográfico, e o cotejamento destas informações com lideranças empresariais e políticas do território identificamos quatro cadeias propulsivas de grande potencial de crescimento no território: 1) Proteína Animal (leite e carnes) 2) Outros Agroalimentares (grãos e derivados) 3) Turismo 4) Material de Transporte (e Logística)
16 As particularidades das 4 cadeias Material de Transporte apresenta um grande potencial, mas este ainda não se realizou plenamente; O Turismo já realiza parte de seu potencial. Mas há muito mais a explorar. Entretanto, ele se associa a uma sub-região bem determinada do Oeste (Foz do Iguaçu e entorno) A produção de proteína animal e outros agroalimentares é nucleada pelo sistema cooperativo do Oeste paranaense, que apresenta algumas particularidades com relação a outros sistemas cooperativos e que abrem uma (discreta e secundária, mas não insignificante) contradição com as atividades multiplicativas regionais coordenadas por agentes privados. Este é o ponto que gostaríamos de debater hoje.
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