Modelos de Transformação Estrutural da Agricultura e da Economia
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- Luana Franca Brandt
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1 Observatório do Meio Rural Conferência Agricultura, Diversificação e Transformação da Estrutura da Economia Modelos de Transformação Estrutural da Agricultura e da Economia João Mosca e Máriam Abbas Maputo, 24 de Maio de 2017
2 Apresentação: As questões fundamentais do crescimento com TE As questões fundamentais do desenvolvimento agrário com TE O sistema agro-alimentar/negócios mundial Modelos de transformação da estrutura agrária Opções em Moçambique Por que a agricultura está como está? Opções em Moçambique: modelos Opções em Moçambique: políticas (Des)Transformação Agrária em Moçambique Resumo
3 As questões fundamentais do crescimento económico com TE
4 Transformação de longo prazo, com (des)continuidades dos processos históricos (dependência da trajectória e onde as mudanças podem acontecer como resultado de fenómenos aleatórios). Modelos/estratégias relacionados com as dinâmicas dos interesses políticos e económicos que se configuram ao longo prazo à escala mundial. Constante aprofundamento da divisão internacional do trabalho, com algumas mudanças. A poupança e a acumulação externas. A escassez de capital interno e um capitalismo de renda, sem empresários.
5 A natureza do subdesenvolvimento: um fatalismo ou a reprodução das funcionalidades do sistema capitalista mundial? (troca desigual; instabilidade e controle dos preços internacionais; dependência de conhecimento e técnico Instituições: finanças internacionais (financeirização) O que as NTI trouxeram? A crise da democracia representativa. Reforço do autoritarismo e falta de transparência. A corrupção. Alternativa à aliança Estado capital multinacional e suas ligações nos países pobres. A alternativa da sociedade civil internacionalizada?
6 Peso dos sectores na formação do PIB Primário Secundário Terciário
7 Transferência intersectorial de recursos (acumulação) Primário Secundário Terciário
8 A acumulação à escala internacional Poupança externa: IDE/Cooperação /Dívida Recursos (exportação/ preços/lucros) % do IDE que fica na origem
9 Factores de crescimento/transformação estrutural
10 Contexto macro e economia política Política económica e políticas públicas
11 Presença dos factores de crescimento em economias seleccionadas Capital Homem Terra Recursos Naturais Instituições Democracia Angola Moçambique Líbia Brasil Coreia Qatar Singapura Irlanda Japão Nórdicos
12 Presença dos factores em economias seleccionadas Ang Moz Líbia Br CS Qatar Sing Ir Jpn Nórd K H T R. N. I D Capital e Homem são factores presentes em todos os países, excepto Angola (H) MOZ (K e H). Terra e R. N. não são condição necessária para o desenvolvimento e TE. Todas as economias desenvolvidas possuem boas Instituições e Democracia. A ausência de democracia pode ser fatal em economias aparentemente estáveis (Líbia) Poder Autoritário e Estado intervencionista está presente em todas as economias emergentes.
13 As questões fundamentais do desenvolvimento agrário com TE
14 As questões fundamentais do desenvolvimento agrário com TE (1) Transferência de recursos (acumulação) entre o meio rural e do sector agrário com outros sectores, o meio urbano e o exterior (Preços, fiscalidade, investimento público, subsídios, fluxos financeiros - poupança/ crédito/ investimento ). Politicas de urbano bias. Actividades desconectadas que não estabelecem relações intersectoriais e criação de valor no local. Desenvolvimento desequilibrado com aumento das desigualdades sociais e territoriais (rural - urbano). Urbanização acelerada/caótica Agentes económicos locais e localizar a acumulação principalmente no meio rural (politicas públicas favoráveis à iniciativa de empresários e localização d acumulação) e políticas públicas favoráveis ao sector. Incentivar com políticas públicas a diversificação das actividades económicas no território, criadoras de emprego. Integrar em planos territoriais as principais actividades promotoras do desenvolvimento rural integrado.
15 As questões fundamentais do desenvolvimento agrário com TE (3) Crescimento demográfico e ocupação do território. Concentração e centralização da administração pública. Investigação/tecnologia, extensão rural e formação (diferentes, conforme tipos de produtores e respeitando soberania dos mesmos). Planeamento do território, defesa dos direitos e da lei. Descentralização (poder e capacidade técnica das instituições locais) e participação comunitária. Aumentar a investigação técnica e no âmbito das ciências sociais. Repensar e reforçar a rede pública de extensão rural. Rever o sistema educativo na áreas das ciências agrárias e sociais relacionadas.
16 As questões fundamentais do crescimento com TE (3) Mercados-comercialização (distorções, pouco comunicados, assimetria de conhecimento, elevados custos de transportes ). Reduzir e/ou qualificar o intervencionismo, melhorar a rede de estradas, repensar a comercialização e o sistema de armazenagem integrado. Produtividade e rendimento dos produtores e da população rural Organização dos produtores Formação, mercados, preços, tecnologias, conservação, e diversificação das fontes de rendimento, melhores serviços públicos. Gestão, assistência técnica, e capacidade negocial e poder.
17 O sistema agro-alimentar/negócios mundial
18 Contexto (1): Crescimento rápido da procura de recursos energéticos, de alimentos e de commodities. Aumento da internacionalização e financeirização do agronegócio. Procura de territórios no estrangeiro (terra, água, recursos naturais, industrialização, migrações). Reconfiguração/aprofundamento da divisão internacional do trabalho (especialização produtiva). Concentração do capital e da acumulação à escala mundial.
19 Contexto (2): Liberalização assimétrica crescente dos mercados. Estados frágeis e pouco transparentes. Economias dependentes de recursos externos: abertura ao capital externo. Quebra da autonomia : opções e lógicas dos produtores primários.
20 A perda de soberania dos países e dos produtores Sementes Químicos Máquinas Conhecimento Qualidade Quantidade Regularidade Embalagem Sanidade Monopólios/ Oligopólios Soberania do dos produtores Monopsónios/ oligopsónios
21 Modelos de transformação da estrutura agrária
22 Principais sistemas de produção Grande exploração de monocultura (ou não) Subcontratação (pequenos e médios produtores Proletarização/ urbanização (desaparecimento do campesinato como classe) social Comercialização (integração eficiente/dos pequenos) Cadeias de valor/rede comercial Integração / resistência do campesinato nos mercados Agro-ecologia
23 Principais sistemas de produção. Monoculturas em grandes explorações Capitalização/tecnificação alta produtividade técnica e aumentos rápidos de produção. Exportação. sistema agroalimentar /negócio internacional. Pouca criação de emprego Exclusão e conflitualidade social (terra, reassentamentos ). Agressão ambiental
24 Principais sistemas de produção. Campesinato como produtor de mercadorias. Comercialização e cadeias de valor Eficiência e produtividade do pequeno produtor Exportação. Integração do camponês no sistema agroalimentar/negócio internacional, e/ou mercado interno Aumento do rendimento Diferenciação social
25 Principais sistemas de produção. Desenvolvimento do campesinato e agro-ecologia Eficiência social e ambiental Preservação cultural Menor diferenciação social e baixa conflitualidade (dinâmicas mais endógenas). Desenvolvimento inclusivo Mais funções e gastos e menores receitas do Estado Menor rendimento e produtividade (?)
26 Opções em Moçambique Porque a agricultura está como está?
27 1. Opções em Moçambique: modelos
28 Opções em Moçambique: investimento externo (agro-negócio) Investimento externo, pouca criação de VA interno e reduzidas relações intersectoriais. Produção para exportação e secundarização do mercado interno. Vulnerabilidade aos contexto externos Investimento pouco gerador de emprego. Exclusão de mais de 95% dos produtores e conflitualidade social (terra, reassentamentos ). Agressão ambiental
29 Não-opções em Moçambique (pequenos produtores e sustentabilidade) Baixos recursos para investigação e extensão. Não há formação. Deficiente defesa dos direitos das comunidades. Relações quase inexistentes com a UNAC e com a sociedade civil. MOZ
30 Opções e não-opções em Moçambique. Conflitualidades irreconciliáveis? Exemplos onde é possível retirar boas lições) MOZ Opções e Tabaco e soja. Porquê? Capital humano com conhecimento da realidade. Tecnologia ajustada. Extensão considerando os sistemas produtivos. Aumento dos rendimentos dos produtores. Comercialização assegurada. Não agressão dos direitos.
31 Opções e não-opções em Moçambique. Conflitualidades irreconciliáveis? Exemplos onde é possível retirar boas lições) Tabaco e soja. Porquê? Organização dos produtores. Diálogo. MOZ Opções e RISCOS: Variação de preços. Subsídios avultados e direccionados (soja). Desestruturação do sistema de produção alimentar (segurança). Dependência técnica (sementes, ).
32 2. Opções em Moçambique: políticas
33 Opções em Moçambique (políticas não-amigas da agricultura) MOZ Média de % do orçamento é dedicado à agricultura. Baixos recursos para investigação e extensão. Não há formação. Poucos subsídios e estes não são acessíveis aos pequenos produtores e são ineficazes para os médios e grandes. Política de abertura/protecção. Crédito abaixo de 5% do total do crédito à economia (concentra-se fora do sector produtivo - comercialização e transformação) e, dentro deste, fora do sector familiar.
34 Opções em Moçambique (políticas não-amigas da agricultura) MOZ Mercados distorcidos (monopsónios e monopólios). Lei de Terras cínica e não cumprida com cumplicidade do Estado. Outras leis deficientemente cumpridas. Fraca capacidade de realização de funções do Estado (por ex. regulação e fiscalização). Actividades predadoras. Agressões ambientais não fiscalizadas.
35 Opções em Moçambique (políticas não-amigas da agricultura) MOZ Governação hiper centralizadora, que distorce os mercados, dificulta a iniciativa (ambiente de negócios), obstaculiza a participação, é exclusivista e autoritário e é incompetente em muitos aspectos.
36 (Des)Transformação Agrária em Moçambique
37 Indicadores de transformação estrutural da agricultura (1) % do PIB Intensificação (capitalização) da agricultura MOZ Transformação estrutural
38 Indicadores de transformação estrutural da agricultura (2) % do emprego formal na agricultura Produtividade (t/ha) ,6 1,0 0,5 0,8 3,2 (2002) 1, MOZ Transformação estrutural
39 Indicadores de transformação estrutural da agricultura (3) Tamanho médio das pequenas explorações (ha) % nº de pequenas parcelas (<10ha) ,5 99,3 50 1,0 1,5 1, MOZ Transformação estrutural
40 Indicadores de transformação estrutural da agricultura (3) Auto-suficiência alimentar Balança comercial alimentar MOZ Transformação estrutural
41 As três funções da agricultura definidas após a independência
42 Quilos per capita 1. Abastecimento do povo Evolução da produção agrícola per capita de Moçambique , somatório de amendoim, arroz, mandioca, milho e sorgo (12% mais de 1961) (-18% de 1961) Produção Total per capita Produção Total per capita sem mandioca Fonte: FAO
43 2. Abastecimento de matérias-primas à industria nacional Qual indústria?
44 3. Contribuir para a balança comercial Balança Comercial Alimentar -em US$ Exportações alimentares Importações alimentares Défice da BC Aimentar Fonte: FAO
45 Baixa inclusividade económica e social. Aumento das desigualdades sociais e territoriais e do número de pobres. Fenómenos migratórios diversos e urbanização caótica. Pouca ou ausente democracia participativa. Conflitualidades. Autoritarismo e pouco diálogo.
46 A economia política da transformação estrutural Alianças e relações de interesses
47 Sistema de alianças do capital no meio rural Estados de origem do capital Alianças Capital multinacional Estado/elites políticas Capital doméstico Elites locais/comunitárias Não -alianças Sociedade civil activista Pobres do meio rural
48 Cooperação e ajuda Relações de interesses (1) Capital multinacional e Estado Capital (IDE) Impostos Sociedades Rendas Legislação Fiscalidade (benefícios) Terra Facilidades Rendas Poder Facilidades
49 Relações de interesses (2) Capital multinacional Estado e capital nacional Cooperação e ajuda Rendas Poder Serviços Rendas Sociedades Facilidades
50 Relações de interesses (4) Capital multinacional, cooperação e Estados Cooperação e ajuda Rendas Poder Facilidades
51 Relações de interesses (Resumo) Rendas Sociedades Cooperação e ajuda Rendas Poder Legislação Fiscalidade Terra Facilidades Serviços Rendas Sociedades Facilidades
52 A transformação: revolução semi-silenciosa Governos/ Estados Cidadania (Sociedade civil) Educação Pesquisa Advocacia Capital/ mercados Movimentos sociais Mudar percepções, discursos, formas de actuação, políticas e democraticidade
53 RESUMO: É preciso ajustar as concepções de desenvolvimento (modelo e estratégias). O sector familiar não pode ser esquecido. A politica agrária deve mudar: o capital externo e o mercado não resolvem tudo. Necessidade de reformas/modernização, descentralização e mais transparência da administração pública. Importância do cumprimento da Lei e da defesa dos direitos das comunidades. Tem de haver mais democracia participativa.
54 As actuais opções de modelos e de políticas e o contexto internacional tornam a agricultura inviável em Moçambique. É PRECISO MUDAR. MUDAR MUITA COISA
55 Desculpem pelo tempo dispensado
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