TÍTULO DO PROGRAMA. Paladar Série: Sentidos Humanos SINOPSE DO PROGRAMA

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1 TÍTULO DO PROGRAMA Paladar Série: Sentidos Humanos SINOPSE DO PROGRAMA Paladar, episódio da série Sentidos Humanos, é um divertido filme sobre a dieta humana: da forte pimenta mexicana aos queijos franceses, a capacidade humana de comer quase tudo é um dos motivos que permitiram que a espécie humana se espalhasse por todo o globo. O trabalho interdisciplinar é uma feira de alimentos que vai discutir como fatores socioambientais, genéticos, fisiológicos, químicos e evolutivos influenciam na escolha dos alimentos. CONSULTORES Marcello Vieira Lasneaux BIOLOGIA Agatha Alexandre Santos SOCIOLOGIA Wesley Pereira da Silva QUÍMICA TÍTULO DO PROJETO O PALADAR E A FEIRA DOS SABORES

2 MATERIAL NECESSÁRIO PARA REALIZAÇÃO DA ATIVIDADE: - Equipamento para projeção do DVD; - Liquidificador; - Aproximadamente um litro de água; - Repolho roxo; - Vinagre incolor; - Limão; - Manga; - Caju; - Romã; - Abacate; - Mamão; - Sabão em pó; - Copinhos transparentes; - Espaço para produção de uma feira de apresentação das barracas; - recipientes para temperos (5); - sal, açúcar, pimenta-do-reino, canela, achocolatado; - venda para os olhos; - jarro de água potável e copos; - colher de sobremesa PRINCIPAIS CONCEITOS QUE SERÃO TRABALHADOS EM CADA DISCIPLINA BIOLOGIA - Sensação do paladar: detalhes da percepção do gosto pelo corpo humano; - Noções de evolução. SOCIOLOGIA Conceitos utilizados no projeto: - Cultura e socialização.

3 QUÍMICA - Ácidos; - Bases; - Indicadores; - Potencial Hidrogeniônico (ph); - Semelhança química. DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE Apresentação do filme (28 minutos), seguido de debate promovido pela Sociologia. Qual a origem da diversidade da dieta? É sociocultural? É genética? É fisiológica? É química? É evolutiva? O professor age como um gerente das falas dos alunos. TEMPO: 1 aula. Discussão específica do filme. Três áreas temáticas. I. Sociologia Sociologia: Por que o queijo gorgonzola não é apreciado entre os orientais? E o ovo fermentado, por que não é consumido entre os europeus? O paladar pode ser construído? Depois da discussão sobre a alimentação e comidas típicas apresentadas no documentário, poderá ser introduzido o conceito de cultura, a saber: os conhecimentos produzidos, passados de geração para geração, que definem as características de uma sociedade e dependem não somente dos aspectos geográficos, como também, dos recursos econômicos para a sobrevivência (Queiroz & Gonçalves, 2007:110). Desta forma, os hábitos alimentares, a forma de se vestir, as tradições religiosas, a ideologia, a política e a arquitetura constroem a cultura de uma sociedade. Tudo o que o homem produz é cultura. Importante: utilize as próprias constatações dos alunos durante as discussões para exemplificar o conceito de cultura. Ao apresentar, após o debate, a conexão entre o conceito e os exemplos explorados, torna-se mais fácil a compreensão, pois corrobora as impressões manifestadas pelos alunos. A seguir, apontar os seguintes aspectos: a) O concurso de pimentas apresenta a manifestação de um aspecto da cultura, envolvendo o paladar, a troca de experiências, a competição e a superação de limites. Isso é construído socialmente. b) Se o paladar é aprendido socialmente, ou seja, construído conforme a cultura em que se vive, ele também pode ser determinante para as relações sociais a comida reúne as pessoas.

4 Neste sentido, podemos considerar o conceito de socialização. Sociologicamente, podese entender a socialização como o processo de aprendizagem internalizada e vivenciada durante a vida do indivíduo. É por meio da socialização que formamos a identidade social, descobrimos os direitos, as obrigações, traçamos possibilidades e limites, desenvolvemos o sentido da coletividade, de cooperação, de solidariedade e espírito de defesa. Trata-se de um exercício repetitivo, um processo em que o ser humano aprende e se adapta aos valores, normas e costumes do ambiente social em que vive (Queiroz & Gonçalves, 2007: 25). II. Química A partir do documentário, relacionar os sabores de alguns alimentos com as propriedades das substâncias que compõem esses alimentos. Como por exemplo, as substâncias ácidas que possuem um sabor azedo. Mas o importante é poder identificar essas substâncias sem utilizar o paladar. Mas como fazer isso? Como demonstrar isso para os nossos alunos? Sugiro a utilização da simulação computacional abaixo: Indicador de ácido e base na cozinha da minha casa: Figura 1 Tela inicial do recurso Esta simulação está presente no Portal do Professor do Ministério da Educação (MEC). Para acessar a simulação, entre no site clique em Recursos Educacionais e busque pela palavra chave indicadores. Esta simulação mostra de uma forma clara e divertida a utilização de alguns indicadores naturais, como é o caso do repolho-roxo. Ela proporciona um momento em que os alunos poderão determinar se alguns produtos são ácidos ou bases, utilizando diferentes indicadores.

5 Figura 2 Utilização dos indicadores da simulação Obs.: A simulação definiu como sendo uma característica das substâncias básicas o sabor adstringente, mas na verdade adstringente não é um sabor e sim uma sensação de apertar, comprimir a boca. No dicionário, adstringência é o efeito de apertar, unir, comprimir. Quanto a sua utilização em sala de aula, você, professor, poderá utilizá-la no laboratório computacional da sua escola. Como alternativa você poderá utilizar um computador ligado a um datashow, mostrando a simulação para os seus alunos na própria sala de aula. Caso o professor não possua nenhuma dessas alternativas, sugiro que utilize em sala de aula o experimento sugerido na parte interdisciplinar. III. Biologia Aula teórica sobre o sentido do paladar: sensação da língua e do palato. Discussão do fracasso, do erro histórico do mapa da língua. Mostrar a realidade. Relacionar os tipos de papila. Demonstrar o sabor como um produto de dois sentidos-irmãos: o paladar e o olfato (uso da apresentação em PowerPoint arquivo em anexo). Evolução: o coala é um fracasso? Fugiu do nicho de outras espécies, mas especializou-se demais (ler o texto: O coala é um fracasso em Avaliar o documentário com bases nos erros textuais do finalismo, do determinismo genético. Gostamos do

6 doce porque ele é energético. Evolução acontece dessa forma? Adquirimos alguma característica por uma necessidade ao longo do tempo. TEMPO: 1 aula. Feira gastronômica: ETAPA INTERDISCIPLINAR Barracas dos Estados. Grupos de 2 a 5 alunos retratam a culinária de alguns estados brasileiros, previamente definidos pelo professor. Sugestão: BAHIA, PARÁ, MINAS GERAIS, RIO DE JANEIRO, SANTA CATARINA, GOIÁS, PIAUÍ, CEARÁ, SÃO PAULO, AMAZONAS. Os pratos podem ser produzidos, ou parte deles, e outra opção é a apresentação de frutos (ou sementes) da região, ou ainda bebidas (não-alcoólicas). Exemplos: açaí (região norte), camucamu (região norte), castanha-do-pará (região norte), pinhão (região sul), amêndoa-do-cerrado (centro-oeste), pequi (centro-oeste), erva-mate (região sul), caju e goiaba (região sudeste), umbu e seriguela (região nordeste). Barraca dos Estados = após o sorteio dos grupos e de suas respectivas barracas representativas das comidas típicas dos Estados brasileiros, orientar os alunos a pesquisarem a associação de determinada comida ou prato típico com a cultura local. Como surgiu o consumo de tais alimentos, temperos e pratos típicos? Em quais ocasiões são consumidos? Por que são considerados representativos de tal região brasileira? Qual a relação das pessoas da região com o alimento pesquisado? Importante: lembrar aos alunos que as fontes consultadas para as pesquisas realizadas por eles devem constar no trabalho, sejam elas formais: livros, mídias, Internet; ou mesmo entrevistas e relatos advindos da tradição oral. Barraca desafio dos sabores: nesta barraca os alunos passarão pela provação de cinco ingredientes ocultos. Os ingredientes encontrar-se-ão em frascos opacos numerados de 1 a 5 (identificados na parte de baixo, para que apenas os responsáveis pela barraca tenham o conhecimento). Eles poderão ser: (1) canela, (2) sal, (3) açúcar, (4) achocolatado, (5) pimentado-reino. Disponibilizar uma jarra de água e um copo para os provadores. O aluno provador escolherá um recipiente (frasco) e depois, será convidado a sentar-se. Terá seus olhos vendados e deverá tampar o nariz, para então receber uma pequena porção (posta em uma colher) proveniente do frasco com o número sorteado. O aluno será questionado ainda com o nariz tampado sobre qual é o produto que está degustando. Depois, poderá destampar o nariz e refazer sua resposta. Algumas surpresas acontecerão. Barraca da experimentação. Os alunos serão orientados pelo professor de Química sobre experimentos simples para identificação de algumas substâncias.

7 Nessa barraca será produzido um indicador, utilizando o repolho-roxo, este será utilizado para classificar alguns alimentos e alguns produtos em ácidos ou bases. Materiais: - Liquidificador; - Aproximadamente um litro de água; - Repolho roxo; - Vinagre incolor; - Limão; - Manga; - Caju; - Romã; - Abacate; - Mamão; - Sabão em pó; - Copinhos transparentes. Procedimentos: Preparação do indicador: 1. Coloque uma folha de repolho e um litro e meio de água no liquidificador. 2. Bata bem. Atenção! As crianças devem pedir ajuda a um adulto para mexer no liquidificador. 3. O suco, que pode ser coado, fica mais ou menos desta cor: Figura 3 Indicador repolho-roxo

8 Fonte:< Acessado em 19 de Outubro de Preparação das soluções com as frutas: 4. Corte pequenos pedaços das frutas e bata no liquidificador com um pouco de água até formar uma solução. Teste das soluções: 5. Despeje o suco do repolho-roxo nos copinhos transparentes. 6. Pingue algumas gotas de limão em um dos copos e misture. Observe a mudança de cor! Por que será que isso aconteceu? 7. Repita o procedimento utilizando as outras soluções. Experimento adaptado do site da FIOCRUZ: < acessado em 19 de outubro de Com esse experimento é possível fazer com que os alunos percebam que as substâncias que possuem as mesmas características, apresentarão a mesma cor ao reagirem com o indicador (repolho roxo). A partir daí, pode-se introduzir os conceitos de ácidos e bases. Para o experimento foi feita uma pesquisa na Internet para descobrir algumas frutas que poderiam apresentar características básicas. Sugestões de materiais complementares Professor, para saber mais sobre o conteúdo químico abordado neste trabalho, acesse as sugestões de aulas e a simulação, presentes no Portal do Professor do Ministério da Educação MEC. Sugestões de aulas: Repolho roxo, um indicador? : Produzindo um indicador ácido-base : Simulação:

9 Trapalhada da vovó Mafalda : * Para evitar favorecimentos e legitimar a igualdade de oportunidades, as barracas podem ser sorteadas entre os grupos após eles serem montados. Isso seria feito na aula de apresentação do vídeo e do debate, ou em uma das aulas específicas sobre o assunto. RESUMO DA ATIVIDADE O trabalho envolve a participação dos alunos para a produção de uma feira gastronômica em que os conteúdos de Biologia, Sociologia e Química serão abordados. As barracas deverão trazer o alimento para degustação e apresentação, demonstrando a diversidade cultural, bem como a comida como elemento de reunião social. A Biologia será utilizada pela simulação do gosto como sensação complexa, envolvendo também o olfato. A Química se unirá trazendo a questão das propriedades alimentares de acidez e basicidade. Bon appétit! COMO VOCÊS AVALIARIAM ESSE TRABALHO? Os alunos poderão ser avaliados nas três disciplinas com uma nota de consenso entre os professores, abrangendo a participação deles durante a aula de apresentação e na feira culinária. Poderiam também ser criados outros instrumentos de avaliação, como um relatório sobre a feira, com o que foi apresentado adicionando fotos, sob forma de painel ou ainda sob forma de um blog. O professor determina um número de pontos para a atividade, que pode ser dividido entre até três quesitos de avaliação, como na tabela abaixo. Propostas de avaliação para composição da nota: Quesito de avaliação Debate Feira Relatório ou blog Proposta 1 20% 50% 30% Proposta 2 0% 50% 50% Proposta 3 0% 100% 0% Proposta 4 20% 80% 0%

10 OBS.: Para saber como criar o blog clique nos links abaixo: EM QUAL ANO OU ANOS DO ENSINO MÉDIO SERIA MELHOR APLICAR ESSE TRABALHO? Terceiro ano. PALAVRAS-CHAVE Paladar; Olfato; Cultura; Ácidos; Bases; Alimento. SUGESTÕES DE LEITURAS. Sentidos, Scientific American Brasil (2008), Edição especial. Santos, José Luiz dos, O que é cultura (1994) 14ª ed. São Paulo: Brasiliense. Queiroz, Francisco Manoel & Gonçalves, Marcos Barbosa. Fundamentos de sociologia (2007), 2ª ed. Brasília. ANEXOS (texto O coala é um fracasso ); Aula em PowerPoint de órgãos do sentido.

11 Texto: O coala é um fracasso Já estou falando em fracasso novamente. Agora, meu alvo é um pequeno e amistoso mamífero, habitante das florestas úmidas da Ásia. Sim, o coala! Esse pequeno amigo é muito restritivo em sua dieta. Come apenas folhas de trinta espécies de eucaliptos. Mas não é só, escolhe apenas as folhas mais jovens, com certa textura. Que paladar refinado! Tamanha restrição coloca os coalas em uma perigosa encruzilhada. As folhas deliciadas por vossa senhoria não são comestíveis para a maioria dos seres vivos. Elas apresentam uma química toda própria que evita outras espécies de herbívoros. Assim, os coalas reinam absoluto no reino das iguarias eucaliptidianas. Mas (tem sempre um mas, não é mesmo?)... Quem come só pão-de-ló, quando não tem pão-de-ló faz o quê? A especialização do nicho ecológico dos coalas fez com que eliminassem totalmente a competição interespecífica. Dessa forma, a seleção natural foi cordial com eles, premiando-lhes com o sucesso. Mas ficaram reféns de sua obra-prima. A habilidade de degustar o que é veneno para muitos, os tornaram ineficientes na tarefa digestiva sobre outros alimentos. Agora, com a devastação das florestas na Ásia, estão vendo todo sua virtude virar defeito. Aprimorar demais pode significar se extinguir. Olhando assim para a situação poderia dizer para você, caro paciente leitor, que deveríamos mesmo era estar olhando para o espelho. O sujo falando do maltrapilho. Estamos atrasados, mas caminhando para a mesma encruzilhada. A globalização também tem seus ledos problemas. Somando a dieta da maioria dos seis bilhões de seres humanos, estamos ingerindo algo em torno de 150 espécies vegetais. É pouco, amigo, perigosamente pouco. Poderíamos ser muito mais diversificados, visto que existem mais de 230 mil espécies de plantas frutíferas. Forjados pela propaganda das indústrias alimentícias, dos acordos econômicos, da TV, do cinema e mais recentemente da internet tratamos de abdicar dos regionalismos e atacamos de cultura de massa (Salvem as sopas Campbell!). Serenamente nos tornamos cada vez mais restritivos. Nada de pequi, baru, carambola, cajuzinho do cerrado, seriguela, camu-camu, etc. O negócio é banana, maçã e morango. Arroz, feijão, milho e soja. Um punhado de hortaliças (cada vez menos) e pronto. Traiçoeiro esse caminho. Caminhando lado a lado com os coalas. Pode parecer boa ideia, mas receio que não seja.