FORMAÇÃO DE PREÇO DE VENDA MÓDULO 13
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- Amélia Canário da Silva
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1 FORMAÇÃO DE PREÇO DE VENDA MÓDULO 13
2 Índice 1. A elasticidade da demanda e sua importância na formação de preços de venda...3 2
3 1. A ELASTICIDADE DA DEMANDA E SUA IMPORTÂNCIA NA FORMAÇÃO DE PREÇOS DE VENDA A. A elasticidade-preço da demanda Nem todos os produtos ou serviços reagem de uma mesma maneira às flutuações no seu preço. Variações percentuais de preço podem, indubitavelmente, provocar variações percentuais da quantidade demandada, porém, em magnitude diferente, ou seja, a uma variação percentual de 20% no preço, por exemplo, pode ocorrer uma variação percentual da quantidade demandada maior, igual ou menor do que 20%. Com isto, os formadores de preço precisam ficar atentos a estes apelos de variações percentuais no preço provocando variações percentuais de quantidade demandada, para cima ou para baixo, ao formularem sua política de preços. O comerciante de secos e molhados a que nos referimos na apresentação da unidade 1 descobriu qual era a elasticidade-preço da demanda sem saber que era esse o nome do fenômeno quando procedeu a uma redução no preço do bem A, de 10%. Ele vendia 100 unidades por mês ao preço unitário de R$ 10,00 cada unidade. Repassou aos seus clientes um desconto que obtivera numa aquisição de um volume maior de produto junto ao atacadista e, como consequência, a quantidade vendida saltou de 100 para 120 unidades. Acostumado a acreditar só no que via, fez um rápido cálculo de sua receita total com este produto: vendia 100 unidades a R$ 10,00 cada, faturando R$ 1.000,00 com este produto. Ao preço de R$ 9,00 dera um desconto de 10% no preço anterior, lembra-se? vendeu 120 unidades, ou seja, 20% a mais do que vendia antes, o que gerou um faturamento de R$ 1.080,00! Com preço menor, faturamento maior! Recapitulando: concedeu um desconto de 10% e a quantidade vendida aumentou 20%! E colocou os dados em uma tabela a tabela 1, para pensar neles depois. Até fez um gráfico com os elementos daí derivados, o gráfico 6: Tabela 1 - O caso de um produto elástico em relação a preço Gráfico 6 - O caso de um produto elástico em relação a preço 3
4 E, num repente, nosso comerciante percebeu que, para dispor a curva de demanda num gráfico que pudesse retratar posteriormente qualquer produto, ele não indicaria os preços no eixo vertical, mas sim a variação percentual do preço. E faria a mesma coisa com o eixo horizontal, onde dispôs a variação percentual da quantidade demandada. Traçou retas paralelas a cada um destes eixos, a partir de uma escolha de um intervalo equivalente a 10% no eixo de variação percentual dos preços, observando a mesma proporção no espaço equivalente a 20% no eixo da variação percentual da quantidade. Quebrou os eixos, porque o que interessava mesmo era o intervalo de 10% e de 20% no eixo de preços e quantidades, respectivamente, com perfeita equivalência no seu dimensiona mento. No cruzamento das linhas, indicou, no sentido horário, o ponto a, b, c e d. Agora sim ele poderia associar as variações percentuais e, conhecedor do conceito de demanda, que reza que a preços menores corresponde uma quantidade demandada maior, escolheu os pontos d e b, dando origem a uma reta de demanda. Com grande probabilidade, a cada desconto adicional, ele poderia esperar uma elevação da quantidade mais do que proporcional ao desconto concedido. É isso o que reza uma demanda elástica em relação a preço : Ou seja, a variação percentual da quantidade demandada Δq é maior do que a variação percentual do preço Δp. Veja como fica fácil comprovar a elevação da receita total, no caso de uma demanda elástica em relação a preço, com a ajuda do gráfico 7: Gráfico 7 - O caso de um produto elástico em relação a preço e a elevação da receita total com preço decrescente 4
5 O retângulo azul (mais forte) corresponde à receita total no momento 0, dada por P0 que multiplica Q0, ou seja, o faturamento de R$ 1.000,00 quando o preço P0 é R$ 10,00 e a quantidade vendida Q0 é 100. O retângulo azul-claro corresponde à receita total no momento 1, dada por P1 que multiplica Q1, ou seja, o faturamento de R$ 1.080,00 quando o preço P1 é R$ 9,00 e a quantidade vendida Q1 é 120. Evidentemente, um aumento de preço, no caso de uma demanda elástica em relação a preço, poderá significar uma redução do faturamento, porque a quantidade demandada cairá mais do que proporcionalmente à variação do preço, ou seja, o aumento percentual do preço poderá provocar uma queda percentual da quantidade demandada em volume mais acentuado. Para ver como isto seria disposto num gráfico, basta imaginar uma substituição dos coeficientes 0 e 1 no gráfico 7. E como ficaria o caso em que uma redução de preço não provoque aumento da quantidade demandada? Pois bem! O comerciante de secos e molhados fez uma nova experiência: reduziu o preço do produto B de R$ 4,00 para R$ 3,00, concedendo um desconto de 25% sobre o preço usualmente praticado. No entanto, a quantidade demandada, que era de 80 unidades, passou para 88 após o desconto. Sua receita com este produto saiu de R$ 320,00 para R$ 264,00. Neste caso, o desconto não possibilitou um aumento da receita, mas sim uma queda. E o comerciante colocou estas informações numa tabela e num gráfico, como fez com o outro produto, para pensar mais tarde no assunto. Tabela 2 - O caso de um produto inelástico em relação a preço Gráfico 8 - O caso de um produto inelástico em relação a preço 5
6 Neste caso, então, pode-se notar que Ou seja, a variação percentual da quantidade demandada Δq é menor do que a variação percentual do preço Δp. E a receita total, no caso de uma demanda inelástica em relação a preço, fica assim: Gráfico 9 - O caso de um produto inelástico em relação a preço e a diminuição da receita total com preço decrescente Viu agora, por que é que alguns produtos só aumentam de preço? São aqueles bens ou serviços considerados essenciais, como é o caso do combustível, por exemplo. Quando o preço deste produto sobe, a quantidade demandada não se retrairá na mesma proporção, o que levará a um aumento da receita total. Basta seguir aquela mesma orientação anterior e imaginar uma inversão entre os preços e as quantidades no gráfico 9 para ver como isso é verdade. Isto porque a elasticidade-preço da demanda, que chamaremos de E DN, é definida por 6
7 Esta notação indica que a elasticidade-preço da demanda de um bem n qualquer é dada pela relação existente entre a variação % na quantidade demandada deste bem e a variação % no preço deste mesmo bem. E, para ficar mais fácil ainda de identificar qual é o tipo de elasticidadepreço da demanda de um produto, basta verificar que: a. se E DN > 1, então a demanda é elástica em relação a preço; b. se E DN < 1, então a demanda é do tipo inelástica em relação a preço; c. se E DN = 1, então a demanda é de elasticidade unitária. A notação 1 indica que devemos considerar o número que resultar da divisão entre a variação % da quantidade pela variação % no preço do mesmo bem, não nos preocupando com o sinal daí derivado que, no caso da demanda, será sempre negativo. Isso porque quando o preço aumenta (sinal positivo, portanto), a quantidade demandada diminui (sinal negativo). Ou, quando o preço diminui (sinal negativo), a quantidade demandada aumenta (sinal positivo, portanto). Esta notação indica o módulo do resultado da divisão. A propósito: o produto A a que nos referimos no início deste tópico tem E DN determinado por: Como visto, se E DN > 1, então a demanda será elástica em relação a preço. Quedas no preço provocarão aumento na quantidade demandada mais do que proporcional, elevando, assim, a receita total daí derivada. O produto B, por sua vez, apresenta Edn como segue: Sendo E DN < 1, a demanda será inelástica em relação a preço. A redução no preço provoca aumento na quantidade demandada menos do que proporcional à redução no preço, o que fará com a receita total daí derivada diminua, como demonstrado no gráfico 9. B. A elasticidade-preço cruzada da demanda No tópico anterior abordamos a elasticidade-preço da demanda de um bem em particular. As variações percentuais no preço deste bem provocam variações percentuais na quantidade demandada deste mesmo bem. Existem, no entanto, alguns produtos e/ou serviços que têm sua quantidade demandada dependente das variações percentuais de preço de outro bem correlacionado. Esta correlação poderá indicar um bem substituto ou um bem complementar. O primeiro caso, o do bem substituto, é o caso de bens que não apresentam grandes diferenças entre si, sendo fácil a substituição de um pelo outro. Você pede uma Coca-Cola, por exemplo. O garçom lhe oferece uma Pepsi-Cola e você aceita. Você quer um mamão de sobremesa e o garçom o convence de que o abacaxi está ótimo. E você aceita o abacaxi, sem pestanejar. Estes são caracteristicamente bens substitutos. O preço de um interfere na quantidade 7
8 demandada de outro. Observe o gráfico 10. Movimentos para cima no preço do mamão, por exemplo, podem provocar um aumento da quantidade demandada de abacaxi, coeteris paribus (tudo o mais constante, lembrase?). 8
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