Aline Coutinho da Silva-CEUT
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- Vítor Domingos Amaral
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1 FATORES INTERVENIENTES NO DESEMPENHO COMPETITIVO DOS ATLETAS DE JUDÔ PERTICIPANTES DO CAMPEONATO BRASILEIRO JÚNIOR NAS CATEGORIAS SUPER-LIGEIRO E MEIO-MÉDIO EM 24 Aline Coutinho da Silva-CEUT INTRODUÇÃO É do somatório de um conjunto de atitudes e de características geneticamente herdadas que resultam as probabilidades de concretizações do perfil de um atleta de sucesso. Portanto, a análise deste vasto universo pode contribuir para o entendimento dos atributos que de fato são capazes de influenciar na conquista dos títulos almejados pelos técnicos e atletas que buscam lugar de destaque dentre os melhores judocas do Brasil e do mundo. O presente estudo consistiu numa pesquisa de caráter descritivo comparativo, a qual foi quantitativa e qualitativamente analisada no que se refere às informações sobre diversos procedimentos tomados como partes integrantes do treinamento, comportamentos para a obtenção do peso almejado, assim como o histórico de conquistas prévias dos atletas presentes neste campeonato. É importante possuir um conjunto de potencialidades a serem desenvolvidas, assim como também, faz-se necessário criar um meio propício para o desenvolvimento máximo das mesmas dentro de um plano de treinamento elaborado de forma bastante consciente onde se estabeleçam objetivos a serem cumpridos num intervalo de tempo possível e racional que respeite a individualidade física e psíquica de cada judoca. A necessidade de manutenção do peso dentro de um limite rigorosamente estabelecido faz com que este ponto seja bastante relevante, merecendo atenção especial sob diversas ópticas. Deve-se primar para que o peso dos atletas esteja numa faixa segura para a categoria à qual pertence, descartando, se possível, a necessidade de subtração significativa de massa corporal nas vésperas de eventos competitivos. Também é necessária a oferta de um plano de treinamento que contemple da maneira mais específica possível todas as variáveis relacionadas às qualidades físicas prioritárias, dentro de um período de tempo necessário para elevá-las a um nível ótimo. O estudo em questão tem como objetivo analisar os diferentes fatores capazes de interferir no desempenho competitivo dos judocas participantes do Campeonato Brasileiro Junior/24. Para obtermos respostas capazes de justificar os níveis de performance diferentes, bem como atribuí-los aos possíveis motivos encontrados. METODOLOGIA O judô está subdividido em categorias de peso corporal e de faixa etária. De acordo com as regras oficiais de arbitragem da CBJ-25, a nomenclatura delas é a mesma para os dois gêneros, diferindo apenas nos limites de peso. O feminino encontrase assim definido: Super-Ligeiro ( menos de 44 Kg); Ligeiro (44-48 Kg); Meio-Leve (48-52 Kg); Leve (52-57 Kg); Meio-Médio (57-63 Kg); Médio (63-7 Kg); Meio- Pesado (7-78 Kg) e Pesado ( mais de 78 Kg). Para o masculino temos respectivamente: menos de 55 Kg; 55-6 Kg; 6-66 Kg; Kg; Kg; 81-9 Kg; 9-1 Kg e mais de 1 Kg. O presente estudo tem seu universo formado pelos atletas da classe de Juniores que abrange as idades de 15 a 19 anos. Discutiremos especificamente as categorias Super-Ligeiro (menos de 44 Kg para o sexo feminino e menos de 55 Kg para o masculino), e Meio-Médio (57 a 63 Kg para o sexo feminino e 73 a 81 Kg para o sexo
2 masculino), por existirem características distintas entre elas, tanto relativas às medidas antropométricas quanto aos níveis de desenvolvimento das diversas qualidades físicas, consequentemente sendo possível compará-las investigando-se a existência de procedimentos diferenciados dentro do que é estabelecido em seu treinamento. A amostra abrangeu em sua totalidade os judocas inscritos nas categorias Super- Ligeiro (até 55Kg masculino e até 44Kg-feminino) e Meio-Médio (+de73kg até 81kgmasculino e +de 57Kg até 63Kg-feminino). Com exceção da categoria Super-Ligeiro feminina a qual foi composta por 7 atletas, todas as demais estiveram com o número de 12 atletas inscritos, cada. Foi elaborado um questionário de perguntas e respostas abertas, o qual foi entregue a todos os competidores no momento da pesagem oficial, para relacionar os desempenhos competitivos dos atletas e os diversos fatores envolvidos no cotidiano dos competidores, que estiveram de alguma forma envolvidos com sua prática desportiva, podendo influenciar no resultado pretendido para a performance destes judocas. RESULTADO E DISCUSSÃO Massa Corpórea Perdida Para o Campeonato Brasileiro Masculino - Super-Ligeiro Feminino - Super-Ligeiro Masculino - Meio-Médio Feminino - Meio-Médio GRÁFICO 1 Um aspecto bastante visado por judocas é a manutenção de um peso ótimo principalmente durante toda a temporada competitiva. Porém, isto se constitui num desafio importante para muitos lutadores. Sendo bastante difícil sua conciliação com um ótimo padrão de massa muscular desenvolvido como decorrência do treinamento. O que resultam num acentuado gasto energético, necessitando, portanto, de uma boa reserva de substratos para a garantia da manutenção do desempenho em treinos e competições, em níveis necessariamente elevados. Se por um lado o consumo de uma quantidade excessiva de calorias pode levar a um aumento indesejável de peso, o consumo reduzido de energia pode acarretar igualmente em problemas para o organismo. Inúmeros estudos apontam para este fato, como é o caso de Petit & Prior (2) citados por Guedes (23, p.212) que inclusive alertam para possíveis dramáticas mudanças fisiológicas às quais as mulheres estão submetidas em decorrência da alimentação inadequada, neste caso insuficiente, podendo
3 comprometer sua capacidade reprodutiva, bem como, ocasionar distúrbios no ciclo menstrual. Vale ressaltar que apenas a administração de exercícios de forma extremamente intensa, ocasionando desequilíbrio entre consumo e gasto de energia, também pode resultar nestes tipos de transtornos. Portanto, as atletas e técnicos devem estar sempre alertas para quais quer modificações dos seus padrões habituais referentes ao que fora discutido. Métodos Utilizados para Redução da MCT Gasto Gasto Masculino - Super-Ligeiro Feminino - Super-Ligeiro Masculino - Meio-Médio Feminino - Meio-Médio GRÁFICO 2 A redução de peso excessiva resulta em deteriorização das capacidades competitivas e ainda pode comprometer seriamente a saúde do atleta, conforme alertam Fox, Bowers & Foss (1991, p.41). Alguns estudos têm tido como resultado que a perda ponderal através da desidratação, ultrapassando o valor de 3% da massa corporal total leva fatalmente o atleta a ter seu desempenho competitivo diminuído. Se esta prática vier acompanhada de dietas por tempo prolongado em caráter de semi-inanição ou não balanceadas os prejuízos poderão ser ainda mais desastrosos. O processo de desidratação com o uso de medicamentos da classe dos laxantes e diuréticos, isoladamente, ou sua combinação com uso de muitas roupas, incluindo aquelas de materiais plásticos, durante a realização de exercícios exaustivos, ou ainda, o uso de outros recursos como saunas, sempre acompanhados de fortes restrições quanto à ingestão de líquidos, ainda pode encontrar-se presente na vida de alguns atletas. O percentual da amostra aqui contemplada, que admitiu intervenções para a redução de massa corporal, nos referiu alterações nos valores tanto do gasto quanto do consumo de calorias como sendo atitudes tomadas para o controle de peso, além de desidratação,como pode ser visto no gráfico 2. Sem relatarem, contudo, o uso de quaisquer substâncias medicamentosas para este fim.
4 Duração Diária de Treinamento 4 3,5 3 2,5 2 1,5 Masculino - Super-Ligeiro Feminino - Super-Ligeiro Masculino - Meio-Médio Feminino - Meio-Médio 1,5 GRÁFICO 3 Tempo de Prática Competitiva Masculino - Super-Ligeiro Feminino - Super-Ligeiro Masculino - Meio-Médio Feminino - Meio-Médio GRÁFICO 4 Powers & Howley (2, p.394) concluíram que adicionalmente, é provável que caracteres geneticamente definidos tenham um importante papel na maneira como um indivíduo responde a um programa de treinamento. Aliás, este tipo de informação justifica também a necessidade de individualização dos vários aspectos de um plano de treinamento. É ilusório esperar que diferentes atletas suportem e comportem-se da mesma maneira diante de determinada carga de trabalho Mellerowics & Meller (1979) apud Barbanti (1996, p.24) advertem, contudo para a possibilidade de perda das adaptações específicas da modalidade e do rendimento específico, se este treino adicional for realizado com excesso de outras orientações. Powers & Howley (2, p.393) em seu conceito para especificidade do treinamento, salientam que esta não se refere somente aos músculos envolvidos num dado movimento. Mostra-se também intimamente ligada aos sistemas de energia que disponibilizam a ATP necessária para realização do movimento em condições
5 competitivas. As atenções quanto às particularidades da preparação física de judocas devem, portanto, estar voltadas também para a melhoria, especialmente, do sistema de transferência energética glicolítico. Tipos de Atividades Físicas Musculação Corrida JiuJitsu Dança Outros Musculação Corrida Outros Masculino - Super-Ligeiro Feminino - Super-Ligeiro Masculino - Meio-Médio Feminino - Meio-Médio GRÁFICO 5 A eficiência mecânica do gesto desportivo pode ser incrementada ao longo do tempo através de repetições sucessivas e de correções contínuas e minuciosas com o intuito de torná-lo mais econômico, do ponto de vista de dispêndio energético e mais eficiente. Quando se trata de esporte de alto nível, detalhes mínimos podem ser capazes de decidir o resultado da luta. Estes podem estar ligados a qualquer um dos aspectos da preparação global do lutador, seja físico, técnico, tático, psicológico, nutricional ou fisioterapêutico. Este universo de variáveis poderá ser responsável por atribuir status internacional, nacional ou regional a cada um dos judocas de acordo com o nível de conquistas que ele for capaz de reunir. Dantas (1995, p.57) aborda o conceito de periodização como sendo o planejamento geral e detalhado do tempo que se dispõe para o treinamento, alertando para o fato de que tudo o que se propuser para ser desenvolvido deve está intimamente relacionado com os objetivos intermediários, que por sua vez devem ter sido previamente definidos de forma bastante clara, agindo conforme o que regem os princípios científicos do treinamento desportivo.
6 Métodos para Redução de MCT Gasto Gasto Masculino - Super-Ligeiro Feminino - Super-Ligeiro Masculino - Meio-Médio Feminino - Meio-Médio GRÁFICO 6 A auto-manutenção de um atleta entre os melhores de sua categoria num âmbito internacional, nacional ou regional, por um longo período de tempo, requer do mesmo muita disciplina e, na grande maioria dos casos, capacidade de negar parte das possibilidades de sua vida social em nome de treinamentos para o constante aperfeiçoamento de suas condições competitivas. Desta maneira, tem-se verificado certa alternância entre alguns lutadores que ocupam o primeiro, o segundo e os terceiros lugares do pódio. Isso significa dizer que devido ao altíssimo grau de disputa nas mais diversas competições, torna-se bastante difícil a imposição de soberania por um único atleta em uma dada categoria. Brito (1996) apud Franchini (21, p.176) lista uma série de características de ordem psicológica, observadas como presentes em lutadores bem-sucedidos: crença absoluta na vitória, frieza e até arrogância, ou pouca consideração pelos oponentes, além de vaidade, individualismo e até sentimento de superioridade; motivação extremamente elevada, facilidade em lidar com objetivos competitivos e em discernir a hierarquia de ações que conduzem ao melhor resultado, pouca preocupação com a derrota, auto-estima extremamente elevada, pouca sensibilidade em relação aos outros, principalmente aos derrotados, muita tranqüilidade, etc. pelo fato de ter sido necessário passar por um processo seletivo regional prévio para participar deste Campeonato Brasileiro, acredita-se que a grande maioria dos presentes possuísse elevada condição física e técnica-tática. Sendo, possivelmente a condição psicológica, algo determinante, porém não de forma isolada, para a vitória. CONCLUSÕES A prática de redução de massa corpórea nas vésperas da competição parece ser uma atitude comum para a maioria dos judocas, porém mais pronunciada nas categorias mais leves. De modo geral, os atletas com redução ponderal mais discreta no período que antecedeu imediatamente a competição tiveram melhor desempenho competitivo. A perda de líquidos corporais se mostrou bastante presente como meio de atingir o peso desejável, sobretudo em atletas pertencentes às categorias mais leves.
7 Os atletas que possuem um maior volume de treinamento apresentaram, em sua maioria, desempenhos de luta mais expressivos nesta competição. O treinamento resistido, como método de treinamento neuromuscular, preponderou sobre todos os demais tipos utilizados para preparação física na maioria absoluta das categorias analisadas. A corrida, como treinamento cardiovascular, foi o segundo tipo de exercício físico mais executado dentro da preparação física destes judocas, com exceção de apenas uma categoria. A vida competitiva de um judoca demanda anos de treinamento para o seu aperfeiçoamento em todos os pontos relevantes. No geral, os atletas que se destacaram neste evento já possuíam conquistas prévias expressivas desde as categorias de base. Considerando os resultados, conclui-se que o treinamento carece de melhor orientação sobre manutenção e controle de peso dentro dos limites estabelecidos por cada categoria. Bem como, não raramente foge aos Princípios Científicos do Treinamento Desportivo,distanciando os bons atletas dos excelentes a nível de desempenho competitivo. Palavras-Chaves: Treinamento Desportivo- Judô- Competição REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBANTI, Valdir. Treinamento físico: bases científicas. 3. ed São Paulo-SP: CRL Balieiro, FOX, Eduard L.; BOWERS, Richard W.& FOSS, Merle L. Exercício Composição Corporal e Controle Ponderal in Bases fisiológicas da educação física e dos desportos. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,1991.p.393/419. FRANCHINI, Emerson. Judô: desempenho competitivo. Barueri-SP: Manole,21. GUEDES,Dilmar Pintos.Musculação: estética e saúde Feminina.São Paulo: Phort,23. POWERS, Scottk & HOWLEY, Eduard T.Fisiologia do exercício: Teoria e aplicação ao condicionamento e ao desempenho. Barueri-SP: Manole,2. coutinhoaline13@yahoo.com.br>
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