PODER JUDICIÁRIO SÃO PAULO

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Salvador Corte-Real Lancastre
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1 APELAÇÃO SEM REVISÃO Nº /3 SALTO Apelante: Roberto Petrini Apelado: Instituto Nacional do Seguro Social - INSS ACIDENTE DO TRABALHO. O auxílio-suplementar já concedido cessa quando, supervenientemente, deferida a aposentadoria por tempo de serviço na vigência da Lei nº 6.367, de Voto nº Visto. ROBERTO PETRINI ingressou com Ação de Prestações por Acidente do Trabalho contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, qualificação e caracteres das partes nos autos, alegando que na realização de seu trabalho sofreu acidente resultando-lhe perda de movimento dos dedos intermediários e indicador da mão esquerda. Recebeu auxílio-suplementar, que foi cessado a partir de , por entender o INSS não ser esse benefício acumulável com a aposentadoria por tempo de serviço. Encartado o laudo médico e vencida a instrução, houve entrega da prestação jurisdicional julgando improcedente a pretensão (folhas 59/61). ROBERTO PETRINI interpôs recurso. Afirma existir incapacidade indenizável e que... o fato do apelante aposentar-se, não pode influir no cancelamento do benefício... (folha 65). O INSS apresentou contra-razões sustentando o acerto da decisão, uma vez que... O recorrente não provou, efetivamente, suas - 1 -

2 alegações de modo que se tornaram insuficientes para obter o benefício pretendido... (folha 70). A PROMOTORIA DE JUSTIÇA opinou pelo provimento porque restou... equivocada a conclusão do perito subscritor do laudo pericial acostado ao feito, sendo certo que o magistrado não esta jungido inabalavelmente a tal conclusão... (folha 75). A PROCURADORIA DE JUSTIÇA inferiu pela nãoacolhida do apelo do Segurado, pois... no regime jurídico da Lei Acidentária aplicável à espécie o auxílio-suplementar não se cumulava com a aposentadoria... (folha 84). É o relatório, adotado no mais o da r. sentença. O pedido, embora claro,... a reparação das incapacidades permanentes, com prestação dos benefícios e serviços, juros de mora, calculados englobadamente até a citação e, após, mês a mês, honorários periciais, despesas realizadas, atualizando-se os atrasados... (folha 3), deixa implícito o desprazimento com a concessão da aposentadoria por tempo de serviço contra cessação do auxíliosuplementar. É o que se evidencia também das razões, v.g.:... o fato do apelante aposentar-se, não pode influir no cancelamento do benefício, porque a aposentadoria por tempo de serviço, permite a continuidade do obreiro... (folha 65). A questão controvertida resume-se na permanência simultânea do auxílio-mensal ou suplementar, que era previsto pelo artigo 9º, parágrafo único, da Lei nº 6.367, de 1976, e hoje não mais existe, com a aposentadoria por tempo de serviço. O auxílio mensal ou suplementar não constava da Mensagem Presidencial nº 156, de 1976, que ensejou o Projeto de Lei nº A, de Várias emendas foram apresentadas no Congresso e, pela de nº 7, do Deputado Marcelo Medeiros, estava a proposta da concessão de auxílio acidente variável de 40% a 60%, enquanto o Deputado José Bonifácio, pela Emenda nº 9, propunha - 2 -

3 manutenção do pecúlio. O Relator, Deputado Vilmar Pontes, fez inserir: Sabe-se que a cobertura previdenciária dos acidentados do trabalho evoluiu da indenização pura e simples para a manutenção do salário, ligando-se hoje à existência ou não da capacidade para o trabalho... essencial, no caso, dentro da filosofia do projeto, é compensar a diminuição da capacidade profissional, e não a perda anatômica ou redução funcional, que porventura não afetem essa capacidade". Foi a Comissão Constituinte, contudo, a responsável pela Emenda nº 9, no Senado, redigindo texto de lei que deu origem ao artigo 9º, e respectivo parágrafo único, da Lei nº 6.367, de 1976, criando um auxílio tecnicamente inominado, mas que o Regulamento apontou como "suplementar". A Lei nº 8.213, de 1991, instituiu o Plano de Benefícios. Peca sobre o ato de revogação das disposições em contrário, sem definir o que estaria efetivamente revogado. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social. Excluiu o auxílio-mensal ou suplementar e definiu o auxílio-acidente em 30%, 40% e 60%. Implicitamente fundiu aquele (mensal ou suplementar) neste (auxílioacidente). O Decreto nº 2.172, de 1997, dispõe sobre o Regulamento dos Benefícios da Previdência Social. Manteve a exclusão do auxílio mensal ou suplementar e estabeleceu o porcentual de 50% para o auxílio acidente. Atentando-se ao direito adquirido fica o registro de que auxílio-mensal ou suplementar era o benefício de prestação continuada pago pelo ex-inps, hoje INSS, ao segurado que, após a consolidação das lesões resultantes de acidente, ou de doença profissional ou do trabalho, apresentasse seqüela definitiva, perda anatômica ou redução da capacidade funcional, que não o impedisse - 3 -

4 do desempenho da mesma atividade, mas exigia demanda permanente de maior esforço na execução (do trabalho), nos termos do Anexo III, da Lei nº 6.367, de 1976, que integrava o Decreto nº , de Quando o texto se referia ao impedimento da mesma atividade, demandando de forma permanente maior esforço para a realização, cuidava da incapacidade física ou material, parcial, que não impedia o exercício da mesma função pelo segurado acidentado ou vítima de doença profissional ou do trabalho, mas que permanentemente impunha-lhe esforço acima do normal para formal execução. Quando cessava o tratamento médico o segurado era submetido a reavaliação médico-pericial, sendo o auxílio-suplementar cancelado, se fosse concedido o auxílio-acidente ou a aposentadoria por invalidez. Esta Egrégia Corte, pela Súmula nº11, definiu: "O auxílio-suplementar já concedido cessa quando, supervenientemente, deferida a aposentadoria por tempo de serviço na vigência da Lei nº 6.367/76 1 ". Tratando-se de relação jurídica continuativa e não havendo mudança nas circunstâncias que determinaram a concessão do auxílio-suplementar, cessado com a aposentadoria, a ação era mesmo improcedente. De certo modo todas as sentenças contêm implicitamente a cláusula rebus sic stantibus, enquanto a coisa julgada não impede absolutamente que se tenham em conta os fatos que intervierem sucessivamente à emanação da sentença: por exemplo, se o devedor paga a soma devida, perde a condenação todo o valor. Outra coisa não acontece para os casos ora considerados, nos quais tratando-se de uma relação que se prolonga no tempo, e dizendo a decisão ser determinada pelas circunstâncias concretas do caso, a mudança deste 1 - Com acréscimo na redação feito pelo Plenário do 2º TACivSP, em 13/4/

5 justifica, sem mais, uma correspondente adaptação da determinação feita precedentemente, o que será uma aplicação, e nunca uma derrogação dos princípios gerais e nenhum obstáculo encontrará na coisa julgada. Esta, pelo contrário, fará sentir toda a sua força, neste como em todos os outros casos, no excluir totalmente uma apreciação diversa do caso, enquanto permaneça inalterado. O que há de diverso nestes casos não é a rigidez menor da coisa julgada, mas a natureza da relação jurídica, que continua a viver no tempo com conteúdo ou medida determinados por elementos essencialmente variáveis, de maneira que os fatos que sobrevenham podem influir nela, não só no sentido de extingui-la, fazendo por isso extinguir o valor da sentença, mas também no sentido de exigir mudança na determinação dela, feita anteriormente 2. Em face ao exposto, nega-se provimento ao recurso. IRINEU PEDROTTI Relator 2 - ENRICO TULLIO LIEBMAN, Eficácia e Autoridade da Sentença e Outros Escritos Sobre a Coisa Julgada Editora Forense - 2ª edição págs. 25 e

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