GILBERTO PIVETTA PIRES

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1 UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU DOUTORADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA GILBERTO PIVETTA PIRES PERIODIZAÇÃO ONDULATÓRIA: EFEITOS DE 14 SEMANAS DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO DE FORÇA EM NADADORES JOVENS SÃO PAULO 2014

2 ii GILBERTO PIVETTA PIRES PERIODIZAÇÃO ONDULATÓRIA: EFEITOS DE 14 SEMANAS DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO DE FORÇA EM NADADORES JOVENS Tese apresentada a banca examinadora ao Programa de Pós- Graduação Stricto Sensu em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Educação Física. Orientador: Prof. Dr. Aylton José Figueira Junior SÃO PAULO 2014

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4 iv AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço а Deus quе permitiu quе tudo isso acontecesse, ао longo dе minha vida, nãо somente nestes anos de estudo, mаs еm todos оs momentos. Agradeço a minha esposa Karina Coelho Pires, minha companheira de todas as horas, meu ponto de equilíbrio. Seu carinho, dedicação a família e sua forma positiva de enfrentar as dificuldades da vida foram incentivos determinantes para chegar até aqui. A meus filhos Miguel e Helena. O tempo de nossa convivência "roubado" pela tese só fez fortalecer a vontade de estar junto de vocês. Aos meus pais, pelo amor, incentivo е apoio incondicional. A meu pai Gilberto Toledo Pires, para mim, o melhor técnico de natação do mundo. Ao meu orientado, Prof. Dr. Aylton Figueira Junior, pelo incentivo e pelo exemplo de competência e perseverança não apenas no campo científico como frente às adversidades da vida. Muito obrigado por acreditar me mim. Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu, por partilharem seus conhecimentos. Ao Prof. Dr. Ídico Luiz Pelegrinotti, pela participação na banca de defesa e pelos seus ricos ensinamentos durante todo a orientação no mestrado, que foram decisivos em minha trajetória profissional. Aos professores da banca de qualificação e defesa, Prof. Dr. Danilo Sales Bocalini; Prof. Dr. Gerson Leite e Prof. Dr. Érico Chagas Caperuto, agradeço as suas preciosas considerações ao presente trabalho e generosas sugestões de aprimoramento. À CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pesquisa de Ensino Superior, pela concessão de bolsa que otimizou o desenvolvimento deste trabalho.

5 v É muito melhor lançar-se em busca de conquistas grandiosas, mesmo expondo-se ao fracasso, do que alinhar-se com os pobres de espírito, que nem gozam muito nem sofrem muito, porque vivem numa penumbra cinzenta, onde não conhecem nem vitória, nem derrota. (Theodore Roosevelt)

6 vi LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - Planejamento típico de treinamento de uma temporada de 24 semanas de nadadores competitivos FIGURA 2 - Aumento progressivo da força muscular decorrente das adaptações fisiológicas (neurais e hipertrofia muscular) ao treinamento de força FIGURA 3 - Fases de uma sessão de treinamento FIGURA 4 - Modelo de Periodização proposto por Leo Matveev FIGURA 5 - Modelo de periodização com aumento da intensidade e diminuição do número de repetições a cada ciclo de treinamento FIGURA 6 Modelo de periodização ondulatória diária. Variação do volume e da intensidade durante a semana de treinamento FIGURA 7 - Modelo Tabela Individual de Intensidades do Programa SEPT FIGURA 8 - Descrição gráfica e visual da posição da câmera e imagem das marcações de referência feitas na piscina utilizadas na análise de saída do bloco de partida em 15 metros FIGURA 9 - Descrição gráfica e visual da posição da câmera e imagem das marcações feitas na borda da piscina utilizadas na análise do teste de virada em 15 metros FIGURA 10 - Descrição gráfica e visual da posição da câmera e das marcações feitas na borda da piscina utilizadas na análise dos parâmetros cinemáticos do nado

7 vii LISTA DE TABELAS TABELA 1 - Descrição dos sujeitos da amostra TABELA 2 Periodização das sessões de treinamento de força muscular TABELA 3 - Organização sequencial dos testes nos microciclos de controle TABELA 4 - Nível maturacional e raça conforme protocolo de avaliação da porcentagem da gordura corporal segundo protocolo de Slaughter et al. (1988) para indivíduos do sexo masculino TABELA 5 - Distribuição de frequência da característica maturacional "Pêlos Axilares" e da característica maturacional "Genitália + Pêlos Pubianos" dos nadadores jovens do sexo masculino (n=9) TABELA 6- Distribuição de frequência da característica maturacional "Genitália" e "Pêlos Pubianos" dos nadadores jovens do sexo masculino (n=9) TABELA 7 - Distribuição de frequência da característica maturacional "Menarca" e da característica maturacional "Genitália + Pêlos Pubianos" na nadadoras jovens do sexo feminino (n=8) TABELA 8 - Distribuição de frequência da característica maturacional "Genitália" e "Mamas" das nadadoras jovens do sexo feminino (n=9)

8 viii LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1: Média do volume global, e de predominância média de volume de treinamento de potencial aeróbio e anaeróbio referente aos microciclos de treinamento GRÁFICO 2 - Média do volume percentual, referente às micro-etapas de mesma característica, realizado nas distintas zonas de intensidade GRÁFICO 3 - Massa Corporal GRÁFICO 4 - Índice de Massa Corporal GRÁFICO 5 - Porcentagem de Gordura Corporal GRÁFICO 6 - Massa Magra GRÁFICO 7 - Massa Magra GRÁFICO 8 - Circunferência de Braço Direito Contraído GRÁFICO 9 - Circunferência da Coxa Medial Direita GRÁFICO 10 - Média Força Membros Superiores Região do Braço GRÁFICO 11 - Média Força Membros Superiores Região do Peitoral GRÁFICO 12 - Média Força Membros Superiores Região Dorsal GRÁFICO 13 - Média Força Membros Inferiores GRÁFICO 14 - Tempo Passagem do 1ª 50 metros nado Crawl GRÁFICO 15 - Tempo Passagem do 2ª 50 metros nado Crawl GRÁFICO 16 - Tempo Total do 100 metros nado Crawl GRÁFICO 17 - Fase de Voo GRÁFICO 18 - Fase Submersa GRÁFICO 19 - Fase Complementar GRÁFICO 20 - Tempo Total da Saída em 15 metros GRÁFICO 21 - Fase de Aproximação 5 metros GRÁFICO 22 - Fase de Afastamento 10 metros GRÁFICO 23 - Tempo Total de Virada 15 metros

9 ix GRÁFICO 24 - Velocidade Média da 1ª passagem de 50 metros GRÁFICO 25 - Velocidade Média da 2ª passagem de 50 metros GRÁFICO 26 - Índice de Braçada da 1ª passagem de 50 metros GRÁFICO 27 - Índice de Braçada da 2ª passagem de 50 metros GRÁFICO 28 - Comprimento de Braçada da 1ª passagem de 50 metros GRÁFICO 29 - Comprimento de Braçada da 2ª passagem de 50 metros GRÁFICO 30 - Frequência de Braçada da 1ª passagem de 50 metros GRÁFICO 31 - Frequência de Braçada da 2ª passagem de 50 metros GRÁFICO 32 - Índice Técnico de Competição

10 x LISTA DE QUADROS QUADRO 1 - Procedimentos para elaboração do programas de treinamento de força muscular típico para a atletas de natação competitiva QUADRO 2 - Principais grupos musculares empregados nas ações propulsivas dos membros do corpo durante o nado QUADRO 3 - Exercícios de treinamento de força muscular típicos de atletas de natação competitiva QUADRO 4 - O conceito de força muscular por diferentes estudiodos do treinamento QUADRO 5 - Modelo de Periodização de Treinamento de Força QUADRO 6 Montagem dos treinos A e B e sequência dos exercícios QUADRO 7 Periodização linear semanal aplicada nos integrantes do grupo com periodização linear (GPL)... QUADRO 8 Periodização ondulatória semanal aplicada nos integrantes do grupo com periodização ondulatória (GPOn).... QUADRO 9 - Organização do Programa de Treinamento de Piscina QUADRO 10 - Disposição das semanas de avaliação e controle do treinamento (AV) no macrociclo de treinamento de força muscular... QUADRO 11 Os segmentos musculares priorizados para a avaliação da evolução da força muscular na pesquisa e os exercícios avaliados... QUADRO 12: Escala de determinação da magnitude do efect size no treinamento de força muscular nos diferentes níveis de condicionamento físico

11 xi LISTA DE ANEXOS ANEXO 1 - Estágio da Maturação Sexual Masculino - Pranchas de Tanner ANEXO 2 - Estágio da Maturação Sexual Feminino - Pranchas de Tanner ANEXO 3 - Autorização da Federação de Desportos Aquáticos de Roraima ANEXO 4 - Autorização da Associação de Pais e Atletas de Boa Vista ANEXO 5 - Autorização da ASSOPBPM ANEXO 6 - Autorização do Instituto Batista de Roraima ANEXO 7 - Autorização do Centro de Tradições Gaúchas ANEXO 8 - Autorização do Centro Educacional Integrada Colméia ANEXO 9 - Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa ANEXO 10 - Autorização do Instituto Federal de Roraima

12 xii LISTA DE APÊNDICE APÊNDICE 1 - Carta de Esclarecimento sobre o Projeto de Pesquisa APÊNDICE 2 - Questionário Diagnóstico APÊNDICE 3 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido APÊNDICE 4 - Resultados das médias e desvio padrão dos participantes dos dois grupos GPL e GPOn nas avaliações do teste de 2x400 metros nado crawl APÊNDICE 5 - Ficha de Auto-avaliação da Maturação Sexual - Sexo Masculino APÊNDICE 6 - Ficha de Auto-avaliação da Maturação Sexual - Sexo Feminino APÊNDICE 7 - Resultados de média e desvio padrão das análise de antropométricas e de composição corporal APÊNDICE 8 - Resultados do delta percentual effect size com o grau da magnitude do efeito do programa de treinamento de força nas variáveis antropométricas e de composição corporal APÊNDICE 9 - Resultado da somatória das médias estabelecidas em cada exercício pelo teste submáximo segundo protocolo de Brzycki, agrupados por segmentos musculares APÊNDICE 10 - Resultado dos Teste de Tomada de Tempo do 100 metros nado Crawl realizados ao final de cada ciclo de treinamento APÊNDICE 11 - Resultado do Teste Cinemático de Saída do Bloco de Partida em 15 metros realizados ao final de cada ciclo de treinamento APÊNDICE 12 - Resultado do Teste Cinemático de Virada em 15 metros realizados ao final de cada ciclo de treinamento APÊNDICE 13 - Resultado de Velocidade Média (VM), Índice de Braçada (IB) Comprimento de Braçada (CB) e Frequência de Braçada (FB) do Teste Cinemático da prova de 100m nado Crawl realizados ao final de cada ciclo de treinamento

13 xiii APÊNDICE 14- Resultado do Índice Técnico Competitivo realizados antes do início, durante, e após do programa de treinamento de força muscular

14 xiv RESUMO A comparação entre métodos de periodização do treinamento de força (TF) tem sido nos últimos anos foco de estudo das ciências do esporte. Tem sido sugerido que a periodização ondulatória (POn) com base na variação de repetições a cada sessão de treinamento ao longo da semana, criando maiores variações no estímulo de treinamento, produza respostas morfofuncionais superiores nas adaptações para o desempenho. Embora documentado na literatura, este modelo não apresenta evidências de experimentos concretizados com nadadores de competição. Diante de tal situação, o presente estudo teve como objetivo verificar o efeito de 14 semanas de um programa de TF com dois modelos: periodização linear (PL) e PO nas respostas morfofuncionais (MF) e no desempenho de nadadores jovens de ambos os sexos. A amostra foi constituída de 17 nadadores adolescentes que foram divididos em dois grupos: grupo periodização linear (GPL) (n=8, 4 homens e 4 mulheres) e grupo periodização ondulatória (GPOn) (n=9, 5 homens e 4 mulheres). Após 2 semanas de adaptação ao TF (15-20 repetições máximas (RM)), o GPL aumentou a intensidade do treinamento a cada 4 semanas que começou com 10-12RM, passou para 6-8RM e finalizou com 6-80% 1RM. GPO apresentou alternância destas intensidades dentro da semana sendo: segunda-feira,10-12rm; quarta-feira,6-8rm e sexta-feira,6-80% 1RM. As avaliações (AV) dos indicadores foram realizadas em 4 momentos (AV1=pré-intervenção; AV2=após 6 semanas; AV3=após 10 semanas; AV4=após 14 semanas). Os testes de controle aplicados foram divididos em duas categorias: testes de controle fora da piscina (medidas antropométrica e força muscular) e testes de controle dentro da piscina (tempo do 100 metros nado crawl, teste de saída, de virada, aspectos cinemáticos e índice técnico de competição). Para a análise intragrupo foi utilizado o teste de variância ANOVA one way, e para a análise intergrupo foi utilizado pelo Teste-t de Student para amostras independentes. O Effect Size (ES) foi utilizado no tratamento estatístico para melhor entendimento da magnitude do efeito do TF nas periodizações. Podemos concluir que a POn é mais eficaz em proporcionar adaptações morfofuncionais relacionadas ao aumento de força em regiões musculares do peitoral, dorsal e membros inferiores; provocando aumentos hipertróficos significantes na massa magra e circunferências de braço e coxa deste nadadores, além de apresentar melhores resultados nos desempenhos de saída, virada, nos aspectos cinemáticos de velocidade média, índice e comprimento de braçada em distâncias curtas (até 50 metros), e no índice técnico de competitivo. A PL foi mais eficiente no aumento de força na região muscular do braço (tríceps e bíceps), sendo mais efetiva em promover adaptações morfofuncionais relacionadas a redução da massa gorda e porcentagem de gordura corporal; e na manutenção da resistência muscular em variáveis de tempo, velocidade média e comprimento de braçada em distâncias maiores (acima de 50 metros). O TF, independente do tipo de periodização produz efeitos benéficos na força muscular e desempenho em jovens nadadores. Palavras-chave: natação, treinamento de força, treinamento de resistência, periodização linear, periodização ondulatória

15 xv ABSTRACT A comparison of methods of periodization of strength training (ST) has in recent years been the focus of study of sports science. It has been suggested that the undulating periodization (UP) based on the variation of reps every training session throughout the week, creating greater variations in the training stimulus, produces superior morphological and functional adaptations in response to the performance. Although documented in the literature, this model does not present evidence from experiments realized with competitive swimmers. Faced with this situation, this study aimed to verify the effect of 14 weeks of ST with a program of two models: linear periodization (LP) and the morphological and functional responses PO (MF) and the performance of young swimmers of both sexes. The sample consisted of 17 swimmers who were divided into two groups: linear periodization group (LPG) (n = 8, 4 males and 4 females) and undulating periodization group (UPG) (n = 9, 5 men and 4 women). After two weeks of adaptation to ST (15-20 repetitions maximum (RM)), LPG increased the intensity of training every 4 weeks that started with 10-12RM, went to 6-8RM and finished with 6-80% 1RM. UPG showed alternation of these intensities within the week as follows: Monday, 10-12RM; Wednesday, 6-8RM and Friday, 6-80% 1RM. The (AV) ratings of the indicators were performed at 4 times (AV1 = pre-intervention; AV2 = after 6 weeks; AV3 = after 10 weeks; AV4 = after 14 weeks). Control tests applied were divided into two categories: control tests out of the pool (muscle strength and anthropometric measures) and control tests in the pool (time 100 meters front crawl, output test, turning, cinematic aspects and index technician competition). For intragroup analysis testing of one way ANOVA was used, and to the intergroup analysis was used by Student's t-test for independent samples. The Effect Size (ES) was used in the statistical analysis for better understanding of the magnitude of the effect of TF in periodization. Conclude that UP is more effective at providing morphofunctional adaptations related to the increase of strength in the pectoral muscle regions, dorsal and lower limbs; hypertrophic causing significant increases in lean mass and arm and thigh circumferences this swimmers, and present better results in performance output, upset, in the cinematic aspects of average speed, rate and stroke length over short distances (up to 50 meters), and the technical index competitive. The LP was more effective in increasing muscle strength in the region of the arm (triceps and biceps), being more effective in promoting morphofunctional adaptations related to reduced fat mass and percentage of body fat; and in maintaining muscle strength variables of time, average speed and stroke length over greater distances (over 50 meters). The TF, regardless of the type of periodization produces beneficial effects on muscle strength and performance in young swimmers.. Key words: swimming, strength training, resistance training, linaer periodization, undulating periodization

16 xvi undulating periodization SUMÁRIO CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO O Caminho de uma Grande Aventura Aquática Traçando o Caminho Objeto, Objetivos do Estudo e Hipóteses Organização do Estudo CAPÍTULO 2 - REVISÃO DA LITERATUTA Crescimento, Maturação e Desenvolvimento Físico do Adolescente A Maturação Sexual O Desenvolvimento Corporal do Jovem Atleta Desportos Aquáticos Caracterização do Treinamento de Natação O Treinamento de Endurance Aeróbia aplicado a Natação O Treinamento de Velocidade aplicado a Natação O Treinamento de Força aplicado a Natação O Treinamento de Natação para o Atleta Jovem Princípios do Treinamento de Força Adaptações Morfofuncionais ao Treinamento de Força Definição de Força Formas de Manifestação da Força Muscular Adaptações Neuromusculares ao Treinamento de Força Adaptações Morfológicas ao Treinamento de Força Adaptações Metabólicas e Hormonais ao Treinamento de Força O Treinamento de Força em Adolescentes Adaptações Morfofuncionais do Adolescente ao Treinamento de Força Prescrição do Treinamento de Força Seleção de Exercícios Ações Musculares e a Velocidade de Contração Ordem dos Exercícios Volume de Treinamento Frequência, Intensidade e Descanso entre as Séries Prescrição do Treinamento de Força para o Atleta Jovem A Organização da Periodização do Treinamento de Força

17 xvii Modelo de Periodização Tradicional ou Linear Modelo de Periodização Ondulatório ou Não-linear CAPÍTULO 3. - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Delineamento do Estudo Procedimentos para a Seleção dos Sujeitos da Amostra Critérios de Inclusão e Exclusão Randomização dos Grupos Estudados Caracterização da Amostra Caracterização da Periodização do Treinamento Periodização e Organização do Treinamento de Força Muscular Periodização e Organização do Treinamento em Piscina Procedimentos e Organização das Avaliações Testes de Controle da Periodização do Treinamento de Força Fora da Piscina Avaliação da Maturação Sexual Avaliação Antropométrica Avaliação da Força Muscular Testes de Controle da Periodização do Treinamento de Força Dentro da Piscina Avaliação do Tempo do 100m nado Crawl na Piscina Avaliação da Saída no Bloco de Partida em 15 metros Avaliação da Virada em 15 metros Avaliação de Parâmetros Cinemáticos do Nado Avaliação do Desempenho Competitivo Análise Estatística CAPÍTULO 4. - DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS Resultado da Avaliação de Maturação Sexual Características da Maturação Sexual no Sexo Masculino Características da Maturação Sexual no Sexo Feminino Resultados das Variáveis Antropométricas e de Composição Corporal Resultados das Variáveis de Força Muscular do Membros Superiores e Inferiores

18 xviii Resultados da Variável Tempo de 100m nado Crawl Resultados das Variáveis Cinemáticas do Desempenho Resultados da Variável de Desempenho Competitivo CAPÍTULO 5. - DISCUSSÕES E CONCLUSÕES Discussão da Análise Conclusão da Análise Discussão da Análise Conclusão da Análise Discussão da Análise Conclusão da Análise Discussão da Análise Análise da Saída do Bloco de Partida em 15 metros Análise da Virada em 15 metros Análise da Velocidade Média, Índice de Braçada, Comprimento de Braçada e Frequência de Braçada no Teste de Tomada 100m nado Crawl Conclusão da Análise Discussão da Análise Conclusão da Análise CAPÍTULO 6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS CAPÍTULO 7 - REFLEXÕES METODOLÓGICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXOS E APÊNDICES

19 19 CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.1. O Caminho de uma Grande Aventura Aquática O esporte em minha vida sempre esteve presente de forma marcante. A paixão de meu pai pela natação foi sem sombra de dúvidas, a razão pela minha identificação por esta modalidade, além de ter um tio e uma tia técnicos de atletismo. Tanto meu pai como meus tios foram funcionários da Secretaria de Esportes e Turismo do Estado de São Paulo, fato que fez de minha infância, e a de meus primos, na capital paulista, uma experiência, ora na beira da piscina, ora na beira da pista de atletismo, brincando no Complexo Esportivo do Ibirapuera. Pode-se imaginar que os assuntos prediletos em nossa família eram relacionados ao esporte. Aos 5 anos de idade aprendi a nadar em uma das escolas de natação mais tradicionais de São Paulo, a escola Mori Natação (1980), sendo o esporte praticado em minha infância e juventude. Ao mudarmos de São Paulo, onde morávamos, para Catanduva em 1982, já com 7 anos de idade, iniciei meus treinamentos com a equipe de natação competitiva que meu pai acabara de formar na cidade. Boa parte de meus amigos vieram do convívio dos treinamentos e das viagens para as competições. Praticando a natação, conheci várias cidades e pessoas, obtive meu primeiro emprego, encontrei minha esposa. Apesar de não ter sido nenhum grande talento na modalidade, tive a oportunidade de treinar e competir com vários atletas campeões paulistas, brasileiros, sulamericanos e até medalhistas panamericanos; todos treinados por meu pai, o Prof. Gilberto Toledo Pires. Em muitas oportunidades, mesmo não tendo índice para competir nos torneios, estava junto com a equipe, auxiliando meu pai nas competições. Foi com muita naturalidade que escolhi fazer o curso de Educação Física, pois afinal, já acompanhava nas aulas de natação e participava de arbitragens de competições. Na verdade, tinha o sonho de seguir os passos de meu pai: ser um grande técnico de natação. Mas foi somente quando ingressei na Escola Superior de Educação Física e Desportos de Catanduva - ESEFIC (1994) que percebi a dimensão das experiências que

20 20 eu havia vivido em toda minha vida esportiva, e quanto de conhecimento eu ainda necessitaria para realmente ser um profissional qualificado. Já no primeiro ano da faculdade era professor de natação na Academia "Do Baby ao Campeão" e na Prefeitura Municipal de Catanduva. No ano seguinte (1995), fui contratado pelo Clube de Tênis de Catanduva (equipe pela qual havia nadado em toda minha carreira como atleta) como professor e técnico de natação, função que exerci durante 15 anos. Desta maneira, trabalhando, percebi o conhecimento que meu pai havia adquirido em sua vida profissional, fato que justificava os excelentes resultados com seus atletas. Em 1972, meu pai trabalhou como assistente do técnico americano, Prof. Richard Power, na Associação Atlética A Hebraica. O Prof. Richard foi um dos pioneiros ao trazer para o Brasil as novas tendências biomecânicas e de periodização desenvolvidas pelas pesquisas científicas com os nadadores campeões olímpicos norteamericanos. Meu pai nada entendia sobre natação, pois havia praticante somente atletismo. Conseguiu a vaga como assistente, quando, sendo entrevistado pelo Prof. Richard, honestamente, revelou que nada entendia sobre natação e que gostaria de aprender. Desta passagem absorvi duas grandes lições para minha vida: primeiro que não podemos desperdiçar as oportunidades que a vida nos oferece para crescimento; segundo que, acima de tudo, devemos ter humildade. Em 1982, meu pai viajou para aos Estados Unidos, e mal imaginava ele que seria um dos primeiros treinadores brasileiros a fazer as clínicas de formação técnica em natação em Fort Lauderdale. Em minha casa haviam as primeiras edições dos livros clássicos dos pesquisadores da natação norte-americana, dos professores Dr. James Counsilman (The Science of Swimming, 1968; The Complete Book of Swimming, 1977; Swimming Manual for Coaches and Swimmers, 1977) e do Dr. Ernest Maglischo, (Swimming faster: a comprehensive guide to the science of swimming, 1982). Acredito que esse acervo seja histórico. Ao me formar em 1998, intensifiquei meus estudos na área técnica da natação, participando de vários cursos promovidos pela Associação de Técnicos de Natação do Estado de São Paulo e Federação Aquática Paulista. Neste mesmo ano comecei a treinar a equipe petiz e infantil do Clube de Tênis Catanduva. Nesse período, alguns nadadores foram campeões paulistas e medalhistas em brasileiros nestas categorias. Foi nesse

21 21 período que meu interesse científico pela natação nasceu. Porém foi no ano de 2000 que tive a oportunidade de aprimorar acadêmicamente, quando procurei no curso de Pósgraduação Lato-sensu, de minha área de interesse, e que não prejudicaria meu trabalho. Foi na Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) que ofereceu o curso de Especialização em Atividades Aquáticas de forma intensiva no período de férias, em janeiro de Tive a satisfação de ter aulas com vários profissionais da área do treinamento desportivo como o Prof. Dr. Antônio Carlos Gomes, Prof. Dr. Sérgio Gregório da Silva e Prof. Dr. Pedro José Winterstein que muito contribuíram para o aprimoramento de meus conhecimentos sobre preparação de atletas competitivos, entretanto, dois professores em particular foram marcantes para aguçar meu interesse pela pesquisa e a vida acadêmica. O Prof. Willian Urizzi de Lima, amigo de beira de piscina de meu pai, com um currículo invejável como treinador do Esporte Clube Pinheiros, do Sport Club Corinthians Paulista e Seleção Brasileira de Natação, dotado de um carisma e didática incomuns, servia-me de inspiração. Além de excelente técnico, era docente da FMU, de vários programas de pós-graduação lato-sensu pelo país e autor de vários livros da área. Até hoje, tenho-o como modelo. O Prof. Dr. Oscar Amauri Erichsen, na época, técnico da Londrina Country Clube e professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), incentuvou-me a pesquisar na área da natação. O Prof. Oscar tinha acabado de revisar e publicar a primeira tradução em português do célebre livro do Dr. Ernest Maglischo, Nadando Ainda Mais Rápido (1999). Um livro que é praticamente uma "biblia" para técnicos de natação. Quase todos os treinadores que conheci usam ou usaram este livro como base de seu planejamento. A parte II do livro apresenta a mecânica da braçada nos diferentes estilos de nado. Durante as aulas da especialização, interessei-me pelos aspectos biomecânicos relacionados à frequência e ao comprimento de braçadas na natação. Habitualmente, eu e meu pai, sempre filmávamos nossos atletas nos treinamentos e competições para posterior análise da técnica do nado e estratégia de prova que seria utilizada. Filmávamos, também, seus adversários, com o objetivo de estudar a melhor estratégia para conseguir superá-los nas competições. Isso me levou a começar a pesquisar sobre o tema. Em minha monografia, na especialização, avaliei a velocidade média, frequência e comprimentos de braçadas de nadadores participantes da prova de 100m nado Livre dos Campeonatos Paulistas de Verão Petiz, Infantil e Juvenil do ano de Mesmo

22 22 sem ter publicado o que havia pesquisado na época, a experiência foi importante no encorajamento para outras metas. Até aquele momento, o mestrado era ainda um sonho distante, mas com as experiências vividas com a especialização e o estímulo e ajuda de minha esposa, Karina Coelho Pires que foi imprescindível, em todos os sentidos na realização deste plano de vida, que iniciei em 2002, no programa de Pós-Graduação Strictu Sensu em Educação Física na Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP, como aluno especial. Tive a grata satisfação logo na primeira disciplina cursada no programa de mestrado conhecer o Prof. Dr. Ídico Luiz Pellegrinotti que futuramente seria meu orientador. Tive uma identificação "a primeira vista" com este profissional, mas foi com o convívio que passei a admirá-lo. Conhecia o currículo do Prof. "Deco" (como é carinhosamente conhecido) como docente da UNICAMP, mas nunca poderia imaginar que além de professor havia sido atleta e técnico de atletismo e conhecido de minha família. Com sua orientação, transformamos a ideia inicial da análise biomecânica da braçada, tema do trabalho, da especialização, num projeto de pesquisa com amplo embasamento científico, muito além daquela simples análise com base na minha experiência prática. Foi com o Deco que aprendi a pesquisar periódicos, a redigir textos científicos e a organizar uma apresentação de seminário. Senti-me acolhido pelo Prof. Deco, que conhecendo minhas inseguranças e limitações, incentivava-me e ensinava-me o caminho para superá-las. No ano seguinte (2003), fui aprovado no programa de mestrado da UNIMEP, e iniciei então a aplicação do projeto de pesquisa de análise cinemática de provas de natação em algumas provas dos campeonatos paulistas e brasileiros de natação, que participava com minha equipe com o objetivo de testar a metodologia. A partir deste momento, comecei a divulgar os resultados destes estudos publicando trabalhos em congressos científicos, como Congresso Científico Latino-americano de Educação Física- UNIMEP, Simpósio Internacional de Ciências do Esporte - CELAFISCS, Congresso Internacional de Educação Física e Motricidade Humana e Simpósio Paulista de Educação Física - UNESP - Rio Claro, Encontro AAARL de Medicina Esportiva - USP - Ribeirão Preto e ENAF - Poços de Caldas. Proferi palestras sobre o tema em alguns cursos de graduação em Educação Física, como na própria UNIMEP, Centro Universitário Moura Lacerda - Ribeirão Preto e União das Faculdades dos Grandes Lagoa - UNILAGO - São José do Rio Preto. Mas, sem dúvida, o mais gratificante foi ministrar uma palestra na 11ª Semana de Educação Física da ESEFIC - Catanduva,

23 23 faculdade onde me formei, e no Encontro de Técnicos de Natação do Estado de São Paulo - Sorocaba (2004). Todas estas experiências foram enriquecedoras na minha futura carreira. Com o título de mestre "debaixo do braço" parti em busca da realização de um novo sonho: lecionar em uma faculdade de Educação Física. Em 2005, três meses após ter defendido a dissertação de mestrado, surgiu à oportunidade de trabalhar no Centro Universitário do Norte Paulista - UNORP, em São José do Rio Preto. No ano seguinte (2006) comecei a ministrar aulas na Universidade Paulista - UNIP no campus de São José do Rio Preto, e em 2007, iniciei, também, em outros campi da UNIP, na cidade de São Paulo, como Chácara Santo Antônio, Marques de São Vicente, Alphaville e Zona Norte. No mesmo período passei, a trabalhar com a equipe principal de natação do Clube de Tênis Catanduva, revelando campeões paulistas e medalhistas brasileiros em outras categorias (juvenil e júnior), e tendo atletas selecionados para a Seleção Paulista de Natação. Na mesma ocasião, fui convidado a compor o Conselho Técnico da Federação Aquática Paulista, onde fiquei de 2007 a Com tantos compromissos, reduzi as produções de pesquisas e participações em congressos científicos. Em 2009 fui aprovado no processo seletivo para docentes do Centro Universitário FAFIBE da cidade de Bebedouro - SP. Aquele momento foi importante na minha carreira profissional e acadêmica, entretanto comecei a sentir dificuldades em conciliar tantos compromissos e minha vida familiar. Cheguei dormir mais noites em ônibus que na minha própria casa. Persegui tanto algumas metas que não havia me dado conta de que havia pessoas que necessitavam de mim, e que outros objetivos deveriam ser alcançados. Mas fatos novos mudariam os rumos de minha vida. Em 2010 ao mesmo tempo em que fui dispensado pelo Clube de Tênis da função da função de técnico de natação, sou convidado a trabalhar como docente na ESEFIC em Catanduva. Diminuindo a quantidade de aulas nas faculdades "fora de casa", volteime a dedicar aos estudos, e mais uma vez, com incentivo de minha esposa, inscrevi-me no processo seletivo de doutorado em Educação Física do programa de pós-graduação da Universidade São Judas Tadeu. Necessitava, então, elaborar um projeto para concorrer na seleção, mas estava tanto tempo afastado da pesquisa, que não sabia bem o que fazer. Retornando às minhas bases, lembrei-me de uma indagação que o Prof. Deco sempre fazia durante as orientações do mestrado: Como estas análises cinemáticas poderiam contribuir no programa de treinamento do nadador? Com esse pensamento, elaborei uma proposta de

24 24 pesquisa que envolvia a utilização da avaliação cinemática durante um macrociclo de treinamento de uma equipe de natação competitiva. Mas, foi sob a supervisão com a tutoria de meu orientador o Prof. Dr. Aylton Figueira Junior, que a presente pesquisa se configurou. Percebendo minha experiência, o Prof. Aylton me fez refletir profundamente sobre os métodos de treinamento utilizados na natação. Observamos que muitos treinadores ministram volumes elevados de treinamento em piscina em seus programas, ainda influenciados pelas antigas metodologias provenientes dos estudos norteamericanos da década de 60 e 70, que valorizavam a capitação máxima de oxigênio (VO 2 máx) para melhora do desempenho do nadador (COSTILL, et. al, 1991; MUJIKA et. al, 1995; TERMIN e PENDERGAST, 2000). Assim como meu pai e eu, muitos treinadores brasileiros foram influenciados por esta "escola norte-americana", reproduzindo estas metodologias em seus treinamentos. A avaliação cinemática interessou-me, pois avalia a eficiência técnica do nado relacionado ao desempenho do atleta. Hoje, percebo que esse, foi um diferencial meu e de meu pai. Não ministrávamos "grandes" volumes de treino, mas nos preocupávamos muito com execução técnica de nado e com a estratégia de prova dos atletas. Poucos treinadores, ainda nos dias de hoje, tem essas preocupações. Porém, questões relacionadas ao treinamento de força eram pouco trabalhadas em nossos programas. As literaturas clássicas de "Doc Coulsilman" e Maglischo, não enfatizavam esse tema em seus estudos. Apesar de mencionado como importante por esses autores na formação do nadador, o treinamento de força era visto mais como um complemento de sua preparação física geral, principalmente nas etapas iniciais do macrociclo. O que mais era evidenciado para esses autores, quanto ao treinamento da força muscular para nadadores, estava muito relacionado ao princípio da especificidade, que determina que a atividade deva ser aplicada nas condições concretas de como esta se manifesta, ou seja, no caso da natação, na água. Nos dias atuais, ainda é muito comum a preocupação que o treinamento de força provoque uma diminuição na flexibilidade e elevação excessiva de massa muscular, o que levaria o nadador a aumentar sua resistência ao deslocamento, diminuindo a flutuabilidade e consequentemente o desempenho. Devido a esta falta de conhecimento muitos treinadores, ainda não aplicarem esta metodologia em seus programas de treinamento.

25 25 A visão sobre o treinamento de força na natação só começou a mudar no Brasil nos últimos anos. Destaco dois fatores que contribuíram para esse novo olhar: 1 ) uma formação mais científica de uma nova geração de treinadores com acesso à outras literaturas e metodologias do treinamento e a divulgação de um número crescente de pesquisas científicas, que relatam os benefícios de diferentes metodologias do treinamento de força na performance em atletas de natação competitiva; culminando com a observação dos recentes resultados de atletas velocistas nos últimos Jogos Olímpicos (Pequim 2008 e Londres 2012) e Mundiais de piscina longa (Roma, 2009 e Barcelona 2013), particularmente com nadadores franceses e brasileiros (GIROLD et al., 2012 ; GIROLD et al., 2007 e GIROLD et al., 2006); 2 ) a tradução para o português do livro do autor russo Vladimir Platonov, sobre os Sistemas de Treinamento dos Melhores Nadadores do Mundo, Volumes 1 e 2, (2004) que relatam os trabalhos desenvolvidos com o treinamento de força em nadadores do leste europeu, em especial do nadador russo Bicampeão olímpico (Barcelona, 1992 e Atlanta, 1996) dos 50 e 100m nado livre, Alexander Popov. Hoje, estamos vivendo um momento muito especial da natação brasileira. Nunca tivemos um número tão elevado de nadadores em destaque internacional. Os resultados obtidos nas últimas Olimpíadas e Mundiais por brasileiros como Gustavo Borges, Fernando Scherer e mais recentemente com os atletas Cesar Cielo e Thiago Pereira, entre outros, são reflexo da mudança da forma de treinamento entre os treinadores brasileiros. Neste sentido, o que determinou o desenvolvimento deste estudo, atrelado à apresentação anterior, foi o interesse de estudar novas metodologias relacionadas ao treinamento de força em atletas de natação, a à aplicabilidade da análise cinemática num programa de treinamento de natação. Desta forma surgiu uma nova questão: Para o treinamento de força qual o modelo de periodização mais eficiente para jovens atletas de natação? Desenvolver a pesquisa com jovens nadadores da cidade de Boa Vista, não foi por acaso. Devido a minha aprovação no concurso público para o provimento do cargo de professor efetivo do curso superior em Educação Física do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima - IFRR, em 2012, obrigou minha transferência de São Paulo para Roraima, fazendo com que realizasse toda a pesquisa neste estado. Esse fato viabilizou a aplicação do projeto, pois além de estar mais próximo da minha família, consegui reunir em meu local de trabalho toda o estrutura

26 26 necessária para desenvolvimento da pesquisa, como a piscina semiolímpica (25 metros), laboratório com material para avaliação física e antropométrica, e uma academia de musculação Traçando o Caminho O programa de treinamento físico é um processo complexo, que exige organização em todas as suas etapas, em especial na fase inicial do programa para que se conheça a capacidade do indivíduo (FONTOURA, 2007). Esta organização é essencial quando se trata de atletas de competição. Para os treinadores e pesquisadores, o rendimento do atleta se associa de um conjunto de fatores de ordem estratégica incluindo aspectos táticos, técnicos, psicológicos, dependentes das diferentes capacidades físicas específicas, de resistência orgânica e muscular (BANGSBO, 1994; MARTIN, CARL e LEHNETZ., 1997; WEINECK, 2003; BOMPA, 2002) O treinamento de natação competitiva, tem como objetivo melhorar o desempenho desportivo em provas com diferentes demandas metabólicas. De modo geral, treinadores de natação têm utilizado volumes semanais elevados de treinamento na piscina não só com atletas experientes, mas também em categorias intermediárias (COSTILL, et. al, 1991; MUJIKA et. al, 1995; TERMIN e PENDERGAST, 2000). Sabe-se que excesso no volume de treinamentos pode resultar em fadiga crônica que por sua vez conduz a um comprometimento do sistema imunológico, estresse mental, déficit calórico e consequente queda no desempenho em diferentes etapas do período preparatório levando os atletas ao estado de overtraining ou supertreinamento (COSTILL et. al, 1988; COSTILL et. al, 1991; MACKINNON et. al, 1997; TRAPPE et. al 1997; HOOPER, MACKINNON e HOWARD, 1999). Em alguns casos, estes fatores estão relacionados ao abandono do atleta do programa de exercício. Nesse sentido, a aplicação de novas metodologias que minimizem os efeitos crônicos do estresse fisiológico e psicológico em nadadores, provocados pelos possíveis excessos no treinamento tradicional em piscina torna-se necessário. Seguindo a tendência dos estudos contemporâneos da metodologia do treinamento desportivo da natação, foi encontrado discussões sobre estratégias de treinamento que visam equalizar os componentes de carga (volume, intensidade) em função da especificidade dos atletas (MARINHO e GOMES, 1999; MARINHO, 2002;

27 27 BARBOSA e ANDRIES JUNIOR, 2006; PYNE, MUJIKA e REILLY 2009; FIG, 2010; ISSURIN, 2010). Nesta perspectiva, o treinamento de força muscular tem sido considerado fator primordial, visto que a potência muscular é decisiva no desenvolvimento de nadadores (TRAPPE et al.,2000; BARBOSA e ANDRIES JÙNIOR, 2006; ZAMPAGNI et al.,2008). Assim, o treinamento de força muscular tem sido aplicado na natação, sendo parte integrante da preparação de nadadores competitivos (COSTILL, MAGLISCHO e RICHARDSON, 1994; MAGLISCHO, 2010 e PLATONOV e FESSENKO, 2004). Conforme Fig (2010), o treinamento de força é importante nos nadadores em diferentes situações como na saída, viradas, pernada e braçada. Observa-se estatisticamente forte correlação entre potência muscular e velocidade de nado (MARINHO e GOMES, 1999; SWAINE, 2000; BARBOSA e ADRIES JUNIOR, 2006 e FIG, 2010). Um dos pontos mais controversos na prática do treinamento de força muscular para atletas de natação está relacionado à influência deste método de treinamento e sua transferência no desempenho do nadador (MARINHO e GOMES, 1999). Segundo Newton et al. (2002) e Antunes (2004) deve-se atentar para os níveis de hipertrofia muscular, o que em determinadas situações pode ser prejudicial ao rendimento do nadador. Portanto, evitar tal ocorrência é um dos objetivos da periodização que inclui a maximização do princípio da sobrecarga garantindo melhora na relação entre estímulo e recuperação. Este princípio é descrito pelo processo de aplicação de cargas ao sistema neuromuscular (RHEA et al., 2002a). Quanto maior a demanda imposta ao sistema neuromuscular, maior adaptação no nível de força (STONE, O BRYANT e GARHAMMER, 1981). Segundo Oliveira, Sequeiros e Dantas (2005) dentre os estudos de periodização, os modelos mais investigados são o linear ou tradicional, e o modelo de periodização não linear ou ondulatória. O primeiro designa-se por constantes incrementos da carga de treinamento e concomitante redução do volume, dispostos ao longo dos ciclos de treinamento. O modelo não linear ou ondulatório é apresentado por RHEA et al. (2002b) como alterações frequentes no volume e intensidade dos treinamentos com pesos tanto em semanas, como em ciclos ou até mesmo com variações diárias. Considerando as escassas evidências desse modelo aplicado em nadadores o presente estudo foi delineado com a intenção de acompanhar a relação das metodologias

28 28 do treinamento de força muscular fora da piscina, e as contribuições no desempenho de nadadores jovens em ambos os sexos Objeto, Objetivos do Estudo e Hipóteses O desempenho na natação competitiva é influenciado pela capacidade de gerar força propulsiva e minimizar o arrasto ao avanço no meio líquido. Isso acontece com a melhora da técnica ou padrão biomecânico, e pela da condição física do nadador, incluindo a composição corporal e a força. Na natação, com o intuito da melhora do rendimento técnico, atletas buscam a evolução no desempenho não só por meio de sessões de treinamento específicos na água, mas também nos treinamentos executados em sessões ordinárias da preparação física. Com essa perspectiva, o presente estudo visa o acompanhamento de jovens nadadores submetido a dois métodos de treinamento de força por um período de 14 semanas. O objetivo geral do estudo foi verificar o efeito do treinamento de força com periodização linear e ondulatória nas respostas morfofuncionais e de desempenho de nadadores jovens de ambos os sexos em um macrociclo de 14 semanas. Imaginamos que após o período de realização do estudo, encontraremos que a periodização ondulatória promovera melhor adaptação morfofuncional comparado com o modelo de periodização linear no aumento da força muscular e desempenho dos nadadores submetidos a um macrociclo de 14 semanas de treinamento. As análises complementares delimitadas nos objetivos específicos com suas respectivas hipóteses, que segue: Análise 1 - Identificar o impacto de um macrociclo de 14 semanas de treinamento de força muscular com periodização linear e ondulatória no perfil antropométrico e composição corporal (massa corporal, massa magra, massa gorda, porcentagem de gordura corporal, circunferências de braço contraído e coxa medial ) de nadadores jovens de ambos os sexos. Hipótese 1: O modelo de periodização ondulatória promove melhora mais acentuada no perfil antropométricos e composição corporal (massa corporal, massa

29 29 magra, massa gorda, porcentagem de gordura corporal, circunferências de braço e perna) que o modelo de periodização linear após 14 semanas de treinamento. Análise 2 - Comparar o efeito de um macrociclo de 14 semanas de treinamento de força pela periodização linear e ondulatória no comportamento da força muscular dos membros superiores e inferiores de nadadores jovens de ambos os sexos. Hipótese 2 - O modelo de periodização ondulatório promove melhor adaptação que o modelo de periodização linear na força dos nos membros superiores e inferiores dos nadadores após 14 semanas de treinamento. Análise 3 - Analisar os efeitos de um macrociclo de 14 semanas de treinamento de força de periodização linear e ondulatória no tempo obtido no teste de 100m nado Crawl de nadadores jovens de ambos os sexos. Hipótese 3 - O grupo que praticou treinamento de força com periodização ondulatória terá melhores resultados na potência anaeróbia, devido a melhora mais acentuada no tempo obtido no teste de 100m nado crawl, que o grupo que praticou a periodização linear apos 14 semanas de treinamento. Análise 4 - Determinar o efeito de um macrociclo de 14 semanas de treinamento de força com de periodização linear e ondulatória no desempenho através das avaliações cinemáticas de: saída do bloco de partida em 15 metros, virada em 15 metros, frequência e comprimento de braçada, velocidade e índice de braçadas em nadadores jovens de ambos os sexos. Hipótese 4 - O treinamento com periodização ondulatória apresenta melhores resultados nas avaliações cinemáticas de saída do bloco de partida em 15 metros, virada em 15 metros, frequência e comprimento de braçada, velocidade e índice de braçadas que o grupo treinado com a periodização linar após 14 semanas de treinamento de força. Análise 5 - Comparar o impacto de um macrociclo de 14 semanas de treinamento de força com periodização linear e ondulatório no índice técnico de competição de nadadores jovens de ambos os sexos.

30 30 Hipótese 5 - O grupo com periodização ondulatória apresentaria melhores resultados no indice técnico de competição ao final do mesociclo de 14 semanas de treinamento de força muscular que o grupo com periodização linear Organização do Estudo O presente estudo foi organizado em capítulos que sustentam o modelo experimental desenvolvido no presente trabalho. Desta forma, no Capítulo 1 apresentamos: os pontos que justificam o desenvolvimento do estudo, aspectos de relevância profissional e científica, bem como os pressupostos científicos que orientaram a elaboração do trabalho, o objeto, objetivo e hipóteses principais. O Capítulo 2 apresenta a revisão da literatura dividida em: a) aspectos que caracterizam a natação competitiva; b) as formas de treinamento utilizadas na modalidade; c) as adaptações morfofuncionais relacionadas ao treinamento de força; d) adaptação do treinamento de força nos adolescentes; e) meios e métodos de periodização do treinamento de força e as evidências comparando os métodos. No Capítulo 3 apresentamos os procedimentos metodológicos do estudo e seu delineamento, as características da amostra, critérios de inclusão e exclusão, bem como as características da periodização do treinamento, organização e avaliação do treinamento de força e desempenho esportivo na piscina, e todas as análises estatísticas empregadas. No Capítulo 4 seguem os resultados com a apresentação de tabelas e gráficos, com a descrição do comportamento dos dados, bem como as respectivas comparações demonstradas nos objetivos. No Capítulo 5 são discutidos os resultados das análises do estudo, apresentando conclusões prévias, mediante ao referencial teórico presente, buscando explicar as resposta morfofuncionais das diferentes periodizações do treinamento de força e seu resultado no desempenho no meio líquido. As considerações finais e as proposições futuras do estudo são apresentadas no Capítulo 6, bem como o delineamento dos próximos passos e perspectivas na análise da periodização do treinamento de força muscular para jovens atletas de natação. Referencias bibliográficas, bem como os apêndices e anexos estão apresentados nos Capítulos 7 e 8 respectivamente.

31 31 CAPÍTULO 2 - REVISÃO DA LITERATURA A revisão da literatura foi feita a partir de pesquisa bibliográfica realizada em livros, revistas especializadas indexadas; artigos científicos, monografias, dissertações e teses, nacionais e internacionais, da área de conhecimento da educação física e ciências da saúde, mais especificamente, as produções de conhecimento científicas sobre o treinamento desportivo, periodização e treinamento de força muscular, do treinamento de natação competitiva; biomecânica e fisiologia do exercício. Foram consultados os bancos de dados dos acervos das bibliotecas da Universidade São Judas Tadeu (USJT), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Paulista (UNIP); Faculdades Integradas Padre Albino (FIPA) e Instituto Federal de Roraima (IFRR). Pesquisas foram realizadas em acervos digitais de monografias, dissertações e teses de instituições como USP, Unicamp, UNESP, UFMG, UFRS, UEL, Unimep e USJT. A busca dos artigos científicos indexados foi realizada nas bases de dados eletrônicas da MEDLINE, PubMed, Sports Discus, Scopus e Scielo. A seleção dos descritores utilizados no processo de revisão foi efetuada mediante consulta ao DeCS (descritores de assuntos em ciências da saúde da BIREME). Nas buscas, os seguintes descritores/termos em inglês/português foram considerados: resistance training/treinamento de resistência; strength training/treinamento de força, swimming/natação; physical education and training/ educação física e treinamento; endurance training/treinamento de endurance; sprint training/treinamento de velocidade; linaer periodization/periodização linear; nonlinear periodization/periodização não-linear e undulating periodization/periodização ondulatória. Recorreu-se aos operadores lógicos "AND", "OR" e "AND NOT" para combinação dos descritores utilizados para rastreamento das publicações. Dessa forma, foram utilizados para a revisão de literatura: 72 livros, 5 revistas especializadas indexadas, 305 artigos científicos encontrados nas bases de dados descritas, 5 dissertações de mestrado e 4 teses de doutorado.

32 Crescimento, Maturação e Desenvolvimento Físico do Adolescente Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 1989) a adolescência é uma fase intermediária do desenvolvimento humano, que compreende a faixa etária entre 10 e 19 anos, dividida em 2 períodos: a pré-adolescência (10 a 14 anos) e a adolescência (15 aos 19 anos). Porém, essa definição ocorre simplesmente por razões estatísticas, pois varia de pessoa para pessoa. Esta fase é marcada por diversas transformações corporais e comportamentais. É neste período que acontece o desenvolvimento das funções reprodutivas, incluindo o aparecimento das características sexuais secundárias conhecida como puberdade. A puberdade é o período em que o adolescente exibe as maiores mudanças corporais, sendo estas endócrinas, fisiológicas e morfológicas (GALLAHUE, 2013). Essas transformações são caracterizadas por mudanças de peso, estatura, composição corporal, além de alterações fisiológicas importantes em seus órgãos e sistemas, incluindo crescimento físico geral. As modificações ocorrem em ritmos e proporções diferentes entre indivíduos de um mesmo sexo ou não, no entanto, a ordem em que esses eventos ocorrem é relativamente à mesma (MARSHALL e TANNER, 1995). Muitos fatores estão associados ao processo de crescimento e maturação sexual. Os fatores genéticos são, em grande parte, os responsáveis pelas variações individuais dos eventos pubertários. Já os fatores externos: nutrição, atividade física, nível socioeconômico-cultural, dentre outros, são os que precisam ser favoráveis para que o adolescente possa alcançar a expressão máxima de seu potencial genético (SIGULEM, DEVINCENZ e LESSA, 2000). O conceito de crescimento, segundo Malina (2003), está diretamente ligado ao aumento do tamanho do corpo como um todo e de suas partes, ou seja, é o aumento da altura, peso, força, volume, quantidade de produção de secreções, entre outros, isto é, um aumento fixável quantitativamente, através da associação de três fenômenos distintos: 1) fenômeno da hiperplasia, ou seja, o aumento do número das células que compõem os tecidos do organismo humano; 2) fenômeno da hipertrofia, aumento do tamanho dessas células e 3) fenômeno da agregação celular, aumento da quantidade de substâncias intracelulares (MALINA, BOUCHARD E BAR-OR, 2004; GUEDES e GUEDES, 1997a).

33 33 Por sua vez, o termo maturação biológica é, para Malina, Bouchard e Bar-Or (2004), o processo de tornar-se maduro, ou o progresso em direção ao estado maduro, ou seja, maturação é, ao mesmo tempo, um processo e um estado, que pode ser mensurado a partir de alguns indicadores que representam em que momento do estágio maturacional o indivíduo se encontra. Portanto, cada um dos tecidos, órgãos ou sistemas do organismo humano apresentam velocidades de crescimento e desenvolvimento diferenciadas, seguindo um padrão definido pelo estágio maturacional que é o resultado da ação mútua entre os fatores biológicos e os fatores ambientais, entendidos aqui, respectivamente, como fatores intrínsecos e extrínsecos (ARRUDA, 1997). O processo maturacional até seu total complemento, de modo geral, leva cerca de 20 anos e sistematicamente é dividido em períodos distintos e relativamente homogêneos de acordo com as modificações orgânicas ocorrentes, implicando em um grau crescente de maturação (GUEDES e GUEDES, 1995; DUARTE, 1993). Durante a puberdade, indicada como a terceira fase de crescimento e desenvolvimento, as modificações morfológicas e fisiológicas alcançam seus maiores níveis, principalmente pelo aumento da produção dos hormônios sexuais. Como conseqüência desse aumento, há uma aceleração do crescimento somático, além do desenvolvimento das gônadas, das características sexuais secundárias e, ainda, mudanças na composição corporal que, nos meninos, acarreta um aumento da massa muscular e concomitante diminuição da gordura corporal (MALINA, BOUCHARD E BAR-OR, 2004; GUEDES e GUEDES, 1995). Essas modificações que ocorrem na puberdade em direção ao estágio maduro, ou seja, na aquisição final da maturação biológica, acontecem de forma gradual, em ritmo temporal próprio, fazendo com que cada indivíduo complete um determinado estágio maturacional em idades cronológicas diferentes, dificultando a sua determinação. Em geral, a idade em que os eventos pubertários ocorrem fica em torno dos 11 aos 14 anos, porém o processo maturacional não coincide necessariamente com a idade cronológica, fazendo com que a idade biológica seja considerada. Essa diferença entre a idade cronológica e a idade biológica pode levar a erros de avaliação metodológica, por não garantir uma discriminação entre os indivíduos de mesma idade cronológica, mas com desenvolvimento maturacional mais precoce ou tardio. Dessa forma, a identificação da idade biológica é de fundamental importância, principalmente nos estudos com crianças e adolescentes relacionados ao desempenho

34 34 motor, pois torna mais precisa a distinção entre as adaptações decorrentes de um programa de exercícios físicos e as modificações fisiológicas e estruturais decorrentes do processo de maturação biológica, principalmente na fase pubertária, onde essas modificações são mais evidenciadas (VILLAR, 2000). Determinar a idade biológica é, portanto, uma necessidade para conhecer e aceitar a variabilidade individual dentro de faixas etárias pré-determinadas e assim, conduzir o processo de treinamento físico de acordo com as possibilidades biopsicológicas de cada indivíduo. Para a determinação do estágio maturacional é necessário identificar o sistema a ser analisado, pois cada um dos sistemas orgânicos tem variação temporal no processo de maturação. Nesse sentido, os indicadores da maturação biológica mais comumente utilizados em estudos de crescimento são: 1) indicador da maturação esquelética, 2) indicador da maturação sexual secundária. Malina, Bouchard e Bar-Or (2004) afirmam que a avaliação da maturação esquelética é, talvez, o melhor indicativo da idade biológica, pois seu desenvolvimento perfaz todo o período de crescimento. A avaliação da maturação sexual secundária, assim como a avaliação da maturação somática, como indicadores do status de maturação, também são instrumentos importantes para a determinação do estágio maturacional, mas seu uso é limitado à fase da pubescência, embora mostrem uma fase de maturação muito importante para o treinamento sistemático de uma atividade física, visto que, é nessa fase que acontecem as maiores modificações fisiológicas relacionadas ao desempenho motor A Maturação Sexual A maturação, conforme Malina e Bouchard (2002), refere-se ao tempo e controle temporal do progresso pelo estado biológico maduro. Diz respeito às mudanças qualitativas que capacitam o organismo a progredir em direção a níveis mais altos de funcionamento. Dessa forma, é um processo inato, geneticamente determinado e resistente à influência do meio ambiente, que se refere às transformações que ocorrem no corpo durante um determinado período de tempo. A maturação diz respeito ao momento e à evolução para o desenvolvimento dos vários

35 35 sistemas, em direção ao estado biológico maduro e às alterações qualitativas que capacitam o indivíduo a progredir para níveis mais altos de atividade. Com isso, o processo de maturação tem foco no avanço ou nos indicadores para se alcançar esse estado, bem como em suas decorrências individuais (UNESCO, 2013). Com isso, pode-se definir maturação como: a) o processo que conduz o corpo humano à forma e às funções normais adultas (MALINA, BOUCHARD e BAR-OR, 2004); b) o andamento, a sequência e o progresso em direção ao estado biológico maduro (BAXTER-JONES, EISENMANN e SHERAR, 2005); c) o processo que leva a um completo estado de desenvolvimento morfológico, fisiológico e psicológico e que, necessariamente, tem controle genético e ambiental (MATSUDO e MATSUDO, 1991). As várias etapas desse processo não ocorrem simultaneamente em todas as crianças e jovens com a mesma idade cronológica, ou seja, crianças e jovens de idade biológica igual podem apresentar diferenças significativas em relação ao nível maturacional (MALINA e BOUCHARD, 2002). Baxter-Jones, Eisenmann e Sherar (2005) afirmam que o processo de maturação apresenta duas fases distintas: o timing e o tempo. O timing refere-se à idade em que os eventos maturacionais específicos acontecem (menarca, espermarca, início do desenvolvimento das mamas, aparecimento de pelos pubianos e idade do pico de crescimento, entre outros), enquanto o tempo diz respeito ao índice e à velocidade com que a maturação avança e progride em direção ao estado maturacional adulto. Malina e Bouchard (2002) afirmam que as diferenças maturacionais entre os sexos se destacam entre os 9 e os 14 anos de idade, para o sexo feminino, e entre os 11 e os 16 anos, para o sexo masculino. Maglischo (1999), por outro lado, traz uma referência mais específica, ao apontar para as faixas de 11 a 13 anos no sexo feminino, e de 13 a 15 anos no sexo masculino. Portanto, infere-se que jovens em estado maturacional mais adiantado, provavelmente serão mais altos, mais pesados, e terão maiores níveis de força e maior resistência muscular, se comparados com aqueles de maturação tardia. Segundo Malina e Bouchard (2002), são esses os fatores que auxiliam os jovens a ter maior êxito em determinados esportes, dentre eles, a natação e o atletismo.

36 36 Todavia, essa vantagem maturacional tende a desaparecer após a puberdade. Segundo Malina, Bouchard e Bar-Or (2004), as medidas de maturação variam de acordo com o sistema biológico considerado. Geralmente, os indicadores mais utilizados são a maturação esquelética, a maturação sexual e a maturação somática. As características sexuais primárias são aquelas relacionadas diretamente com a reprodução (DUARTE, 1993). No sexo feminino, dizem respeito ao desenvolvimento dos ovários, do útero e da vagina; no sexo masculino, refere-se ao desenvolvimento dos testículos, da próstata e da produção de esperma. As características sexuais secundárias estão relacionadas ao dimorfismo sexual externo, isto é, o desenvolvimento dos seios, do pênis, dos pelos faciais e pubianos, bem como a modificação da voz. Os estudos sobre maturação tendem a se concentrar nas características sexuais secundárias, de mais fácil avaliação, considerando-se a dificuldade ou mesmo a impossibilidade de se determinar o desenvolvimento dos órgãos sexuais internos. Em 1962, Tanner desenvolveu um sistema de fotos (ANEXO 1 e ANEXO 2) que permite determinar: os estágios de desenvolvimento dos pelos pubianos em ambos os sexos, de PP1 a PP5; de desenvolvimento mamário para o sexo feminino, com os estágios de M1 a M5; e de desenvolvimento dos genitais do sexo masculino, com estágios de G1 a G5. Malina, Bouchard e Bar-Or (2004) também citam as características sexuais secundárias como elementos de avaliação. Devido a questões éticas e legais, na atualidade pode-se contar com a autoavaliação, que facilita a aplicação sistemática da avaliação junto aos jovens que praticam esportes de cunho competitivo. Esse procedimento, segundo Matsudo e Matsudo (1991), para jovens brasileiros, apresenta um alto índice de correlação (r = 0,80) entre a autoavaliação e a avaliação realizada por um profissional especializado (médico) O Desenvolvimento Corporal do Atleta Jovem. Nas últimas décadas, em decorrência da grande importância e visualização adquirida pelo esporte competitivo na sociedade moderna, tem sido evidenciado um crescente interesse por pesquisadores de inúmeras áreas do conhecimento, na tentativa de melhor entender esse fenômeno. Nesse sentido, alguns estudos têm apontado um aumento considerável na participação de crianças e adolescentes no desporto de alto rendimento, em idades cada vez menores. Frequentemente verifica-se a participação de

37 37 jovens em competições de caráter regionais, nacionais e internacionais, exigindo um alto desempenho físico, técnico e psicológico (WESTERSTAHL, et al., 2003, MARQUES, 1998) Entre populações adultas, as adaptações fisiológicas e morfológicas decorrentes do envolvimento com a prática de atividades esportivas são bem conhecidas. Entretanto, entre crianças e jovens, algumas evidências têm indicado que o treinamento físico pode favorecer maiores taxas de crescimento físico (BAXTER-JONES, THOMPSON e MALINA, 2002) De outro lado, pesquisas têm indicado um pequeno ou nenhum efeito do envolvimento sistematizado com atividades esportivas de alto rendimento, no crescimento desses jovens atletas (DAMSGAARD et al.; 2001, BAXTER-JONES et al.; 1995, MALINA, 1994). Tal falta de clareza, no que se refere à interação entre o envolvimento com atividades esportivas e índices de crescimento, alicerça-se na ausência de estudos de delineamento longitudinal que tenham abordado o assunto. A Fédération Internacionale de Médicine Sportive (FIMS, 1997) indicou que um número cada vez maior de lesões por sobrecarga tem atingido populações pediátricas que praticam esportes organizados de alta intensidade. Nesse sentido, o envolvimento de crianças e adolescentes com atividades esportivas que visam o alto rendimento, constitui motivo de preocupação para os profissionais que trabalham com essas populações, uma vez que inúmeras modalidades esportivas, exigem cargas pesadas de treinamento que precisam ser bem orientadas e também um rígido controle alimentar por parte desses jovens atletas. Além disso, jovens atletas podem apresentar índices de crescimento físico diferenciados dos seus pares não-atletas. No caso dos nadadores, algumas investigações como a de Westerstahl et al. (2003), demonstraram que esses atletas são mais altos que a população normal, na mesma faixa etária/sexo e o índice de massa corporal maior que de outras modalidades. Adicionalmente, a ausência de estudos de corte longitudinal limita as interpretações dos efeitos do treinamento de alta intensidade no crescimento físico, bem como também, o impacto do crescimento no desempenho físico (MALINA, 1994), uma vez que não se pode discernir com clareza se tais atletas apresentam tais características decorrentes do treinamento a que são expostos, ou se são resultado do processo de seleção que envolve o esporte, onde tais características favorecem na escolha dos atletas. Portanto, os efeitos do treinamento intensivo sobre o crescimento e maturação de adolescentes ainda não estão bem estabelecidos (BAXTER-JONES e MAFFULLI;

38 ). Embora alguns estudos, como o de Baxter-Jones e Maffulli (2002) apontem que o treinamento intensivo possa retardar o crescimento e atrasar a puberdade em meninas atletas, outros trabalhos da literatura confirmam que o treinamento não parece afetar o crescimento e a maturação nessas atletas jovens. Com base no fato de que crianças e adolescentes não são adultos em miniatura e que durante esta fase do desenvolvimento humano, o organismo jovem passa por um processo constante de transformação fisiológico, morfológico e comportamental, ocasionando respostas diferenciadas, em relação ao organismo do adulto, ao estresse ocasionado por uma rotina de treinamento físico, parece evidente que qualquer excesso cometido durante esta fase da vida pode vir a desencadear um comprometimento a saúde do jovem e também posteriormente na idade adulta (FIMS, 1997; BERSON, 1990). Muitas e importantes alterações na composição corporal de atletas jovens podem ocorrer: algumas de efeito positivo, melhorando aspectos da saúde em geral, quando o treinamento, a alimentação e os outros fatores externos são bem controlados (WOLINSKY e HICKSON, 2002). Alguns trabalhos, por exemplo, indicam que a massa magra em atletas de esportes de menor impacto, como a natação, é semelhante à de outros esportes de maior impacto como ginastas, corredores, dentre outros, mas o nível de massa magra é muito maior e estatisticamente significante, quando comparados a outros jovens não ativos e de grupos controles. Também a porcentagem de gordura corporal total é bem menor em atletas de baixo impacto (como os nadadores) e de maior impacto, comparados com grupos controles menos ativos ou sedentários (LIMA et al; 2000). Além disso, outro componente da composição corporal, que é um importante indicador de saúde, é a densidade óssea, que entre atletas jovens praticantes de atividade física intensa, sofre significativo incremento quando comparados aos seus pares não atletas. Essas diferenças da magnitude das cargas dos diferentes esportes sobre o sistema esquelético mostram importante aumento da densidade óssea entre atletas adolescentes do sexo feminino, mais especificamente da natação e futebol, dentre outros (BELLEW e GEHRING, 2006).

39 Desportos Aquáticos A natação competitiva atual, é internacionalmente caracterizada pelos quatro (4) estilos de nado: borboleta, nado de costas, peito e o crawl. As competições de natação obedecem às regras oficiais da Federação Internacional de Natação (FINA), que prevê movimentos de braços e pernas dos três primeiros estilos citados. O quarto estilo praticado em competições é descrito pela literatura especializada como nado crawl, sendo o mais utilizado nas provas de nado livre (MAGLISCHO, 1999). Nesta prova os nadadores podem usar qualquer estilo, mas utiliza-se o nado crawl pela maior velocidade e propulsão de nado. Oficialmente as competições são realizadas em piscinas de 25 e 50 metros e as distâncias cobertas nos diferentes nados variam entre 50 e 1500 metros. Além das provas mencionadas existe também uma combinada (medley) que envolve a utilização dos quatro nados na seguinte sequencia: borboleta, nado de costas, peito e crawl, realizada nas distâncias de 100, 200 e 400 metros em piscina curta (25 metros) e 200 e 400 (metros) em piscina longa (50 metros). Os revezamentos também fazem parte do quadro competitivo e são disputados nas provas de 4x100 metros medley e 4x100 e 4x200 metros nado livre, como mostra o anexo 12. Em função das diferentes distâncias percorridas durante as provas, os nadadores podem ser classificados como velocistas, fundistas e meio fundistas. Segundo Maglischo (1999), as provas que caracterizam um velocista são realizadas fundamentalmente em distâncias de 50 e 100 metros, ao passo que os meio fundistas e fundistas participam de provas que compreendem distâncias entre 200, 400, 800 e 1500 metros. Nos últimos anos, estamos presenciamos uma retomada, com maior evidencia na mídia, pela prática das modalidades em águas abertas. Está prática que remete às origens da natação, quando ainda não havia piscinas, voltou a ficar em evidência após a decisão do Comitê Olímpico Internacional de integrar a natação de águas abertas no programa dos Jogos Olímpicos. Nos campeonatos mundiais, são realizadas três provas da modalidade, nas distâncias de 5 km, 10 km e 25 km, sempre para mulheres e homens. Já nos Jogos Olímpicos e Pan-americanos, esta modalidade é disputada apenas na distancia de 10 km para ambos os sexos. Assim, os atletas nadadores necessitam de endurance e de velocidade para conseguir o melhor desempenho. Porém, o fato de ser uma atividade aquática, faz com que haja uma preocupação com a fisiologia específica das demandas energéticas desses

40 40 atletas. As alterações de resistência ao movimento, muito maiores na água, dificultam a propulsão no meio líquido. Por causa desses fatores, a habilidade dos nadadores em reduzir a resistência da água e a efetividade na aplicação da força de propulsão, pode ser mais importante na determinação das demandas fisiológicas na natação do que a simples análise do tempo de duração do exercício (COSTILL e THOMAS, 1985; CRAIG et. al., 1985; TOUSSAINT, 1991 e TOUSSAINT e BEEK, 1992) A Caracterização do Treinamento de Natação O treinamento é uma das principais formas de aperfeiçoar o desempenho do atleta melhorando suas capacidades motoras, cognitivas e psicológicas. Quando elaborada de forma adequada às características do indivíduo, seja ele atleta ou não, as sessões de treinamento levam ao máximo rendimento, ou seja, o organismo tende a trabalhar de forma econômica, visando atender às necessidades do corpo submetido a um certo tipo de estímulo. Cargas de treinamento inadequadas podem influenciar o rendimento do jovem nadador e também o seu estado de saúde, por isso, devem ser dosadas em relação à etapa evolutiva do indivíduo, a fim de favorecer seu desenvolvimento geral (MAKARENKO, 2001; MAGLISCHO, 1999). As cargas são formadas por volume, intensidade e frequência do treinamento. As diferentes combinações dessas variáveis têm o objetivo de causar adaptações no organismo do atleta (FAUDE et. al, 2008). O treinamento típico diário em nadadores consiste em treinamentos na água, sendo um pela manhã e outro à tarde, com duração aproximada de duas horas, variando em função do período específico do treinamento. A maior parte desse treinamento é feita em velocidade submáxima com o objetivo de proporcionar o desenvolvimento de adaptações aeróbias da mecânica da natação (COSTILL et al., 1991; MAGLISCHO, 2010; PLATONOV, 2005). Em nadadores que não são de elite os modelos de treinamento preconiza volume de treinamento menor com uma sessão diária, embora alguns princípios sejam os mesmos adotados nos de elite. Em geral o treinamento em piscina consiste em aquecimento (nados de aquecimento), séries principais de treinamento concentradas em determinado estilo ou ações motoras (batimento de pernas com ou sem auxílio de flutuadores ou trabalho de rotação dos braços com pernas atadas), exercícios educativos e corretivos das técnicas

41 41 de nado e natação para volta à calma. As séries principais são normalmente designadas à aquisição de resistência aeróbia, tolerância ao lactato ou velocidade (MAGLISCHO, 2010; COSTILL, MAGLISCHO e RICHARDSON, 1992; NAVARRO e RIVAS, 2001; PLATONOV, 2005) Em estudo realizado com os melhores nadadores do mundo Platonov e Fessenko (2004) revelou que durante a etapa em que apresentavam os melhores resultados na carreira, a média semanal foi de 36 horas, sendo que 28 horas foram dedicados ao treinamento em piscina, trabalhando 50 quilômetros em sete dias de treinamento. Os valores apresentados por Maglischo (1999) corroboram com a metragem citada anteriormente, onde o referido autor relata para a mesma classe de nadadores 40 a 55 km semanais. Da mesma forma Parra (2000) investigando o volume de treinamento semanal de nadadores velocistas brasileiros de nível olímpico encontrou valores semelhantes aos delineados nos estudos anteriores numa média de 44 km oscilando entre 30 a 60 km semanais. Aparentemente existe uma similaridade nas informações apresentadas sobre o volume de treinamento semanal sugerido. Entretanto alguns estudos relataram volumes por volta de 70 e 100 km semanais (COSTILL, et. al, 1988; MUJILA et. al, 1996; TERMIN e PENDERGAST, 2000). O equilíbrio do volume total de treinamento realizado na piscina é frequentemente nadado em velocidades variadas que de um modo geral, são caracterizadas por cinco zonas distintas classificadas em função do metabolismo energético solicitado (MUJIKA et. al, 1996; PLATONOV, 1994; ZAKHAROV e GOMES, 1992; VASCONCELOS, 2000). Os valores de lactato sanguíneo correspondentes às intensidades de treinamento exercidos na natação e os respectivos efeitos fisiológicos desejados são descritos por Platonov (1994) com sendo da seguinte maneira: a) Zona 1 (Z1), lactato sanguíneo entre 1 e 3 mmol/l, correspondente a uma intensidade de efeito fisiológico de manutenção das funções do sistema vegetativo, aumento na oxidação das gorduras e aumento na circulação periférica; b) Zona 2 (Z2), lactato sanguíneo entre 3 e 4 mmol/l, correspondente ao aumento da capacidade aeróbia (limiar anaeróbio); c) Zona 3 (Z3), lactato sanguíneo entre 4 e 8 mmol/l, que corresponde ao aumento da potência aeróbia;

42 42 d) Zona 4 (Z4), lactato sanguíneo entre 8 e 12 mmol/l, correspondente ao aumento da capacidade e potência anaeróbia glicolítica; e) Zona 5 (Z5), valores de lactato sanguíneo abaixo de 3 mmol/l, que correspondem ao aumento da capacidade e potência anaeróbia alática em atividades de intensas a curtíssima duração. Segundo Maglischo (1999) na programação do nadador, a Z1 corresponde ao maior volume nadado em relação à metragem total (38%). A Z2 e Z3 juntas são responsáveis por 20%, enquanto a Z4 e Z5 representam cada uma 7,5% do montante. O volume remanescente (27%) é realizado em intensidades bastante reduzidas com propósito de aquecimento e recuperação. Os dados de Platonov (2005) referentes a atletas de nível internacional são ligeiramente contrastantes aos mencionados em relação aos valores apresentados anteriormente. Para o referido autor, o volume total do treinamento é assim distribuído: Z1 (30,4%), Z2 (30,1%), Z3 (23,8%), Z4 (13,8%) e Z5 (3,9%). Nota-se que a distribuição do volume total de treinamento nas distintas zonas de intensidade segue um padrão onde existe uma maior concentração nas zonas definidas como aeróbias (Z1 e Z2). Embora esse padrão de distribuição, a priori, pareça questionável pelo fato da maioria das provas de natação ter uma duração inferior a 2 minutos, onde o sistema energético predominante é o anaeróbio lático, um alto volume de treinamento nas referidas zonas tem sido justificado pela necessidade de elevação e/ou manutenção da capacidade aeróbia, com intuito de proporcionar um treinamento anaeróbio posterior, com padrão qualitativo mais elevado (COSTILL, MAGLISCHO e RICHARDSON, 1992; MAGLISCHO, 2010) O Treinamento de Endurance Aeróbia aplicado à Natação A endurance pode ser definida como a capacidade de sustentar a atividade física durante longos períodos (BOMPA,2002; BARBANTI, 1997). Weineck (1989) define endurance como a capacidade psicofísica do indivíduo em sustentar a fadiga. A endurance não é um recurso somente para esportes com longa duração, pois uma boa base de endurance é necessária para a maioria dos atletas, de qualquer modalidade, pois auxiliam na tolerância de esforços, a fim de otimizar os processos de recuperação (BOMPA, 2002; BARBANTI, 1997).

43 43 Weineck (2003), afirma que o trabalho de endurance proporciona melhoras morfológicas e funcionais no sistema vascular e circulatório. Essa maior eficiência dos sistemas leva a uma melhora da capacidade de resistência do organismo. Platonov e Fessenko (2004) destacam dois tipos de endurance: a geral e a especial. A geral é caracterizada pela capacidade de realizar uma atividade prolongada de forma eficiente e com capacidade de influenciar positivamente as habilidades desportivas. Já a endurance especial é definida como a capacidade de realizar uma atividade específica de forma eficaz e de superar a fadiga ao executar cargas requisitadas pela modalidade, seja ela de curta, média ou longa duração. Na natação os fatores que determinam o nível de endurance podem estar relacionados ao sistema de fornecimento de energia e com a capacidade de utilização da mesma pelo organismo do atleta em competição e durante o treinamento. A endurance aeróbia é importante porque faz com que o atleta adquira uma adaptação orgânica máxima, em particular, do sistema cardiorrespiratório. O organismo do atleta treinado em endurance pode eliminar mais rapidamente os metabólitos responsáveis pela fadiga. Além disso, o atleta recupera-se mais rápido após treinamentos e competições. Seu sistema vegetativo está apto a alterar de um tônus simpático (mobilização durante o desempenho) para um parassimpático (estímulo vagal), influenciando positivamente a fase de recuperação, o metabolismo geral, a velocidade e abrangência dos processos após carga esportiva (WEINECK, 2003). Devido ao fato de nadadores competitivos praticarem grande parte do programa de treinamento desenvolvendo a capacidade e potência aeróbia, estudos têm sido realizados para determinar se a medida fisiológica da capacidade aeróbia está relacionada ao desempenho e às mudanças características no treinamento de resistência aeróbia. Quando o treinamento de resistência é feito de forma eficaz, pode-se observar mudanças importantes no trabalho, metabolismo e na espessura das células do coração. Em geral algumas variações ocorrem de acordo com a especialidade do atleta. As alterações ocorrem também no número e no tamanho das mitocôndrias e na quantidade enzimas oxidativas, que aumentam, para melhorar o fornecimento e consumo de energia; há também um aumento na capilarização e o sistema muscular se adapta para trabalhar de forma mais econômica, aumentando a eficiência do organismo durante todo o exercício (PLATONOV e FESSENKO, 2004). Maglischo (1999), completa afirmando que o organismo treinado tende também a resintetizar ATP pela via mais econômica, ou

44 44 seja, a via aeróbia é utilizada ao máximo, dentro dos seus limites de fornecimento energético na velocidade nadada. Para Maglischo (1999), sessões de treinamentos de endurance aeróbia, realizados na velocidade do limiar anaeróbio individual do atleta, é a maneira mais eficiente de se obter melhora na capacidade aeróbia, com o menor risco ao nadador, no que diz respeito ao supertreinamento. O autor define limiar anaeróbio como a velocidade em que o metabolismo aeróbio e os mecanismos de remoção de lactato estão em atividade próxima da máxima. Há um equilíbrio entre a produção e a remoção de lactato e, portanto, não há acúmulo significativo do mesmo no músculo. Barbanti (1997), define limiar anaeróbio como o limite do organismo em liberar energia necessária para a realização de trabalho sem que ocorra acúmulo de lactato, ou seja, intensidade de esforço em que a principal fonte energética é de origem aeróbia e a concentração de lactato sanguíneo na maioria das pessoas não ultrapassa 4 mmol/l. McArdle, Katch, Katch (2008), afirmam que o limiar anaeróbio corresponde à máxima intensidade ou nível de captação de oxigênio que não eleva consideravelmente as concentrações de lactato no sangue. Segundo os autores, intensidades de esforço acima desse limiar aumentam as concentrações de lactato no sangue para níveis superiores a 4Mmol e esse ponto de início de acúmulo denomina-se OBLA (Onset Blood Lactate Accumulation). Ryan, Coyle e Quick (1990) avaliaram mudanças na velocidade a 4 mmol/l de concentração de lactato em 14 mulheres, nadadoras de elite, durante uma temporada. O primeiro teste foi realizado no mês de setembro, após as primeiras duas semanas de treino. Os testes subsequentes foram realizados a cada duas semanas durante o treinamento até o mês de fevereiro do ano seguinte. A velocidade, a 4 mmol/l de concentração de lactato aumentou de 1,32 m/s para 1,52m/s, quando o volume de treinamento aumentou de m/dia para m/dia em duas semanas, entre a data do primeiro para o segundo teste. Logo após, a velocidade de 4 mmol/l de concentração de lactato se manteve constante entre 1,52 e 1,55 m/s, enquanto o volume de treinamento variou de aproximadamente a m/dia. Quando o volume de treinamento aumentou de a metros/dia, no estudo de Costill et al. (1988) realizado em 12 nadadores altamente treinados, o lactato sanguíneo respondeu à padronização da velocidade diminuindo significativamente por apenas cinco dias. Nessa investigação o lactato no sangue diminuiu de 7,5 mmol/l enquanto treinavam m/dia, para 4,9 mmol/l cinco dias após o início do

45 45 treinamento de m/dia, e para 4 mm após 10 dias do aumento do treinamento. O elevado declínio das concentrações do lactato sanguíneo com o aumento do volume de treinamento foi atribuído à possível depleção crônica do glicogênio muscular, aumentando o mecanismo de liberação de lactato, e ao aumento da capacidade oxidativa do músculo. Esses resultados são similares aos encontrados por Ryan, Coyle e Quick (1990), que mostraram mudanças significantes na concentração de 4 mmol/l de lactato, quando o treinamento aumentou de a m/dia. Outro estudo mostrou mudanças relacionadas à economia de nado durante o treinamento de natação medindo o perfil do lactato sanguíneo e da velocidade de Frequência Cardíaca (FC) durante os períodos de treinamento em nadadores colegiais (SHARP, VITELLI e COSTILL, 1984). Para construir os perfis, os nadadores, nesse estudo, nadaram duas séries de 200m nado livre com amostra de sangue e FC medido após cada nado. A primeira série de natação foi feita em intensidade submáxima (80% esforço) e a segunda série foi feita em intensidade máxima (esforço máximo). Os períodos de teste foram realizados no início da temporada (T1), 8 (T2) e 16 (T3) semanas após o início. A FC foi medida a 15, 45 e 90 segundos após cada série. As concentrações de lactato, na velocidade padronizada a 1,50m/s diminuiu significativamente durante a temporada (T1=10,7 mm; T2=7,4mM; T3=6,2mM). Resultados similares foram encontrados para a FC de repouso (T1=139 bpm; T2=125 bpm; T3=122 bpm). Os autores concluíram que as adaptações responsáveis pela redução da resposta do lactato sanguíneo e pela redução das respostas de FC ocorrem mais efetivamente durante a primeira parte da temporada de treinamento. A melhora na capacidade aeróbia em nadadores competitivos parece responder ao treinamento de natação, especialmente no início do período ou na temporada de treinamento. Porém, a capacidade aeróbia evolui apenas nas primeiras oito semanas de treino, com base na revisão dos estudos já citados (COSTILL et al e RYAN, COYLE e QUICK; 1990). Uma das funções mais importantes de um programa de treinamento de endurance aeróbia é a de aumentar a contribuição do metabolismo aeróbio durante o exercício de forma que forneça quantidade significativa de energia durante todas as provas de natação. Outro fator importante é a capacidade de manter o consumo de oxigênio adequado em diferentes manifestações de trabalho. O aumento da concentração de lactato no sangue confirma que o esforço está acima do limiar; esse limite, muitas vezes, corresponde a um consumo de oxigênio próximo a 45-50% do

46 46 VO 2 máx; essa magnitude pode variar e depende de inúmeros fatores (sistema de transporte de oxigênio e sua adaptação a várias intensidades de esforço e tipos de fibras musculares). Quando um nadador é capaz de nadar numa velocidade correspondente a uma porcentagem muito próxima do VO 2 máx sem que a concentração de lactato sanguíneo se altere, ou seja, quando seu Limiar Anaeróbio é muito próximo do seu VO 2 máx, seu organismo já tem grande vantagem sobre aqueles em que o VO 2 máx é elevado, mas possui uma capacidade aeróbia não tão desenvolvida, isso porque, o nadador com maior capacidade aeróbia tende a nadar em uma velocidade muito maior que o atleta com característica de capacidade oposta (PLATONOV e FESSENKO, 2004; MAGLISCHO, 2010). Logo após esse período o foco do treinamento começa a ser modificado, passando a incorporar mais treinamentos nas intensidades mais elevadas para desenvolver as repostas fisiológicas específicas necessárias para o sucesso nas competições, como a potência anaeróbia, a tolerância ao lactato e velocidade específica (MAGLISCHO, 2010; NAVARRO e RIVAS, 2001; PLATONOV e FESSENKO, 2004). Porém, este modelo de treinamento básico parece acompanhar a progressão fisiológica lógica, o que acarreta um elevado risco de desenvolver uma fadiga crônica, caso a carga de exercício não esteja ajustada para acomodar o estresse fisiológico, quando o treinamento de alta intensidade é adicionado ao programa (COSTILL et al., 1991; MACKINNON et. al, 1997; HOOPER, MACKINNON e HOWARD, 1999). A figura 1 mostra o treinamento típico (modelo tradicional) de uma temporada da natação. De acordo com esse modelo de treinamento, é na temporada inicial que se encontra o maior volume de treinamento para o desenvolvimento da habilidade de endurance, seguido do treinamento com ênfase maior em alta intensidade e treinamento específico. Uma vez que a ênfase da capacidade aeróbia seja alcançada, o volume de treino de endurance é diminuído, mas não em grande quantidade. A razão de um volume de treinamento de endurance relativamente elevada durante a fase competitiva da temporada é a manutenção das adaptações aeróbias adquiridas na fase anterior. A fadiga no esporte é sinalizada por uma diminuição da capacidade de rendimento como reação aos ônus do treinamento, ou seja, ante a presença da fadiga se produz uma deterioração do rendimento. Por exemplo, o ritmo de um nadador pode fazer-se mais lento ou a força das contrações musculares isotônicas máximas pode diminuir (FERREIRA e MORO, 2011; FERTO, 2003). Ferreira e Moro (2011)

47 Carga de treinamento (volume x intensidade) 47 denominam fadiga como o acumulo da fadiga física ou muscular conjuntamente a outros tipos de fadiga (mental, sensorial, local, geral, etc). Início da temporada (progressão de volume orientada) Meio da temporada (progressão de intensidade orientada) Volume Intensidade Carga de treinamento Fase pré-competição (redução gradativa de volume e de intensidade Adaptada de Sharp In: Garrett e Kirkendall (1999), pag. 821 FIGURA 1 - Planejamento típico de treinamento de uma temporada de 24 semanas de nadadores competitivos. O treinamento com nadadores deve considerar o estresse fisiológico total que ocorre com o atleta na fase na qual o treinamento de alta intensidade é somado ao treinamento de resistência aeróbia. Se ocorrer a combinação dos efeitos das várias semanas de treinamento intenso com pouca variação de estímulos de treinamento, somado ao trabalho de alta intensidade, e o estresse causado nas competições, indubitavelmente os atletas estarão sujeitos a elevado risco de desenvolverem o overtraining (supertreinamento ou excesso de treinamento) O Treinamento de Velocidade aplicado à Natação Devido à maioria das provas de natação competitiva ter uma duração de menos de dois minutos, as habilidades que geram melhor velocidade na propulsão são geralmente variáveis que promovem vantagens no desempenho dos competidores.

48 48 Do ponto de vista fisiológico, a velocidade está integrada no tradicionalmente designado "1º sistema de fornecedor de energia" (anaeróbio aláctico), o qual envolve a separação de fosfagênios de alta energia (a fosfocreatina - CP) que, em conjunto com a adenosinatrifosfato (ATP) armazenada na célula, fornecem a energia imediata necessária nas fases iniciais dos exercícios intensos ou explosivos (GASTIN, 2001). Segundo Manso, Valdvielso e Caballero (1996), Hellard et al. (1998) e Vilas- Boas (2003), os exercícios de velocidade que se situem no intervalo compreendido entre os 5 e 10 segundos parecem ser os mais adequadas para treinamento na natação competitiva. Para Weineck (2003) resistência de velocidade é a capacidade de manutenção de uma determinada velocidade por um tempo máximo. A sua melhora deve-se principalmente ao aumento das concentrações de ATP-CP e glicogênio muscular, além da maior concentração das enzimas responsáveis pelo fornecimento de energia dessa via metabólica. No treinamento para resistência de velocidade, o atleta deve tornar-se capaz de sustentar esforço em máxima velocidade, ou seja, deve manter a velocidade máxima atingida por um período de tempo relativamente prolongado. Segundo Weineck (2003), quando o esforço exige uma menor frequência de movimentos, apenas um pequeno número de unidades motoras são recrutadas, neste tipo de esforço a energia provem principalmente de metabolismo aeróbio. Se aumentar a velocidade de execução do movimento ocorre um aumento crescente de recrutamento de unidades motoras e o trabalho passa a ser, cada vez mais, realizado de forma anaeróbia. Se a velocidade aumentar a níveis quase máximos, todas as unidades motoras serão recrutadas e o trabalho passará a ser de predomínio anaeróbio. Weineck (2003) define resistência anaeróbia como a aplicação de estímulos de alta intensidade ou frequência em que o organismo deve fornecer energia por metabolismos anaeróbios, visto que a quantidade de oxigênio disponível é insuficiente para a necessidade de fornecimento de energia em relação ao tempo disponível. Weineck (2003) e Maglischo (2010), acreditam que na prática, as duas vias, aeróbia e anaeróbia, são requisitadas durante o exercício. Maglischo (2010) diz ainda que, a diferença na contribuição de cada metabolismo depende da distância e da velocidade do nado. Nos tiros de velocidade há predominância do metabolismo anaeróbio, porém uma pequena contribuição vem do metabolismo aeróbio. A importância e a maior

49 49 contribuição deste, vem com o aumento na distância de prova e diminuição da velocidade do nado, na qual há tempo suficiente para a produção de ATP por essa via. Quando os esforços devem ser mantidos por um tempo ainda maior, o fornecimento energético pela via anaeróbia vai perdendo importância e, aos poucos, é substituído pela via aeróbia. Então, os sistemas circulatório e respiratório são acionados e o fornecimento de oxigênio ocorre de forma mais apropriada para que a oxidação dos ácidos graxos ocorra e, consequentemente, haja produção e liberação de energia. Essa via fornece energia por um período de tempo prolongado. Sobre a capacidade de velocidade, Platonov e Fessenko (2004), afirmam que para o nadador, velocidade nada mais é que um conjunto de capacidades funcionais do organismo que permitem a execução de ações no menor tempo possível. É influenciada por processos de excitação e inibição dos sistemas nervosos, além da coordenação neuromuscular e de outros fatores geneticamente determinados, como as particularidades do sistema muscular. O autor ainda afirma que os níveis de força máxima, explosiva e técnicas de nado desenvolvidas no atleta podem determinar o nível de manifestação dessa capacidade. Weineck (2003), acredita que a velocidade é uma capacidade pouco treinável, ou seja, o treinamento para velocidade leva a ganhos de no máximo 20% e raramente esse valor é ultrapassado, isso provavelmente ocorre porque a capacidade é muito influenciada geneticamente e, portanto, o treinamento não leva a alterações capazes de melhorar a velocidade do indivíduo de forma ainda mais significativa. O treinamento de velocidade pode gerar algumas alterações morfológicas no músculo como alteração na massa muscular, adaptações no retículo endoplasmático, modificações na velocidade de condução nervosa, entre outras. O organismo apresenta fibras do tipo IIx ou também conhecidas como fibras de contração rápida; fibras do tipo I ou de contração lenta e fibras intermediárias (IIa), que podem tornar-se rápidas ou lentas de acordo com o treinamento ou exigência do organismo (WEINECK, 2003). Para Maglischo (2010), a diferença principal entre esses tipos de fibra está na capacidade de resistência e na capacidade de força. As fibras de contração lenta apresentam maior concentração de mitocôndria e consequentemente maior capacidade de resistência, já as fibras de contração rápida são constituídas por maiores concentrações de proteínas, cálcio e consequentemente são mais preparadas para o metabolismo anaeróbio. As fibras de contração lenta são mais exigidas durante os exercícios em baixa ou moderada intensidade, porém ambas são requisitadas durante os

50 50 exercícios em alta intensidade; o recrutamento das fibras de contração rápida vai crescendo conforme a demanda de força, isso porque esse tipo de fibra necessita de um nível elevado de estimulação nervosa para que ocorra a contração. Quando o treinamento de velocidade é realizado em atletas em idades sensíveis ao treinamento (adolescência), Weineck (2003) acredita que essas fibras intermediárias transformam-se em fibras de contração rápida e desta forma a capacidade (velocidade) pode ser ainda mais intensificada. Maglischo (2010), afirma que o êxito na natação, provavelmente está relacionado ao percentual de fibras de contração rápida e lenta de cada atleta. Segundo o autor, os que apresentam proporções iguais ou muito semelhantes dos dois tipos de fibras, levam uma grande vantagem sobre os nadadores com outras características; isso porque o ATP pode ser reciclado em quantidades significativas pelos dois metabolismos: aeróbio e anaeróbio. Todas essas características fisiológicas somadas a um bom programa de treinamento, e uma boa mecânica de nado, podem gerar resultados muito relevantes durante as competições O Treinamento de Força aplicado a Natação Para se obter êxito na natação competitiva uma das principais habilidades que um nadador necessita é a capacidade de gerar força propulsiva para vencer a resistência que a água oferece ao deslocamento (MAGLISCHO, 2010). Dentre as possíveis alternativas de treinamento existentes para vencer com eficácia a resistência imposta pelo meio líquido, como é o caso da melhora do padrão técnico do nado, da composição corporal e de alguns componentes das qualidades físicas, como a velocidade e a resistência, a força é de fundamental importância para o sucesso neste esporte. Nas últimas décadas, a força muscular passou a ser considerada um componente importante na preparação física do nadador, fazendo parte da maioria dos programas de treinamento na natação competitiva com vista no melhor desempenho (SHARP et al, 1982; COSTILL et al, 1986; TANAKA et al, 1993; TANAKA & SWENSEN, 1998; GIROLD et al, 2007; COSTILL, MAGLISCHO e RICHARDSON, 1994; MAGLISCHO, 1999; PLATONOV e FESSENKO, 2004). Algumas pesquisas demonstraram que o aumento da força muscular na parte superior do corpo é correlacionado com a velocidade de natação (SHARP et al, 1982; COSTILL et al, 1986; TOUSSAINT & VERVOORN, 1990; TANAKA & SWENSEN,

51 ; ASPENES et al., 2009). Portanto, uma melhora na força dos membros superiores pode resultar em maior disponibilidade de força muscular nas ações propulsivas durante o percurso de uma prova de natação, levando a maior velocidade de nado, especificamente em distâncias curtas (STRZALA & TYKA, 2009; MOROUÇO et al, 2011). Os objetivos do treinamento de força para nadadores, segundo Vorontsov (2011), Faigenbaum e Westcoott (2001) e Kraemer e Fleck (2001) são: a) aumentar o potencial de força dos atletas (força geral e específica), de preferência, sem ganho significativo de massa corporal; b) formar um tipo de corpo específico com topografias musculares específicas (como resultado de vários anos de formação); c) criar uma estrutura específica de tempo-espaço e rítmo de aplicação de força em movimentos de natação; d) melhorar a oferta metabólica para a força dinâmica nas ações propulsivas (a capacidade de reproduzir repetidamente força propulsora a cada de ciclo de braçada sem diminuição significativa da sua magnitude); e) desenvolver a força corporal como uma pré-condição para a transferência eficiente de forças propulsoras criadas pelos membros para o centro do corpo de massa; f) evitar lesões por meio de desenvolvimento de grupos musculares ao redor das articulações, fortalecendo os ligamentos e tendões, eliminando desequilíbrios musculares. Entretanto, a história mostra que o treinamento de força, principalmente o praticado fora da água, sempre foi tema controverso entre técnicos, pesquisadores e atletas da natação competitiva. Durante muito tempo a preparação fora da água foi trabalhada de forma desordenada, mas, nas últimas décadas, os programas de treinamento de força, estão sendo baseados em estruturas organizadas, periodizadas e com objetivos determinados de forma a complementar o trabalho realizado na água e suas solicitações (MACHADO, 2006). A preparação de força muscular em nadadores, entre as décadas de 50 e 70, basicamente, visava apenas a sobrecarga e resistência tradicionais de força muscular, utilizando pesos livres, a superação do peso corporal e a oposição do companheiro. Nesta época, a periodização do treinamento de força era realizado prioritariamente nos

52 52 períodos iniciais da preparação básica do macrociclo e visavam somente a preparação física geral do nadador. Havia uma preocupação de que o treinamento de força fora da água provocasse uma diminuição na flexibilidade e elevação excessiva de massa muscular, o que levaria o nadador a aumentar sua resistência ao deslocamento, diminuindo a flutuabilidade e consequentemente o desempenho (MAGLISCHO, 1999; NEWTON et al., 2002; PLATONOV e FESSENKO, 2004; COLWIN, 2000). Além disso, dentro da visão tradicional dos princípios da aplicação do treinamento de força, que considera que a atividade deve ser aplicada nas condições concretas de como esta se manifesta, em atividades cíclicas (como é o caso da natação) a utilização de meios e métodos correspondentes à modalidade praticada deve ser relacionada adequadamente com as tarefas do treinamento para proporcionar a obtenção de resultados positivos (VERKOSHANSKY; 1995). Na natação, não somente pelo fato de ser uma atividade cíclica, mas, além disso, praticada no meio líquido, o princípio da especificidade fica mais evidente, sendo recomendado que o treinamento físico deva constar de estímulos que promovam, por meio da sobrecarga imposta ao organismo, modificações morfofuncionais específicas requeridas pela modalidade esportiva praticada (PEREIRA E SOUZA JÚNIOR, 2002). Esse preocupação com a especificidade da natação, em oposição aos exercícios realizados no treinamento de força fora da água, influenciou técnicos e pesquisadores por várias décadas. Esta influência é evidente, inclusive, nas declarações do "Doc" James Counsilman. Mesmo defendendo a importância dos exercícios realizados fora da água, afirmando que tais exercícios devem ser parte integrante de um programa de natação bem elaborado, Counsilman (1977) salienta que estes exercícios devem ser praticados com cautela: "Os exercícios devem ser projetados para ajudar a produzir resistência muscular - embora não seja este seu principal propósito. A resistência cardiorrespiratória e muscular são conseguidas basicamente, mediante nado disciplinado." (COUNSILMAN, 1977) Counsilman (1977) ressalta, que os exercícios a serem praticados devem ser planejados para fortalecer os músculos agonistas, ou seja, aqueles que impulsionam o nadador através da água, e que ainda sejam exercitados quando possível do mesmo modo como deverão trabalhar nos movimentos da natação:

53 53 "Ao executar o programa a ênfase deve ser posta no desenvolvimento da potência dos músculos que arrastam os braços através da água. Não deve ser incluído exercícios que desenvolvam os músculos da recuperação dos braços, por exemplo, pois estes não precisam ser potentes, devido a recuperação ser feita no ar (salvo nado peito), enfrentando assim pouca resistência." (COUNSILMAN, 1977). Counsilman (1984) destaca ainda que alguns nadadores, recordistas de sua época, jamais executaram treinamento de força fora da água. Refletindo sobre o tema o autor defende a seguinte opinião: "... tais nadadores poderiam ter nadado ainda mais velozes se tivessem praticado um bom programa de exercícios". (COUNSILMAN, 1984) Foi somente a partir do anos 80, que o treinamento de força fora da água para atletas de natação, passou a ser praticado de forma mais organizada e com sistematização dos diferentes períodos de treinamento ao longo da temporada, combinando exercícios tradicionais de treinamento de força, tanto com equipamento com pesos, como com pesos livres e em forma de circuito (MAGLISCHO, 1999). O quadro 1 mostra os procedimentos recomendados para o treinamento de força fora da água típico para atletas de natação. Procedimentos para os Treinamentos de Força para atletas de Natação Frequência Séries Repetições Carga 3 a 5 dias por semana 3 a 5 séries Parte superior do corpo = 4 a 8 repetições Parte inferior do corpo = 8 a 12 repetições Força Muscular = 70 a 90% da Força Máxima Potência Muscular = 30 a 80% da Força Máxima Adaptado de Maglischo (1999), pag. 590 QUADRO 1 - Procedimentos para elaboração do programas de treinamento de força muscular típico para a atletas de natação competitiva.

54 54 Os exercícios de ação isotônica são os mais utilizados nos programas de treinamento da força muscular fora da água (MACHADO, 2006), e os mais investigados em pesquisas científicas (PIRES, FIGUEIRA JUNIOR e MIRANDA, 2014) envolvendo atletas de natação competitiva. A variedade dos meios de treinamento de força dinâmica tradicional garante uma ação ampla sobre o aparato muscular, e permite o aperfeiçoamento conjunto das qualidades de força e dos elementos básicos para uma eficiente técnica de nado. A organização de séries de superação (ação concêntrica) e de manutenção (ação excêntrica) dos músculos cria condições para a realização dos movimentos com grande amplitude, constituindo um fator positivo para a manifestação e o desenvolvimento das qualidades de força durante as ações propulsivas do nadador (PLATONOV, 2005). Os principais grupamentos musculares empregados na natação estão relacionados na quadro 2.

55 55 Ação propulsiva das partes do corpo durante o nado Grupos Musculares Membros Superiores Tração desde a posição acima da Grande peitoral no tórax, grande dorsal, romboide, cabeça até os quadris trapézio e o deltóide frontal (anterior) nos ombros Varreduras para dentro Bíceps braquial, branquiorradial e supinador na parte superior de braço e no antebraço, grande e pequeno redondo na parte superior das costas Varredura para fora e para cima Deltoide médio e superior Extensão do braço Tríceps e ancôneo Membros Inferiores Extensão do joelho Quadríceps (reto femoral, vasto intermediário, medial e lateral) Flexores do quadril Grande psoas, ilíaco e pectíneo Extensores do quadril Bíceps femoral, semitendinoso, semimenbranoso e glúteo máximo Compressão das pernas no nado Adutores curto e longo, adutor magno e grácil peito Extensão dos tornozelos para Gastrocnêmico, solear e plantar saída e viradas Músculos Abdominais Estabilização do tronco durante Reto abdominal, oblíquios internos e externos, os movimentos de braços e pernas eretores de espinha Fonte: Faigenbaum e Westcoott (2001); Kraemer e Fleck (2001) e Maglischo (2010) QUADRO 2 - Principais grupos musculares empregados nas ações propulsivas dos membros do corpo durante o nado. No quadro 3 estão relacionados alguns exercícios mais utilizados para o treinamento de força para os grupos músculos solicitados nas ações propulsivas do nadador. A periodização do treinamento de força mais praticado pelos nadadores, baseiase na sobrecarga progressiva, ou seja, a medida que aumenta a força, a resistência

56 56 também deve ser ampliada, para que continue a sobrecarga da musculatura (periodização linear). Os programas típicos envolvem exercícios específicos de resistência, que é executado para determinado número de repetições (tempo) e de séries (grupos de repetições). A velocidade de desempenho também é monitorada em alguns programas (PLATONOV e FESSENKO, 2004; MAGLISCHO, 2010). Articulações ou Partes do Exercícios Corpo Envolvidas Ombro para varreduras para baixo e para cima: Puxadas anteriores e posteriores na máquina do grande dorsal, remadas para cima, curvado e sentado, puxadas com os braços estendidos e em 90, extensor de perna, barra, extensor inclinado e em declínio, roldanas, elevação do ombro, banco de natação. para varredura para dentro: Elevações deitado lateralmente, puxar pesos no lateral. Parte superior do braço Flexores, extensores dos tríceps. Antebraços Pronação e supinação do antebraço, flexão e extensão do punho. Parte lombar das costas Hiperextensão das costas, levantamentos. Abdome Abdominais, giros laterais. Quadris e joelhos Flexão e extensão da perna, leg press, meio-agachamentos. Tornozelos Elevação da perna Adutores Adultores com roldanas, adultores na máquina, comprimir bolas de borracha. Fonte: Faigenbaum e Westcoott (2001); Kraemer e Fleck (2001) e Maglischo (2010) QUADRO 3 - Exercícios de treinamento de força muscular típicos de atletas de natação competitiva. A periodização do treinamento de força sugerida para atletas de natação é realizada em estágios que iniciam com ênfase do desenvolvimento da força muscular inespecífica para a potência de nado específica durante toda a temporada. Segundo Navarro e Rivas (2001) o primeiro estágio deve atender a preparação de força geral, visando a melhoria da força absoluta do nadador segundo as necessidades de cada especialidade (prova). Em provas de curta duração, como é o caso das provas de 50 e

57 metros, a necessidade de força máxima para um melhor desempenho do nadador, corresponde entre 70% e 90% da força muscular geral do atleta. Provas de média distância, como é o caso dos 200 e 400 metros, a necessidade de força muscular máxima para um melhor rendimento varia entre 40% e 60% da força muscular geral. Já, em provas de longa duração, que são as de 800 e 1500 metros, a necessidade de força máxima varia entre 20% e 30% da necessidade de força muscular geral do atleta para o rendimento do nadador. Um dos objetivos desta fase, é o aumento da força máxima que pode ser desenvolvida através dos métodos de hipertrofia e coordenação intramuscular. Outro objetivo é o desenvolvimento da resistência de força em regime aeróbio. Esta capacidade de força pode ser desenvolvida tanto com treinamento tanto fora quanto dentro da água. Na água os exercícios podem ser incrementados utilizando materiais adicionais como: palmares, aparelhos para aumentar o arrasto e cordas elásticas. Os exercícios visam trabalhar os grandes grupos musculares do corpo de forma inespecífica. Geralmente nesta fase, que varia de 2 a 4 semanas de duração, são iniciados uma série de 10 a 15 repetições, progredindo para 3 séries de 8 a 12 repetições (MAGLISCHO, 2010; NAVARRO e RIVAS, 2001). O segundo estágio visa aumentar a força muscular e pode durar de 3 a 12 semanas. As repetições são reduzidas por volta de 4 a 8 repetições, utilizando de 3 ou mais séries. A finalidade principal desta fase é executar exercícios contra quantidade gradualmente maiores de força ao longo desse período (MAGLISCHO, 2010). O terceiro e último estágio, visa a melhora da potência muscular. Nesta fase, muitos programas de treinamento, optam por treinamento de força específica dentro da água, ao invés dos exercícios usuais da musculação. Os exercícios devem ser os mais específicos possíveis às ações de nado, e praticados com muita velocidade de movimento. As resistências são reduzidas neste estágio, e ajustadas para acomodar o maior número de repetições de forma rápida. O número de repetições varia em torno de 10 a 20 séries de três a cinco repetições (MAGLISCHO, 2010; NAVARRO e RIVAS, 2001). Na década de 60, foi muito difundido e praticado entre os nadadores, exercício de ação isométrica, como um dos recursos com grande influência sobre a força máxima e resistência da força. Porém o treinamento isométrico não produziu os resultados esperados tendo sua eficácia, em relação aos exercícios dinâmicos, não comprovados até a publicação de Platonov e Fessenko (2004). Os mesmos autores relatam que treinos

58 58 isométricos beneficiam a preparação de nadadores de alto nível, com possibilidade de influir de forma local sobre os grupos musculares separados, o que permite aumentar de modo seletivo suas qualidades de força. Para Platonov (2005), durante a realização de trabalho no regime isométrico, o aumento de força é observado apenas em relação à parte da trajetória dos movimentos que corresponde aos exercícios e com este tipo de treinamento o crescimentos das qualidades de força é acompanhado da diminuição das capacidades de velocidade dos atletas, exigindo assim, a combinação do trabalho de força com exercícios de caráter de velocidade. Entre as vantagens do treinamento isométrico estão a possibilidade de atuar, de modo intenso e localizado, sobre grupos musculares específicos, porém, na natação atual, a utilização destes métodos é baixa. Nos anos 70 surgem os primeiros relatos de treinamentos de força muscular com equipamentos isocinéticos. Platonov e Fessenko (2004) comentam que neste período, a antiga URSS utilizaram em seus nadadores treinamento de força com mecanismos isocinéticos usando molas do tipo Mertens-Huttel, dando mais importância a resistência de força e menos a outros tipos de força. Ao mesmo tempo nos Estados Unidos, treinadores de natação também utilizavam amplamente os treinamentos em regime isocinético, principalmente em máquinas do tipo "Mini-Gym. Já nos anos 80, surgem aparelhos mais sofisticados para o treinamento de força, como do tipo Nautilus, e posteriormente nos anos 90 o Biokinetic, sendo amplamente utilizado por treinadores americanos na preparação de seus atletas (MAGLISCHO, 1999). O método de treinamento isocinético, propicia um regime de ações motoras, em que, a velocidade dos movimentos seja constante, fazendo com que os músculos superem a resistência por meio de um trabalho com esforço máximo, independentemente da alteração na correlação entre os vários ângulos das articulações das alavancas ou dos momentos de rotação. Neste método de treinamento, quando o movimento que se pretende trabalhar é realizado em alta velocidade, traz uma correspondência grande com as exigências específicas da natação, comparada com os outros métodos (PLATONOV, 2005) O treinamento em equipamentos isocinéticos são os mais recomendados para o treinamento de força (GLEESON e MERCER, 1996 e GAINES e TALBOT, 1999), especialmente para nadadores (MAGLISCHO, 2010 e PLATONOV e FESSENKO, 2004; PLATONOV, 2005), pois a utilização destes aparelhos trabalha os grupos

59 59 musculares muito próximos a realidade dos gestos técnicos específicos de cada estilo da natação, reproduzindo com maior confiabilidade em concordância, espaço temporal e dinâmica estes exercícios físicos especiais. Devido seu alto custo operacional, a sua utilização torna-se inviável na prática do dia-a-dia de treinamento. Como são equipamentos caros, são restritos a laboratórios de grandes universitários e centros de pesquisa, não sendo usualmente aplicados em grande escala em equipes nos programas de treinamento de força. Já como instrumento de avaliação do treinamento de força, o dinamômetro isocinético é muito utilizado em pesquisas científicas (PIRES, FIGUEIRA JUNIOR e MIRANDA, 2014). Por possuir boa validade e confiabilidade, o dinamômetro isocinético permite a avaliação do torque máximo produzido pelos músculos durante toda a amplitude de movimento (D ALEXANDRO et al., 2005). Na década de 90, treinamento de força com exercícios pliométricos passaram a ser praticados como alternativa para o fortalecimento dos membros inferiores de nadadores. Os procedimentos de treinamento envolvem saltos de pequena altura, com aterrissagem ao solo com os joelhos e quadril flexionados, seguido de um salto rápido e poderoso de repique no ar. Este método é utilizado para aumentar a força e potência das pernas por meio do repique elástico dos músculos durante a aterrissagem. A medida que os atletas vão se tornando mais fortes, algumas especialidades sugerem o incremento de resistência, mediante o procedimento de saltar para maiores alturas. Carregar pesos nas mãos ou nas costas, durante o salto é outro método de elevar a resistência (MAGLISCHO, 1999). Almejando outras alternativas metodológicas para o desenvolvimento da força em nadadores, buscando exercê-lá o mais próximo da sua realidade, está sendo recentemente estudado programas de treinamento de força dentro da água. Procurando atender à esta necessidade, foram criados equipamentos específicos para o desenvolvimento da força muscular dentro da água, tendo em comum o objetivo de aumentar a resistência ao deslocamento do atleta no meio líquido. Estes programas baseiam-se na utilização de um vasto número de recursos especiais orientados para desenvolver as bases fundamentais para a formação de um amplo espectro de qualidade de força e resistência, característicos para a execução efetiva de exercícios básicos de caráter de preparação especial e competitiva no meio líquido (PLATONOV e FESSENKO, 2004).

60 60 Dentre os recursos e materiais mais utilizados nos programas de força dentro da piscina, encontram-se: (a) o nado atado (seguro) a um cordão elástico preso numa ponta a cintura do nadador, e a outro na borda da piscina (treinamento resistido) (GIROLD et al.; 2007 e GIROLD et al.; 2006); (b) o levantamento de peso dentro da água (Power Rack e Swim Wheel) (MAGLISCHO, 1999); (c) nadar com palmares com superfícies de diferentes tamanhos (GOURGOULIS et al., 2009); (d) nadar com cinturões "frenadores" (paraquedas) (BOCALINI et al., 2010), e (e) nadar com cintos especiais com bolsos ou "roupas de dragagem" com cúpulas que são projetadas para aumentar a resistência de arrasto do nadador (drag suit) (DRAGUNAS et al., 2012). A principal vantagem do treinamento de força específico dentro da piscina é que exige do atleta o uso de mais força muscular para superar a resistência adicional oferecida pelos materiais. Embora a resistência adicional incentive os nadadores a dar braçadas com maior força, isso também altera a mecânica dos movimentos de seus membros e a posição do corpo (MAGLISCHO et al, 2010). Apesar disso, estes treinamentos podem ser benéficos, caso seja dada atenção especial ao controle da frequência e ao comprimento de braçadas. Se a frequência das braçadas permanece próxima ao nível utilizado nas competições e se o atleta tenta manter seu comprimento das braçada, a potência das braçadas será elevada, ao mesmo tempo que serão reduzidos os efeitos prejudiciais na mecânica dos movimentos dos membros e na posição do corpo (MAGLISCHO, 2010). Em uma presente revisão sistemática sobre o treinamento de força aplicado em nadadores na natação competitiva, Pires, Figueira Junior e Miranda (2014), observaram que o tipo de treinamento de força mais pesquisado foi com o equipamento com pesos representando 62,5% das pesquisas revisadas (GIROLD, et al. 2012; GARRIDO, et al. 2010; ASPENES, et al. 2009; GIROLD, et al. 2007; BARBOSA, MORAES e ANDRIES JÚNIOR, 2007; BARBOSA e ANDRIES JÚNIOR, 2006, SWANIK, et al. 2002; DELECLUSE et al. 1995; TRAPPE E PEARSON, 1994 e TANAKA et al. 1993), seguido do treinamento pliométrico com 43,7% (POTDEVIN, et al. 2011; VAN DE VELDE et al., 2011; GARRIDO, et al. 2010; GIROLD, et al. 2007; SWANIK, et al. 2002; DELECLUSE et al e TRAPPE E PEARSON, 1994) e dos pesos livres com 31,2% (VAN DE VELDE et al., 2011; BARBOSA, MORAES e ANDRIES JÚNIOR, 2007; BARBOSA E ANDRIES JÚNIOR, 2006; TRAPPE E PEARSON, 1994 e TANAKA et al. 1993). Tipos de treinamento com instrumentos como estimulação elétrica (GIROLD, et al e PICHON, et al. 1995) e elástico assistido e resistivo

61 61 (GIROLD, et al e GIROLD, et al. 2006) representam cada um 12,5% das pesquisas revisadas. Treinamentos de força muscular específicos ao meio líquido que se baseiam no aumento da resistência como drag suit (DRAGUNAS, et al. 2012) o parachute (BOCALINI, et al. 2010); e o treinamento funcional (SWANIK, et al. 2002) foram os instrumentos menos pesquisados (6,2%, cada). Em pesquisas conduzidas inicialmente sobre o tema, Trappe e Pearson et al., (1994) e Tanaka et al., (1993) não encontraram resultados significantes na força muscular e no desempenho na natação em um grupo de nadadores submetidos a uma combinação de treinamento de força com equipamento com pesos e pesos livres, quando comparados a seus respectivos grupos controle. Devido à inconsistência destes resultados a necessidade de mais estudos a fim de avaliar a melhora da força muscular necessária no desempenho na natação foram realizados. Barbosa, Morais e Andries Junior (2007), Barbosa e Andries Junior (2006) também avaliaram os efeitos na força e no desempenho na natação usando a combinação de equipamento com pesos e pesos livres, comparados a um grupo controle que praticava apenas treinamento padrão de piscina. Na pesquisa de Barbosa e Andries Júnior (2006) realizado em 16 nadadores universitários durante um macrociclo de treinamento de 18 semanas, o grupo experimental apresentou alterações significativas no aumento força com o treinamento de força fora da piscina, porém, estas alterações não representaram melhoras significativas no desempenho na piscina em testes de tomada de tempo de 25m e 50m estilo crawl (respectivamente) para ambos os grupos. Resultados semelhantes foram observados no estudo de Barbosa, Morais e Andries Junior (2007), que avaliando um grupo de nadadores competitivos, com mais de 5 anos de experiência na modalidade, e 3 anos em natação competitiva, não observaram correlações significantes entre as alterações percentuais pelo teste de tomada de tempo de 10m no estilo crawl e nos indicadores de força fora da água, apesar do aumento significante da força muscular no grupo experimental. Outros estudos utilizaram outros tipos de treinamento tanto de forma isolada (GIROLD et al., 2012; POTDEVIN et al., 2011; DELECLUSE et al., 1995) como em forma combinada (VAN DE VELDE et al., 2011; GARRIDO et al., 2010; GIROLD et al., 2007; SWANIK et al., 2002; DELECLUSE et al., 1995) observaram aumentos significantes na força e no desempenho na natação.

62 62 Delecluse et al. (1995), avaliaram o desempenho de natação em um grupos de 66 nadadores competitivos com média de idade de 19 anos, submetidos a dois tipos de treinamento de força. Nos quatro grupos formados (2 experimentais e 2 controles), um grupo experimental era submetido a uma combinação de treinamento com pesos e pliometria, enquanto outro grupo experimental apenas com o treinamento pliométrico. Dois grupos controle foram organizados, sendo que um deles, além do treinamento de piscina padrão igual para todos os grupos, tiveram seções de corrida de baixa intensidade e longa duração com um volume de tempo semelhante das seções de treinamento de força realizados com os grupos experimentais. Os resultados mostraram que após 9 semanas de treinamento de força, o grupo experimental que praticava o treinamento pliometria de forma isolada, obteve um desempenho significativo na tomada de tempo de 100m estilo crawl, comparado aos demais grupos. No teste de tomada de tempo nos 100m estilo crawl tanto o grupo que praticava a pliometria de forma isolada, quanto o grupo em combinação de treinamento com pesos e pliometria, apresentaram desempenho significantes em relação aos grupos controle. O programa de treinamento pliométrico aplicado na pesquisa de Delecluse et al. (1995) enfatizava a máxima velocidade de movimento em séries de exercícios que trabalhavam, principalmente, o fortalecimento dos membros inferiores por meio de uma variedade de exercícios de salto. Segundo os autores, esta relação, entre o treinamento pliométrico realizado de forma isolada e a melhora percebida no teste de 10m, pode ser explicado pelo aumento da força muscular dos membros inferiores nas fases de decolagem dos exercícios de salto, e sua similaridade com os movimentos de partida realizados pelo nadador na saída do bloco nas prova de competição. A pliometria é uma forma de exercício que busca a máxima utilização dos músculos em movimentos rápidos e de explosão. Exercícios pliometricos buscam conscientizar o praticante da melhor forma de utilização desta impulsão de força, permitindo aprimorar suas técnicas. O treinamento pliométrico parece ser benéfico a atletas de natação (DELECHUSE et al. 1995; SMANIK et al, 2002; GIROLD et al. 2007; GARRIDO et al. 2010; VAN DE VELDE et al. POTDEVIN, 2012). Corroborando com os dados da pesquisa de Delecluse et al. (1995), os resultados da pesquisa de Potdevin et al. (2012), apontam efeitos positivos nos testes de saltos vertical e nos testes específicos de piscina em um grupo nadadores adolescentes (media de 14,2 anos) submetidos a 6 semanas de treinamento pliométrico específico para membros inferiores. Estes autores sugerem a incorporação da pliometria nas seções de

63 63 treinamento de nadadores com o objetivo melhorar desempenho nas fases de saída e viradas das provas de competição. Swanik el al. (2002) avaliaram os efeitos do treinamento pliométrico durante 6 semanas em 24 nadadoras competitivas divididas em dois grupos, encontrando efeitos positivos na propriocepção, cinestesia e no torque na rotação dos ombros destas atletas. No entanto, o enfoque dos autores foi avaliar a incorporação do treinamento pliométrico para a restauração do controle neuromuscular e a estabilidade articular funcional dos ombros em nadadores voltando-se na prevenção e reabilitação articular da região superior do corpo. O estudo não se deteve nos resultados do desempenho produzidos pela natação. Isso faz com que ainda exista uma lacuna de conhecimento sobre treinamento de força para esta população. Van de Velde et al. (2011) também observou um aumento da força do membro dominante e conseguinte aumento da força absoluta nos membros superiores, advindas de uma combinação do treinamento pliométrico e pesos livres durante 12 semanas em 18 nadadores adolescentes com idade média de 14,7 anos. Garrido et al. (2010) avaliou o efeito da combinação do treinamento com pesos e pliometria durante 8 semanas em um grupo de 25 jovens nadadores entre 11 e 14 anos de idade. Corroborando com os resultados de Delecluse et al. (1995), o estudo de Garrido et al. (2010) mostrou que a combinação do treinamento com pesos e pliometria permite o desenvolvimento da força muscular específica fora da água e a melhoria no desempenho na natação quando comparado ao grupo controle que pratica apenas o treinamento de piscina padrão. Outras formas de treinamento de força como o uso de palmares de diferentes tamanhos (GOURGOULIS, et al. 2009); estimulação elétrica (GIROLD et al., 2012 e PICHON et al., 1995); elástico assistido e resistivo (GIROLD et al.; 2007 e GIROLD et al.; 2006); o drag suit (DRAGUNAS et al., 2012) e o parachute (BOCALINI et al., 2010) também promoveram aumentos significantes na força muscular e no desempenho na natação. O estudo de Gourgoulis et al. (2009) teve como objetivo determinar a influência dos palmares de diferentes tamanhos na coordenação da braçada em 10 nadadoras competitivas. Os resultados mostraram que o uso dos palmares, aumenta a velocidade média e o comprimento de braçada, enquanto que a frequência de braçada é reduzida significativamente. Os autores concluem que o treinamento com palmar aumenta a duração da fase de propulsão, sugerindo que com seu treinamento, o atleta aumente a

64 64 aplicação de força devido a maior resistência oferecida pelo uso do palmar, alcançando uma melhor eficiência de nado. A pesquisa de Pichon et al. (1995) foi uma das primeiras a analisar os efeitos da estimulação elétrica em atletas de natação competitiva. Ao dividir um grupo de 14 nadadores de do sexo masculino, com média de idade de 23 anos, em um grupo experimental submetido a 3 semanas de estimulação elétrica na musculatura grande dorsal, comparado a um grupo controle que praticou pelo mesmo período de tempo apenas o treinamento de piscina padrão igual para ambos os grupos, os resultados mostraram aumento significativo na força concêntrica e excêntrica nos testes realizados com dinamômetro isocinético, com consequente melhora no desempenho de natação nos testes de tomada de tempo de 25m e 50m estilo crawl e testes cinemáticos da braçada para do grupo experimental. A estimulação elétrica também foi objeto de estudo da pesquisa de Girold et al. (2012), que comparou os efeitos de um programa de 4 semanas de treinamento em vinte e quatro nadadores de nível nacional divididos em 3 grupos: experimental com treinamento de força fora da água utilizando equipamentos de peso; experimental com estimulação elétrica; e controle executando o treinamento de piscina padrão. Os resultados mostraram aumentos significantes na força concêntrica para ambos os grupos experimentais e na força isométrica, e excêntrica no grupo com a estimulação elétrica, comparado ao grupo controle nos teste realizados no dinamômetro isocinético. O comprimento de braçada aumentou no grupo com treinamento de força fora da água, mas não no grupo com estimulação elétrica. No entanto, não houve diferenças significantes na tomada de tempo de 50m entre os grupos experimentais observados. Os autores concluem que, tanto programas de treinamento de força fora da água como de estimulação elétrica, levam a um ganho semelhante no desempenho de nado, e são mais eficientes do que o treinamento padrão de piscina. Dentre os equipamentos específicos desenvolvidos para o treinamento de força dentro da água o mais avaliado neste revisão sistemática foi o treinamento que utiliza tubo elástico preso em uma das extremidades a cintura do nadador, e no outro extremo a um ponto fixo na piscina. Este equipamento proporciona tanto resistência ao deslocamento do nadador devido ao estiramento do tudo elástico (elástico resistivo), como velocidade extra durante o nado quando o tubo elástico retorna a sua forma original após um estiramento máximo (elástico assistido) (GIROLD et al.; 2007 e GIROLD et al.; 2006).

65 65 Girold el al. (2006), com o propósito analisar os efeitos na força muscular e no desempenho de natação em atletas submetidos a um programa de treinamento utilizando elástico de forma assistida e resistivo, selecionaram trinta e sete (16 homens e 21 mulheres) nadadores com média de idade de 17,5±3,5 anos que foram divididos em 3 grupos: assistido, resistido e controle. Após 3 semanas de treinamento o grupo que utilizou o elástico de forma resistida apresentou aumentos significativos na força muscular isométrica e concêntrica, na performance nos 100m estilo crawl e na frequência de braçada. No grupo com o treinamento de elástico assistido foi observado aumento significativo na força concêntrica e na frequência de braçada, e diminuição significativa no comprimento de braçada, sem alteração na performance nos 100m estilo crawl. Nenhuma variação significante foi observada no grupo controle. Segundo os autores o treinamento utilizando elástico resistido e assistido é mais eficiente do que um programa de treinamento tradicional padrão de piscina. Com o objetivo de comparar os efeitos do treinamento de fora da água, com um programa de treinamento específico utilizando tubos elásticos de forma assistida e resistivo em nadadores, Girold et al (2007) reuniu vinte e um nadadores de nível regional, que foram divididos em três grupos: um grupo experimental envolvido em um programa com equipamento com pesos; outro grupo experimental envolvido em um programa de treinamento específico na água utilizados tubos elásticos para gerar resistência e assistência ao nadar; e um grupo controle que foi envolvido em um programa de ciclismo aeróbio. Durante 12 semanas, os atletas realizaram seis sessões de treinamento por semana em dias separados. Foram observados aumentos significativos na tomada de tempo em 50 metros nado livre, e na força isométrica e concêntrica; e diminuição no comprimento de braçada em ambos os grupos experimentais. No entanto, não foram observadas diferenças significantes na força e no desempenho de natação entre os grupos experimentais. Nenhuma mudança significativa ocorreu no grupo controle. Ainda segundo estes autores, os programas que combinam treinamento de força fora da água com equipamento com pesos e específicos com os tubos elásticos tanto de forma resistiva como assistida, levam a um ganho de desempenho de natação semelhante e são mais eficientes que só os métodos de treinamento de natação tradicionais. Outro equipamento desenvolvido para o treinamento de força específico dentro água é o parachute. O parachute é um pequeno paraquedas preso a cintura do nadador que tem por objetivo de oferecer resistência adicional ao seu deslocamento. Bocalini et

66 66 al. (2010) com o objetivo de verificar os efeitos do treinamento de força específico com este equipamento no desempenho de nadadores velocistas, reuniu um grupo 20 nadadores com média de idade 24 anos, e os distribuídos em dois grupos: um sem e outro com treinamento de parachute. Após 12 semanas do programa de treinamento foi encontrada melhora significativa na força muscular e no tempo de nado em 50 metros. Dragunas et. al. (2012) avaliou os efeitos do treinamento de força específica utilizando o drag suit (sunga de arrasto resistivo). Durante 5 semanas, 18 nadadores com média de idade de 19,2 anos, foram distribuídos em dois grupos: controle e experimental usando o drag suit. Ambos os grupos realizaram exercícios de treino semanais que incluíam 3 séries de alta velocidade, porem o grupo controle utilizava a sunga tradicional e o experimental o drag suit. Não foram encontradas diferenças significantes nos testes de natação entre os grupos O Treinamento de Natação para o Atleta Jovem A metodologia do treinamento em natação evoluiu muito nas últimas décadas e, por isso, é necessária uma constante atualização por parte dos técnicos de natação, principalmente em se tratando de jovens atletas. Cargas de treinamento inadequadas podem influenciar o rendimento do jovem nadador e também o seu estado de saúde, por isso, devem ser dosadas em relação à etapa evolutiva do indivíduo, a fim de favorecer seu desenvolvimento geral (MAKARENKO, 2001; MAGLISCHO, 1999). Na fase de 7 a 12 e de 12 a 15 anos o organismo de crianças e adolescentes está em constante mudança. Suas capacidades físicas estão se alterando e por isso a resposta a uma determinada carga pode não ser a esperada, sendo necessária testes de controle e constante adequação das cargas, para que o treinamento seja proposto de forma apropriada. Como o treinamento passa a ser intenso, um acompanhamento multidisciplinar (nutricionista, psicólogo, médico, fisioterapeuta) auxilia o desenvolvimento de um suporte físico e motivacional no jovem atleta para que este possa suportar as altas cargas exigidas no processo de treino (MAKARENKO, 2001; MAGLISCHO, 2010). Além disso, essa multidisciplinaridade favorece para que o jovem não desista da carreira esportiva por algum motivo inerente ao treinamento como overtraining, lesão, estagnação de rendimento ou falta de motivação.

67 67 O treinamento infantil não deve ser visto como um vilão, pois a prática bem organizada trará grandes benefícios, não só no âmbito do rendimento esportivo como para a vida da criança (ALMEIDA JÚNIOR, 2001). Acredita-se que uma base motora multilateral e o desenvolvimento de capacidades físicas específicas ajustadas para cada etapa evolutiva poderá contribuir para o sucesso esportivo do jovem atleta (MAKARENKO, 2001, MAGLISCHO, 1999). Em cada etapa evolutiva há momentos oportunos para o desenvolvimento de certas capacidades motoras que estão de acordo com o nível de maturação da criança e do adolescente. Muitas vezes, esses momentos não condizem com a idade cronológica da criança, superestimando (no caso de desenvolvimento tardio do indivíduo) ou subestimando (no caso de desenvolvimento precoce do individuo) suas capacidades de suportar a carga e resposta ao treinamento (MAKARENKO, 2001). No caso de equipes em que meninas e meninos treinam juntos, deve-se ter um cuidado maior, já que o período de maturação de cada gênero é diferente. A familiarização com os tipos de treinos e a experiência dos atletas também interferem nas adaptações e nas respostas ao treinamento, normalmente de maneira positiva (MAKARENKO, 2001). O treinador deve atentar a essas nuances, já que se deve aproveitar ao máximo a treinabilidade da criança, pois o não aproveitamento dessa treinabilidade pode prejudicar um provável futuro profissional do jovem atleta, além do risco do overtraining e/ou lesões no caso da aplicação de cargas superiores às recomendadas. Jovens que iniciam o treinamento esportivo em uma modalidade específica, na sua grande maioria, têm desejo de chegar ao alto rendimento e alcançar o máximo de conquistas que esse esporte tem à oferecer (PARRA, 2005). Na natação não é diferente, desde muito jovens, crianças iniciam a prática na modalidade. No entanto, muitos anos são necessários para que a criança alcance esse patamar esportivo, e durante esse processo, inúmeras variáveis influem no sucesso de uma possível carreira esportiva, como lesões, estagnação do desempenho e/ou abandono do esporte. Assim, a preparação esportiva em muitos anos tem o intuito de proporcionar um desenvolvimento ótimo para jovens atletas. Esse tipo de treinamento consiste numa preparação racionalmente estruturada, organizada para o cumprimento de tarefas e condicionada pelas particularidades biológicas, pelas características da modalidade, pela eficiência dos meios e métodos de treinamento, entre outros (GOMES, 2002). De acordo com Bompa (2002), a idade inicial para a prática esportiva da natação é de 7 a 9 anos para a meninas e de 7 a 8 para os meninos, e a idade para iniciar

68 68 a especialização esportiva é de 11 a 13 anos para as meninas e de 13 a 15 anos para os meninos. Segundo o mesmo autor a natação se enquadra em um grupo de modalidades, como o salto ornamental, a ginástica olímpica, nado sincronizado e tênis, em que as idades para início da prática esportiva e da especialização são baixas. Concordando com Bompa (2002), Makarenko (2001) nomeia o início para a prática esportiva como etapa de preparação desportiva inicial, sendo recomendada para idades de 8 a 11 anos e a etapa de preparação desportiva básica, na qual se inicia o processo de especialização, para a faixa etária de 10 a 15 anos. Maglischo (1999) sugere o início da prática esportiva por volta dos 10 anos de idade e da especialização não antes da faixa etária de 12 a 14 anos. Já Platonov (2008) afirma que a idade para a preparação básica preliminar deve ocorrer na faixa etária de 10 a 12 anos para as meninas e de 11 a 12 anos para os meninos, e a preparação básica especializada deve ocorrer entre 12 e 16 anos para as meninas e entre 13 e 18 anos para os meninos, dependendo da distância em que os jovens pretendem se especializar. A maior mudança que ocorre durante esse período de desenvolvimento é a transição da pré-puberdade para a puberdade. A pré-puberdade ocorre nas meninas entre 6 e 11 anos e nos meninos entre 7 e 12 anos, e é caracterizada pelo desenvolvimento lento e equilibrado e a maior eficiência de alguns órgãos. Já a puberdade, que ocorre para as meninas entre 11 e 13 anos e para os meninos entre os 12 e 14 anos, é caracterizada pelo aumento do ritmo de desenvolvimento, pelo início da fertilidade, pela alteração rápida da estrutura física e funcional e pela formação das particularidades sexuais (BOMPA, 2002). Por isso o treinamento de jovens atletas se torna um assunto delicado, pois a aplicação inadequada de um estímulo pode causar influências negativas no treinamento, bem como a perda de um momento apropriado para o desenvolvimento de determinada capacidade física, o que pode comprometer o ganho de performance desse atleta (MAKARENKO 2001; GOMES 2002). É imprescindível então, que haja um planejamento dessa preparação a fim de buscar os melhores resultados na melhor faixa etária (PLATONOV, 2008). Assim, conforme o treinamento em longo prazo avança, o momento de especialização aparece. No entanto, essa deve ocorrer em momento apropriado, ou seja, quando o jovem atleta já possui a base necessária para suportar o aumento e direcionamento dos estímulos aplicados no treinamento que ocorrerá com a especialização (MAGLISCHO, 1999; MAKARENKO, 2001; BOMPA, 2002;).

69 69 A especialização é inevitável para o esporte de alto rendimento, no entanto esta deve ocorrer com estrutura adequada, levando-se em conta o desenvolvimento individual do atleta e ministrada em cargas progressivas (WEINECK, 2003). Para Parra (2005) a especialização é uma das etapas mais importantes para a formação do nadador, principalmente em um planejamento em longo prazo. Assim, essa especialização deve ocorrer de forma a garantir vantagens e proporcionar o crescimento esportivo do atleta, por isso ela deve abranger a preparação física, técnica, tática e psicológica para dar sustentação ao treinamento exaustivo (PARRA, 2005). Para Maglischo (1999), crianças podem treinar de modo semelhante aos adultos, porém com intensidades e volumes proporcionalmente menores. O autor explica que, apesar do menor VO2máx das crianças em comparação aos adultos, o consumo de oxigênio relativo é igual. Isso é esclarecido, pois a criança tem um corpo menor. Além disso, crianças têm menor eficiência de nado, devido, principalmente, a sua técnica, o que pode explicar índices mais baixos em testes de resistência. Essa eficiência é alterada conforme o treinamento evolui (JÜRIMÄE et al, 2007), aparentemente a economia e eficiência de nado aumentam de pré-púberes pra púberes. Concordando com os autores acima, Makarenko (2001) afirma que crianças possuem alta treinabilidade de resistência aeróbia, e com 13 anos de idade meninas treinadas chegam a alcançar 80 a 85% de sua capacidade aeróbia. Para Parra (2005) o principal foco do treinamento na faixa etária de 10 a 11 anos é a resistência aeróbia geral, e na faixa etária de 12 a 13 anos o foco é dividido entre resistência aeróbia e anaeróbia. Quando se trata da capacidade física velocidade, essa deve ser enfatizada durante toda a infância, pois, como exemplo, a velocidade de corrida, o tempo de reação e o movimento rápido dos pés aumenta continuamente desde os 5 anos de idade até a maturidade. Dentro desse período, os ganhos de velocidade até a pré-puberdade são resultantes, principalmente, da adaptação neural, e, a partir da puberdade, devido ao incremento da força (BOMPA, 2002). Segundo o mesmo autor, diferenças significativas na velocidade de corrida, quando se compara o sexo, só aparecem conforme se aproxima da puberdade. Assim, para o período pré-pubere, é indicado jogos e brincadeiras para o desenvolvimento dessa capacidade, os exercícios devem ter curta duração ou distância curta. O autor

70 70 também afirma que, conforme aumenta a coordenação dos membros, os ganhos de velocidade se tornam mais visíveis. Já na puberdade o desenvolvimento de velocidade sofre um aumento significativo, e a diferença entre os sexos se acentua, os ganhos nessa capacidade são nítidos nos meninos, enquanto as meninas aparentam atingir um platô. Para o treinamento dessa capacidade atenta-se à duração do intervalo, pois esse deve ser suficiente para a recuperação quase total (BOMPA, 2002). Concordando com o que foi descrito acima, Maglischo (1999) acredita que a capacidade anaeróbia (que está fortemente relacionada ao desenvolvimento da capacidade de velocidade), aumenta por ocasião da puberdade, ascende entre as idades de 12 e 13 anos, até atingir um nível de menor magnitude de desenvolvimento, por volta dos 14 ou 15 anos. No entanto, segundo o mesmo autor, embora seja possível aprimorar a capacidade aeróbia em crianças, isso não significa que, nessas faixas etárias, os treinos de velocidade devam ultrapassar dos adultos em volume relativo. Com uma quantidade pequena de treinos a melhora já é visível (MAGLISCHO, 1999). Os treinos de velocidade devem ter uma prudência maior, pois é realizado em intensidades máximas, causando assim, estresse aos jovens atletas de natação. tal estresse pode ser prejudicial se ele apresentar volume muito grande ou for repetido muitas vezes, podendo levar ao overtraining. (MAGLISCHO, 1999; COSTA, SAMULSKI, 2004). A frequência semanal de treinos de velocidade deve ser de 3 a 5 vezes semanais em todas as categorias menores (MAGLISCHO, 1999), sendo que esses treinos devem focar a aplicação de estímulos para o desenvolvimento dessa capacidade. A puberdade trás uma diferença significativa nos ganhos de força em crianças, que aumenta continuadamente durante o período de puberdade. Outra diferença significativa acontece entre os sexos, pois os meninos tendem a aumentar o desenvolvimento de força, enquanto que as meninas tendem a ter menor magnitude de desenvolvimento. Resultados semelhantes foram encontrados a respeito da potência (BOMPA, 2002). Para Makarenko (2001) o desenvolvimento das capacidades de força na natação deve ser realizado em distâncias curtas (15 a 25 m) com 100% de intensidade e devem ter frequência de 2 a 3 vezes por semana, no entanto os esforços propostos não devem levar à fadiga, sendo assim os intervalos devem ser de recuperação total.

71 71 Referente aos treinamentos fora d água, Maglischo (1999), sugere que até alcançar a idade de 12 anos, os treinos fora d água são opcionais e devem ser destinados ao ganho de resistência, mas que com o passar do tempo podem adquirir formalidade maior. A partir dos 12 anos de idade, o treinamento de força/potência fora d água é aconselhado e deve ter frequência de 2 a 3 vezes por semana. Para crianças pré-púberes e púberes indica-se apenas como adição o trabalho técnico, exercícios que se limitem ao peso corporal ou atividades com medicine balls. Na fase púbere aconselha-se o início de um trabalho com os halteres (MAGLISCHO, 1999; BOMPA, 2002). O treinamento de força deve ser tratado como a construção da base para a especialização, deve focar o fortalecimento dos tendões e aprimoramento da área central do corpo (musculatura abdominal e lombar) (BOMPA, 2002). As mesmas considerações se aplicam ao desenvolvimento de potência. O estudo de Oliveira et al (2007) entrevistou 12 ex-atletas de natação, e observou que o pico de performance foi alcançado, para a maioria dos voluntários, nas categorias de base (classificada pelos autores como as categorias Mirim I e II, Petiz I e II e Infantil I e II) que aponta em qual categoria houve o pico de performance dos exatletas entrevistados de seu estudo. Assim, como conclusão da pesquisa, foi caracterizada a ocorrência da especialização precoce, e que esta teve uma relação altamente significativa com o término da carreira prematuramente. Como se observa, a especialização precoce é um assunto delicado, pois envolve os aspectos biológicos (etapa maturacional, desenvolvimento orgânico) e ambientais (local de treino, materiais e recursos disponíveis), e a questão sócio-cultural (relação com o técnico, família, colegas) que afetam diretamente no processo de treinamento (FARINHA e DARIDO, 1997). Os mesmos pesquisadores encaram o treinamento de jovens atletas como um desafio para os técnicos, pois envolve diversas variáveis, e um descuido e desatenção de qualquer dessas variáveis pode comprometer o desenvolvimento esportivo dos jovens atletas. Outro aspecto que se deve ressaltar é o overtraining (ou supertreinamento) que, frequentemente, está relacionado à especialização precoce (ALMEIDA JÚNIOR, 2001) e à aplicação de cargas de treinamento inadequadas (COSTA, SAMULSKI, 2005). Assim, uma preparação a longo prazo compreende o conhecimento das idades ótimas para atingir bons resultados; do objetivo de cada etapa; o nível de preparação técnica, tática, física e psicológica a ser atingido; o conjunto de metodologias; o volume; a intensidade; e as normas de controle (GOMES, 2002).

72 72 Portanto planejamento do processo de treinamento é essencial para uma preparação esportiva adequada. Como conclusão de sua pesquisa, Borin e Gonçalves (2004), apontaram que a problemática para que se alcance o alto rendimento está na organização e planejamento da carreira desportiva, além de conhecer as diferentes etapas que compõe o treinamento esportivo e respeitá-las. Enfim, conclui-se que o treinamento para jovens atletas conquistou avanços e espaço em pesquisas, mostrando a importância que esse assunto possui. Além disso, houve uma evolução nos métodos de treinamento, como o treinamento em longo prazo (preparação de muitos anos) já citado anteriormente, que propõe evitar as dificuldades citadas acima, e proporcionar aos jovens atletas a possibilidade de uma carreira duradoura e de sucesso em categorias adultas Princípios e Organização do Treinamento de Força Elaborar um programa de treinamento de força é uma tarefa extremamente complexa. Para sua estruturação deve ser considerada as diversas variáveis envolvidas (tipo de exercício, a ordem que irão ser executados, volume, intensidade, a carga, etc), e o fato de que cada pessoa precisa de um programa individualizado, pois, respondem de forma diferente aos estímulos de treinamento (FARTHING e CHILIBECK, 2003; BOMPA, 2002; FLECK e KRAEMER, 2006). Além das variáveis do programa de treinamento de força, muitas outras variáveis fisiológicas, tais como, a nutrição e ou o uso de substâncias ergogênicas irão influenciar na determinação da eficácia de um programa de treinamento. Embora esses fatores sejam muito importantes, eles não são escopo desta pesquisa neste momento. Antes de explorar sobre a organização do treinamento de força, serão revisados alguns conceitos, características e adaptações desse tipo de treinamento físico Adaptações Morfofuncionais ao Treinamento de Força A etimologia da palavra "morfofuncional" vem do grego morphé, que significa "forma", mais o latim functio que significa "função". Desta maneira entente-se por "morfofuncionais" como "as formas de funcionamento".

73 73 O termo "treinamento", numa forma geral, indica uma instrução organizada, cujo o objetivo é aumentar o rendimento físico, psicológico, intelectual ou mecânico. Na área esportiva a periodização do treinamento tem o sentido de preparar o atleta para níveis elevados de rendimento. (BARBANTI, 1997) A força é uma característica determinante no rendimento em vários esportes. O seu treinamento promove uma série de respostas orgânicas de forma imediata e em longo prazo no músculo esquelético devido a adaptações neuromusculares, morfológicas e metabólicas, dependendo da forma como são submetidos os exercícios. Hoof et al. (1999) destacam que o músculo humano é um maleável tecido orgânico que apresenta como principal característica, uma exímia capacidade adaptativa. Neste sentido, McArdle, Katch e Katch (2008) afirmam que a estimulação das alterações estruturais e funcionais que aprimoram o desempenho dos músculos em determinadas tarefas constitui-se como o principal objetivo do treinamento Definição de Força Existem várias definições para o termo "força", pois ela é referenciada a várias ciências e com conceituações diferentes em cada área do conhecimento, gerando interpretações diversas e até contráditórias. Do ponto de vista da Física, por exemplo, a força (F) é uma entidade abstrata que altera ou tende a alterar o estado de repouso que é traduzida em números, ou seja é o resultado do produto da massa (m) pela aceleração (a) (F = m x a). Neste sentido, a força é uma qualidade cuja definição exige o enunciado de um número, uma direção, um sentido sobre essa direção que é medida pelo sistema internacional de unidade: newtons (N). Portanto, a força como uma grandeza física é a causa do movimento. Quando aplicado a um corpo em movimento este sofrerá aceleração ou desaceleração (ação dinâmica), e, se aplicada a um corpo fixo, não provocará movimento ou deformação (ação estática) (KOMI, 2006). Dentre estudiosos do treinamento esportivo, o conceito de força muscular é definido de várias formas:

74 74 AUTOR Barbanti, Knuttgen e Kraemer, Guedes e Guedes, 1997b. Zatsiorsky, Verkhoshanki, Platonov, Manso, Valdivielso e Caballero, Fleck e Kraemer, Komi, Uchida et al CONCEITO "Capacidade de exercer tensão muscular contra uma resistência, envolvendo fatores mecânicos e fisiológicos que determinam um movimento particular" "Quantidade máxima de tensão que um músculo ou grupo muscular pode produzir em um padrão específico de movimento realizado em velocidade" "Capacidade de exercer tensão contra a resistência, superando, sustentendo ou cedendo à mesma" "Medida instantânea da interação entre dois corpos" "Capacidade de superar a resistência externa as custas dos esforços musculares" "Capacidade para vencer ou se opor a uma resistência mediante a ação muscular" "Capacidade de um sujeito vencer ou suportar uma resistência. Esta capacidade do ser humano, por sua vez, é o resultado da contração muscular" "É a máxima quantidade de força que um músculo, ou grupo muscular, pode gerar em um padrão específico de movimento a uma determinada velocidade" "Força ou torque máximo que um músculo, ou grupo muscular, podem gerar em específica ou determinada velocidade." "Capacidade de superar uma determinada resistência através da contração muscular" treinamento QUADRO 4 - O conceito de força muscular por diferentes estudiodos do No campo do esporte e da atividade física, a "força" manisfesta-se no aparelho locomotor humano (músculo), e depende da interação de vários sistemas para seu

75 75 desenvolvimento. Desta maneira, a "força muscular" depende de uma ação dos músculos para vencer a resistência externa ou contrária ao movimento. Todo o movimento muscular realizado necessita de um grau de força. Sendo assim, é necessário entender as formas de manifestação da força que o sistema muscular pode gerar durante as sessões de treinamento Formas de Manifestação da Força Muscular A força muscular se manifesta basicamente de duas formas: 1 ) Contração dinâmica ou isotônica: resultado do encurtamento das fibras musculares, provocando uma aproximação ou afastamento dos segmentos musculares, caracterizado por produzir movimento (MOURA, 2003). Esta contração dinâmica é dividida em outros dois tipos: a- Fase concêntrica: é aquela que se verifica uma superação da resistência, quando a geração de forças internas dos músculos é maior que a força externa, provocando um encurtamento da musculatura agonista. Esta força é a mais utilizada na maioria dos movimentos esportivos (BARBANTI, 1997); b- Fase excêntrica: existe quando a resistência é maior que a força muscular, quando a geração de forças internas no músculo é menor que a resistência externa, havendo o alongamento na musculatura agonista, que cede a resistência externa, provocando um movimento de recuo (BARBANTI, 1997). 2 ) Contração estática ou isométrica: resulta em pouca ou nenhuma alteração no encurtamento das fibras musculares não gerando movimento, mas, porém, devido a um aumento do tônus muscular, gera uma alta tensão muscular (MOURA, 2003). Apesar dos conceitos serem bem definidos, na prática do treinamento esportivo não exitem programas de exercícios puramente dinâmicos (isotônicos), nem estáticos (isométricos). Esportes cíclicos como, a natação e a corrida, são exemplos mais próximos de exercícios dinâmicos. Porém, quando um corredor enfrenta um aclive acentuado, seu padrão de corrida é modificado, comparado a plano horizontal, levando a um aumento de componentes estáticos da musculatura do quadríceps. Modalidades

76 76 como, levantamento de peso e lutas marciais, apresentam fortes componentes da força estática, mas seus programas de treinamento não utilizam exercícios estáticos plenos em sua execução diária (MOURA, 2003, FRIEDMAN et al, 1992). Na área do treinamento esportivo, a força muscular pode ainda se manifestar, de maneira dinâmica, de outras formas: Força absoluta: a máxima quantidade de força que um músculo pode gerar quando todos os mecanismos inibitórios e de defesa são removidos (STOPPANI, 2008); Força máxima: a máxima quantidade de tensão que um músculo ou grupamento muscular pode gerar durante uma repetição em determinado exercício. É medido pela quantidade de quilos que uma pessoa consegue descolar (STOPPANI, 2008); Força máxima estática: é produzida quando o atleta realiza uma contração voluntária máxima contra uma resistência insuperável (BADILLO e AYESTÄRAN, 2001). Força máxima dinâmica: é alcançada quando se supera o máximo de carga possível em uma única contração concêntrica (BADILLO e AYESTÄRAN, 2001). Força hipertrófica ou hipertrofia muscular: caracterizado pelo processo de aumento da massa muscular, das proteínas contráteis, das vias intracelulares, e sobretudo, da musculatura esquelética (COFFEY e HAWLEY, 2007); Força rápida (explosiva) ou potência muscular: habilidade de recrutar rapidamente as fibras musculares, a fim de movimentar o corpo e/ou objeto no menor período de tempo possível. É o produto força, e da velocidade do movimento, presente na grande maioria dos esportes onde movimento rápido representa um fator de rendimento (PRESTES et al., 2010; STOPPANI, 2008); Força de resistência ou resistência de força: habilidade de manter repetidamente a produção de força por um período de tempo bastante prolongado. Ela é a base para o desenvolvimento da força máxima e potência muscular (PRESTES et al., 2010; STOPPANI, 2008). Quanto a resistência de força, esta pode ser: Resistência de força aeróbia: capacidade dos músculos de resistir à fadiga na presença de suficiente provisão de oxigênio. Por exemplo, nas corridas de longa distância (FLECK e KRAEMER, 2006).

77 Progresso 77 Resistência de força anaeróbia: capacidade dos músculos de resistir à fadiga na ausência de uma adequada provisão de oxigênio (com grande débito de oxigênio). Por exemplo, nas corridas de 400 e 800m (FLECK e KRAEMER, 2006) As Adaptações Neuromusculares ao Treinamento de Força O aumento da força muscular ocorre pelo ajuste do organismo à uma sobrecarga de treinamento, no qual promove um fortalecimento muscular global que é utilizado tanto no período preparatório, assim como no período específico, e utilizado no fortalecimento dos principais grupos musculares aplicados na modalidade (BARBANTI, 2001). Este fortalecimento ocorre devido a alterações fisiológicas individuais e estruturais do organismo. São dois os determinantes diretos para o aumento da força muscular pelo treinamento de força: os fatores neurais e os fatores musculares que em conjunto são chamados de adaptações neuromusculares (PRESTES, et al, 2010). Força Muscular Adaptação Neural Hipertrofia Muscular Semanas de Treinamento Adaptado de Prestes et al. (2010) pag. 5 FIGURA 2 - Aumento progressivo da força muscular decorrente das adaptações fisiológicas (neurais e hipertrofia muscular) ao treinamento de força. Para McArdle, Katch e Katch, 2008 e Komi, 2006 as adaptações neuromusculares estão relacionadas fundamentalmente aos estímulos provenientes no

78 78 sistema nervoso central (SNC), e o recrutamento de unidades motoras. Segundo estes autores, essas respostas também se aperfeiçoam por meio de uma maior frequência de descargas eletrico-neurais que ocorrem para promover a contração muscular. Bacurau et al. (2001) e Weineck (2003) destacam que o aumento da força promovido predominantemente pelo treinamento com pesos e a principal resposta neuromusculares que ocorre como adaptação ao exercício As adaptações neurais exercem papel fundamental na adaptação global ao treinamento de força, pois estão diretamente correlacionadas ao processo de coordenação e organização de novos estímulos musculares e quando inseridos no programa de exercícios seus benefícios são diversos (RICH e CAFARELLI, 2000). No entanto, considerando o período em que as adaptações neurais ocorrem, estas são diferentes entre indivíduos treinados e relativamente inexperientes. Indivíduos não treinados, muitas vezes, experimentam ganhos de força sem a hipertrofia muscular correspondente nas semanas iniciais de treinamento (HAKKINEN et al., 2000; DESCHENES e KRAEMER,2002; PRESTES et al., 2010). Nas primeiras semanas, os principais ganhos estão relacionados devido à ocorrência das alterações de fatores como: 1) maior frequência de descarga de estímulos neuro-elétricos; 2) maior sincronização intramuscular, onde o tempo de liberação do potencial de ação e o consequente recrutamento de unidade motoras se apresentam reduzidos; 3) inibição do órgão tendinoso de Golgi; 4) adaptações corticais; 5) aprimoramento da ação dos motoneurônios e neurônios sensoriais provenientes da medula espinhal; 6) aperfeiçoamento da coordenação intermuscular, em que a ação negativa de interferência dos músculos antagonistas é inibida durante a realização específica do movimento; 7) expansão nas dimensões da junção neuromuscular; 8) aumento no conteúdo de neurotransmissores receptores pré-sinápticos; e 9) maior sincronicidade na descarga de unidades motoras (KRAEMER e HAKKINEN, 2004; BAECHLE e EARLE, 2000; CHILIBECK et al. 1998; BEHM, 1995; HAKKINEN, PAKARINEN e KALLINEN, 1992; HAKKINEN e KESKINEN, 1989; HAKKINEN e KOMI, 1986). As fibras musculares se tornam mais fortes quando ativadas pelo exercício. Durante as fases inicias da formação, a atividade dos músculos agonistas é aumentada enquanto que a atividade dos antagonistas é diminuída (KRAEMER e HAKKINEN, 2004).

79 79 Em concordância com algumas afirmações supracitadas, Ross, Leveritt e Rick (2001), analisando especificamente as respostas de adaptação promovidas por treinamentos de sprint em atletas de corrida de velocidade, demonstram que os elevados níveis de desempenho desses, estão associados a maiores velocidades de condução dos estímulos neuro-elétricos e a superiores capacidades de recrutamento de fibras musculares específicas, nesta situação, de contração rápida. Adicionalmente, os mesmos autores também abordam a temática da fadiga neural, atribuindo a mesma, os seguintes fatores de causa: falha da ação ótima da medula supraespinhal e inibição da atuação do(s) motoneuronio(s) eferente(s), além da concomitante depressão da excitabilidade destes. No entanto, Ross, Leveritt e Rick (2001) não destacam os mecanismos pelos quais o treinamento de sprint capacita o organismo humano a promover respostas de reação diante dos efeitos depressores da fadiga neural. Gabriel, Kamen e Frost (2006), por sua vez, destacam que muitas perguntas acerca da temática que relaciona a fadiga neural e o treinamento anaeróbio ainda não foram respondidas. Dessa forma, o mesmo levanta os seguintes questionamentos: como a sincronização neuromotora contribui para o aumento da forca muscular? Qual via de ação neural específica da medula espinhal responde ao exercício? Há alterações neurais periféricas anexadas a determinados grupamentos musculares, como receptores, estímulo excitáveis, que possibilitam o aumento de forca desses? Adaptações Morfológicas ao Treinamento de Força As adaptações morfológicas que ocorrem no músculo esquelético como resposta à realização de exercícios de caráter anaeróbio são expressas segundo Ross e Leveritt (2001) e Folland e Williams (2007), através das alterações que ocorrem nos tipos de fibras musculares e seus respectivos retículos sarcoplasmáticos e áreas de secção transversal. Antes de evidenciar as possíveis modificações que incidem nas fibras musculares, é importante destacar que existem dois tipos básicos de fibras: as do tipo I e as do tipo II. De acordo com Fleck e Kraemer (2006), a fibras tipo I também chamadas de fibras vermelhas, lentas ou oxidativas, possuem características de contratilidade lenta e altos níveis de atividade mitocondriais, bem como de enzimas oxidativas, o que lhes possibilitam maiores facilidades em obter ATP (Adenosina Trifosfato) por meio de vias aeróbias. As fibras tipo II, brancas, glicolíticas ou rápidas, possuem propriedades de

80 80 rápida contratilidade, menor quantidade de mitocôndrias e elevados níveis de atividade da enzima ATPase. Adicionalmente, segundo os mesmos autores, as fibras rápidas (tipo II), por apresentarem algumas características divergentes, acabam sendo subdividas em tipo IIx, de rápida glicólise (a tipo IIb são encontradas apenas em animais) e IIa, de rápida oxidação / glicolíticas, tendo esta última, níveis de contratilidade mais elevados. Diante desta breve revisão, evidencia-se que treinamentos de curta duração e alta intensidade, parecem estimular mudanças no fenótipo IIx para o Ia (CAMPOS et al., 2002; FRY et al., 2003). Em consonância com tais achados, estudos realizados por Dawson et al. (1998) e Blazevich et al. (2003), demonstraram que o treinamento de sprint, em atletas, promoveu mudanças nas características das fibras glicolíticas, assinalando-se, assim, uma transição dos fenótipos IIx para o IIa. Cada célula ou fibra muscular possue um retículo sarcoplasmático que é um componente que a atribui integridade estrutural. É um extenso conjunto de redes de canais tubulares e vesículas que se encontram associadas ao sistema de túbulos T. Este sistema exerce uma função de extrema importância por ser responsável em conduzir o potencial de ação que chega à membrana externa para o interior da célula. É também no referido retículo, que estão localizadas as bombas de cálcio que viabilizam o processo de liberação e remoção desse íon no sarcoplasma da fibra, possibilitando dessa forma, a contração e o relaxamento muscular (GENTIL, 2005; MCARDLE, KATCH e KATCH, 2008). O retículo sarcoplasmático, ao se estabelecer como uma estrutura que ativamente participa do processo de contração e relaxamento do músculo esquelético, vem sendo estudado e tendo sua conformação estrutural associada a positivas alterações provocadas pelo treinamento de caráter anaeróbio (ROSS e LEVERITT, 2001). Neste contexto, dados controversos podem ser destacados, havendo-se estudos evidenciando acréscimos de conteúdo do retículo sarcoplasmáticos e consequentes aumentos na velocidade de liberação e remoção do cálcio do sarcoplasma miofibrilar (ORTENBLAD et al., 2000), e em contraste, pesquisas não corroborando tais achados (LI et al., 2002). Uma secção transversal é um corte perpendicular de qualquer objeto geométrico, que é tomada perpendicular ao eixo maior que passa pelo centro do cilindro. O aumento da área de secção transversal de um músculo é conhecido como hipertrofia muscular. A hipertrofia do músculo esquelético é definida como o aumento do tamanho do músculo (massa muscular) resultante do aumento da área de secção transversal das

81 81 fibras musculares (GLASS e ROUBENOFF, 2010; BARRY e CARSON, 2004, PHILLIPS, 2000; CHILIBECK et al. 1998, HAKKINEN e KESKINEN, 1989,) sendo determinado pelo equilíbrio entre a síntese e degradação de proteínas (SANDRI, 2008; HORNBERGER e ESSER, 2004; MCARDLE, KATCH e KATCH, 2008). Em resposta a uma sobrecarga de trabalho, o músculo hipertrofia tanto de forma quantitativa como qualitativa, controlado por meio da produção de proteínas musculares. A adaptação ao treinamento de força aumenta a síntese proteica decorrente das mudanças nos mecanismos de transição e tradução, que elevam o número de miofibrilas e, em consequência, o de sarcômeros (PRESTES el al. 2010). Segundo Kosek et al. (2006) e Paul e Rosenthal (2002) a hipertrofia muscular ocorre de duas formas: Hipertrofia sarcoplasmática: por aumento do fluxo sanguíneo no interior dos músculos em contração, decorrente do acúmulo de líquido (edema) nos espaços intersticiais e intracelulares do músculo que perduram por um curto período de tempo. Hipertrofia miofibrilar: por aumento do tamanho das fibras musculares, tanto no seu diâmetro como no comprimento, resultado de implemento de cargas progressivamente maiores que geraram uma adaptação crônica de características estruturais. Existe também a ocorrência da hiperplasia. A hiperplasia é o aumento do número de fibras musculares (MACDOUGALL et al., 1982). Há muitas controvérsias na literatura em relação à ocorrência ou não desse fenômeno. Quando uma fibra muscular se divide na secção longitudinalmente, observa-se uma divisão da fibra ao meio. A maioria dos estudos encontraram hiperplasia em modelos animais (TAMAKI et al., 1997). Já em humanos essa questão é controversa (MCCALL et al., 1996 MCDOUGALL et al., 1982). Os tipos de fibras são determinados geneticamente e influenciados pelo treinamento físico. Os vários tipos de fibras apresentam características diferentes quanto à coloração, velocidade de encurtamento, entre outros. Normalmente, as fibras do tipo II apresentam uma taxa de crescimento mais rápido do que as do tipo I por causa do maior recrutamento, devido à maior produção de força e velocidade de contração que são necessários no treinamento de força (SCOTT, STEVENS e BINDER-MCLEOD, 2001; BAECHLE e EARLE, 2000).

82 82 Os autores Paul e Rosenthal (2002) salientam ainda que nem todos os indivíduos são responsivos da mesma maneira ao estímulo hipertrófico, sendo que algumas variantes genéticas (mutações) estimulam ou diminuem tais respostas. Após um estímulo como o treinamento de força, sinalizadores modulam o tamanho do músculo através de vias específicas. O modelo de hipertrofia mais estudado fundamenta-se na teoria das microlesões musculares. O dano muscular exercido na musculatura com o treinamento de força, origina um processo inflamatório que levam células do sistema imune (macrófagos e neutrófilos) a iniciarem o processo de regeneração muscular devido a alteração locais como: aumento de temperatura muscular, de fator de crescimento insulínico-i (IGF-I), da interleucina-6 (IL-6), entre outros. Estes eventos, que são derivados da sobrecarga, ativam as células satélites que sofrem proliferação, diferenciação e fusão, adicionando novos mionúcleos entre a lâmina basal e o sarcolema (FOSCHINI, PRESTES e CHARRO, 2007; PETRELA et al., 2006; SARTORELLI e FULCO, 2004; ADAMS, 2002; WILMORE e COSTILL, 2001) e são provavelmente a origem da dor muscular de inicio tardio (DMIT) (FOSCHINI, PRESTES e CHARRO, 2007). Um processo mais recente sobre o estudo da hipertrofia muscular é o do princípio da biologia molecular. Nesse modelo, para que ocorra a hipertrofia é necessário que as vias de sinalização intracelulares sejam ativadas e/ou inibidas. Os autores não negam a existência das microlesões, mas que estas são parte de um processo e não a única forma do músculo hipertrofiar. Para haver hipertrofia, é necessário que ocorra aumento da síntese de proteínas realizadas pelo ribossomos. A regulação da síntese proteica em resposta ao treinamento de força é controlado por meio da fosforilação de proteínas quinases reguladoras das vias de sinalização. (HALSON e JEUKENDRUP, 2004; KAWAMORI e HAFF, 2004; KRAEMER e RATAMESS, 2004; KRAEMER et al., 2004; AHTIAINEN et al, 2003; CHILIBECK et al., 1998; FRY e KRAEMER, 1997; BAKER, WILSON e CARLYON, 1994; HAKKINEN e KOMI, 1983) O treinamento de força desencadeia várias alterações nos sistemas fisiológicos e nas vias de sinalização intracelular, que respondem em com uma cascata de reações sequenciais, que modulam o balanço proteico, favorecendo as vias de síntese proteica e diminuindo a ativação das vias de catabolismo (degradação) muscular, resultando em uma síntese proteica adicional (WACKERHAGE e RATKEVICIUS, 2008; JONES et al., 2004). Algumas destas vias de sinalização foram identificadas, incluindo a proteína

83 83 quinase B (Akt)/alvo da rapamicina em mamíferos (mtor) (GLASS, 2010); proteína quinase ativada por mitógeno (MAPK) e vias dependentes do cálcio (Ca²+) (SCHOENFELD, 2010). Várias pesquisas apontam o IGF-I como sendo o principal peptídeo anabólico que induzem esses processos miogênicos no músculo esquelético. (ROBERTS et al., 2010; SCHOENFELD, 2010; HAMEED et al., 2004; HAMEED, 2003). O gene do IGF-1 é expresso em três diferentes isoformas (IGF-1Ea, IGF-1Eb, IGF-1Ec) (HAMEED et al., 2004). Apesar de estes serem expressos no músculo esquelético, somente o IGF-1Ec é ativado por estímulo mecânico, e por esta razão é denominado de fator de crescimento mecânico (MGF) (SCHOENFELD, 2010). A fonte predominante de síntese de IGF-1 é o fígado, responsável por aproximadamente 75% do IGF-1 total circulante. No entanto, outros tecidos, incluindo os músculos, cérebro e rins, também sintetizam IGF-1 (RENNIE et al., 2004). A ativação da via clássica de sinalização fosfatidilinositol-3-quinase (PI3K)/Akt/mTOR pelo IGF-1 é considerada um processo celular de extrema importância no controle da massa muscular (SCHMELZLE e HALL, 2000). A ativação tem início com a ligação do IGF-1 ao seu receptor (IGF-1R), fosforilando os receptores de insulina, o que resulta na fosforilação da PI3-K e ativação da Akt. Finalmente, este processo promove a ativação da mtor (GLASS e ROUBENOFF, 2010). A interação da mtor com fatores de tradução, como 4EBP e redução da interação com eif4e, induz o início do processo de tradução, bem como estimula a biogênese ribossomal e atua no processo de elongação da tradução via S6K1 quinase (DUFFNER e THOMAS, 1999). O resultado desses processos moleculares é o aumento da síntese proteica e um fenótipo hipertrófico. O IGF-1 ativa as células satélites atuando, principalmente, no reparo das fibras, e assim, promovendo crescimento muscular (PETRELA et al. 2006). Fatores de crescimento anabólico e fatores de crescimento parácrino e autócrino expressos localmente são descritos como moduladores da ativação e incorporação das células satélites, entretanto, os mecanismos que levam a ativação de células satélites durante a hipertrofia muscular ainda não são totalmente compreendidos (PETRELA et al. 2006; SARTORELLI e FULCO, 2004).

84 Adaptações Metabólicas e Hormonais ao Treinamento de Força As adaptações metabólicas que decorrem dos estímulos provenientes do treinamento de força são representadas, principalmente, pelo incremento da quantidade e da consequente ação de enzimas-chave que controlam os sistemas energéticos de resposta rápida, neste caso, os da glicose e creatina fosfato (ROSS e LEVERITT, 2001). Tais respostas só se tornam possíveis de forem efetivadas, devido a característica dinâmica do músculo esquelético de adaptar-se diante de diferentes demandas de exigência que são impostas sobre si. Para McArdle, Katch e Katch (2008), os aumentos significantes na função dessas enzimas se estabelecem de maneira dominante nas fibras musculares de contração rápida. Com referências as respostas inerentes ao metabolismo fosfogênico, Parra (2000) destacam que treinamentos intensos de sprint promovem, a nível muscular, aumentos na atividade das enzimas miosina quinase e creatina fosfoquinase, que possibilitam a quebra mais rápida da creatina fosfato. Quanto ao metabolismo glicolitico, treinamentos de alta intensidade e curta duração tendem a se mostrarem efetivos em aumentar a atividade de enzimas como a lactatodesidrogenase, fosfofrutoquinase e glicogenio-fosforilase (LINOSSIER et al., 1993; HELLSTEN- WESTING et al., 1993). Entretanto, resultados encontrados por Barnett et al. (2004) levantam dúvidas acerca da ocorrência de todas essas respostas adaptativas que ocorrem no âmbito do metabolismo energético. Em outro contexto, Gentil (2005) destaca que determinadas adaptações metabólicas sofridas pelo músculo esquelético, diante da realização dos treinamentos de forca, intervém na ação de certos hormônios. Exemplificando-se tal afirmação, segundo Grewie, Hollosky e Semenkovich (2000), a atividade da insulina é aprimorada devido a modificações no comportamento da proteína transportadora de glicose-4 (Glut-4), que se localiza dentro da fibra muscular. As alterações hormonais que ocorrem com o treinamento de força são um fator importante para o desenvolvimento da força e massa muscular. A adaptação do sistema endócrino está fora do estopo do nosso trabalho, mas é importante mencionar alguns hormônios que podem afetar a utilidade de um programa de treinamento de força. Ocorrem em geral quatro de adaptações hormonais ao treinamento de força (KRAEMER e RATAMESS, 2005): 1) alterações agudas durante e pós-exercício de resistência; 2) alterações crônicas nas concentrações de descanso; 3) alterações crônicas

85 85 na resposta aguda a um estímulo de treinamento de resistência; 4) mudanças no conteúdo dos receptores androgênicos. Em suma, as adaptações hormonais ocorrem quando os níveis de hormônios circundantes estão elevados e há um número suficiente de receptores de ligação para interagir com as alterações celulares. A testosterona é um hormônio anabólico e androgênico produzido nos testículos a partir de reações enzimáticas com o colesterol. A testosterona exerce seu efeito por meio de sua ligação com receptores androgênicos, induzindo mudanças conformacionais, o que permite a associação com o receptor do co-ativador transcricional beta-catenina (SINGH et al., 2006). Dessa forma, este complexo molecular é translocado para o núcleo celular e se liga a sequências específicas do DNA (sítios de reconhecimento do fator de transcrição), aumentando a transcrição gênica. O resultado final é o aumento da síntese de proteínas, levando à hipertrofia. Vários fatores têm sido relatados que afetam os níveis de resposta de testosterona em uma sessão de treinamento de força, incluindo a massa muscular envolvida, a intensidade, o volume, experiência de treinamento e ingestão nutricional (KRAEMER e RATAMESS, 2005). Exercícios em grande grupos musculares em levantadores de peso Olímpicos têm mostrado produzir as maiores elevações na testosterona. Em intensidades mais elevadas são geralmente observados aumentos na produção de testosterona em atividades de menor intensidade (KRAEMER e RATAMESS, 2005; AHTIAINEN et al., 2003). A influência hormonal primária relacionada a testosterona é a mais forte das diferenças entre as capacidades de hipertrofia entre os sexos (AHTIAINEN et al., 2005). A principal diferença na capacidade de produção hipertrófica e, por conseguinte, os maiores ganhos de força, entre homens e mulheres, é a presença de níveis mais elevados de testosterona em homens. Em uma revisão da literatura feita por Kraemer e Ratamess, 2005 consta que a maioria dos estudos indicam um aumento dos níveis de testosterona nos homens ao serem submetidos ao exercício de força, enquanto nenhuma ou ligeira elevação ocorrem em mulheres. Hakkinen, Pakarinen, e Kallinen (1992) relatam uma elevada variabilidade nos níveis de testosterona em mulheres, mas não significativos durante o treinamento de curta duração.

86 O Treinamento de Força em Adolescentes Embora bem documentado pela literatura sobre os benefícios da força muscular como um componente importante da atividade física para crianças e adolescentes na melhora do indicadores de saúde, ainda persistem muitas dúvidas, devida a falta de conhecimento, principalmente da sociedade, quanto à prática do treinamento de força para jovens púberes e principalmente pré-púberes (BENEDET et al., 2013; BEHM et al., 2008). O pouco conhecimento a respeito do treinamento de força e de como adaptálo para esta faixa etária, dificultava o entendimento de pais, professores, pesquisadores e médicos quanto a sua validade (BENEDET et al., 2013; BEHM et al., 2008, AAP, 2001). Pareceres negativos da American Academy Pediatric (AAP, 1983) que publicou que o treinamento de força era inútil e pouco indicado para crianças pré-puberes; e a National Strength and Conditioning Association (NSCA, 1985) afirmando que os resultados dos ganhos observados nas pesquisas revisadas pelo parecer, não estavam livres de equívocos, como amostras pequenas, variáveis intervenientes não controladas e intensidade inadequada dos exercícios, contribuíram para a não aceitação da participação de crianças e adolescentes em programas de exercícios com o objetivo de melhorar a força muscular. Outra controvérsia quanto ao treinamento de força com crianças e adolescentes, está relacionado a identificação deste tipo de treinamento com os esportes de halterofilismo e fisiculturismo, esportes em que as repetições no treinamento de força são realizadas com cargas máximas e visam à hipertrofia. Existe muita confusão, principalmente por parte de pais e treinadores, entre programas de treinamento de força devidamente planejados, que não visam exclusivamente o desenvolvimento da massa muscular ou hipertrófica; com levantamento de cargas máximas (como a hipertrofia) ou com a exibição de massas musculares descomunais como as observadas em fisiculturismo (CARVALHO, 2004, CARVALHO e CARVALHO, 1996; FAIGENBAUM, 2004). A associação da melhora da força, somente através do aumento da massa muscular, também, foi mais um argumento negativo para que o treinamento de força não fosse desenvolvido em crianças e adolescentes. Essa ideia teve origem em estudos que declaravam que devido a baixa concentração de andrógenos circulantes, não

87 87 permitiriam o aumento de massa muscular e sem volumes musculares não era possível a criança desenvolver força (AAP, 1983). No entanto, esses fatos não diminuíram o interesse dos jovens, treinadores e pesquisadores quanto à prática e a pesquisa com o treinamento de força. Em atividades esportivas nos quais a força é fundamental para o seu desenvolvimento, crianças e adolescentes são sujeitas ao treinamento com cargas de pesos consideráveis que os habituem a aprender e a realizar habilidades específicas ao esporte, como é caso da ginástica olímpica, em que crianças e jovens necessitam de elevados níveis de força para a execução de vários dos seus gestos técnicos, portanto estimuladas deste cedo a treinarem com cargas elevadas. Com isso, algumas modalidades perceberam que, para haver êxito na aprendizagem e execução de exercícios, os jovens deveriam estar atrelados a programas de treinamento que aumentassem sua força muscular (CARVALHO, 2004). Atualmente, publicações afirmam que o treinamento de força com cargas adequadas, controladas e progressivas; são eficientes na melhoria do rendimento esportivo e prevenção de lesões em crianças e adolescentes (BENJAMIN e GLOW, 2003; CARVALHO, 2004; FAIGENBAUM, MILLIKEN e WESTCOTT, 2003). Algumas publicações tem confirmado que qualquer atividade que sobrecarregue o músculo, além do que normalmente está habilitado a ser exigido, é suficiente para que se percebam ganhos de força (FAIGENBAUM et al., 1999; FAIGENBAUM, 1998). Assim, com evidências contrárias a crença tradicional de que o treinamento de força é perigoso para adolecentes, as principais organizações de saúde como: a American College of Sports Medicine (ACSM, 2002), a American Academy of Pediatrics (AAP, 2001), a National Strength and Conditioning Association (NSCA, 1999); e a Canadian Society for Exercise Physiology (CSEP - BEHM et al., 2008) deram novos pareceres, e passaram a afirmar que o treinamento de força pode ser uma atividade segura e eficaz para essa faixa etária, desde que os programas sejam devidamente projetados e competentemente supervisionados. Deve-se ressaltar, entretanto, que o treinamento de força é uma forma especializada de condicionamento físico distinto dos esportes competitivos de musculação e levantamento de peso, em que os indivíduos tentam levantar quantidades máximas de peso na competição. Crianças e adolescentes podem participar de programas de treinamento de força, desde que tenham a maturidade emocional para aceitar e seguir instruções.

88 88 As respostas do organismo devido ao exercício e ao treinamento físico são os mesmos em crianças, adolescentes e adultos, entretanto, particularidades em crianças e adolescentes decorrem tanto do aumento da massa muscular, quanto da maturação que aceleram durante a puberdade (LAZZOLI et al., 1998). São vários os benefícios que adolecentes podem alcançar com a participação em programas de treinamento de força. Dentre estes benefícios estão: o aumento de força e resistência muscular; melhora na composição corporal e desempenho nas atividades esportivas. O treinamento deverá respeitar as particularidades do crescimento da criança. Os possíveis benefícios advindos do treinamento são: prevenção e correção de deficiências posturais; estimulação biológica favorável ao crescimento e desenvolvimento; aquisição de novas habilidades motoras (RISSO, LOPES e OLIVEIRA, 1999). Ao relacionar o treinamento de força com o crescimento ósseo, deve-se observar a sobrecarga utilizada, uma vez que o tecido ósseo não se encontra em sua formação final. Durante este período, músculos, tendões e ligamentos são mais resistentes do que suas inserções nos ossos, o que aumenta o risco de lesões. LOPES, (2003) investigou as possíveis alterações epifisárias ocorridas em função do treinamento de força muscular em pré-púberes. As crianças foram submetidas a um período de 4 semanas de adaptação ao treinamento, e a 12 semanas de treino com sobrecarga a 80% de uma repetição máxima (1-RM). Foi realizado exame radiológico nas articulações do cotovelo e joelho direito. Após o período de treinamento, as crianças repetiram as avaliações radiológicas, e os resultados não indicaram nenhuma alteração das epífises dos ossos longos. O treinamento de força consegue estimular eficientemente a força e o desempenho esportivo, além prevenir lesões. De maneira similar a outras formas de atividade física, o treinamento de força tem demonstrado um efeito benéfico em vários marcadores de saúde tais como aptidão cardiovascular, a composição corporal, a densidade mineral óssea, o perfil dos lipídeios sanguíneos e a saúde mental. Em relação aos ganhos de força, estudos apontam que, em adolescentes, este aumento está associado a um melhor aprimoramento da coordenação neuromuscular, do que a aumentos substanciais no diâmetro transverso dos músculos, haja vista a pequena quantidade de testosterona hormônio responsável, dentre outras funções, pelo aumento de massa muscular sintetizada durante a infância. Este mecanismo esclarece o aumento da força muscular em populações com baixas concentrações de hormônios andrógenos, incluindo indivíduos do sexo feminino e meninos pré-adolescentes. A

89 89 hipertrofia muscular ocorre de forma mais pronunciada em meninos e meninas na puberdade. (BERNHARDT et al., 2001; FLECK e KRAEMER, 2006; MCARDLE, KATCH e KATCH, 2008; AAP, 2001; TSOLAKIS e VAGENAS, 2004; BENJAMIN e GLOW, 2003). McArdle, Katch e Katch (2008) confirmam este raciocínio argumentando que os aumentos da força em crianças resultam, principalmente, do aprendizado e da ativação neuromuscular aprimorada, e não de aumentos substanciais no tamanho dos músculos. Da mesma forma, Silva (2002) afirma, que do ponto de vista fisiológico, nas crianças pré-púberes, este aumento ocorre devido à melhoria na frequência de transmissão e recrutamento das fibras motoras e não necessariamente à hipertrofia, fato que só passa a ocorrer com a puberdade, devido ao aumento da quantidade de hormônio de crescimento, sendo que nos meninos ainda há o aumento da testosterona, o que tende a favorecer algumas respostas relacionadas à melhoria da força. Assim, o crescimento acentuado do músculo em resposta ao treinamento de força pode começar após a adolescência, quando os perfis hormonais de homens e mulheres adultos começam a surgir. Após a puberdade, o treinamento de força tem a capacidade de aumentar a hipertrofia muscular para além daquela alcançada no crescimento normal. Entretanto, devido às diferenças nos períodos de maturação entre as crianças, deve-se avaliar esse objetivo individualmente (FLECK e KRAEMER, 2006). Embora os mecanismos exatos que promovem o aumento da força em indivíduos pré-púberes e púberes ainda não estejam completamente elucidados, os autores supracitados atestam que o treinamento de força, claramente, promove aumentos na força de meninos e meninas. No entanto, isto está na dependência de um treinamento adequadamente estruturado com relação à frequência, tipo, intensidade e duração do programa (GOLDBERG e SILVA, 2004). Mesmo não gerando níveis significativos de hipertrofia, o treinamento de força em crianças propicia nos músculos, nervos e no tecido conjuntivo, outras adaptações e benefícios, tais como: mudanças no padrão de recrutamento das fibras musculares e no tecido conjuntivo, aperfeiçoamento da força, melhora no desempenho esportivo, e prevenção de lesões (BERNHARDT et al., 2001; FLECK e KRAEMER, 2006; OLIVEIRA, LOPES e RISSO, 2003) Além de influenciar diretamente no tecido muscular, o treinamento de força pode apresentar um efeito favorável na densidade mineral óssea em crianças e

90 90 adolescentes de ambos os sexos, embora não se conheça um limiar mínimo de exercício que promova mudanças na saúde óssea (FLECK e KRAEMER, 2006, OLIVEIRA, LOPES e RISSO, 2003) A força muscular tende a aumentar em função do crescimento e da maturação da criança e do adolescente. Com o treinamento com sobrecarga, podem ocorrer ganhos significativos na força muscular através de um aumento da eficiência de recrutamento das unidades motoras responsáveis pela contração muscular e melhora na coordenação motora, sem alterações das medidas antropométricas durante o período de treino (OLIVEIRA, LOPES e RISSO, 2003) Adaptações Morfofuncionais do Adolescente ao Treinamento de Força Dentre as alterações morfofuncionais ao treinamento de força muscular, as alterações morfológicas incluem o aumento no tamanho do músculo, principalmente devido a um aumento no tamanho das fibras, a hiperplasia, e as mudanças na composição do tipo de fibra e do tecido conjuntivo, bem como alterações estruturais no músculo. Comumente, estas alterações morfológicas implica em um aumento da massa muscular ou hipertrofia. Estas alterações tem sido uma observação comum em adultos, mas não tão comum em pré-adolescentes e adolescentes. Embora o treinamento de força tenha mostrado ser eficaz no aumento da força muscular em pré-adolescentes e adolescentes, estes aumentos verificados no tamanho do músculo tem sido relativamente pequena entre os estudos. Programas de treinamento de força não parecem influenciar no crescimento em estatura e peso em adolescentes, e as alterações na composição corporal, considerando tanto a massa gorda e muscular, são mínimas (FAIGENBAUM etl al. 2009, MALINA, 2006; FALK e ELIAQUIM, 2003; SADRES, et al., 2001, BLIMKIE, 1993). Em uma metanálise realizada por Payne et al. (1997), constatou-se que o treinamento de força em jovens aumenta a força e a resistência muscular. Estes resultados podem variar por sexo, idade e tipo de treinamento. Tais diferenças se justificam, pois as alterações hormonais têm relação direta sobre a força e resistência muscular em diferentes proporções para meninos e meninas. Sobre o tipo de treinamento, o autor ressaltou que o isotônico mostra-se mais efetivo do que o isométrico e o isocinético, nesta faixa etária.

91 91 Os estudos que examinam a hipertrofia do músculo inteiro em pré-adolescentes e adolescentes têm usado geralmente técnicas antropométricas e forneceram evidências limitadas de hipertrofia em adolescentes (LILLEGARD et al., 1997), não havendo evidência de hipertrofia muscular em pré-adolescentes com o resultado do treinamento de força (OZMUN et al., 1994 ; RAMSAY et al., 1990; SAILORS e BERG, 1987; MCGOVERN, 1984;. SIEGEL et al., 1989). No entanto, dois estudos em que foram utilizados métodos mais sensíveis de medições (ressonância magnética e ultra-som) têm sugerido que a hipertrofia muscular pode de fato ocorrer entre pré-adolescentes submetidas ao treinamento de força. Mersch e Stoboy (1989) usaram a ressonância magnética e foram os primeiros a demonstrar um aumento da área transversal do quadríceps, juntamente com o aumento na força isométrica no exercício de extensão do joelho, em meninos pré-adolescentes. Fukunaga, Funato e Ikegawa (1992) usaram ultrassom para demonstrar aumentos na massa magra (músculos e ossos), área transversal de meninos e meninas japonesas que se envolveram em um programa de treinamento de força (flexão do cotovelo) ao longo de 12 semanas, enquanto poucas mudanças foram observadas nos pré-adolescentes que não fizeram treinamento. Dado o pequeno tamanho da amostra no estudo de Mersch e Stoboy (1989) e os resultados um pouco inconsistentes do estudo por Fukunaga, Funato e Ikegawa (1992) (1992), pode ser prematuro concluir que a hipertrofia do músculo inteiro, de fato, ocorre em crianças como uma resposta ao treinamento de força. No entanto, estes dois estudos apresentaram a perspectiva de que a hipertrofia muscular é possível entre as crianças. Ambos os estudos que sugerem que na hipertrofia em pré-adolescentes (Mersch e Stoboy 1989;. Fukunaga, Funato e Ikegawa (1992)1992), como é o caso na maioria dos estudos que examinam a hipertrofia em adultos, os aumentos no músculo área da secção transversa foram muito menores do que os aumentos nas força muscular. Em outras palavras, não houve um aumento na força por unidade de área do músculo inteiro, por vezes referido como tensão específica do músculo. Teoricamente, a área da secção transversa deve ser medida perpendicularmente à linha transversal das fibras, chamada na fisiologia como área de secção transversa. No entanto, esta medida é problemática e até o presente momento não foi tentada em pré-adolescentes ou adolescentes submetidas ao treinamento de força. O aumento na área em corte transversal do músculo, com o resultado do treinamento de força em adultos, é devido principalmente à hipertrofia das fibras musculares individuais (MCDONAGH e DAVIES, 1984 e JONES et al. 1989).

92 92 Alterações na fibra da área transversa em seres humanos apenas pode ser examinada utilizando biópsias musculares. Dadas as considerações éticas, é compreensível que induzidas pelo treinamento de tais fibras não existem dados em préadolescentes e adolescentes saudáveis. No entanto, se a hipertrofia muscular ocorre em crianças, isto é provavelmente devido à hipertrofia da fibra. O último é um resultado do crescimento miofibrilar (um aumento de proteínas contrácteis) e a proliferação (um aumento no número de miofibrilas), bem como a ativação de células satélite nas fases iniciais do treinamento de força (FOLLAND E WILLIAMS, 2007). Esses mecanismos não foram investigados em crianças ou adolescentes. A ocorrência de hiperplasia como um resultado do treinamento de força permanece controverso, mas tem sido sugerido que ocorra em adultos (APPEL et al., 1988;. KADI e THORNELL, 2000). No entanto, esta hiperplasia potencial ocorre a um ritmo muito lento e sua contribuição para os ganhos de força podem ser mínimas (APPELL, 1990). Tendo em vista a necessidade de amostras de biópsia do músculo para investigar esta questão, a hiperplasia não foi examinada em pré-adolescentes. Outros potenciais efeitos morfológicos do treinamento de força, o que pode explicar o aumento da força muscular, incluem mudanças da composição do tipo de fibra. Vários estudos têm relatado um aumento no número de fibras tipo IIa e uma diminuição concomitante em fibras do tipo IIx em adultos (CAMPOS et al 2002;. HAKKINEN et al., 1998;. HATHER et al., 1991; STARON et al, 1990), sugerindo pequenas alterações do tipo de fibras. Estes não foram examinados em pré-adolescentes e adolescentes. Rigidez tendinosa tem demonstrado aumentar na sequência do treinamento de força em adultos (KUBO et al., 2001, KUBO et al., 2002;. REEVES et al., 2003), reduzindo o atraso eletromecânico no músculo e aumentar a taxa de desenvolvimento de força. Independentemente da sua existência potencial em crianças, adolescentes ou adultos, as adaptações morfológicas descritas acima explicam apenas uma pequena parte dos aumentos observados na força muscular em pré-adolescentes e adolescentes. Mais estudos utilizando técnicas sensíveis são necessários para esclarecer a contribuição das várias adaptações morfológicas para os ganhos de força observados em crianças submetidas ao treinamento de força. Tendo em vista as evidências limitadas de hipertrofia muscular e sua pequena contribuição potencial nos ganhos de força entre os pré-adolescentes, têm sido atribuídos principalmente a adaptações neurológicas. Estas adaptações são difíceis de

93 93 definir, mas pode ser visto como modificações na coordenação e aprendizagem que facilitam uma melhor recrutamento e ativação de músculos envolvidos em tarefas de resistência específicos (FOLLAND e WILLIAMS, 2007). Medidas dessa adaptação é indescritível, e, portanto, adaptações neurológicas são baseadas principalmente em evidências indiretas. Em adultos, a evidência indireta de adaptações neurais inclui desproporcionalmente aumento da força muscular em comparação com os aumentos observados no tamanho do músculo. O caso é semelhante ao dos adolescentes, onde a hipertrofia foi demonstrado, mas não é suficiente para explicar o aumento da força muscular. Em crianças, uma vez que há evidências mínimas de um aumento no tamanho do músculo, as adaptações neurológicas são inferidas a partir de ganhos de força que não são acompanhadas de hipertrofia muscular. Na maior parte dos casos, nos préadolescentes, adolescentes ou adultos, há um aumento da tensão específica do músculo. No entanto, como apontado por Folland e Williams (2007), este aumento da tensão específica pode ser explicado não só por adaptações neurológicas, mas também por algumas adaptações morfológicas, tais como aumento na rigidez tendinosa. Nenhum estudo analisou especificamente adaptações neurológicas em adolescentes. Dois estudos tentaram demonstrar diretamente alterações neurológicas em crianças submetidas ao treinamento de força. Usando a técnica de contração interpolados, Ramsay et al. (1990) demonstraram um aumento de 9% e 12% na ativação da unidade motora dos flexores de cotovelo e extensores do joelho, respectivamente, após 10 semanas de treinamento de força e um adicional de 3% e 2%, respectivamente, após mais de 10 semanas de treinamento. No entanto, os aumentos induzidos força foram muito maiores que os aumentos simultâneos na ativação neuromotora. Da mesma forma, Ozmun et al. (1994) utilizaram a eletromiografia de amplitude integrada (IEMG) para demonstrar um aumento na ativação neuromuscular dos músculos agonistas após 8 semanas de treinamento de força em meninos e meninas prépúberes. Tal como com a técnica de contração interpolado, o aumento foi menor do que IEMG os aumentos de força (16,8% vs 27,8%, respectivamente). Um aumento na ativação do agonista é provável que resulte na produção de força reforçada. No entanto, este último também seria resultado de uma diminuição da ativação antagonista, ou a melhoria da coordenação inter-muscular. Vários estudos têm demonstrado menor co-ativação antagonista em força e (ou) de energia em atletas adultos em comparação com os não-atletas (BARATTA et al., 1988;. OSTERNIG et al., 1986.). Da mesma forma, alguns estudos indicam menor co-

94 94 ativação antagonista em adultos em comparação com os pré-adolescentes (FROST et al, 1997;. LAMBERTZ et al., 2003.). Foram encontradas diminuir a co-ativação antagonista em treinamento isométrico durante a extensão do joelho em adultos (CAROLAN e CAFARELLI, 1992), mas não foi encontrado estudos comparativos em crianças ou adolescentes. Este tipo de adaptação provavelmente tem uma influência maior sobre as melhorias de força nos movimentos multi-articulares complexas, ao invés de simples tarefas de um único conjunto. Acredita-se que adaptações neurológicas ocorram predominantemente nas fases iniciais de treinamento (MORITANI, 1992; SALE 1989). Esta opinião é corroborada pelos resultados de Ramsay et al. (1990), quanto ao aumento da ativação da unidade motora em crianças nas primeiros 10 semanas de treinamento, em comparação com o segundo de 10 semanas, conforme citado anteriormente. Na verdade, a primeira fase de treinamento provavelmente envolve a aprendizagem ou a otimização de coordenação inter-muscular (agonistas, sinergistas, estabilizadores). Folland e Williams (2007) propõem que a magnitude dessa aprendizagem depende do nível de atividade física e experiências anteriores na tarefa específica. Isso sugere que os pré-adolescentes, sendo mais jovens e geralmente menos experiente ou hábil na maioria das tarefas que os adultos, que apresentam maiores adaptações neurológicas em resposta ao treinamento de força. De fato, com base na falta de alterações morfológicas observadas em pré-adolescentes, esta noção tem sido indicado no passado (BLIMKIE, 1989). A especificidade do treinamento não foi investigada em crianças. Em adultos, um programa de treinamento de força com baixa repetição e carga alta é recomendada para aumentar a força máxima. No entanto, em crianças com 5 a 12 anos de idade, Faigenbaum et al. (1999) demonstraram um programas de treinamento de força realizados com várias repetição, carga baixa e poucas repetições, ou alta carga, resultou em um aumento semelhante de força máxima É, por conseguinte, não está claro se as adaptações para o treinamento de força neurológicas em crianças são específicos para os parâmetros de formação, como seria esperado, em adultos. Assim, os ganhos de força induzidas pelo treinamento em crianças e adolescentes pode, eventualmente, ser explicada em parte pela hipertrofia muscular, mas especialmente em pré-adolescentes, são em grande parte explicado por adaptações neurológicas, tais como o aumento da ativação da unidade motora ou outras alterações, como a melhoria da coordenação inter-muscular ou neuromuscular (KRAEMER et al, 2004;. OZMUN et al, 1994; RAMSAY et al 1990). Este último, ações mais complexas como nos exercícios

95 95 multiarticulares (por exemplo, agachamento) provavelmente, tenha uma maior contribuição relativa do que em contrações isométricas individuais (por exemplo, dos extensores do joelho). O músculo aprende a ser mais eficiente, devido a esse estímulo e não é, até que a puberdade aprendido, torna-se permanente no músculo a adaptação hipertrófica (MALINA 2006). Tendo em vista a escassez de resultados, são necessárias mais pesquisas para elucidar os efeitos nos diferentes modelos de treinamento, nos parâmetros de formação diferentes (volume, intensidade, frequência, duração), e do estado de maturação sobre as adaptações neurológicas para o treinamento de força em pré-adolescentes e adolescentes, junto com as mudanças morfológicas que possivelmente acompanham essas adaptações Prescrição do Treinamento de Força Seleção de Exercícios Fleck e Kraemer (2006) relatam que "o número de possíveis ângulos articulares e conjunto de exercícios é tão ilimitado quanto os movimentos funcionais do corpo". Isto é, sem dúvida, verdade, no entanto, muitas vezes os programas de treinamento de força são projetados com uma abordagem tipo "receita de bolo". Para combater isso, os indivíduos que desejam treinar a força devem ter bem estabelecidos quais são seus objetivos, e, em seguida, aprender a maneira correta de treinar para alcançar esses objetivos. A primeira pergunta que deve fazer é: qual o propósito para exercitar-se? Se alguém estava procurando hipertrofia muscular, por exemplo, não seria acertado usar um treinamento isocinético. Por outro lado, se o treinamento de velocidade era o objetivo, o treinamento isocinético seria uma escolha aceitável. A decisão deve ser feita respeitando se o treinamento é para esportes com vista no desempenho, na manutenção da saúde e aptidão física ou estética. Em seguida, deve-se decidir o que pretende ser desenvolvido: a hipertrofia, força, potencia ou resistência muscular. Por fim o programa tem que definir os músculos a serem trabalhados: parte superior ou inferior do corpo, ou regiões específicas como bíceps ou peitoral, etc. No entanto, tem sido demonstrado que em mulheres expostas a sessões de exercícios envolvendo todas as partes do corpo, os resultados com o aumento da resistência parecem ser mais benéficos para a saúde do praticante do treinamento de força (KRAEMER et al., 2004 e KRAEMER et al., 2001).

96 96 Além disso, é importante observar o stress exercido na musculatura agonista e as proporções da resistência do antagonista de modo a não criar um desequilíbrio muscular que poderá levar a indivíduo a lesão (por exemplo, apenas incluir exercícios para a musculatura do quadríceps sem prescrever exercícios para o músculo isquiotibiais) (BAECHLE e EARLE, 2000) Um princípio decisivo para um programa de treinamento de força muscular é a capacidade de escolher o exercício mais adequado para cada objetivo do treino. Exercícios escolhidos de forma correta, irá exercitar apenas o músculo que deve ser ativado durante o exercício (FLECK e KRAEMER, 2006). Ambos os conjuntos de exercícios, uni e multi-articulares demonstraram ser eficazes no aumento da força muscular em grupos musculares específicos (ACSM, 2009; KRAEMER e RATAMESS, 2004; FLECK e KRAEMER, 2006). Conjunto de exercícios multi-articulares têm demonstrado um maior impacto sobre ganhos de força e potência (ACSM, 2009; KRAEMER et al., 2004; BAECHLE e EARLE, 2000; FLECK e KRAEMER, 2006), pois estes exercícios ativam uma maior quantidade de massa muscular. Estes exercícios são necessários para a formação do desempenho atlético, pois auxiliam na coordenação neuromuscular. Além disso, os exercícios que envolvem grandes quantidades de massa muscular têm mostrado fornecer maiores respostas hormonais, tais como o aumento do hormônio do crescimento e de testosterona em homens e mulheres, embora em graus diferentes (KRAEMER e RATAMESS 2005; KRAEMER et al., 2004). No entanto, estes exercícios requerem mais habilidade técnica e pode não ser apropriado para o iniciantes em treinamento de força. Exercícios individuais comuns (por exemplo, rosca direta, extensão e flexão das pernas) são usados para atingir um grupo muscular específico e são em geral mais seguros por envolver reduzida habilidade para sua execução (ACSM, 2009; KRAEMER et al., 2004; BAECHLE e EARLE, 2000; FLECK e KRAEMER, 2006) Ações Musculares e a Velocidade de Contração Outro aspecto da seleção de exercícios envolve o tipo de ação muscular que será utilizado. Um programa de treinamento de força bem elaborado deve envolver ações de contração concêntricas e excêntricas, e possivelmente, as contrações isométricas, e uma variação na velocidade de movimento para cada uma dessas ações musculares. Se a

97 97 modalidade desportiva escolhida exigi uma formação muscular específica, o atleta deverá treinar com os padrões de movimento e velocidade que são necessários para o melhor rendimento do esporte (KAWAMORI e HAFF, 2004; KRAEMER e HAKKINEN, 2004; PEARSON et al.; 2000) O tecido muscular responde a estímulos elétricos do celebro para produzir força. O número e grau com que as fibras musculares são estimuladas determina que tipo de ação que será produzida (KRAEMER e HAKKINEN, 2004). Ações concêntricas são produzidas quando o músculo encurta devido a maior geração de força para superar uma resistência exercida. Em contraste, as ações excêntricas alongam o musculatura devido a uma menor geração de força em relação à resistência exercida. Exercícios isométricos não envolvem movimento, pois a força produzida é igual ou inferior a resistência exercida. Em movimentos naturais tais como saltos e corridas, uma ação concêntrica é precedida de uma ação excêntrica. Esta série, conhecida como ciclo de alongamentoencurtamento, serve para alongar a musculatura imediatamente antes da ação concêntrica e aumentar a produção de força (KRAEMER e HAKKINEN, 2004; BAECHLE e EARLE, 2000). A velocidade dos movimentos é, talvez, o aspecto mais negligenciado dos programas de treinamento de força. Muitos programas são frequentemente estruturados sem tomar por conta os objetivos específicos de velocidade, muito importante para várias modalidades como a natação e o atletismo (JONES et al. 2001). A velocidade de cada repetição afeta as respostas neurais, hipertróficas e metabólicas ao exercício de resistência (ACSM, 2009; KRAEMER et al., 2004). Existe evidências de que os aumentos de força são específicos para a melhora da velocidade (ACSM, 2009; KAWAMORI e HAFF, 2004; KRAEMER e RATAMESS, 2004; JONES et al. 2001; FLECK e KRAEMER, 2006), no entanto, o contrário não ocorre (PALMIERI, 1997; WENZEL e PERFETTO, 1992). A produção da força é resultado tanto da ação do músculo utilizado e a velocidade do movimento. Nas ações concêntricas, as capacidades de força são inversamente relacionadas com a velocidade de movimento (JONES et al., 2001; BAECHLE e EARLE, 2000). Isto significa simplesmente que os músculos são incapazes de mover cargas mais pesadas no mesmo ritmo que eles podem mover cargas mais leves. No entanto, a produção de força aumenta à medida que a velocidade aumenta em ações excêntricas (FARTHING e CHILIBECK, 2003; BAECHLE e EARLE, 2000).

98 98 Existem divergências quanto ao maior ganho de força muscular quando comparado as ações concêntricas e excêntricas. Farthing e Chilibeck (2003) relatam que os exercícios de contração excêntricos têm demonstrado maior aumento da força e hipertrofia do que os exercícios de contração concêntricos. No entanto, também tem sido relatado não existir diferença significativa no ganho de força entre os exercícios de contração concêntrica e excêntrica. (ACSM, 2009; KRAEMER e RATAMESS, 2004; FLECK e KRAEMER, 1999). Brandenburg e Docherty (2002) relataram que o treinamento excêntrico e concêntrico foram igualmente eficazes no aumento da força nos flexores do cotovelo, mas afirmaram que o treinamento excêntrico pode ser mais eficaz em outros grupos musculares. As contrações com velocidade de execução lenta e cargas submáximas produzem menor força que as contrações em velocidade moderada (ACSM, 2009; KRAEMER e RATAMESS, 2004). Farthing e Chilibeck (2003) comparando diferentes ações excêntricas e concêntricas em duas velocidades de diferentes protocolos de treinamento de força com oito semanas, relataram que o treinamento de alta velocidade excêntrica (180 graus/seg) causou aumento significativo (p 0,05) na hipertrofia muscular do que os outros modelos, e que o treinamento de alta velocidade excêntrica é o protocolo de treinamento mais eficaz para aumentar a força e hipertrofia muscular Ordem dos Exercícios Para alcançar maior ganho de força com um programa de treinamento, é necessário, dentro do programa, dar atenção à ordem dos exercícios. Existem inúmeras possibilidades de estruturas de treinamento. O modelo tradicionalmente mais utilizado parte da realização de exercícios que trabalham no início da sessão os grandes grupos musculares, para, posteriormente, trabalhar os pequenos grupos musculares. (ACSM, 2009; BAECHLE e EARLE, 2000; FLECK e KRAEMER, 1999). Um modelo oposto discutido por Baechle e Earle (2000), assim como Fleck e Kraemer (2006) propõe que os exercícios em grupos menores sejam realizados primeiro, de forma intencional, para provocar fadiga nestes músculos. Teoricamente, isso faria com que o grupos musculares grandes trabalhassem mais durante o exercício dos grupos musculares, ainda que resultassem, por muitas vezes, em usar uma carga menor. Os autores destacam ainda que este método da pré-exaustão carece de mais

99 99 investigações e não é recomendado ser aplicado em pessoas com pouca vivência com o treinamento de força. Fleck e Kraemer (2006) também descrevem um sistema conhecido como sistema de prioridade, que determina que os exercícios que são mais importantes para o alcance dos objetivos do programa de treinamento sejam praticados no início do treino. Outra estrutura de treinamento descrita por Baechle e Earle (2000) é conhecida como rotinas de divisão que trabalham os grandes e pequenos grupos musculares em dias alternados, ou grupos musculares individuais em dias alternados. Nesta caso, ainda é importante começar com exercícios multi-articulares Volume de Treinamento O volume do treinamento de força é tipicamente expresso na forma de séries, repetições ou resistência (kg) (DESCHENES e KRAEMER, 2002). A manipulação do volume de treinamento de força pode ser realizada alternando: a) o número de exercícios realizados a cada sessão de treinamento; b) o número de séries realizadas a cada exercício; c) o número de repetições realizadas por série; d) a resistência utilizada (PRESTES, et al. 2010). Mudanças no volume de treinamento influenciam nas respostas hormonais, moleculares, neurais e metabólicas ao treinamento de força (WILLOUGHBY et al., 1991; KRAEMER et al. 1990; HAKKINEN et al. 1987). Estudos mostram que o volumes de treinamento de força com múltiplas séries promovem melhores resultados quando comparados a programas de série única (GALVAO e TAAFFE, 2004; WOLFE e COLE, 2004; RHEA et al.; 2002a; KRAMER et al., 1997) Kramer et al., (1997) relataram aumento de aproximadamente 50% na força no teste de 1 RM para o exercício de agachamento a favor de um grupo de indivíduos que praticavam um volume de treinamento de força com séries múltiplas, durante 14 semanas; em relação ao grupo que praticava, pelo mesmo período, um programa de treinamento de força com um volume de série única. Rhea et al. (2002a) com o objetivo de comparar programas de treinamento com pesos utilizando série única e múltiplas séries, durante 12 semanas, em 17 homens praticantes de musculação recreativa, relataram uma diferença significante (p=0,05) em

100 100 favor do grupo que praticava séries múltiplas no exercício leg press e diferenças próximas da significância (p=0,07) no exercício de supino reto. Em uma revisão de literatura realizada por Galvao e Taaffe (2004), com o objetivo de apresentar uma visão geral dos estudos de treinamento de força que comparam o volume de programas de séries única com programas de múltiplas séries; apesar dos resultados dos estudos realizados antes de 1998 apresentarem resultados inconsistentes entre os dois tipos de programas, as evidências sugerem que as séries múltiplas promovem benefícios adicionais após o treinamento de força de curto e longo prazo. Segundo estes mesmo autores, nos programas com séries múltiplas, o número de séries é parte da equação de volume de exercício, e o volume de exercício é crucial para produzir o impulso necessário para provocar adaptações fisiológicas específicas. Wolfe e Cole (2004) realizaram uma meta-análise comparando na literatura estudos que avaliaram programas de série única e múltiplas séries, aplicados em indivíduos submetidas a seis ou mais semanas de treinamento de força. Dezesseis estudos foram analisados, juntos somavam um total de 621 indivíduos avaliados. Os resultados mostraram que os programas de séries múltiplas geram de forma significativa maior aumento da força muscular. Outras duas meta-análises, de Peterson, Rhea e Alavar (2004) e Rhea et al. (2003a) objetivaram examinar as cargas de treinamento ideais para ganhos de força. Cada um destes estudos defendem que as séries múltiplas são mais vantajosas para ganhos de força, embora um estudo tenha examinado atletas de rendimento, (PETERSON, RHEA e ALAVAR, 2004) e o outro, praticantes de musculação recreativa (RHEA et al. 2003a). O primeiro artigo mostra que uma carga de 85% de 1RM, 2 dias por semana, com 8 séries de exercícios por grupo muscular parece ser a "dose" ideal para atletas de rendimento (PETERSON, RHEA e ALAVAR, 2004); enquanto o segundo artigo relata que 60% de 1RM, 3 dias por semana, com 4 séries por grupo muscular com sendo o mais recomendado para praticantes de musculação recreativo (RHEA et al. 2003a). Apesar da maioria dos estudos terem relatado o programa com volume de treinamento com série única não sendo tão eficaz quanto como os com séries múltiplas, foi observado a obtensão de uma porcentagem de força muscular de forma mais rápida nos testes iniciais com um programas de série única. Este fato pode ser explicado pela rápida adaptações neural que este tipo de treinamento proporciona. Força, massa magra e resistência muscular podem ser melhoradas através da utilização de volumes de

101 101 treinamento com séries únicas, mas se os objetivos do treinamento foram os ganhos de força máxima ou hipertrofia, os programas com séries múltiplas são mais eficazes (GALVAO e TAAFFE, 2004; WOLFE e COLE, 2004; RHEA et al.; 2002a; KRAMER et al., 1997) Frequência, Intensidade e Descanso entre as Séries Determinar a carga de treino ideal, sua duração, bem como a quantidade de tempo de descanso entre as séries, é, muitas vezes, uma tarefa difícil para os profissionais do treinamento de força. Estas variáveis, juntamente com a frequência de treinamento, são os determinantes do sucesso de um programa. Uma inadequada estruturação destas variáveis podem levar ao fracasso um programa de treinamento, podendo levar a falta ou ao excesso de treinamento, causando a diminuição do desempenho (ZATSIORSKY e KRAEMER, 2008). A frequência é a variável de mais fácil determinação em um programa de treinamento. A frequência de treinamento refere-se ao número de vezes que um músculo, ou grupamento muscular, é exercitado na semana (ZATSIORSKY e KRAEMER, 2008). O estágio de treinamento do atleta é a mais importante consideração a ser vista na atribuição das sessões de treinamento semanal (KRAEMER e RATAMESS, 2004; BAECHLE e EARLE, 2000). O Colégio Americano de Medicina dos Esportes (ACSM, 2009) recomenda programas de treinamento de força de 2 a 3 dias por semana para iniciantes, aumentando estes dias à medida que eleva seu nível de treinamento. As recomendações ainda incluem que seja programado pelo menos um dia de descanso para o grupamento muscular treinado, com não mais de três dias de descanso. A intensidade pode ser definida como a quantidade de peso levantado ou a resistência utilizada durante o exercício. A intensidade máxima a ser utilizada depende muito de outras variáveis do programa, como o volume, a ordem dos exercícios (SFORZO e TOUEY, 1996), a ação muscular (KOMI; KANEKO e AURA, 1987), o tempo de intervalo entre as séries e os exercícios (GOTSHALK et al., 1997). No treinamento de força, é intrínseca a relação entre intensidade e volume, ou seja, com o aumento da intensidade, diminui o número de repetições que podem ser realizadas (PRESTES et al., 2010).

102 102 Na maioria das vezes, a intensidade é expressa pela porcentagem de 1 repetição máxima (% de 1RM), determinada, geralmente, após um teste de 1RM. Entretanto, este método de prescrição da intensidade apresenta limitações quando o programa de treinamento é composto por vários exercícios, devido ao grande tempo despendido para a realização de uma bateria de testes de 1RM. Outras questões que inviabilizam a aplicação deste método estão relacionados a: a) tempo de adaptação neuromuscular, que para indivíduos iniciantes e intermediários, pode ser suficientemente rápida, desencorajando a realização de uma nova avaliação a cada bimestre, ou até mesmo, a cada mês (PRESTES et al. 2010); b) concentração e conhecimento prévio da técnica de execução, (WARE, et al.,1995); e, c) a execução de esforços com cargas máximas pode acarretar elevado estresse muscular, ósseo e ligamentar, desencadeando modificações metabólicas indesejáveis para este período do treinamento (BRZYCKI, 1993). Afim de minimizar estas questões, pesquisadores têm buscado desenvolver e/ou validar equações preditivas para a estimativa dos valores de 1RM por meio de testes submáximos, baseados na execução de múltiplas repetições (WHISENANT et at., 2003, MAYHEW et al.,1999; CHAPMAN, WHITEHEAD e BINKERT, 1998; MORALES e SOBONYA, 1996; ARNOLD, MAYHEW e LE SEUR, 1995; MAYHEW, WARE e PRINSTER, 1993; BRZYCKI, 1993; LANDERS, 1985). Testes de repetições múltiplas podem reproduzir relativamente as exigências das próprias sessões regulares de treinamento, ao contrário do que se observa durante a aplicação de testes de 1-RM, sendo muito mais aplicáveis a diferentes populações, em diversas situações. Vale destacar que a recomendação para prescrição de programas de treinamento com pesos publicada pelo ACSM (2009), para adultos saudáveis, enfatiza a utilização de repetições múltiplas, sobretudo para o desenvolvimento da força, resistência de força, hipertrofia e potência muscular. Por esses motivos a prescrição da intensidade do treinamento de força vem sendo realizada por meio de repetições máximas (RM). Esse método se baseia na utilização da carga máxima para um determinado número de repetições, utilizando uma zona de treinamento de acordo com a intensidade, para a determinação da carga exata para certo número de repetições. Por exemplo, um indivíduo utiliza um peso de 50kg no exercício supino máquina, pede-se que ele execute de 10 a 12RM (zona de treinamento). Caso ele consiga executar mais de 12RM, realizando movimentos completos e sem ajuda, adiciona-se de 2 a 10% do peso utilizado, porém, caso não

103 103 consiga chegar à zona de treinamento, ou seja, não for capaz de executar no mínimo 10RM, retira-se o mesmo valor de peso. O ajuste da intensidade será inversamente proporcional à dificuldade relatada (PRESTES et al.,2010) Para quantificar a intensidade de uma única sessão de treinamento, é necessário saber o nível de condicionamento do praticante, e seus objetivos para a sessão de treinamento. Por exemplo, um praticante de treinamento de força iniciante pode ganhar força usando cargas de 45 a 50% de 1 RM, enquanto para um praticante de nível avançado seria necessário elevar esta intensidade para adquirir ganhos na força. Quando o nível de condicionamento melhora, cargas mais elevadas devem ser utilizadas para aumentar a adaptação morfofuncionais (KRAEMER e RATAMESS, 2004). A ACSM (2009), recomenda que iniciantes em treinamento de força a nível intermediário comecem usando de 60-70% de 1RM para 8-12 repetições. Kraemer e Hakkinen (2004) propõem que para atletas mais avançados, é importante a realização de três tipos de treinamento de força distintos para incorporar uma ampla gama de adaptações morfofuncionais ao organismo. Primeiro, uma sessão que envolva treinamento de força elevada (80-100% de 1 RM) com um baixo número de repetições (1-3 repetições) tem como objetivo melhorar o recrutamento das fibras musculares. Segundo, deve trabalhar o treinamento de hipertrofia, que envolve cargas de resistência de 60-80% de 1 RM, com 6 a 12 repetições por série, para o melhor recrutamento das fibras musculares, importantes na manutenção massa muscular. Terceiro, o treinamento de força envolve o treinamento de potência muscular. O treinamento de potência muscular envolve baixas cargas de resistência (30-60%) com velocidade máxima ou quase máxima de execução. É consenso que a força muscular é melhor desenvolvida com longos períodos de repouso que em curtos períodos. (ACSM, 2009; KRAEMER e RATAMESS, 2004; TAN, 1999). Willardson e Burkett (2005) comparou o volume de conclusão nos exercícios de agachamento e supino reto com intervalos de descanso de 1,2 e 5 minutos em universitários do sexo masculino. O volume foi baseado no número total de repetições que poderiam ser concluídos em 4 sets. No supino reto, diferenças significativas foram encontradas entre todos os intervalos de descanso. No exercício de agachamento, o intervalo de descanso de cinco minutos produziu significativamente maior volume do que nas condições com 1 e 2 minutos. No entanto, um e dois minutos não apresentaram diferença significantes.

104 104 Richmond e Godard (2004), compararam períodos de descanso de 1,3 e 5 minutos em homens universitários, submetidos a séries de 8 a 12 repetições em diferentes exercícios de supino, durante 3 dias. Os resultados mostraram diferença significativamente maior nos intervalos de 3 e 5 minutos de descanso em relação a um intervalo de 1 minuto de descanso. No entanto, nenhuma diferença significativa foi encontrada entre os descansos de 3 e 5 minutos. Assim, os autores concluem que três minutos é um intervalo de descanso suficiente para séries de 8 a 12 repetições Prescrição do Treinamento de Força para o Atleta Jovem A prescrição do treinamento de força às pré-adolescentes e adolescentes atletas deve ser aplicada de forma cuidadosa pela repetição crônica e pelo estresse imposto ao sistema musculoesquelético dos indivíduos em questão, especialmente algumas crianças com sinais de imaturidade no sistema musculoesquelético, já que essas não serão tão hábeis para tolerar a mesma quantidade de exercícios que a maioria dos seus colegas de treino consegue tolerar. Preferivelmente, o treinamento de força para préadolescentes e adolescentes deve ser incorporado em um programa de condicionamento periodizado que tenha rígido controle em volume e intensidade ao longo do ano. (BENEDET et al., 2013; UGHINI, BECKER e PINTO, 2011). Além disso, alguns fatores de risco como desequilíbrio muscular, rigidez muscular e articular, e pouca condição física, deve ser identificados para que os treinadores possam conhecer as necessidades específicas de cada criança. Em algumas instâncias talvez, torna-se necessário para alguns jovens atletas reduzir seu envolvimento desportivo, visando obter mais tempo para conseguir uma condição preparatória adequada de tal modalidade em questão. Almejando começar um treinamento de força, o pré-adolescente e o adolescente devem estar mental e emocionalmente pronto para consentir com as instruções do professor e se submeter ao estresse do programa de treinamento que deve levar em conta o nível físico, emocional e maturacional do indivíduo. Os instrutores devem reconhecer essas diferenças maturacionais e estarem cientes das predisposições genéticas dos alunos. As crianças e adolescentes não devem ser consideradas como adultos em miniatura, por isso os pressupostos e filosofias de treino dos mais velhos, não devem ser impostos às jovens (BENEDET et al., 2013).

105 105 Para que o treinamento de força seja seguro e eficaz, algumas linhas de orientação são, portanto, recomendadas para a sua aplicação em pré-adocescentes e adolescentes (BENEDET et al., 2013; FAIGENBAUM, et al. 2009) 1. Adaptar o programa de treinamento ao nível de desenvolvimento psicológico do participante: a aderência a programas de treinamento requer uma maturidade emocional e a habilidade de seguir instruções. Essas características infelizmente não são possuídas por todas os pré-adolecentes. Já em adolescentes, por sua vez, o interesse no treinamento de força torna-se um pouco maior e a habilidade de tolerar programas de treinamento já é considerável. 2. Instrução dirigida por profissionais qualificados: programas de treinamento devem ser conduzidos por instrutores, professores e técnicos qualificados que não só entendam os princípios básicos do treinamento de força, mas também compreendam a singularidade da infância. Supervisão minuciosa, instrução adequada à idade, e um ambiente seguro para os exercícios são requisitos fundamentais. 3. Elevação gradual da carga de treino: tem sido recomendado que préadolescentes e adolescentes treinem de duas a três vezes por semana em dias não consecutivos e realizem de 1 a 3 series de 6 a 15 repetições em uma variedade de exercícios que foquem grandes grupos musculares. Todavia, no começo do programa de treinamento, começar com séries únicas de 15 a 20 repetições por exercício, 2 vezes por semana. Isso não só permitirá mudanças no desempenho muscular, mas irá prover uma oportunidade dos participantes ganharem confiança em suas habilidades antes de progredir para níveis mais elevados. Além disso, ganhos contínuos podem ser feitos por aumentos graduais da carga, do número de repetições, ou pelo número de séries. Na média, um aumento de 5 a 10 por cento na carga de treino é apropriado para a maioria dos exercícios. Uma vez que o número desejado de repetições possa ser feito, a carga pode ser aumentada de forma gradual, e as repetições podem ser diminuídas para permitir ganhos contínuos. Isso não significa que toda a sessão de treino necessita ser mais intensa que a sessão prévia; todavia a demanda sobre o indivíduo deveria ser gradualmente aumentada ao longo do tempo. 4. Aderência aos princípios de treinamento: carga apropriada, progressão gradual, e recuperação adequada entre as sessões de exercício são considerações

106 106 importantes. Muito frequentemente, o volume e a intensidade do treinamento de força excedem as capacidades dos participantes e os períodos de descanso são muito curtos para uma recuperação adequada. Esse método pode ser particularmente perigoso para pré-adolecentes porque não só aumenta o risco de lesão, mas também enfraquece o divertimento decorrente do programa de treinamento. Apesar de ser tentador seguir um programa de treinamento das academias ou um treino descrito por profissionais de saúde, cada participante deve ser tratado individualmente, em que a intensidade, o volume e a progressão do treino devem ser cuidadosamente prescritos. 5. Técnicas apropriadas devem ser ensinadas e reforçadas: apesar de alguns participantes quererem testar quanto de carga máxima conseguem levantar no primeiro dia de programa, o seu interesse e entusiasmo no treinamento de força devem ser direcionados ao desenvolvimento apropriado da forma e da técnica de exercício (controlar o movimento e respiração adequada, por exemplo). 6. Enfatizar divertimento intrínseco: em programas de treinamento de força o divertimento, a melhora das habilidades e o sucesso pessoal são fatores que devem estar evidentes. O uso de registros personalizados em cada sessão pode auxiliar na melhora de força de cada participante, e fazer com que acompanhem o desenvolvimento. 7. Incorporar variedades no programa de treinamento: adicionar exercícios novos, alterando o modo de treino, e variando o número de séries e repetições podem ajudar a manter o programa atraente e desafiador. 8. Considerar múltiplos objetivos: os objetivos de um programa de treinamento de força não devem se limitar apenas à melhora da força muscular. O treinamento deve propor conhecimento sobre o corpo, promover procedimentos de treinamento seguro e ser um estímulo para que o participante tenha uma atitude mais positiva sobre o treinamento de força e a atividade física.

107 A Organização da Periodização do Treinamento de Força A periodização do treinamento pode ser definida como um sistemático, sequencial e progressivo planejamento do treinamento de todas as qualidades motoras para a obtenção do melhor desempenho do atleta. Sua eficácia depende de saber interrelacionar ao longo do período de treinamento todas as habilidades motoras para se atingir o rendimento específico máximo (SEQUEIROS et al., 2005; GOMES, ALMEIDA e ALMEIDA, 2000). Segundo Bompa (2002), a periodização surgiu como uma forma de organizar as estratégias relacionadas ao programa de treinamento, adequando as fases e suas variáveis a serem adaptadas, com o objetivo de melhorar o desempenho. Para Kraemer e Hakkinen (2004), a periodização é um conceito rígido, mas poderá ser flexível em diferentes períodos, podendo ser utilizada em populações como atletas, praticantes de atividade física dentre outros. Em atletas a periodização permite que resultados sejam maximizados no desempenho em competições bem como permitir o desenvolvimento do atleta durante anos de treinamento. O programa de treinamento de força apresenta na sua periodização o controle de intensidade, períodos ativos de descanso e volume. Essa combinação permite que os resultados no desempenho sejam progressivos, reduzindo a probabilidade de supertreinamento, proporcionando maiores ganhos na força e na potência muscular (HERRICK e STONE, 1996). O conceito de periodização do treinamento teve origem no final do século XIX e início do século XX na Alemanha e na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Porém, foi a partir da década de 50, nos países do Leste Europeu, que surgiram as primeiras pesquisas teóricas sobre a periodização (SEQUEIROS et al., 2005). A partir da década de 60, o cientista russo Leo Pavlovitch Matveev publicou seus primeiros trabalhos sobre a periodização do treinamento de força. Inicialmente, a periodização do treinamento de força foi desenvolvida para atender à atletas de levantamento de peso, que buscavam atingir o pico de desempenho, uma ou duas vezes por ano em competições. No entanto, a periodização agora se tornou parte dos programas de treinamento de força, não tendo apenas o desempenho como objetivo, mas também, a maximização dos ganhos de força e prevenção ao supertreinamento

108 108 (BAECHLE e EARLE, 2000; FLECK e KRAEMER, 2006; KRAEMER e HAKKINEN, 2004). A proposta de periodização de Matveev está intimamente ligada com o conceito da síndrome geral da adaptação (SAG), desenvolvido pelo Dr. Hans Selye, na década de 30. Essa teoria, originalmente, não se relacionava especificamente com o treinamento de força, mas sim, a uma teoria sobre como o organismo responde a todos os tipos de agentes estressores (BAECHLE e EARLE, 2000; KRAEMER e HAKKINEN, 2004, BROWN e GREENWOOD, 2005). Selye (1974) define uma reação ao estresse como: "uma resposta não específica do organismo a qualquer exigência". Além disso, ele afirma que: "todas as reações de estresse são essencialmente defensivas", e que estas reações podem causar mais problemas para o organismo que o próprio agente externo (SELYE, 1974). Em respostas ao estímulo proveniente do treinamento de força, alterações são promovidas no organismo, e são inicialmente bastante traumáticas para o corpo, principalmente em pessoas iniciantes com esse tipo de treinamento, devendo ser cuidadosamente monitoradas. Este aumento da sobrecarga imposta ao aparelho locomotor induz ao dano muscular e à dor resultante, conhecida como dor muscular de início tardio (DMIT). A DMIT é caracterizada como uma sensação de desconforto na musculatura esquelética que ocorre algumas horas após o exercício físico, com determinada sobrecarga a qual não se está acostumado realizar (FOSCHINI, PRESTES e CHARRO, 2007). Assim, o conceito de sobrecarga progressiva começou a ser adotado. Segundo Zatsiorsky (1999) para induzir mudanças positivas no estado de um indivíduo é necessário aplicar um exercício com sobrecarga. A adaptação do treinamento somente ocorre se o nível de sobrecarga for maior que o nível habitual. Consideramos duas formas para induzir a adaptação, uma é elevar a sobrecarga de treinamento (intensidade, volume) a outra é mudar o exercício (método de treinamento). A sobrecarga progressiva significa simplesmente que a estruturação do programa de treinamento vai aumentar gradualmente conforme a intensidade, dando tempo suficiente ao organismo para se adaptar aos estímulos mais intensos.

109 109 Sessão de Treinamento Nível inicial de preparação Tempo Choque Compensação Supercompensação Adaptado de Zatsiorsky (1999), pag 153 FIGURA 3 - Fases de uma sessão de treinamento Brown e Greenwood (2005) descrevem o conceito da SAG para o treinamento de força, relacionando os três estágios da SAG com as três fases do treinamento, proposto por Matveev. A primeira fase é chamada fase preparatória ou fase de "choque". Nesta fase do treinamento, um novo estresse, ou maior intensidade de estímulo é colocado sobre o organismo, levando a uma queda brusca de sua homeostasia, que devido ao abalo de todo o sistema biológico do indivíduo, é forçado a reagir. Neste ponto, o corpo provavelmente sentirá dor e terá menor desempenho. Este período de adaptação é muitas vezes conhecido como overreaching (sintomas transitórios relacionados a fadiga muscular que aparecem durante um treinamento pesado). As adaptações morfofuncionais causadas no organismo durante esta primeira fase do treinamento de força, levam a uma condição superior àquela observada antes do estímulo, e é conhecida como supercompensação (BROWN e GREENWOOD, 2005). Porém, antes de ocorrer a supercompensação, o corpo passa para uma fase de recuperação ou compensação, que também está correlacionado a fase de preparação ao treinamento. Durante a fase de compensação, o organismo se adapta ao estresse exercido, superando os efeitos da fadiga causada pelo treinamento. A regeneração do organismo, leva o indivíduo a um potencial aumentado de rendimento. No entanto, se o regime de treinamento for muito exigente e não tiver períodos de variação ou de descanso, o corpo entrará numa fase de exaustão e perderá a capacidade de combater a fadiga proveniente do estresse, não conseguindo responder mais aos estímulos, podendo chegar a falência total. Em termos gerais, a periodização é

110 110 a prescrição de variações de intensidade e volume que promovem ganhos de força máxima, evitando o supertreinamento, por sempre se manter um passo à frente dos mecanismos de adaptação do organismo (BAECHLE e EARLE, 2000; PRESTES et al., 2010). Adaptado de Beachele e Earle (2000), pag. 92 FIGURA 4 - Modelo de Periodização proposto por Matveev. A criação dos programas de periodização foi acompanhada pela criação de terminologias para descrever a disposição da periodização do treinamento. Matveev (2001) foi o primeiro pesquisador a demonstrar que os melhores resultados são obtidos pelo organização das cargas em forma de ciclos. O maior desses ciclos de tempo, que varia de seis meses a 4 anos, dependendo da modalidade de exercício, do planejamento e do nível da aptidão física dos atletas, é conhecido como macrociclo. O macrociclo pode ser dividido em seções menores, conhecidos como mesociclos (vários meses) e microciclos (algumas semanas) que são destinados aos objetivos de treino mais específicos. Em outras palavras, o microciclo refere-se a um semana de treinamento, já o mesociclo representa fases do treinamento, que juntas formam o macrociclo, o qual retrata a estrutura do treinamento (PRESTES, et al., 2010; BAECHLE e EARLE, 2000; KRAEMER e HAKKINEN, 2004).

111 111 O modelo inicial de periodização desenvolvido por Matveev, envolveu as três fases principais do treinamento: preparação, transição e competição. Este modelo, como mostra a figura 4, ilustra um modelo apropriado para iniciantes ou praticantes inexperientes. Stone, O' Bryant e Garhmmer (1981), acrescentaram um outro ciclo, chamando de "primeira transição", entre as fases de preparação e de competição, criando o modelo tradicional de periodização (figura 4). Cada uma destas fases tem uma adaptação muscular alvo específica. A fase preparatória é projetada para desenvolver a hipertrofia e a força nos músculos que permitem a máxima carga durante o período de treinamento. Durante esta fase, o volume de treinamento é elevado, enquanto que a intensidade é mantida a um nível baixo a moderado. É na fase preparatório que são desenvolvidas a base do condicionamento, o treinamento de hipertrofia e o treinamento de força e potência (quadro 5). Período Preparação Transição Competição Fase Hipertrofia / Força Força / Pico ou Manutenção Segunda Variável endurance Básica Potência transição (descanso ativo) Baixo a Alta Alta Muito Alto Moderado moderado Intensidade 50-75% 1RM 80-90% 1RM 87-95% 1RM 75-90% 1RM > 93% 1RM 80-95% 1RM Atividade Alto a Moderado Baixo Muito Baixo Moderado Recreativa Volume moderado 3-6 séries 3-5 séries 3-5 séries 1-3 séries 2-3 séries (não envolve treinamento de repetições 4-8 repetições 2-5 repetições 1-3 repetições 6-8 repetições resistência) Adaptado de Beachele e Earle (2000) QUADRO 5 - Modelo de Periodização de Treinamento de Força Durante a fase de competição o objetivo é o pico ou manutenção, dependendo do esporte e do número de competições por temporada. A segunda fase de transição, proporciona um tempo de descanso e recuperação para o atleta. Atividades leves, do tipo recreativas, são realizadas para manter um nível

112 112 de condicionamento geral, permitindo ao atleta recuperar-se de todo o período da periodização do treinamento. Este modelo tradicional é conhecido como periodização linear e envolve progressivamente cada vez mais intensidade com consequente diminuição do volume ao longo de vários microciclos. Durante a fase de competição o objetivo é o pico ou manutenção, dependendo do esporte e do número de competições por temporada. A segunda fase de transição, proporciona um tempo de descanso e recuperação para o atleta. Atividades leves, do tipo recreativas, são realizadas para manter um nível de condicionamento geral, permitindo ao atleta recuperar-se de todo o período da periodização do treinamento. Este modelo tradicional é conhecido como periodização linear e envolve progressivamente cada vez mais intensidade com consequente diminuição do volume ao longo de vários microciclos. É consenso que é necessário algum tipo de periodização no treinamento para que ocorra ganho de força muscular (BOMPA, 2002; BAECHLE e EARLE, 2000; FLECK e KRAEMER, 2006; KRAEMER e HAKKINEN, 2004, FLECK, 1999; KRAEMER, e RATAMESS, 2004; LAGALLY et al. 2004; PETERSON, RHEA e ALAVAR, 2004; PLISK e STONE, 2003; RHEA et al. 2002b; RICHMOND e GODARD, 2004; RHEA e ALDERMAN, 2004; HARTMANN et al., 2009) embora alguns estudos aleguem que a periodização não é melhor que um programa não periodizado (BAKER, WILSON e CARLYON, 1994; HERRICK e STONE, 1996). Vários estudos foram realizados com a intenção de comparar a eficiência de diferentes modelos de periodização visando à obtenção dos melhores resultados nas distintas manifestações da força (força máxima, potência e resistência de força) (HARTMANN et al., 2009; HERRICK e STONE, 1996; RHEA et al., 2003b; WOLFE e COLE, 2004; BROWN e GREENWOOD, 2005; PRESTES et al., 2009a). Nesta revisão serão abordados dois métodos de periodização que são objetivo do presente estudo: o modelo de periodização tradicional ou linear e o modelo de periodização não-linear ou ondulatório.

113 Modelo de Periodização Tradicional ou Linear Dentre os modelos de periodização da força muscular que podem ser utilizados estão a periodização linear, que consiste no aumento gradual da intensidade e diminuição do volume, com mudanças ocorrendo dentro de ciclos com duração de uma a quatro semanas aproximadamente (RHEA et al., 2003a; PRESTES et al., 2009a; PRESTES et al., 2009b). A intensidade e o volume de treinamento são mantidos constantes durante as fases do treinamento, somente havendo modificações de aumento na intensidade e diminuição do volume ao final do ciclo proposto na periodização (Figura 5). Volume 15-20RM 10-12RM 80-85% 1RM Intensidade 60-65% 1RM 70% 1RM 6-8RM 1ª a 6ª semana 7ª a 10ª semana 11ª a 14ª semana Adaptado de Prestes et al. (2010), pag. 105 FIGURA 5 - Modelo de periodização com aumento da intensidade e diminuição do número de repetições a cada ciclo de treinamento. Em geral, o objetivo principal da periodização, e em particular da periodização linear, é propiciar uma variedade de características do desempenho (potência, força ou resistência muscular localizada) a uma elevada taxa de desenvolvimento, proporcionando o máximo de desempenho no momento exato do pico de treinamento, evitando qualquer estagnação, lesões e overtraining. Isto é alcançado através da variação dos mesociclos dentro do período de preparação e competição (STONE, O BRYANT e GARHAMMER 1981; FLECK e KRAEMER, 2006). A dinâmica de distribuição das cargas de treinamento neste tipo de periodização é assim descrita: volume de formação inicial elevado com menor intensidade (fase de hipertrofia), seguido por um aumento da intensidade com a diminuição simultânea de

114 114 volume (fases de potência e de força) convergindo para um pico de intensidade. Considerando que cada fase de formação tem a duração de 2 a 6 semanas, o ciclo completo de formação varia ao longo de aproximadamente 8 a 24 semanas (STONE, O BRYANT e GARHAMMER, 1981). A longo prazo, acredita-se que a periodização é o fator decisivo para a elevação da potência e força máxima da musculatura e da área de secção transversal do músculo. Os primeiros estudos sobre a periodização no treinamento de força tiveram o objetivo de comparar o modelo não-periodizado com o modelo de periodização linear, tendo o objetivo principal, verificar se os modelos periodizados são superiores aos nãoperiodizados em termos de resultados. Stone, O`Bryant e Garhammer (1981) a partir de uma amostra de 90 homens universitários treinados, verificou um aumento significativamente maior na força máxima (1RM), nos saltos verticais, na massa corporal magra, além de uma diminuição no percentual de gordura dos indivíduos que realizaram o treinamento com periodização linear, quando comparados com o não-periodizado, ambos em seis semanas de treinamento. Outros estudos (O BRYANT, BYRD e STONE, 1988; MCGEE et al., 1992; WILLOUGHBY, 1992; WILLOUGHBY, 1993) confrontaram o treinamento com periodização linear com o não-periodizado, e encontraram ganhos significativamente maiores de força, de desempenho motor, de massa corporal total, massa corporal magra e diminuição do percentual de gordura corporal para os indivíduos que realizaram o treinamento com periodização linear. McGee et al. (1992), comparando 3 modelos de periodização: um modelo nãoperiodizado de série única (uma série por exercício), um modelo não-periodizado com séries múltiplas (mais de uma série por exercício) e um modelo com periodização linear (também de séries múltiplas), em relação ao desenvolvimento da resistência de força, constataram que, apesar de não haver encontrado diferença significante na força entre os grupos com periodização linear e não-periodizado com de séries múltiplas, estes foram superiores aos obtidos pelo grupo não-periodizado com de séries simples, o que os levou a concluir que o modelo de treinamento para o desenvolvimento da resistência de força é volume-dependente, ou seja, séries múltiplas seriam superiores às simples. Além disso, parece que a simples manipulação de volume exerceu grande influência sobre a melhora observada, visto que, apesar de o grupo com periodização linear ter realizado um menor volume de séries múltiplas que o de série única, ambos obtiveram resultados

115 115 similares. Foi observado que na fase inicial (duas primeiras semanas) de treinamento do grupo com periodização linear gerou adaptações suficientes na resistência de força, e que talvez estas tenham sido mantidas pelo aumento da intensidade nas semanas seguintes. Kraemer et al. (2000), analisaram em vinte e quatro tenistas do sexo feminino, o efeito do volume de treinamento de força sobre o desenvolvimento das habilidades no desempenho competitivo. Para isso, as atletas foram divididas em três diferentes grupos: um grupo controle, que não realizava treinamento de força, um grupo que realizava treinamento com periodização linear com múltiplas séries, e um treinamento nãoperiodizado com série única. A amostra foi avaliada em um pré-teste com 4, 6 e 9 meses de treinamento. As variáveis examinadas foram: composição corporal, potência anaeróbica, avaliação da força máxima (1RM) e máxima velocidade de saque. Durante todo o protocolo de testes não foram observadas mudanças significativas na massa corporal em nenhum dos grupos. No entanto, foram observados aumentos significantes na massa muscular livre de gordura, e diminuição do percentual de gordura no grupo com treinamento periodizado após 4, 6 e 9 meses de treinamento. Um aumento significante na potência foi observado somente no grupo com treinamento periodizado de forma linear após 9 meses de treinamento (KRAEMER et al., 2000). O desempenho de força foi medido no teste de 1 RM nos exercícios supino reto, abdução de ombros livre e no leg press. Foram observados aumentos significantes após 4,6 e 9 meses de treinamento para o grupo de treinamento periodizado de forma linear, enquanto para o grupo de treinamento em forma de séries simples não-periodizado foram observados aumentos significativos somente após o 4º mês de treinamento. Na velocidade do saque foram observados melhoras significativas para o grupo de treinamento periodizado após 4 e 9 meses de treinamento, enquanto não foram observadas mudanças significativas para o grupo de treinamento em circuito simples. Os resultados demonstraram a superioridade do treinamento com periodização linear direcionado para o esporte com alto volume de treinamento quando comparado ao treinamento com baixo volume, e séries simples não-periodizados, quando o objetivo é melhorar o desempenho atlético competitivo (KRAEMER et al., 2000). Em outro estudo, Kraemer et al. (2003), compararam o treinamento com periodização linear com o não-periodizado. A amostra foi composta por mulheres treinadas em tênis. Avaliações para a composição corporal, potência anaeróbica, VO 2max, velocidade, agilidade, força máxima, a altura do salto, velocidade do saque de

116 116 tênis, e concentrações séricas hormonais foram realizadas antes e após 4, 6 e 9 meses de treinamento de força realizado 2-3 vezes por semana. Após os treinamentos, Kraemer et al. (2003), verificaram um aumento significante na massa magra e uma diminuição significativa do percentual de gordura sem diferença entre os grupos com treinamento de periodização linear e o não periodizado. O pico de potência foi significativamente maior no grupo com periodização linear em relação ao grupo não-periodizado após 4 e 6 meses de treinamento, porém, com 9 meses os valores de potência foram semelhantes entre os dois grupos. O VO 2máx. diminuiu significativamente após 9 meses de treinamento linear e não-periodizado. No entanto, não foram encontradas diferenças no VO 2máx entre os grupos em nenhum momento. A velocidade medida através de sprints e o teste de agilidade não se alteraram após os treinamentos em ambos os grupos em qualquer ponto do tempo. A altura do salto vertical com contra movimento aumentou significativamente durante os dois treinamentos, mas o aumento percentual da altura do salto depois de 9 meses foi significativamente maior após o treinamento com periodização linear. A força máxima aumentou significativamente em ambos os grupos, sem diferença significante entre os mesmos. As concentrações de IGF-1, testosterona e cortisol tiveram um aumento significante em ambos os grupos, inclusive no grupo controle, sugerindo que parte do aumento se deve à prática do tênis. As concentrações foram significativamente maiores no grupo com periodização linear que ambos os grupos não-periodizado e controle, após 4 e 9 meses de treinamento, mas não depois de 6 meses (apenas maior que o grupo controle). Por último, as velocidades do saque, backhand e forehand aumentaram significativamente nos grupos periodizado e nãoperiodizado, porém os aumentos percentuais no saque, backhand e forehand foram, ao final de 9 meses de treinamento, significativamente maiores no treinamento com periodizado linear. Marx et al. (2001) compararam as adaptações em um treinamento de força com baixo volume (série única), não-periodizado, e um treinamento de força com alto volume (múltiplas séries), com periodização linear, no desempenho muscular de mulheres destreinadas, além de analisar as alterações hormonais causadas pelos treinamentos. Os treinamentos tiveram duração de 24 semanas e analisaram 50 mulheres. No protocolo de testes foram analisados desempenho de força muscular (1RM e número máximo de repetições a 80% de 1RM), potência anaeróbica em ciclo ergômetro, salto com contra movimento e um sprint de 40 jardas. Além disso, ainda

117 117 foram medidas as concentrações de hormônio do crescimento, testosterona, cortisol e IGF-1 (MARX, 2001). Não houve diferença significante na massa corporal para os grupos durante o período de treinamento de 6 meses. Uma redução significativa no percentual de gordura corporal foi observado com 12 semanas para ambos os grupos com treinamento. No entanto, somente o grupo com treinamento de periodização linear apresentou maior redução da gordura corporal ao final de 24 semanas. Tanto o grupo com treinamento linear quanto o grupo com treinamento não-periodizado apresentaram aumento significativos no teste de 1 RM após 12 semanas de treinamento, porém, somente o grupo de treinamento com periodização linear aumentou significativamente o 1RM na segunda metade do treinamento. O número de repetições executadas com 80% de 1RM para o supino aumentou significativamente em 12 semanas, apenas no grupo com treinamento linear. No teste de potência anaeróbica aumentou apenas para o grupo com treinamento linear. Já no teste de salto verticais, houve aumento significante em ambos os grupos, porém após a segunda metade do treinamento somente o grupo com treinamento linear obteve melhoras significativas. Apenas o grupo com treinamento linear melhorou significativamente o tempo do sprint de 40 jardas ao final dos 24 meses. Quanto à concentração hormonal, ambos os grupos com treinamento tiveram aumento nos níveis de testosterona com 12 semanas de treinamento, porém, somente o grupo com treinamento periodizado continuou aumentando a concentração na segunda metade do estudo. As concentrações de cortisol diminuíram significativamente com 12 e 24 semanas no grupo com treinamento periodizado. Não foram observadas diferenças significantes no grupo de treinamento com baixo volume e série única. Não houve diferença significante nos níveis de GH em ambos os grupos (MARX, 2001). Prestes et al. (2006) associado um treinamento aeróbio com o treinamento de força com periodização linear, num período de 16 semanas, promoveu redução significativa no porcentual de gordura, e nas circunferências do abdome e da cintura em uma pesquisa realizada com 40 indivíduos sedentários, sendo 20 homens e 20 mulheres, com idade de anos. Os autores concluem que o treinamento com periodização linear associado a exercícios aeróbios e com pesos, constitui um importante instrumento para a melhora da composição corporal de indivíduos com sobrepeso, podendo melhorar a saúde e qualidade de vida (PRESTES, et al. 2006). Em outro estudo Prestes et al. (2009a) avaliaram o efeito de um programa de treinamento de força de 12 semanas, com diferentes modelos de periodização sobre a

118 118 composição corporal e níveis de força em mulheres entre 20 e 35 anos de idade. Foram divididos dois grupos: de periodização linear (n=10) e periodização linear reversa (n=10). A intensidade foi aumentada semanalmente; o grupo com periodização linear começou com RM atingindo cargas de 4-6RM, enquanto o grupo com periodização linear reversa começou com 4-6RM e terminou com 12-14RM. Em todos os exercícios, três conjuntos foram realizados, número de repetições e descanso entre as séries e os exercícios estavam de acordo com a intensidade prescrita semanalmente. As avaliações foram realizadas a linha de base (A1), após 4 semanas de formação (A2), após 8 semanas (A3), após 12 semanas (A4), e depois de 1 semana de destreinamento (A5). Foram avaliadas a massa de gordura e massa livre de gordura, força máxima (supino, puxada para baixo, rosca direta e extensão da perna). Houve um aumento da massa livre de gordura e de uma diminuição na massa de gordura em comparação com A4 e A1 apenas para o grupo com periodização linear. Tanto o grupo linear e grupo linear reversa apresentou ganhos significantes nos níveis de força máxima em todos os exercícios analisados. No entanto, com a periodização linear, os aumentos foram maiores quando comparados com o grupo com periodização linear reversa. Em termos práticos, a periodização linear é mais eficaz para a resistência e a hipertrofia em comparação com periodização linear reversa. Kerksick et al. (2009) compararam a composição corporal e a força muscular de membros inferiores e superiores em um grupos de homens em idade universitária (18-22 anos; n = 24) e de meia-idade (35-50 anos; n = 25) durante 8 semanas, que foram submetidos a um programa de treinamento de força com periodização linear. Durante as semanas de 1-4 os indivíduos completaram de 3-6 seis séries de exercícios a uma intensidade de 10RM; em seguida a carga foi aumentada para 8 RM durante as semanas 5-8. Os resultados pré e pós intervenção mostraram programa de treinamento de força com periodização linear, provocou aumento significante na força muscular no teste de 1RM no supino e leg press, e na massa magra em ambos os grupos ao longo do tempo. Além disso, os homens de meia-idade perderam significativamente mais massa gorda e diminuiu significativamente % de gordura corporal, em comparação com os homens em idade universitária. Mann et al. (2010) examinaram durante 6 semanas, 23 jogadores de futebol americano colegiais da 1ª divisão (2,65 ± 0,8 anos de treinamento) divididos em dois grupos, com o objetivo de comparar os efeitos de um programa de treinamento pelo método da autorregularão progressiva do exercício de força (AREF, n=12), no qual o

119 119 atleta aumenta a progressão da carga no seu próprio ritmo, com base em variações diárias e semanais do desempenho, ao contrário da periodização tradicional linear (PL, n=11), onde o aumento na intensidade do exercício é realizado de semana para semana. Análise de variância (ANOVA) e análise de covariância (ANCOVA), foram usadas para determinar as diferenças entre grupos. Os grupos submetidos aos exercícios de força progressiva autoreguladora demonstraram diferença significante no teste de 1RM no supino (AREF, 93,4 ± 103N vs PL: -0,40 ± 49,6N; ANCOVA: F = 7,1; p = 0,02), na estimativa de 1RM no agachamento (AREF: 192,7 ±199N vs PL: 37,2 ±155N; ANOVA : F = 4,1, p = 0,05) e pelo teste de maior número de repetições realizado com um peso de 225 libras (AREF: 3,17 ± 2,86 vs PL: -0,09 ± 2,40 repetições; ANCOVA : F = 6,8, p = 0,02 ) em comparação com o grupo de PL. González-Rave, Arija e Clemente-Suarez (2011) avaliaram os efeitos de 24 semanas de treinamento de força com periodização linear no desempenho do salto e na composição corporal em 10 jogadoras de voleibol feminino da 1ª divisão da liga espanhola ( 27,41 ± 4,94 anos; 72,2 ± 8,5 kg; 179,7 ± 6,4 centímetros). A progressão do treinamento foi assim periodozada: condicionamento geral (semanas 1-4), a hipertrofia muscular (semanas 5-8), força máxima e potência muscular (semanas 9-16), e treinamento de força específico (semanas 17-24). A composição corporal foi medida por meio de análise de bioimpedância elétrica e capacidade neuromuscular foi estimada pelo salto agachamento e salto contramovimento. Foi observado aumento da massa muscular em (4,5 %), massa livre de gordura (4,38 %), diminuição da porcentagem de gordura (13,90%) e no desempenho neuromusculares (20,89%) Modelo de Periodização Ondulatório ou Não-linear Uma alternativa de mudança em relação a periodização do treinamento de força no modelo tradicional linear, desenvolvida por Poliquin (1988), é conhecida como periodização ondulatória ou não-linear. A periodização ondulatória ou não-linear propicia variações mais frequentes em volume e intensidade em uma base diária ou semanal, ou seja, a variação dos componentes do treinamento é mais frequente sendo efetuada em períodos mais curtos, permitindo ao sistema neuromuscular períodos mais frequentes de recuperação. As fases são muito mais curtas, proporcionando mudanças mais frequentes nos estímulos, que podem ser altamente favoráveis ao ganho de força

120 Porcentagem de 1 RM 120 (POLIQUIN, 1988; RHEA et al., 2003b; KRAEMER et al., 2003; FLECK, 1999; MARX, 2001; KRAEMER et al., 2000, KRAEMER E FLECK, 2007) (Figura 6). Durante a periodização ondulatória ocorre uma constante oscilação entre volume e intensidade do treino de força, podendo acontecer entre 1 e 2 semanas (RHEA et al., 2003b) ou até alterar a carga de treino (o volume e a intensidade) de um dia para o outro (HOFFMAN et al., 2009), dependendo do objetivo do treinamento. A não linearidade entre volume e intensidade permite que a intensidade seja mais alta e os ganhos na força sejam mais significativos (p 0,05) (RHEA et al.,2002b). Isso ocorre porque a oscilação da carga permite uma recuperação ativa do atleta Progressão Semanal Adaptado de Prestes et al. (2010), pag. 106 FIGURA 6 Modelo de periodização ondulatória diária. Variação do volume e da intensidade durante a semana de treinamento. No treinamento de força com periodização não-linear o atleta trabalha mais de uma capacidade motora (KRAEMER et al., 2003). Os benefícios na força são observados num período de 3 e 6 meses de prática nesse modelo (FLECK e FIGUEIRA JUNIOR, 2003). Como num espaço curto de tempo essa periodização gera um aumento constante na força, pode-se considerar que o esportista atinge vários picos de força e em outras capacidades motoras ao longo da temporada.

121 121 As fases da periodização não-linear são compostas pela fase de hipertrofia, pela fase de força máxima, pela fase de força rápida, pela fase de pico e fase de descanso ativo (mesma função do período de transição) (BACURAU et al. 2001). O mais usual é a aplicação da fase de força máxima e da fase de força rápida no treinamento, visando à fase de pico na competição ou no momento mais importante da temporada. Também é comum acontecer no mínimo uma ou duas vezes a fase de descanso ativo. Poucos estudos examinaram diretamente a eficácia entre os programas de treinamento com periodização linear e ondulatória. Kraemer et al. (2000) compararam a eficácia de um programa de periodização ondulatória com um protocolo de treinamento em circuito com série única, durante um período de nove meses em tenistas colegiais. O estudo avaliou diversas variáveis de desempenho, incluindo a força muscular, e descobriu que o grupo com periodização ondulatória demonstrou aumentos significativos no teste de 1RM no supino, elevação lateral do ombro, leg press no 4, 6 e 9 mês de treinamento. O grupo com série única só aumentou significativamente a força no 4 mês de treinamento. Apesar dos resultados positivos encontrados com a periodização ondulatório, o estudo não comparou um programa de periodização ondulatório com um programa de periodização linear. Os autores concluem que os resultados encontrados no grupo submetido ao programa com periodização ondulatório, podem ser devidos a superioridade de um programa periodizado em relação a um programa com série única. Baker, Wilson e Carlyon (1994) não encontraram diferença significante na força muscular nos teste de 1RM nos exercícios de agachamento, supino reto e salto vertical, em 22 atletas do sexo masculino, submetidos a um programa de 12 semanas de treinamento de força muscular, divididos em 3 grupos: controle sem periodização (n=9), com periodização linear (n=8) e com periodização ondulatória (n=9). Este estudo alterou o volume e intensidade a cada 2 semanas no grupo da periodização ondulatória, e a cada 3 e 4 semanas no grupo linear. As alterações nas variáveis do treinamento não mostraram diferenças significantes na melhoria da força muscular quando o volume de treinamento e intensidade relativa eram equiparados. Apesar de não ter sido encontrado diferença significante entre os grupos, o modelo de periodização ondulatória apresentou maiores ganhos percentuais significativos em força do que nos outros programas. A pesquisa de Rhea et al. (2002a) teve o objetivo de comparar séries simples e múltiplas de treinamento com pesos para ganhos de força em dezesseis homens (idade = 21 ± 2,0 anos) aleatoriamente designados, divididos em dois grupos: série única (S-1,

122 122 n = 8) e com 3 séries (S-3, n = 8), que treinaram 3 dias por semana durante 12 semanas. Os sujeitos da amostra foram treinados de acordo com a periodização ondulatória diária, envolvendo exercícios de supino e leg press entre 4RM e 8RM. A intensidade do treinamento foi igualado em ambos os grupos. A análise de variância com medidas repetidas revelou diferença estatisticamente significante, favorecendo S-3 no leg press (p <0,05, e efect size [ES] = 6,5). As diferenças entre os grupos S-1 e S-3, no exercício supino, ficaram muito próximas de serem considerada significantes (p = 0,07, ES = 2.3). Os resultados demonstram que para os indivíduos usando treinamento com periodização ondulatória diária, com três séries de treinamento são mais eficientes quando comparados a uma um modelo com uma série, para induzir ganhos de força máxima. Em outra pesquisa, Rhea et al. (2002b) compararam os ganhos de força em vinte homens com idade de 21 ± 2.3 anos, com experiência em treinamento de força, selecionados de forma aleatória, submetidos a periodização linear (PL, n=10) e periodização ondulada diária (POD, n=10). O grupo PL seguia a forma tradicional de periodização com a diminuição do volume e aumento na intensidade, realizando séries de 8 RM durante as semanas de 1 a 4; 6 RM durante semanas 4 a 8, e 4 RM durante semanas 9a 12. O grupo POD seguiu um programa de treinamento com pesos, alternando o treinamento de um dia para o outro (segunda-feira, 8 RM; quarta-feira, 6 RM; sexta-feira, 4 RM). A análise de variância com medidas repetidas revelou diferença estatisticamente significante em favor do grupo POD entre T1 para T2 e T1 a T3. Os autores concluíram que fazer alterações de programa em uma base diária foi mais eficaz para provocar ganhos de força do que fazê-lo a cada 4 semanas. Rhea et al. (2003a) verificaram o efeito da força muscular, comparando diferentes periodizações: linear (PL), linear reversa (PLR) e ondulatória diária (POD) em um programa de treinamento visando o aprimoramento da resistência muscular. Sessenta indivíduos iniciantes em treinamento de força (30 homens, 30 mulheres) foram aleatoriamente selecionados. O grupo PL realizou séries de 25RM, 20RM, 15RM, mudando a cada 5 semanas. O grupo PLR progrediu na ordem inversa (15RM, 20RM, 25RM), mudando a cada 5 semanas. O grupo POD ajustou as variáveis do treinamento a cada sessão de exercício (25RM, 20RM, 15RM, repetindo por 15 semanas). Volume e intensidade foram equiparados para cada programa de treinamento.os resultados evidenciaram que todos os grupos apresentaram aumentos significantes na resistência muscular, com aumento médio de 55,9% na periodização

123 123 linear, 54,5%, na periodização ondulatória e 72,8% na periodização linear reversa, em indivíduos treinados em programas de treinamento de força. Os autores concluíram que aumentos graduais de volume e diminuição gradual da intensidade foi o programa mais eficaz para aumentar a resistência muscular. Buford et al. (2007) compararam três modelos de periodização, durante um programa de treinamento de 9 semanas com o volume e a intensidade equacionado para a força. Foram comparados os modelos de periodização linear, periodização ondulada diária, e periodização ondulada semanal. O programa de treinamento para cada grupo foi de 9 semanas, com uma frequência de três vezes por semana. Os atletas foram testados em 4 semanas para ajustar o seu 1 RM. Cinco semanas mais tarde, eles foram testados novamente para comparar os resultados. Embora todos os três grupos melhorarem a força, não foram encontradas diferenças significantes entre os grupos. Kok, Hamer e Bishop (2009) compararam as alterações na força em mulheres não treinadas, submetidas a dois programas de treinamento força muscular: um com periodização linear (PL), e outro com periodização ondulatória (PO), combinado a carga de trabalho total e a intensidade média até o final do programa de treinamento.vinte mulheres foram treinadas (3 semanas) e avaliadas no teste de 1RM no agachamento (1RMG) e supino (1RMS) antes de ser designado para o grupo PL ou PO (9 semanas), com treinamento realizado em 3 dias por semana. Força máxima, potência média durante os saltos de agachamento com contra-movimento (SACM) e arranque no supino (AS), massa corporal, circunferência dos membros superiores e inferiores, e área transversal do músculo (ATM) foram avaliados no início (T1) e a cada 3 semanas (T2, T3 e T4), para diferenciar a eficácia de PL e PO. Ambos os grupos melhoraram significativamente em 1RMG (PL = 34,8%, PO = 41,2% ), 1RMS (PL = 21,8%, PO = 28,3 %), na potência média do SACM (PL = 10,4%, PO = 9,5 %) e AS (PL = 11,1%, PO = 13,8%); no circunferência do braço (PL = 1,14%, PO = 1,73 %) e da coxa (LP = 1,58%, PO = 1,99% ), mas, sem diferença significante entre eles. ATM para o grupo PL aumentou significativamente em T2 antes de manter respostas hipertróficas semelhantes até T4, enquanto que o grupo PO obteve aumentos significativos de T1 para T2 e T2 para T3, antes de se estabilizar entre T3 e T4. Aumento na ATM foi maior do que o encontrado anteriormente (6,8 %, em T2, 11,3 % de T3, e 11,8 % em T4). A comparação do treinamento com sobrecarga de volume e intensidade entre a PL e PO sugere que os dois programas foram igualmente hábeis na melhoria de diferentes qualidades de força em mulheres ativas, mas não treinadas.

124 124 Hartmann et al. (2009), comparou os efeitos de dois diferentes modelos de periodização de força e potência sob condições dinâmicas e estáticas no supino, em homens treinados em musculação. A amostra foi dividida em três grupos (controle, treinamento periodizado de força e potência, e treinamento ondulatório com variação diária). Foram avaliados a máxima velocidade de movimento (Vmáx) e o teste de 1RM, além da contração voluntária máxima (CVM) e a taxa de desenvolvimento da força (MRFD), em isometria, todos no exercício supino. A medição do peso corporal não apresentou diferenças estatisticamente significativas do início para o pós-treinamento nos 3 grupos. Tanto o treinamento periodizado de força e potência quanto o treinamento ondulatório com variação diária, tiveram aumento significante na performance no teste de 1RM no supino, sem diferença estatística significante entre os grupos. Ambos os grupos experimentais mostraram uma diferença significante quando comparados com o grupo controle, que não obteve nenhuma mudança significante. Em relação à CVM e MRFD, nenhum grupo apresentou diferença significante após o período de treinamento. Já a máxima velocidade de movimento, aumentou significativamente em ambos os grupos experimentais, sem diferença significante entre eles, mas com diferença significante quando comparados com o grupo controle, que não sofreu nenhuma alteração (HARTMANN et al.,2009). Prestes et al. (2009b) compararam o efeito do treinamento periodizado linearmente e o ondulatório na força máxima, e a composição corporal em indivíduos adultos. Não foi encontrada diferença significante na composição corporal nos dois grupos. Em relação à força máxima, os resultados obtidos apresentaram maior ganho no grupo submetido ao treinamento ondulatório, embora diferença significante não tenham sido encontradas entre os grupos. Contudo, o aumento da força muscular e as alterações ao término do microciclo de uma semana na base diária foram mais eficazes do que se esperava. Monteiro et al. (2009) compararam os ganhos de força após 12 semanas de treinamento de força utilizando rotinas com modelos não-periodizado (NP), periodização linear (PL), e periodização não-linear (PNL). Vinte e sete homens experientes em treinamento de força foram recrutados e aleatoriamente designados para um dos três grupos: NP, PL e PNL. Ganhos de força nos exercícios leg press e supino foram avaliadas. Não houve diferenças entre os grupos de formação em pré-testes de exercício ( p> 0,05). O grupo PNL foi o único grupo a aumentar significativamente a força máxima no supino durante todo o período de treinamento de 12 semanas. Neste

125 125 grupo, a força na parte superior do corpo aumentou significativamente a partir de prétreinamento para a 4ª semana ( p <0,0001), da 4ª para a 8ª semana ( p = 0,004), e da 8ª semanas para o pós-treinamento (p < 0,02). O grupo PNL também exibiu um aumento em 1RM no leg press (pré- treinamento para 4ª semana, 4ª-8ª semanas, e 8ª semana pós- treinamento, p <0,0001). O grupo PL demonstrou aumento na força depois da 8ª semana de treinamento (p < 0,02). Não houve novos aumentos de força a partir da 8ª semana para o teste pós-treinamento. O grupo NP não mostrou aumento na força após o período de treinamento de 12 semanas. Não foi observada diferença significante nos perfis antropométricos entre os modelos avaliados. Os dados sugerem que a PNL foi mais eficaz em aumentar força tanto na parte superior e inferior do corpo, para indivíduos treinados. Hoffman et al. (2009) avaliaram cinquenta e um jogadores de futebol americano, divididos em três grupos que diferiam apenas na manipulação da intensidade e volume de treinamento durante 15 semanas de programa de treinamento de força. O grupo 1 participou de um programa de treinamento não-periodizado (NP), o grupo 2 participou de um programa de treinamento tradicional com periodização linear (PL), e o grupo 3 participou de uma programa de treinamento com periodização não-linear (PNL). Teste de força e a potência musculares foram realizadas antes do treino (PRE), num período intermediário após 7 semanas de treinamento (INT), e no final do programa de treinamento (POS). Aumentos significantes no teste de 1RM no agachamento, supino, e salto vertical foram observados a partir de PRE para INT para todos os grupos. Esses aumentos foram ainda significativamente maiores do PRE para o POST em todos os grupos, no entanto, estas mesmas mudanças não foram vistas do MID para o POS em todos os grupos. Os resultados não fornecem uma indicação clara quanto ao programa de treinamento mais eficaz para a melhora da força em jogadores de futebol já treinados. Estes dados indicam que períodos mais longos de treinamento são necessários após um período de recuperação ativa de longo prazo, e que a recuperação ativa pode ter de ser encurtada drasticamente para melhor otimizar a força e a potência em jogadores de futebol previamente treinados. McGuigan et al. (2009) investigaram o efeito de um programa de treinamento de força com periodização ondulatória durante de 8 semanas em quarenta e oito crianças que estavam com sobrepeso ou obesos. (n = 26 meninas e 22 meninos, com idade de 9,7 anos). Medidas antropométricas da composição corporal, força e potência muscular foram avaliadas antes e após a intervenção de treinamento. Houve uma redução

126 126 significativa na percentagem de gordura corporal absoluta de 2,6% (p=0,003), e um aumento significativo da massa corporal magra de 5,3% (p=0,07). Não houve mudança significante na altura, peso, índice de massa corporal, massa gorda total. Houveram aumentos significativos no teste de 1RM no agachamento (74%), no número de flexões (85%), na altura do salto contramovimento (8%) e na altura do salto estático (4%). Estes resultados demonstram que o programa de treinamento de força muscular implementado, produz mudanças significantes na composição corporal e nas medidas de força. O programa de periodização ondulatória proporcionou aumento significativamente a massa corporal magra, diminuição na porcentagem de gordura corporal e aumenta a força e potência muscular em crianças que estão com sobrepeso e obesos. Foschini et al. (2010) compararam os efeitos de dois modelos de periodização sobre os fatores de risco da síndrome metabólica em adolescentes obesos, e verificaram se a enzima genótipo conversora de angiotensina (ACE) é importante para estabelecer esses efeitos. Um total de 32 adolescentes pós-puberes obesos foram submetidos a treinamento aeróbio (TA) e treinamento de força (TF) durante 14 semanas. Os indivíduos foram divididos em periodização linear (PL, n = 16) e periodização ondulatória diária (POD, n = 16). A composição corporal, gordura visceral e subcutânea, glicemia, insulinemia, modelo de avaliação da homeostase da resistência à insulina (HOMA-IR), perfil lipídico, pressão arterial, o consumo máximo de oxigênio, taxa metabólica de repouso (RMR), resistência muscular foram analisadas no início do estudo e após a intervenção. Ambos os grupos demonstraram uma redução significante da massa corporal, IMC, gordura corporal, gordura visceral, subcutânea total, lipoproteína de baixa densidade e pressão arterial; e um aumento significante na massa livre de gordura, VO 2max e resistência muscular. No entanto, apenas POD promoveu uma redução nas concentrações de insulina e HOMA-IR. É importante ressaltar que não houve diferença significante entre os grupos PL e POD, no entanto, parece haver mudanças maiores no grupo POD que no grupo PL em alguns dos fatores de risco da síndrome metabólica em adolescentes obesos em relação ao efect size (ES). Ambos os modelos de periodização apresentaram um grande efeito sobre a resistência muscular. Apesar da limitação na dimensão da amostra, os resultados sugerem que o genótipo ACE pode influenciar as características funcionais e metabólicas de adolescentes obesos e podem ser considerados em futuras estratégias para o controle da obesidade em adolescentes.

127 127 Vanni et al. (2010) avaliaram os efeitos de um treinamento de força de 28 semanas com periodização linear (PL, n=14) comparado com um modelo com periodização ondulatória (PO, n=13) na densidade mineral óssea (DMO), na força muscular, nas variáveis antropométricas e nos parâmetros de lesão muscular em 27 mulheres na pré-menopausa. Os testes de força muscular dinâmica máxima e submáxima foram medidos por meio de testes de 1RM e 20 RM, respectivamente. Dados antropométricos como massa corporal, dobras cutâneas, perímetros, foram avaliados, e os parâmetros de lesão muscular foram obtidos por meio de coletas de sangue, sendo analisados a creatina quinase (CK) e da dor muscular de início tardio (DMIT). DMO manteve-se inalterada em ambos os grupos, apesar de aumentos significativos na força muscular máxima (PL, % ; PO, 40-70% ) e submáxima (PL, % ; PO, %). O perímetro da coxa distal foi aumentada (cerca de 1,7 cm) em ambos os grupos. CK e DMIT foram maiores no primeiro mesociclo do que nos subsequentes. Em ambos os grupos a DMO não foi alterada, mas a força muscular aumentou. Houveram alterações nos parâmetros antropométricos e danos musculares, indicando que nesta população, estes modelos são semelhantes a respeito dessas variáveis. Com o objetivo de estudar os efeitos na força e na potência muscular pela periodização não-linear flexível (PNLF) em comparação com uma periodização nãolinear (PNL); McNamara e Stearne (2010) reuniram 16 estudantes iniciantes em musculação, designados aleatoriamente para um grupo PNLF (n=8) ou um grupo PNL (n=8). O programa de exercícios incluía uma combinação de máquinas e pesos livres, com duração de 30 minutos, duas vezes por semana, durante 12 semanas consecutivas. Ambos os grupos foram atribuídos o mesmo volume de treinamento com repetições e as mesmas atribuições máximas com séries de 10, 15 e 20 repetições. O grupo PNLF, no entanto, teve a possibilidade de escolher em que dia eles completariam as 10, 15, ou 20 repetições de exercícios. Essa foi a única diferença entre os grupos. Medidas de pré- e pós-teste foram realizadas no teste de 1RM para o supino, leg press e salto vertical contra-movimento. O grupo PNLF apresentou aumento significante em para todos os aparelhos (p <0,05), enquanto o grupo PNL apenas apresentou aumento significante apenas no exercício leg press. O grupo PNLF não diferiu significativamente no salto vertical contra-movimento quando comparado ao grupo PNL. Os autores concluem que um programa de PNLF pode ser um método altamente eficaz para melhorar a força muscular dos membros inferiores.

128 128 Apel, Lacey e Kell (2011) compararam as adaptações obtidas durante 12 semanas de treinamento de força com modelo de periodização linear (PL) e periodização ondulatória semanal (POS). Quarenta e dois homens ativos (idade = 22 ± 2,3 anos) foram aleatoriamente designados para um dos três grupos: controle (C) (n=14), LP (n=14) ou POS (n=14). Os indivíduos treinavam 3 dias por semana (aproximadamente 135 min/semana) de 1 a 2 semanas, 4 dias por semanas entre a semana 3 à semana 12 (aproximadamente 180 min/semana). O grupo PL apresentou um aumento linear de intensidade, enquanto que o grupo POS teve uma intensidade variada. Os resultados mostraram que tanto a PL quanto a POS apresentaram aumento significante (p 0,05) em força nas semanas 8 e 12, mas na semana 12, o grupo PL não foi significativamente (p 0,05) mais forte do que o grupo POS. Estes resultados indicam que a PL apresenta um aumento linear na intensidade, sendo mais eficaz em provocar ganhos de força do que a POS com uma intensidade variada. As diferenças nos ganhos de força entre a PL e o POS podem estar relacionados com os períodos prolongados de dor muscular e fadiga que estavam presentes no grupo POS mas não no grupo de PL. Assim, durante o treinamento a longo prazo, os indivíduos podem beneficiar-se mais de programas de PL, porque pode haver menor dor muscular e fadiga para interromper a prática e o treinamento. Miranda et al. (2011) verificaram os efeitos das periodizações do treinamento de força linear (PL) e ondulatória diária (POD) com cargas de 1RM e 8RM, durante 12 semanas nos exercícios leg press e supino, em vinte praticantes de treinamento de força do sexo masculino. O programa de treinamento foi realizado em sessões alternadas para a parte superior (sessão A: peito, ombro e tríceps) e parte inferior do corpo (sessão B: perna, costas e bíceps). Ambos os grupos apresentaram aumento significante nas cargas de 1RM, mas não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos. No entanto, o grupo POD apresentou uma efect size (ES) de magnitude considerada "grande" nas cargas de 1RM e 8 RM para os exercícios de leg press e supino, quando comparado ao grupo PL. Em conclusão, o treinamento de força periodizado pode ser um método eficiente para o aumento da força e resistência muscular em indivíduos treinados. Não houve diferença estatisticamente significante entre os modelos de periodização, porém, o grupo com POD apresentou valores superiores de ES na força muscular máxima (1RM) e força submáxima (8RM) quando comparado ao grupo com PL.

129 129 De Lima, et al. (2012) com o objetivo de verificar o impacto do treinamento de força muscular, durante 12 semanas, em séries com um grande número de repetições (15-30 RM), comparando dois modelos diferentes de periodização sobre a composição corporal, força máxima, resistência muscular e aptidão cardiorrespiratória, reuniram 28 mulheres sedentárias com idade entre anos, que foram aleatoriamente designados para: grupo controle (CON) (n = 8), periodização linear (PL) (n=10) e periodização ondulada diária (POD) (n=10). Os modelos PL e POD melhoraram significativamente a composição corporal, força máxima e resistência muscular. No entanto, não foram detectadas alterações significativas para a aptidão cardiorrespiratória. O grupo PL apresentou uma maior perda de gordura corporal (-12,73%) em relação ao POD (- 9,93%) (p=0,049), e efect size (ES) superior quando comparado com POD para força máxima e parâmetros de aptidão cardiorrespiratória (por exemplo, ES=0,53 para limiar ventilatório ). Em contraste, o grupo com POD apresentou significativamente (p=0,002) maior resistência muscular (129,43%) em relação ao PL (70,72%) no supino, e maiores ES em todos os exercícios. Pode-se sugerir que PL realizada com um elevado número de repetições pode ser considerado como um modelo adequado para periodização em mulheres jovens não treinadas por serem susceptíveis de conduzir à melhoria da composição corporal e desempenho de força máxima, ao passo que POD é mais eficaz para o desenvolvimento de resistência muscular. Painter, et al. (2012) compararam 31 atletas praticantes de futebol de ambos os sexos, que foram divididos em dois grupos: um grupo que realizou 10 semanas de treinamento com periodização em forma de bloco, e outro grupo que realizou um treinamento com periodização ondulatória (GPO). Durante a excussão do estudo, houveram quatro sessões de testes, que foram utilizadas para avaliar uma variedade de características de resistência. Não foi encontrada diferença estatisticamente significante entre os dois grupos de treinamento. No entanto, valores estatisticamente significante (p 0,05) foram encontrados para o volume estimado de trabalho (carga de volume) e na quantidade de melhoria por carga de volume entre os grupos com periodização em bloco e GPO. Com base em escores calculados de eficiência de treinamento, estes dados indicam que um modelo de treinamento com periodização em forma de blocos é mais eficiente do que um modelo GPO na produção de ganhos de força. A pesquisa de Ahmadizad et al., (2014) teve o objetivo de verificar os efeitos de 8 semanas de treinamento de força muscular com diferentes protocolos de periodização do treinamento de força em homens sedentários com sobrepeso com média de idade

130 130 23,4 ± 0,6 anos. A amostra foi dividida em quatro grupos: grupo controle (CON), nãoperiodizado (NP), periodização linear (PL) e periodização ondulatória diária (POD). Amostras de sangue foram coletadas antes e a 72h após o período de treinamento, sendo analisadas a adiponectina, a leptina, a glicose, e a insulina plasmática. A resistência à insulina diminuiu em todos os grupos de treinamento, mas foi encontrada diferença significante apenas nos grupos POD e CON (p<0,05). Após 8 semanas de treinamento de resistência muscular não foi observada alteração significante na concentração de adiponectina e leptina plasmática. Percentual de gordura corporal e relação cintura quadril (RCQ) diminuiu significativamente (p<0,05) após treinamento, enquanto nenhuma mudança significante foi detectada na massa corporal e IMC (p>0,05). A força máxima (1RM) no supino e no leg press aumentou significativamente após o treinamento de resistência em todos os grupos de treinamento (p<0,05). Smith et al. (2014) investigaram os efeitos no desempenho de jovens jogadores de futebol americano submetidos a um programa de treinamento de força utilizando o modelo de periodização não-linear, durante 10 semanas, 4 dias/semana. O treinamento do grupo 1 (n=20 idade: 18,95±0,76anos, altura: 186,63±7,21 centímetros, massa corporal: 97,66±18,17 kg, experiência: 1,05±0,22 anos) objetivou a aumento na hipertrofia muscular e ganhos de massa corporal. O treinamento do grupo 2 (n=20, idade: 20,05±1,05 anos, altura: 189,42±5,49 centímetros, massa corporal: 106,99±13,53 kg, e experiência: 2,35 ± 0,75 anos), priorizou o treinamento para o ganho de força muscular. O treinamento do grupo 3 (n=20, idade: 21,05±1,10 anos, altura: 186,56±6,73 centímetros, massa corporal: 109,8±19,96 kg, experiência: 4,4±0,50 anos) priorizou seu treinamento para o ganho de potência muscular. Os testes incluíram a avaliação da massa corporal (kg), uma repetição máxima (1RM) no supino (kg), e 1RM no agachamento (kg), e salto vertical contra-movimento (SVCM) (centímetros). Os resultados desta investigação foram os seguintes: grupo 1 obteve aumentos significante no teste de 1RM no agachamento e na potência máxima (p 0,05). O grupo 2 teve aumento significante no testes de 1RM no supino, e no teste de 1RM no agachamento e potência máxima (p 0,05). O grupo 3 teve um aumento significante na potência máxima (p 0,05). No grupo 1 o aumento estatístico significante era esperado por causa de pouca idade e formação histórica de treinamento relativamente reduzido, quando comparado com os grupos 2 e 3. No grupo 1 não foi visto um aumento significante na massa corporal. Nos grupo 2 e 3 a aumento significante era esperado. Inesperadamente, não foi observado em nenhum grupo aumento significante na altura máxima SVCM.

131 131 Priorização da força muscular parece afetar de forma global e positiva um programa de desempenho de futebol fora da temporada. Esta investigação mostrou que um programa de treinamento de força muscular com um modelo de periodização não-linear pode produzir resultados satisfatórios.

132 132 CAPÍTULO 3 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Delineamento do Estudo O presente estudo é um modelo longitudinal, comparativo e randomizado, com adolescentes nadadores de ambos os sexos que totalizou 18 semanas de um programa de treinamento de força muscular, estruturado com duas semanas de adaptação, três mesociclos de quatro semanas cada, e mais quatro semanas de avaliações. A duração do projeto considerou um macrociclo de treinamento e competição de natação Procedimentos de Seleção dos Sujeitos da Amostra Foi realizado contato com a Federação de Desportos Aquáticos de Roraima (FEDAR) quando foi exposto o projeto de pesquisa ao presidente da entidade. Em seguida, após autorização do presidente (ANEXO 3), foi realizada uma reunião com os técnicos das equipes filiadas à FEDAR, sendo exposto o projeto de pesquisa. Cinco equipes autorizaram a participação de seus atletas na pesquisa: Associação Aquática de Pais e Atletas de Boa Vista (APABV) (ANEXO 4); Associação dos Policiais e Bombeiros Militares do Estado de Roraima (ASSOPBM) (ANEXO 5); Instituto Batista de Roraima (IBR) (ANEXO 6); Centro de Tradições Gaúchas (CTG) (ANEXO 7); e Centro de Educação Integrado "Colmeia" (Colégio Colmeia) (ANEXO 6). Após este primeiro contato, foram realizadas reuniões de esclarecimentos sobre o projeto de pesquisa com as equipes interessadas: primeiro com os técnicos, posteriormente com os atletas de cada equipe; em dias distintos, sendo entregues uma carta de esclarecimento sobre a pesquisa (APÊNDICE 1) e um questionário diagnóstico com questões abertas e fechadas (APÊNDICE 2). O questionário visou a determinação de características individuais como: tempo de prática da natação, volume e intensidade de treinamento, aspectos competitivos, aspectos nutricionais, uso de recursos ergogênicos e práticas de treinamento de força anteriores, além de dados pessoais de identificação, contato e a disponibilidade de horário de realização do programa de treinamento de força.

133 133 Antes de iniciar a seleção dos sujeitos da amostra, foi realizada reunião conjunta no auditório do IFRR, onde foram convidados pais, responsáveis, atletas e técnicos de todas as equipes. Nesta reunião conjunta, foram apresentados todos os procedimentos que seriam aplicados durante o projeto de forma detalhada em uma exposição oral com o auxílio de recursos visuais. Na ocasião, foi assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE 3), pelos atletas interessados na participação no projeto de pesquisa, juntamente com a assinatura dos pais ou responsável legal, no caso dos atletas com idade inferior a 18 anos. Somente após a assinatura do TCLE é que foi recolhido o questionário diagnóstico. Todos os procedimentos experimentais desta pesquisa foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Judas Tadeu (45.262/2012) (ANEXO 9). Todos os participantes foram instruídos e estavam cientes dos procedimentos dos testes, e assinaram um TCLE pós-informado, conforme a resolução do Conselho Nacional de Saúde (196/96). Nesta primeira etapa apresentaram-se interessados na participação do projeto de pesquisa 55 nadadores, sendo 23 atletas do sexo feminino e 32 atletas do sexo masculino Critérios de Inclusão e Exclusão Os critérios de inclusão da pesquisa foram: 1) estar praticando natação competitiva há pelo menos dois anos; 2) ser atleta federado a Federação de Desportos Aquáticos de Roraima (FEDAR) há pelo menos dois anos, 3) ter participado ativamente nos eventos promovidos pela FEDAR nos últimos dois anos, 4) ter disponibilidade de horário para realização do treinamento de força muscular. Os critérios de exclusão da pesquisa foram: 1) ter feito uso de qualquer tipo de substância ergogênica (suplementos alimentares) nos seis meses que antecederam o início e durante o programa de treinamento, com exceção de carboidratos; 2) ausência nas sessões de treinamento em: a) mais de quatro sessões de treinamento alternadamente; b) mais de duas sessões consecutivas de treinamento; 3) ter participado de qualquer treinamento com pesos além das sessões prescritas no programa; 4) apresentar qualquer lesão ou impedimento motor.

134 Randomização dos Grupos Estudados Dos 55 atletas que apresentaram interesse na participação do projeto de pesquisa, apenas 22 atletas atenderam aos critérios de inclusão e exclusão, sendo estes 12 do sexo masculino e 10 do sexo feminino. Estes 22 nadadores selecionados foram submetidos ao processo de randomização. Para garantir homogeneidade da amostra os participantes foram randomizados por meio de um programa computacional gerador de aleatorização (Randomization 1.0), que utilizando os seguintes itens estabelecidos previamente pela coleta de dados: idade, sexo, o volume de treinamento diário e o melhor tempo de competição na prova de 100 metros nado livre; que determinou o grupo de cada participante. O programa utilizado foi extraído do site (Acesso em 30/03/2012) Caracterização da Amostra A amostra foi constituída por 22 atletas (12 homens e 10 mulheres) que atendiam aos critérios de inclusão da pesquisa. Estes nadadores foram submetidos às avaliações iniciais para randomização dos grupos. Foram divididos em dois grupos de 6 homens e 5 mulheres. Ao final, a amostra do projeto foi constituída de 17 indivíduos de ambos os sexos, integrantes de programas de treinamento de natação competitiva de entidades vinculadas a FEDAR. Os voluntários foram distribuídos em dois grupos: um grupo com periodização linear (GPL) e um grupo com periodização ondulatória (GPOn). Sua descrição está apresentada na tabela 1, a seguir: Os nadadores de ambos os grupos tinham valores de prática de natação que variou entre 3 e 8 anos, relatando que no período que antecedia a realização da pesquisa praticavam um volume de treinamento diário entre metros e metros, dependendo o período do programa de treinamento. Dos 17 indivíduos que compuseram a amostra, apenas três relataram ter praticado treinamento de musculação em um período precedente a realização da pesquisa, não ultrapassando 3 meses, sendo considerados iniciantes em programas de treinamento de força.

135 135 TABELA 1 - Descrição dos sujeitos da amostra Grupo N Fem Masc Idade Peso Estatura Envergadura (anos) (kg) (cm) (cm) GPL ,13±1,96 55,99± ,05±9,40 165,55±10,90 GPOn ,50±2,88 59,37±10,93 168,51± ,68±12,19 Legenda: GPL: Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; N = Número da amostra; Fem = Sexo Feminino; Masc = Sexo Masculino Dos sujeitos da pesquisa, nove (9) atletas eram velocistas, sendo três (3) especialistas em provas de nado peito, dois (2) nadadores de meio-fundo, um (1) especialista na prova de estilo medley, e três (3) nadadores fundistas (dois participavam de provas de águas abertas) Caracterização da Periodização do Treinamento Periodização e Organização do Treinamento de Força Muscular Os treinamentos de força muscular foram realizados na academia de musculação do Instituto Federal de Roraima, Campus Boa Vista, da cidade de Boa Vista - RR, onde foram desenvolvidas as duas periodizações: linear, aplicada no grupo GPL, e a ondulatória no grupo GPOn (ANEXO 10). Os dois métodos de treinamento de força muscular (linear e ondulatório) tiveram por objetivo o treinamento da resistência de força, força máxima e potência muscular. A periodização das sessões do treinamento de força muscular foi aplicada nos integrantes dos grupos GPL e GPOn, e está apresentado na tabela 2. Como eram iniciantes em programa de treinamento de musculação, os integrantes dos grupos GPL e GPOn foram submetidos a duas semanas (dois microciclos) de adaptação ao treinamento de força muscular (tabelas 2, 4 e 5), com a finalidade de familiarizar-se ao ambiente e equipamentos; minimizar os efeitos de dor muscular de início tardio, e proporcionar uma resistência de força inicial (PRESTES et al., 2010). Nesta fase foram aplicadas duas séries com intensidade de 15 a 20 repetições máximas (RM), com intervalo de 1 minuto entre os exercícios, realizados com movimentos lentos, 3 vezes por semana.

136 136 O treinamento de resistência de força teve por objetivo melhorar a habilidade de manter a produção de força muscular por um tempo prolongado (STOPPANI, 2008). Este treinamento foi realizado em três séries com intensidade de 10 a 12 RM, com intervalo de 1 minuto entre os exercícios, realizado com movimentos lentos, três vezes por semana (Tabela 2). O treinamento da força máxima teve por objetivo melhorar a tensão muscular nos exercícios, sendo aplicado três séries, com intensidade de 6 a 8 RM, com intervalo de 2 minutos entre os exercícios, realizado com movimentos moderados, três vezes por semana (PRESTES et al., 2010) (Tabela 2). TABELA 2 Periodização das sessões de treinamento de força muscular Objetivo da sessão de treinamento Intensidade das séries de exercício (RM) Numero de séries por exercício Intervalo das séries (minutos) Velocidade do Movimento Frequência semanal (dias/semana) Adaptação Lenta 3 Resistência Lenta 3 de força Força Moderada 3 máxima Potência 6 repetições a 3 2 Rápida 3 muscular 80% - 1 RM RM = repetição máxima; 1 RM = valor de uma repetição máxima O treinamento de potência muscular ou força explosiva teve por objetivo melhorar a habilidade de movimentar o corpo com velocidade. Este treinamento foi aplicado em três séries, realizando 6 repetições, com uma intensidade de 80% de uma repetição máxima (1 RM), com intervalo de 2 minutos entre os exercícios, realizado com movimentos rápidos, três vezes por semana (STOPPANI, 2008) (Tabela 2). A intensidade das cargas dos exercícios foi determinado considerando a força máxima como valor absoluto estabelecido no teste indireto de repetições múltiplas segundo protocolo de Brzyck (1993) (sessão 3.9.2) para cada indivíduo dos grupos GPL e GPOn. A montagem do treinamento com a sequência dos exercícios e a respectiva descrição da região muscular a ser priorizada está apresentada na Quadro 6. A seleção dos exercícios teve como finalidade promover o treinamento dos principais grupamentos musculares utilizados pelos nadadores em sua propulsão no

137 137 meio líquido, com a utilização de equipamentos comumente utilizados nos programas de treinamento de força muscular em nadadores de competição. Treino A Treino B Denominação do Exercício Região Muscular Priorizada Denominação do Exercício Região Muscular Priorizada Supino Reto Peitoral Peck Deck Peitoral Puxada Alta Grande Dorsal Remada Horizontal Grande Dorsal Supino Inclinado Peitoral Fly Reto Peitoral Remada Alta Deltoide/Dorsal Pull Dowm Grande Dorsal Pulley Tríceps Tríceps Testa Tríceps Rosca Alternada Bíceps Rosca Direta Bíceps Mesa Extensora Quadríceps Elevação Lateral Deltoide Mesa Flexora Bíceps Femoral Leg Press 45º Quadríceps Panturrilha Sentado Gastrocnêmio/Sóleo Panturrilha em Pé Gastrocnêmio/Sóleo Abdominais Solo Abdômen Abdominais Solo Abdômen QUADRO 6 Montagem dos treinos A e B e sequência dos exercícios Os grupos musculares responsáveis pelos movimentos que conduzem os braços de uma posição acima da cabeça até os quadris estão o deltóide anterior, o grande peitoral no tórax e a região do grande dorsal (rombóide e trapézio). As varreduras para dentro com os braços são realizadas, predominantemente, pelo músculo bíceps braquial e as varreduras para fora e para cima pelo deltóide médio e posterior. O tríceps é o principal músculo envolvido na ação de extensão dos braços ao nível dos cotovelos. Os movimentos de pernada são efetuados por meio dos músculos extensores do joelho (quadríceps) e flexores e extensores do joelho (bíceps femoral e glúteo máximo). O músculo abdominal (reto abdominal) é importante na estabilização dos movimentos de braçadas e pernadas (FAIGENBAUM e WESTOCOTT, 2001; KRAEMER e FLECK, 2001, MAGLISCHO, 2010). O treinamento foi organizado em treino A e B (Quadro 6), sendo alternados, repetindo cada um deles de forma intercalada. Em cada um dos exercícios listados foram realizadas 3 séries (com exceção do período de adaptação que foi realizado em 2 séries). O número de repetições e descanso entre as séries e exercícios foram seguidos

138 138 de acordo com a intensidade semanal prescrita, como apresentado na tabela 2. A frequência estabelecida foi de três vezes por semana, e a duração média de cada sessão foi de 60 minutos. Cada repetição teve a duração média de 3 a 4 segundos, contando com as fases concêntrica e excêntrica. Ao final de cada sessão foram realizadas 3 séries de 20 repetições de exercícios abdominais. Todas as sessões foram acompanhadas pelo pesquisador e por dois estagiários estudantes do 5 módulo do curso de Licenciatura em Educação Física do Instituto Federal de Roraima. A periodização semanal do treinamento de força muscular no modelo linear aplicado aos integrantes do grupo GPL está apresentada na Quadro 7.

139 139 Microciclos SEG TER QUA QUI SEX AV1-1ª semana ADP 2ª semana Treino A RM - Treino B RM - Treino A RM ADP 3ª semana Treino B RM - Treino A RM - Treino B RM Mesociclo 1 4ª semana Treino A RM - Treino B RM - Treino A RM Mesociclo 1 5ª semana Treino B RM - Treino A RM - Treino B RM Mesociclo 1 6ª semana Treino A RM - Treino B RM - Treino A RM Mesociclo 1 7ª semana Treino B RM - Treino A RM - Treino B RM AV2-8ª semana Mesociclo 2 9ª semana Treino A 6 8 RM - Treino B 6 8 RM - Treino A 6 8 RM Mesociclo 2 10ª semana Treino B 6 8 RM - Treino A 6 8 RM - Treino B 6 8 RM Mesociclo 2 11ª semana Treino A 6 8 RM - Treino B 6 8 RM - Treino A 6 8 RM Mesociclo 2 12ª semana Treino B 6 8 RM - Treino A 6 8 RM - Treino B 6 8 RM AV3-13ª semana Mesociclo 3 14ª semana Treino A 6x 80% - 1 RM - Treino B 6x 80% - 1 RM - Treino A 6x 80% - 1 RM Mesociclo 3 15ª semana Treino B 6x 80% - 1 RM - Treino A 6x 80% - 1 RM - Treino B 6x 80% - 1 RM Mesociclo 3 16ª semana Treino A 6x 80% - 1 RM - Treino B 6x 80% - 1 RM - Treino A 6x 80% - 1 RM Mesociclo 3 17ª semana Treino B 6x 80% - 1 RM - Treino A 6x 80% - 1 RM - Treino B 6x 80% - 1 RM AV4-18ª semana AV = semana de avaliação do treinamento; ADP = semana de adaptação ao treinamento; Mesociclo = período de 4 semanas de treinamento; RM = repetição máxima; 1 RM = valor de uma repetição máxima QUADRO 7 Periodização linear semanal aplicada nos integrantes do grupo com periodização linear (GPL).

140 140 O modelo de periodização linear foi organizado em três mesociclos (4 semanas). As intensidades do treinamento foram aumentadas e o seu volume foi reduzido a cada mesociclo. O número de repetições foi reduzido (mantendo-se a faixa mínima de repetições preconizadas na intensidade prescrita) em razão do aumento da intensidade (Quadro 7 - Tabela 4). A intensidade e o volume previsto nas quatro semanas do primeiro mesociclo (Mesociclo 1) foram de 10 a 12 RM, e tiveram o objetivo de desenvolver a resistência da força. O segundo período de quatro semanas (Mesociclo 2) teve intensidade e volume de 6 a 8 RM e objetivou desenvolver a força máxima. O terceira e último período de quatro semanas (Mesociclo 3) com intensidade e volume de 80% de 1 RM objetivou o desenvolvimento da potência muscular (Tabela 4). A periodização semanal do treinamento de força muscular no modelo ondulatório que foi aplicada aos integrantes do grupo GPOn está apresentada na Quadro 8.

141 141 Microciclos SEG TER QUA QUI SEX AV1-1ª semana ADP 2ª semana Treino A RM - Treino B RM - Treino A RM ADP 3ª semana Treino B RM - Treino A RM - Treino B RM Mesociclo 1 4ª semana Treino A RM - Treino B 6x 80% - 1 RM - Treino A 6 8 RM Mesociclo 1 5ª semana Treino B RM - Treino A 6x 80% - 1 RM - Treino B 6 8 RM Mesociclo 1 6ª semana Treino A RM - Treino B 6x 80% - 1 RM - Treino A 6 8 RM Mesociclo 1 7ª semana Treino B RM - Treino A 6x 80% - 1 RM - Treino B 6 8 RM AV2-8ª semana Mesociclo 2 9ª semana Treino A RM - Treino B 6x 80% - 1 RM - Treino A 6 8 RM Mesociclo 2 10ª semana Treino B RM - Treino A 6x 80% - 1 RM - Treino B 6 8 RM Mesociclo 2 11ª semana Treino A RM - Treino B 6x 80% - 1 RM - Treino A 6 8 RM Mesociclo 2 12ª semana Treino B RM - Treino A 6x 80% - 1 RM - Treino B 6 8 RM AV3-13ª semana Mesociclo 3 14ª semana Treino A RM - Treino B 6x 80% - 1 RM - Treino A 6 8 RM Mesociclo 3 15ª semana Treino B RM - Treino A 6x 80% - 1 RM - Treino B 6 8 RM Mesociclo 3 16ª semana Treino A RM - Treino B 6x 80% - 1 RM - Treino A 6 8 RM Mesociclo 3 17ª semana Treino B RM - Treino A 6x 80% - 1 RM - Treino B 6 8 RM AV4-18ª semana AV = semana de avaliação do treinamento (ver tabela 3); ADP = semana de adaptação ao treinamento; Mesociclo = período de 4 semanas de treinamento; RM = repetição máxima; 1 RM = valor de uma repetição máxima QUADRO 8 Periodização ondulatória semanal aplicada nos integrantes do grupo com periodização ondulatória (GPOn). O modelo de periodização ondulatória teve três mesociclos (4 semanas). Na periodização ondulatória ocorreu uma variação da intensidade e volume na mesma semana. O volume (número de séries) e a intensidade (número de repetições) foram iguais à periodização linear (Quadro 8).

142 142 Num mesmo microciclo (uma semana) foram desenvolvidas as três manifestações de capacidade de força, objetivo do programa de treinamento. As segundas-feiras foi desenvolvida a resistência de força (10 12 RM), as quartas-feiras a potência muscular (80% - 1 RM) e as sextas-feiras a força máxima (6 8 RM). Esta sequência foi mantida ao longo dos três mesociclos (Mesociclo 1, 2 e 3) (Quadro 8) A intensidade semanal dos treinamentos (linear e ondulatório) foi garantida pelo uso de repetições máximas em cada semana. As cargas foram reajustadas individualmente os grupos (GPL e GPOn) para manter as repetições máximas programadas a cada microciclo e sessão nos dois modelos de treinamento Periodização e Organização do Treinamento de Piscina Os voluntários realizaram treinamentos específicos de piscina em suas entidades de origem. Foram realizadas reuniões com os treinadores das equipes participantes da pesquisa objetivando a interação, auxílio e organização dos programas de treinamento que seriam realizados. Os treinamentos foram desenvolvidos considerando a especialidade dos sujeitos do estudo e os objetivos individuais dos atletas e das equipes, sendo empregado nos integrantes dos dois grupos (GPL e GPOn) um programa de treinamento baseado no método intervalado tradicional, com caráter extensivo e intensivo, inseridos em concordância com os objetivos propostos nas sessões de treinamento envolvendo esforços com características nas seguintes variáveis (NAVARRO e RIVAS, 2001; MAGLISCHO, 1999): a) resistência aeróbia e anaeróbia lática e alática; b) velocidade; c) treinos com materiais específicos no desenvolvimento da força dentro da piscina, ex: palmar, pé-de-pato, batimento de perna com e sem prancha, etc). O quadro 9 ilustra a organização do macrociclo de treinamento de piscina e de força fora da piscina, suas meso-etapas e micro-etapas, e as competições-alvo, com o respectivo nível de relevância.

143 143 Microciclo Meses Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Mesociclo Específico 1 Competitivo 1 Transição Base 2 Específico 2 Competitivo 2 PTF ADP Mesociclo 1 Mesociclo 2 Mesociclo 3 Controle AV1 AV2 AV3 AV4 Competição * * Legenda: PTF = Programa de Treinamento de Força; ADP = Período de Adaptação; AV1 = Avaliação antes do início do PTF; AV2 = Avaliação após 6 semanas do PTF; AV3 = avaliação após 10 semanas do PTF; AV4 = Avaliação ao final das 14 semanas do PTF; *Baixo nível de relevância; Médio nível de relevância; Alto nível de relevância. QUADRO 9 - Organização do Programa de Treinamento de Piscina No Gráfico 1 estão apresentadas as médias dos volumes de treinamento global e por predominância de potencial aeróbio e anaeróbio VOLUME AEROBIO ANAEROBIO GRÁFICO 1: Média do volume global, e de predominância média de volume de treinamento de potencial aeróbio e anaeróbio referente aos microciclos de treinamento. O macrociclo de treinamento de piscina foi estruturado na apresentação deste trabalho, teve duração de 18 semanas, tomando por base a continuação dos programas de treinamento que os nadadores já estavam realizando em suas entidades. O programa de treinamento foi elaborado objetivando a preparação dos atletas, visando o melhor desempenho nos eventos promovidos de acordo com calendário da Federação de

144 144 Desportos Aquáticos de Roraima (FEDAR) e Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA). Os nadadores que fizeram parte da amostra, estavam nas duas primeiras semanas do programa de treinamento (Microciclo 1 e 2), em um período final da preparação de base específica, seguindo o programa de treinamento de suas respectivas agremiações. Esta etapa do macrociclo de treinamento de piscina do nosso estudo foi denominado como mesociclo Específico 1, sendo neste período verificado os maiores volumes médios de treinamento do programa (Quadro 9 e Gráfico 1). Segundo Maglischo (2010), o domínio da capacidade de realizar o exercício competitivo em alta velocidade a partir da organização de cargas similares as de competição, e o treinamento da técnica desportiva específica, configuraram a principal tarefa desta etapa. Na primeira semana do programa foram realizados os testes de controle iniciais (AV1). Na semana seguinte ao inicio do programa de treinamento em piscina, o programa de treinamento de força muscular fora da piscina teve inicio com a etapa de adaptação do treinamento de força fora da piscina igual em ambos os grupos (GPL e GPOn), e teve a duração de 2 semanas, compreendendo os microciclos de treinamento 2 e 3. Na sequência deste período de adaptação ao treinamento de força, compreendendo entre os microciclos 4 e 7, foi desenvolvido o Mesociclo 1 de treinamento de força fora da piscina, nos integrantes dos grupos GPL e GPOn respectivamente descritos anteriormente na sessão (Quadro 9). Após período de duas semanas, os atletas iniciaram o mesociclo de treinamento de piscina denominado Competitivo 1, com duração de 5 semanas. Segundo Maglischo (2010), o foco principal desta etapa do macrociclo é a continuidade da elevação da velocidade competitiva por meio das cargas de competição. Esta etapa do mesociclo coincidiu com dois eventos do calendário competitivo das equipes, considerado de prioridade média na preparação dos atletas pelos treinadores: o XIV Meeting Internacional das Fronteiras Norte, realizado na cidade de Boa Vista, que reuniu atletas dos Estados de Roraima e Amazonas e atletas da Venezuela e Guiana; e o V Torneio da Amazônia Ocidental de Infantil a Sênior, realiado na cidade de Manaus - AM, e reuniu atletas dos Estados de Amazonas, Roraima, Rondônia e Acre. Para estes dois eventos, que compreenderam os microciclos de treinamento 3 e 4, foi observado uma diminuição na média do volume global de treinamento de piscina,

145 145 e dos potenciais aeróbio e anaeróbio respectivamente, objetivando a participação dos atletas nestes eventos. Na semana seguinte, no mesociclos 5, foram retomados os volume de treinamento, tendo como característica a maior atenção ao volume de treinamento do desenvolvimento do potencial anaeróbio (Gráfico 1). Esta mesma característica é observada no mesociclo 6, compreendendo o período de polimento para o evento principal da temporada. No polimento, segundo Maglischo (2010) ocorre uma redução do treinamento de endurance e elevação do treinamento de velocidade, que ocasionarão as condições para incrementos nas capacidades anaeróbias, que serão elevadas ao máximo. A manutenção do potencial anaeróbio ficou evidente no mesociclo 7, com o predomínio do volume de treinamento do potencial anaeróbio em relação ao do potencial aeróbio (Gráfico 1). O pico do polimento foi estabelecido no mesociclo 7, que coincide com o principal evento da temporada de 2012, o Torneio Norte-Nordeste CBDA de Clubes Infantil a Sênior, realizado na cidade de Manaus - AM, e reuniu clubes de toda a região norte e nordeste do país. Os mesociclos de treinamento 8 e 9 compreenderam um período do treinamento de piscina denominado Transição. Maglischo (2010) destaca que durante a elaboração de um programa de natação competitiva, é importante ocorrer descansos de uma a duas semanas entre cada temporada importante do ano de treinamento. Ainda segundo Maglischo (2010), os nadadores sentem-se exauridos depois da principal competição da temporada, e ficam na expectativa de terem alguns dias longe dos treinamentos, para repousar e tratar de outros interesses. Aproveitando este período na diminuição da carga de treinamento de piscina, foi aplicado na semana do mesociclo 8, a semana de avaliação 2 (AV2), compreendendo o período de avaliação após 6 semanas do início de treinamento de força fora da piscina e 7 semanas do treinamento de piscina, contados após o início do programa de treinamento de piscina do estudo. No macrociclo 9, inicia-se o período de treinamento de força fora da piscina, denominado de Mesociclo 2 (descrito na sessão 3.6.1) que se estendo durante 4 semanas até seu término no macrociclo 12. Quanto ao treinamento de piscina, observa-se manutenção dos volumes de potencial anaeróbio elevados no mesociclo 9, devido a participação das equipes em um evento tradicional do Estado, o XXII Torneio Piaba Dourada, porém de baixa prioridade ao programa de treinamento de piscina (Gráfico 1).

146 146 O período compreendido entre os microciclos 10 e 12, foi destinado a retomada do período de base, denominado nesta pesquisa como Base 1, que segundo Maglischo (2010) compreende ao treinamento que visa a elevação do potencial motor do atleta, objetivando desenvolver base aeróbia específica na modalidade (prova) em que o atleta ira competir. No microciclo 11, foi observado ligeira diminuição nas médias de volume de treinamento tanto global, como de potencial aeróbio como anaeróbio, devida a participação de alguns atletas pertencentes ao estudo nas Olimpíadas Escolares Brasileiras, promovidas pelo Comitê Olímpico Brasileiro, realizado na cidade de Foz do Iguaçu. Este evento foi considerado de importância média na elaboração do programa de treinamento das equipes. No microciclo 13, foi realizado as avaliações de controle após 10 semanas de treinamento de força muscular fora da piscina, e 12 semanas de início do programa de controle do treinamento de piscina dos nadadores pertencentes a amostra do estudo (AV3). É neste momento, que se dá início a um novo período de base específica do treinamento de piscina, denominado nesta pesquisa como mesociclo Específico 2, com duração de 3 semanas. Neste período de treinamento, é observado um gradual aumento nas médias dos volumes globais de treinamento de piscina, com predominância do volume de treinamento de potencial aeróbio. No microciclo 15, há uma diminuição nas médias dos volumes de treinamento, devido a realização do XI Torneio de Velocidade 4 Estilos, servindo de transição a próxima etapa do programa de treinamento de piscina. Os microciclos 14 e 17 são compreendidos pela aplicação das 4 ultimas semanas do treinamento de força muscular fora da piscina, denominada de Mesociclo 3. Nos microciclos 16 e 19, são desenvolvidos o 2 período competitivo do programa de treinamento de piscina, que foi denominada nesta pesquisa como mesociclo Competitivo 2. Neste mesociclo, observamos a diminuição das médias de volume global do treinamento, porém, com uma predominância do volume de potencial anaeróbio em relação ao volume de treinamento de potencial aeróbio (Gráfico 1). O microciclo 18 é marcado pelo início do período de polimento do programa de treinamento de piscina, visando no microciclo seguinte (microciclo 19) a participação no principal evento de natação do Estado de Roraima, o Campeonato Estadual de Natação, e pela realização do último período de avaliação (AV4) que compreendeu o período de 14 semanas de treinamento de força muscular fora da piscina e 17 semanas início do programa de controle do treinamento de piscina.

147 Percentil 147 No gráfico 2 estão apresentadas as médias percentuais dos volumes de treinamento de piscina nas diferentes zonas de intensidade aplicadas durante o macrociclo de treinamento dos atletas pertencentes a pesquisa Z Z Z Z Z GRÁFICO 2 - Média do volume percentual, referente aos microciclos realizados nas distintas zonas de intensidade. O percentual global de treinamento foi composto pelas distâncias percorridas nas distintas zonas de intensidade, além da metragem realizada com o objetivo de aquecimento e recuperação. A Z1 representou o maior volume em todos os microciclos, seguida pela Z2 e Z3 respectivamente. Os valores percentuais atribuídos a cada zona de intensidade sofreram alterações constantes em função da localização no macrociclo, determinadas fundamentalmente pelo comportamento da intensidade, ou seja, quando houve um aumento da participação das cargas mais intensas consideradas específicas (Z3, Z4 e Z5), a porcentagem referente às cargas gerais (Z1 e Z2) diminuiu. Para auxiliar os treinadores no controle das intensidades (velocidade) de treinamento correspondentes às distintas zonas de treinamento, foi realizado nos períodos de avaliações da pesquisa, o teste de 2x400m proposto por Maglischo (1999).

148 148 O protocolo do teste consiste em deslocar-se à máxima velocidade possível em duas tomadas de tempo de 400 metros, nadando em ritmo regular do início ao final do teste. O avaliado inicia a tomada de tempo de cada 400 metros saindo de dentro da piscina, tendo um intervalo de 1 minuto entre as tentativas. O objetivo do teste de 2x400m é determinar de forma indireta a velocidade do limiar anaeróbio de cada atleta, ou seja, o limite de esforço para que este estímulo possa ser considerado aeróbio (produção de ácido lático igual a capacidade máxima de remoção pela corrente sanguínea) (MAGLISCHO, 1999). Para auxiliar na determinação do limiar anaeróbio foi utilizado o programa computacional for windows SEPT (Sistema Esportivo para Prescrição de Treinos) versão 2.0. O SEPT é um programa de computador elaborado para auxiliar no controle das intensidades do treinamento, individualizando as médias e os intervalos de tempo de séries. Com o cálculo do tempo para percorrer as duas distâncias de 400 metros, descontado o tempo de 1 minuto de descanso entre as séries, este dado foi lançado no sistema que gerou automaticamente uma tabela individual de intensidades que foi disponibilizado a cada um dos atletas participantes da pesquisa e seu respectivo treinador, conforme o modelo de demonstração referido na figura 7. FIGURA 7 - Modelo Tabela Individual de Intensidades do Programa SEPT

149 149 Os resultados das médias e desvio padrão dos participantes dos dois grupos GPL e GPOn nas avaliações do teste de 2x400 metros nado crawl, nos quatro momentos de avaliação além do resultado da diferença numérica e do delta percentual entre a AV4 e a AV1 estão apresentados no apêndice Procedimentos e Organização das Avaliações As avaliações foram aplicadas pelo próprio pesquisador com o auxílio de dois alunos do 5 módulo do curso de Licenciatura em Educação Física do Instituto Federal de Roraima. Os testes de força fora da piscina foram realizados na academia de musculação do Instituto Federal de Roraima; e os testes dentro da piscina foram realizados na piscina semi-olímpica do Instituto Federal de Roraima, Campus Boa Vista, na cidade de Boa Vista RR. Todos as avaliações ocorreram no período da tarde entre 14:00 e 18:00hs. As vestimentas utilizadas para os testes fora da piscina foram bermuda, camiseta e tênis, ao passo que para a realização dos testes na piscina os homens vestiram sunga, touca e óculos, e as mulheres, maiô, touca e óculos. As avaliações foram empregadas nos dois grupos (GPL e GPOn) com a intenção de verificar as alterações dos indicadores de aptidão física e cinemática decorrentes da aplicação dos diferentes programas de treinamento (linear e ondulatório). Semanas Etapas AV1 ADP Mesociclo 1 AV2 Mesociclo 2 AV3 Mesociclo 3 AV4 Mês Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro = controle; AV = semana de avaliação do treinamento; ADP = semana de adaptação ao treinamento; Mesociclo = período de 4 semanas de treinamento QUADRO 10: Disposição das semanas de avaliação e controle do treinamento (AV) no macrociclo de treinamento de força muscular. Assim, como ilustrado no quadro 10, o primeiro momento de controle (AV1), foi realizado na 1ª semana do macrociclo de treinamento, e buscou identificar o nível da condição física dos sujeitos. Os grupos GPL e GPOn realizaram duas semanas de

150 150 adaptação ao treinamento de força muscular (ADP) com a mesma intensidade e volume de treinamento, antes de iniciarem as primeiras 4 semanas de treinamento (Mesociclo 1). O segundo momento de controle (AV2) foi realizado na 8ª semana do macrociclo, e avaliou as alterações funcionais decorrentes do primeiro período de 6 semanas de treinamento. O terceiro momento de controle (AV3), foi realizado na 13ª semana do macrociclo, e avaliou as alterações decorrentes do período de 10 semanas de treinamento. O quarto momento de controle (AV4), foi realizado na 18ª semana do macrociclo e avaliou as alterações finais decorrentes de todo o programa de treinamento de força muscular. Os testes de controle foram organizados de forma sequencial, respeitando sempre um período de 72 horas entre o último estímulo da semana antecedente ao início dos testes, sendo, estes, realizados na mesma ordem, todos no período da tarde conforme tabela 3. TABELA 3: Organização sequencial dos testes nos microciclos de controle Dias da Semana Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Testes de Controle Avaliação Antropométrica Teste de Saída e de Potência Aeróbia de Nado Testes de Força Submáximos do Treino A Descanso Teste de Virada e de Potência Anaeróbia de Nado Testes de Força Submáximos do Treino B Descanso Piscina Testes de Controle da Periodização do Treinamento de Força Fora da Avaliação da Maturação Sexual Para verificar o nível de maturação sexual foi utilizado o método da autoavaliação validado por Matsudo e Matsudo (1991). Para esta avaliação, os nadadores

151 151 participantes da pesquisa, antes do início do programa de treinamento de força muscular, foram divididos segundo o sexo, e encaminhados a uma sala reservada do laboratório de Medidas e Avaliações em Educação Física do Instituto Federal de Roraima - IFRR. Os jovens nadadores do sexo masculino, com o auxílio de um professor de Educação Física, e as do sexo feminino, com o auxílio de uma professora de Educação Física, em uma sala reservada, individualmente, verificaram através de fotos ilustrativas e coloridas (ANEXO 1, ANEXO 2) (BRASIL, 2009) os estágios em que se encontravam em relação aos pêlos púbicos (P1 a P5) e genitais (G1 a G5), para os jovens do sexo masculino, e as mamas (M1 a M5) e genitais, para as jovens do sexo feminino, anotando os resultados em um na de auto-avaliação (apêndice 5 e 6). Na ficha de auto-avaliação, era também solicitado do avaliado do sexo feminino, a presença ou não da primeira menarca, e para o avaliado do sexo masculino, era solicitado a averiguação da existência de pelos axilares. O estágio maturacional foi classificado da seguinte maneira: (MATSUDO e MATSUDO, 1991; FORTES e CASTRO, 2002, UNESCO, 2013) Os indivíduos do sexo masculino, como sendo: Pré-púbere - quando o somatório da genitália e pêlos pubianos for menor ou igual a 2 ; Púbere - quando o somatório da genitália e pêlos pubianos for maior que 2 e menor ou igual a 9 ; e Pós-púbere - quando o somatório da genitália e pêlos pubianos for maior que 9. Os indivíduos do sexo feminino, como sendo: Pré-púbere - quando o somatório da genitália e mama for menor ou igual a 2 ; Púbere - quando o somatório da genitália e mama for maior que 2 e menor ou igual a 9 ; e Pós-púbere - quando o somatório da genitália e mama for maior que 9.

152 Avaliação Antropométrica A avaliação antropométrica foi realizada pelas medidas de peso (Kg) e estatura (metros) aferidas por uma balança com estadiômetro da marca Filizola seguindo o protocolo Matsudo (2005). A medição do peso foi realizada com o avaliado na posição ortostática de costas para a escala da balança, com afastamento lateral dos pés. Em seguida o indivíduo foi colocado no centro da plataforma, em posição ereta com o olhar num ponto fixo à sua frente. A medida da estatura foi realizada com o avaliado em posição ortostática com os pés unidos, em contato com o instrumento de medida, às superfícies posteriores do calcanhar, cintura pélvica, cintura escapular e região occipital. A medida foi feita com o indivíduo em apnéia inspiratória, de modo a minimizar possíveis variações. A medida foi feita com um cursor em ângulo de 90º em relação à escala. Foi exigido para as ambas medidas que o avaliado usasse calção e camiseta, e que estivesse descalço. Para a medida da envergadura foi utilizado uma fita métrica da marca Sanny com resolução de 1 mm, fixada à uma parede conforme o protocolo de Ross et. al. (1990). A aferição da envergadura foi realizada com avaliado em pé, de costas para a parede onde está fixada a fita métrica, estando os ombros à 90º de abdução, cotovelos, punhos e dedos em extensão, sendo aferida a maior distância entre os extremos das mãos. As medidas de circunferência do braço contraído e de coxa medial foram realizadas com uma fita métrica da marca Sanny, seguindo o protocolo de Matsudo (2005). Para aferição da circunferência do braço contraído, o avaliado ficou em pé, com o braço elevado à frente, no nível do ombro, com o antebraço supinado e cotovelo formando um ângulo de 90º no braço direito do avaliado. Foi solicitado ao avaliado que fizesse uma contração da musculatura flexora do braço direito, sendo medido a maior circunferência, estando a fita em um ângulo reto em relação ao eixo do braço. Para a aferição da circunferência de perna, o indivíduo foi avaliado de pé, com o peso do seu corpo distribuído em ambas as pernas, ligeiramente afastadas. Foi colocada a fita à altura medial da coxa direita do avaliado, de modo que a fita ficasse perpendicular ao eixo longitudinal da perna. Em ambas as aferições foram realizadas três (3) medidas considerando-se a média.

153 153 A determinação de adiposidade ocorreu pelo método duplamente indireto de dobras cutâneas, utilizando o compasso da marca CESCORF, modelo científico. A equação utilizada para a predição da gordura corporal foi a de Slaughter et al. (1988) para indivíduos entre 8 e 29 anos, e levou em consideração o nível maturacional e o aspecto social do avaliado, utilizando o somatório das dobras cutâneas tricipital e subscapular. A aferição da espessura da dobra cutânea tricipital foi realizada com o avaliado em pé, com os braços relaxados ao longo do corpo, tendo como ponto de referência anatômica a dobra na face posterior do braço, na distância média a borda súpero-lareral do acrômio e o bordo inferior do olecrano. A dobra cutânea tricipital foi pinçada verticalmente, acompanhando o sentido anatômico do músculo triciptal. Para a medida da espessura da dobra cutânea da região subescapular, a referencia anatômica foi determinada acerca de 2 cm imediatamente abaixo do ângulo inferior da escápula. A dobra cutânea subescapular foi destacada obliquamente ao eixo longitudinal, no sentido descendente e lateral, formando um ângulo aproximadamente 45. As equações utilizadas para determinação da porcentagem da gordura corporal nos diferentes sexos, níveis de maturação e condição social, segundo do protocolo de Slaughter et al. (1988), foram: Para o sexo masculino: Equação para soma de dobra cutânea inferior ou igual a 35 mm: % Gordura = 1,21 (Σ DC) 0,008 (Σ DC) 2 - NMR Equação para soma de dobra cutânea maior que 35 mm: % Gordura = 0,783 (Σ DC) NMR Sendo: Σ DC = somatório das dobras tríceps e subescapular NMR = Nível Maturacional e Raça. (varia conforme a tabela 4 a seguir).

154 154 TABELA 4 - Nível maturacional e raça conforme protocolo de avaliação da porcentagem da gordura corporal segundo protocolo de Slaughter et al. (1988) para indivíduos do sexo masculino. Fase Maturacional Raça Negra Raça Branca Criança (pré-púbere) 3,5 1,7 Adolescente (púbere) 5,2 3,4 Adulto Jovem (pós púbere) 6,8 5,5 Para o sexo feminino: Equação para soma de DC inferior ou igual a 35 mm: % Gordura = 1,33 + (Σ DC) 0,013 (Σ DC)2 + NMR Equação para soma de DC maior que 35 mm: % Gordura = 0,546 (Σ DC) + 9,7 Sendo: Raça negra NMR = 2; Raça branca NMR = 3 A partir destas equações, foram estimados o percentual de gordura (%), e os valores de gordura corporal (Kg) e massa magra (Kg) Avaliação da Força Muscular Para a avaliação da força muscular dinâmica máxima dos indivíduos foi utilizado o teste indireto de repetições múltiplas segundo protocolo de Brzycki (1993), para a determinação da estimativa da carga de uma repetição máxima (1RM). Segundo o protocolo, a estimativa da carga de treinamento é estabelecida por uma fórmula matemática, que leva em consideração o número de repetições máximas para uma determinada quantidade de peso (carga) levantada (BRZYCKI, 1993). O modelo matemático proposto por Brzycki (1993), para a determinação da carga de 1RM, adotado na recente pesquisa foi:

155 155 1-RM = 100 * carga rep / (102,78 2,78 * rep) Sendo: carga rep: valor da carga de execução das repetições, expressa em kg; rep: número de repetições máximas executadas. A força máxima é frequentemente medida pelo teste de 1RM, que é definido como a maior carga que pode ser movida por uma amplitude específica de movimento uma única vez e com execução correta (ESTON e EVANS, 2009; NIEWIADOMSKI et al. 2008; PEREIRA e GOMES, 2003; HORVAT et al., 2003; MAYHEW et al., 1995; BRAITH, et al., 1993). O teste de 1RM, apesar de ser um dos mais utilizados e citados pela literatura, exige do avaliado grande concentração e conhecimento prévio da técnica de execução, dentre outras características importantes (WARE et al., 1995). O longo tempo envolvido na realização do teste de 1RM e os possíveis riscos de lesões, mesmo que pouco evidenciados (SHAW, MCCULLY e POSNER, 1995; ADAMS et al., 2000 e FAIGENBAUM, MILLIKEN e WESTCOTT, 2003), mas talvez mais presentes em grupos mais inexperientes ou frágeis (PEREIRA e GOMES, 2003; POLLOCK et al, 1991), levam os investigadores a buscarem testes mais simples e menos lesivos que possam estimar a força máxima (PEREIRA e GOMES, 2003; BRZYCKI, 1993). Na tentativa de minimizar essas dificuldades, diversas equações têm sido desenvolvidas nas últimas décadas para a estimativa da carga de 1RM a partir da utilização de cargas submáximas (LANDER, 1985; BRZYCKI, 1993; O'CONNOR, SIMMONS e O'SHEA, 1989; BAECHLE E GROVES, 2000). Alguns estudos têm investigado a validade das estimativas fornecidas por essas equações em populações distintas e com diferentes níveis de aptidão física (MAYHEW et al., 2008; WHISENANT et al., 2003; WOOD, MADDALOZZO e HARTER, 2002), com coeficientes de correlação elevados, sendo encontrados entre a carga de 1RM medida e aquela estimada por essas equações. Em estudos realizados com o objetivo de validação da equação de Brzycki (1993), os resultados mostraram elevados coeficientes de correlação entre os testes de 1RM e os testes submáximos utilizando este protocolo, para o exercício de supino em

156 156 banco horizontal (r = 0,99) apresentando um baixo erro padrão de estimativa (EP) (3,4%), para indivíduos sedentários com média de idade de 22,2±3,5 anos (NASCIMENTO et al., 2007), e para o exercício supino reto (r = 0,94), baixo EP (3,1%) em alunos de ginásio (21,8±4.0 anos) ativos (LACIO et al., 2010). Em uma pesquisa recente, Menêses et al. (2013), verificaram a validade de equações preditivas para a estimativa de 1RM comparando teste de 1RM e de teste submáximo de 8-12RM, em adultos jovens (21,4±4,0 anos) com experiência em treinamento com pesos. Menêses et al. (2013) encontraram no protocolo de Brzycki (1993) forte correlação nos exercícios leg press 45 (r = 0,94), supino reto (r = 0,92), extensão de joelho (r = 0,92), remada (r = 0,93), flexão de joelho (r = 0,96) e elevação lateral (r = 0,89); sendo considerado válido para a estimativa de 1RM. Pelo fato da presente pesquisa ser composta de um público jovem, formado por adolescentes com pouco conhecimento prévio das técnicas de execução de exercícios de força muscular, durante uma temporada preparatória de treinamento de natação, visando resultados em competições a níveis estaduais, regionais (toda região norte e nordeste do Brasil) e nacionais (participação em campeonatos brasileiros), defendendo o interesse de diferentes agremiações, optou-se pelo teste de repetições múltiplas (submáximo), como uma forma preventiva â exposição destes atletas não familiarizados ao treinamento de força, e muito menos a pesquisas científicas. A execução de esforços com cargas máximas poderia acarretar elevado estresse muscular, ósseo e ligamentar, desencadeando modificações metabólicas que poderiam ser prejudiciais, não só à integridade física dos avaliados, mas ao programa de treinamento competitivo de natação que estavam sendo submetidos em seus clubes, podendo ir contra aos interesses de pais, dirigentes e técnicos. Além disso, a opção pela aplicação do teste submáximo para a estimativa de 1RM, buscou avaliar os efeitos na força muscular em todos os exercícios propostos no programa de treinamento, para os resultados serem utilizados, não somente para a averiguação dos ganhos de força muscular nos período de avaliação, mas, também, para a determinação da nova intensidade de carga de trabalho de cada indivíduo, a cada início de mesociclo. Apesar das fortes correlações encontradas em pesquisas que avaliam testes de força submáximas, uma das maiores preocupações com a realização destes testes é a confiabilidade intra-avaliador, relacionado ao número e a intensidade de carga para

157 157 determinação da qualidade dos dados coletados em uma avaliação (PEREIRA e GOMES, 2003; WHISENANT et al., 2003). Segundo Whisenant et al. (2003), que estudou precisão de 11 equações de predição para a estimativa de 1RM no exercício de supino em jogadores de futebol americano colegiais, concluíram que a validade das equações de predição foram dependentes do número de repetições realizadas, ou seja, a validade foi maior quando menor número de repetições foram concluídas. Em duas pesquisas que objetivaram avaliar o número máximo de repetições em um teste com uma carga fixa de 225lb (102,1kg) realizado no supino livre em jogadores de futebol americano, Chapman, Whitehead e Binkert (1998) e Mayhew et al. (1999), encontraram uma correlação alta com o teste de 1RM (r = 0,96), com EP baixo na ordem de 4,9 e 6,4kg, respectivamente. A predição foi melhor quando o número de repetições atingido foi menor ou igual a dez. Almejando uma elevada confiabilidade intra-avaliador na aplicação do teste indireto de repetições múltiplas segundo protocolo de Brzycki (1993), aplicados em todos os exercícios propostos no programa de treinamento, foram adotados os seguintes procedimentos para a determinação do número de repetições e volume da carga: 1 ) estabeleceu-se o número máximo de 10 repetições a serem executadas pelos indivíduos avaliados; 2 ) foi estabelecida uma carga submáxima que procurava levar o avaliado até a falha concêntrica, sem exceder a 10 repetições. Quando o avaliado demonstrava dificuldade para a realização da carga, por ela ser excessivamente alta, não apresentando proficiência suficiente para proceder o exercício de maneira correta, esta era interrompida e seu resultado descartado da análise. Após um descanso de 10 minutos, uma nova tentativa era realizada neste mesmo exercício, com um novo ajuste da carga. Quando o avaliado ultrapassando 10 repetições com extrema facilidade, não apresentando nenhuma dificuldade para a realização das repetições, devido a carga estipulada ter sido baixa, uma nova avaliação era conduzida, com um novo ajuste da carga. Quando detectado que a intensidade da carga prevista, para qualquer um dos exercícios, durante o período de treinamento do mesociclo, não mais se adequava ao

158 158 treinamento proposto para o indivíduo, na sessão seguinte, antes do início do treinamento, era realizado um novo teste de carga submáxima para o referido exercício, reajustado-o para a próxima sessão de treinamento. Segmento Muscular Região Muscular Exercício Avaliada Avaliado Priorizada no Treinamento Membros Superiores Peitoral Supino Reto Região Peitoral Supino Inclinado Peck Deck Fly Reto Membros Superiores Grande Dorsal Puxada Alta Região do Dorsal Remada Horizontal Pull Dowm Deltóide Remada Alta Elevação Lateral Membros Superiores Tríceps Pulley Região do Braço Tríceps Testa Bíceps Rosca Direta Rosca Alternada Membros Inferiores Quadríceps Leg Press 45º Cadeira Extensora Bíceps Femoral Cadeira Flexora Gastrocnêmio/Sóleo Panturrilha Sentado QUADRO 11 Os segmentos musculares priorizados para a avaliação da evolução da força muscular na pesquisa e os exercícios avaliados. Para efeito de avaliação da força máxima foi realizada a somatória das médias estabelecidas em cada exercício, agrupados por segmentos musculares, assim divididos: I) Média da força dos membros superiores da região do peitoral (musculatura peitoral), somatória das médias dos exercícios supino reto, supino inclinado, peck deck e fly reto;

159 159 II) Média da força dos membros superiores da região dorsal (musculaturas do grande dorsal e deltóide) puxada alta, remada horizontal, pull dowm, remada alta e elevação lateral; III) Média da força dos membros superiores da região do braço (musculaturas triciptal e biciptal) somatórias das médias dos exercícios pulley, tríceps, rosca direta e rosca alternada; IV) Média da força dos membros inferiores (musculatura do quadríceps, bíceps femural e panturrilha) somatória das médias dos exercícios leg press 45, cadeira extensora, cadeira flexora e o panturrilha sentado. Visando reduzir a margem de erro nos testes de carga submáximos, foram adotadas as seguintes estratégias, seguindo as orientações de Monteiro, Simão e Farinatti (2005): a) instruções padronizadas fornecidas antes do teste, de modo que o avaliado ficasse ciente de toda a rotina que envolveu a coleta de dados; b) o avaliado era instruído sobre a técnica de execução do exercício; c) avaliador atento quanto à posição adotada pelo praticante no momento da medida, pois pequenas variações no posicionamento das articulações envolvidas no movimento poderiam acionar outros músculos, levando a interpretações errôneas dos escores obtidos; d) estímulos verbais foram realizados a fim de manter alto o nível de estimulação; e) os pesos adicionais utilizados no estudo foram previamente aferidos em balança de precisão. Os intervalos entre as tentativas em cada exercício durante o teste de carga submáximo foram fixados em 10 minutos (BAECLE e EARLE, 2000). Após obtenção da carga em um determinado exercício, intervalos não inferiores a 10 minutos foram dados, antes de passar-se ao teste no exercício seguinte Testes de Controle da Periodização do Treinamento de Força Dentro da Piscina.

160 Avaliação do Tempo do 100m nado Crawl. A avaliação da potência anaeróbia ocorreu pela tomada de tempo de 100m nado crawl. A referida avaliação seguiu uma adaptação do protocolo de Olbrecht (1995), que prevê a estimativa da capacidade anaeróbia mediante determinação do tempo obtido ao final de um esforço realizado em intensidade máxima num tempo inferior a dois minutos (preferencialmente entre 45 a 90 segundos). Após o aquecimento de 1000 metros nado crawl, foi solicitado aos sujeitos que realizem no nado crawl uma tentativa de 100 metros à máxima velocidade partindo do bloco de saída em uma piscina de 25 metros Teste de Saída no Bloco de Partida em 15 metros. O protocolo de avaliação da saída no bloco de partida para os indivíduos pertencentes à amostra foi o Teste de Saída no Bloco de partida em 15 metros. Este teste constitui de uma análise em vídeo, de uma saída realizado no bloco de partida, percorrendo uma distância de 15 metros, que é dada desde o sinal sonoro de partida até que a cabeça do nadador atingir a marca de 15 metros, conforme os protocolos adotado por ARELLANO (1994) e COSSOR e MASON (2002), dividido nas seguintes fases: 1- Fase de vôo ao sinal sonoro de partida até a mão do nadador atingir a água. 2- Fase submersa do toque da mão do nadador com a água até a emersão da cabeça. 3- Fase complementar da emersão da cabeça até a mesma alcançar a marca de 15m. 4- Fase total de saída Consiste na somatória de todas as fases anteriores. Para a avaliação dos parâmetros temporais e espaciais foi utilizada uma filmadora da marca SONY, modelo DCR-TRV, com frequência de captura de imagem de 30 Hz (30 quadros por segundo), e suas imagens foram digitalizadas e avaliadas em um computador notebook da marca Acer modelo Pentium 4, placa de captura de vídeo da marca Pinnacle, por um programa de edição de imagem de vídeo for Windows Media Studio versão Pro 7.0

161 161 Segundo Arellano et al (1994), a frequência de amostragem de 30 quadros por segundo (fremes/s) é considerada adequada para este tipo de estudo uma vez que as ações dos nadadores são relativamente baixas comparadas a outros desportos. A análise dos dados temporais registrados foram realizadas com o auxílio de um cronômetro vídeo digital (timecode). O timecode é um filme de um cronômetro digital que registra o tempo em horas, minutos, segundos e centésimos; estando em sintonia com o tempo real capturado (30 fremes/s) da filmagem digitalizada pelas câmeras de vídeo. Marcas de referência 15 Metros FIGURA 8 - Descrição gráfica e visual da posição da câmera e imagem das marcações de referência feitas na piscina utilizada na análise de saída do bloco de partida em 15 metros

162 Teste de Virada em 15 metros. O protocolo de avaliação da virada foi o teste de virada proposto por HALJAND (2011) dividido nas seguintes fases: 1) Fase de Aproximação: registro do tempo dos últimos 5 metros de aproximação a borda da piscina até o momento de contato dos pés na parede da piscina; 2) Fase de Afastamento: registro de tempo de afastamento, após o contado dos pés na parede da piscina, até a marca de 10 metros. O nadador era orientado pelos avaliadores, estando posicionado dentro da piscina, a percorrer uma distância de aproximadamente 40 metros da seguinte maneira: os primeiros 12,5 metros (metade da piscina) eram percorridos com uma velocidade de nado crescente; a partir deste ponto (12,5 metros), o nadador deveria desenvolver a máxima velocidade de nado antes de atingir a marca de 5 metros em relação a borda posterior da piscina (contrária a da cabeceira de largada). A avaliação da virada, somente era considerada finalizada, quando o atleta ultrapassava todo o corpo pela marca de 10 metros contados da borda posterior da piscina. Para melhor aferição do tempo do teste de virada, foi registrado por uma filmadora da marca SONY, modelo DCR-TRV, com frequência de captura de imagem de 30 Hz (30 quadros por segundo), registrou todo deslocamento percorrido pelo atleta, desde a saída até a marca de 25m, e suas imagens foram digitalizadas e avaliadas em um computador notebook da marca Acer modelo Pentium 4, placa de captura de vídeo da marca Pinnacle, por um programa de edição de imagem de vídeo for Windows Media Studio versão Pro 7.0 A análise dos dados registrados pela filmadora foi feita com o auxílio do timecode que é um filme de um cronômetro digital que registra o tempo em horas, minutos, segundos e centésimos; estando em sintonia com o tempo real capturado (30 fremes/s) da filmagem digitalizada pelas câmeras de vídeo.

163 163 Marcas de referência Marcas de referência 10 Metros 5 Metros FIGURA 9 - Descrição gráfica e visual da posição da câmera e imagem marcações feitas na borda da piscina utilizadas na análise do teste de virada em 15 metros. das Avaliação de Parâmetros Cinemáticos do Nado Os integrantes dos grupos GPL e GPOn tiveram seu desempenho técnico de nado analisado por meio da avaliação dos parâmetros cinemáticos no Teste de 100 metros nado Crawl. A técnica de nado é um dos fatores determinantes do rendimento desportivo (CAPUTO et al., 2000). Na natação competitiva, a técnica é considerada um fator essencial ao desempenho do nadador (ALBERTY et al., 2008). Essa elevada importância atribuída à técnica de nado é justificada pela especificidade do meio onde a modalidade é desenvolvido; no caso, o meio líquido (FERREIRA, et al., 2012)

164 164 Foram analisados os parâmetros cinemáticos de frequência média de braçada (FB), comprimento médio da braçada (CB), e velocidade média de braçada (VM) que são consideradas ferramentas eficazes para a avaliação técnica do nado (TOUSSAINT e BEEK, 1992; WAKAYOSHI et al., 1995; FERNANDES et al., 2006; SEIFERT et. al., 2010; FERREIRA, et al., 2012). A VM é igual ao produto da FB pela CB (CRAIG e PENDERGAST, 1979) e o aumento ou diminuição da VM é devido a aumentos ou diminuições na FB e no CB, respectivamente. A FB em natação é definida pelo número de ciclos realizados pelos membros superiores por unidade de tempo (CRAIG; PENDERGAST, 1979). A duração de um ciclo e, como tal, a FB, depende da velocidade angular do movimento rotacional em torno da articulação escapulo-umeral e da distância que a parte distal do membro superior percorre na água e no ar ao longo da ação do membro superior (KESKINEN; KOMI; RUSKO, 1989). O CB é, por definição, o espaço percorrido pelo nadador durante um ciclo completo dos membros superiores. Este indicador depende da força propulsora produzida pelos segmentos propulsores e da intensidade da força de arrasto hidrodinâmico oposta ao deslocamento do nadador (HAY, 1981). Estudos prévios têm mostrado que existe um relacionamento característico entre a FB e a velocidade na natação (CRAIG et al., 1985, SEIFERT et al. 2010). Utiliza-se a FB para controlar a técnica do nado e a economia de energia durante treinamento (CAPUTO et al., 2000; SEIFERT et al., 2010, BARBOSA et al. 2010), enquanto o CB é considerado um bom indicador para avaliar a eficiência propulsiva (HAY, 1981; TOUSSAINT, 1990; TOUSSAINT e BEEK, 1992; WAKAYOSHI et al., 1995; FERNANDES et al., 2006, SEIFERT et. al., 2010).

165 165 Marcas de referência Marcas de referência 10 Metros 15 Metros FIGURA 10 - Descrição gráfica e visual da posição da câmera e das marcações feitas na borda da piscina utilizadas na análise dos parâmetros cinemáticos do nado. O cálculo da FB foi registrado o número de ciclos de braçadas realizado pelo atleta em uma distância de 5 metros, compreendendo a distância entre os 10 e 15 metros contados a partir da cabeceira de saída; sendo este valor dividido pelo tempo gasto para percorrer este mesmo percurso de acordo com o protocolo de Hay (1981) pela seguinte fórmula: FB = número de ciclos de braçada / tempo gasto no percurso

166 166 O cálculo do CB foi determinado pela divisão da distância de 5 metros e pelo número de ciclos de braçadas realizadas nesta mesma distância, que compreendeu o espaço entre os 10 e 15 metros contados a partir da cabeceira de saída, de acordo com o protocolo de Hay (1981), pela seguinte fórmula: CB = distância percorrida em metros / número de ciclos de braçada A VM foi calculada como sendo o produto da multiplicação da FB e do CB (HAY, 1981), obtida pelos cálculos anteriores, sendo que sua mensuração foi realizada desconsiderando o tempo que o nadador encontra-se em deslize devido aos efeitos que a saída e as viradas causam na sua interpretação (CRAIG e PENDERGAST, 1979; WAKAYOSHI et al., 1993; SEIFERT et al. 2010; FERREIRA, et al., 2012). Sendo assim, a fórmula utilizada para o cálculo da VM é descrita da seguinte maneira: VM = CB x FB Outra variável utilizada na avaliação cinemática foi o índice de braçada (IB). Considerado como um estimador de eficiência do nado o IB foi definido pela multiplicação da VM da distância a ser avaliada pelo CB na mesma distância em unidades em metros por segundo ao quadrado de acordo com o protocolo de Costill e Thomas (1985), pela seguinte fórmula: IB = VM x CB As filmagens foram realizadas por meio de uma câmera filmadora da marca SONY modelo DCR-TRV com frequência de captura de imagem de 30 Hz (30 quadros por segundo), colocada em um suporte (tripé) à distância de 5 metros da borda lateral da piscina, a altura de aproximadamente 1,60 metros em relação ao nível do solo. A filmadora registrou o deslocamento percorrido pelo nadador, e suas imagens foram digitalizadas e avaliadas em um computador notebook da marca Acer modelo Pentium 4, placa de captura de vídeo da marca Pinnacle, programa de edição de imagem de vídeo for Windows Media Studio versão Pro 7.0 A filmadora foi ajustada para focalizar as marcações que foram feitas nas bordas da piscina conforme o protocolo de análise de provas no formato europeu, proposto por

167 167 HALJAND (2011). O registro do tempo e do número de braçadas realizados pelos sujeitos da amostra foram realizados quando a cabeça do nadador atingira as marcações que foram feitas na borda da piscina com papel contact preto (de 45 cm de comprimento por 20 cm de largura), em um espaço de 10 metros entre as distância de 45 e 55 metros em relação a cabeceira de saída nas duas bordas laterais da piscina, tanto distais como proximais em relação à filmadora Avaliação do Desempenho Competitivo A avaliação do desempenho competição dos nadadores foi utilizado o sistema Point International Score (IPS) reconhecido pelo FINA, o órgão dirigente da natação no mundo. O sistema IPS foi desenvolvido pela SWIM NEWS ( e permite verificar o nível competitivo de nadadores do sexo masculino ou feminino em qualquer um dos diferentes eventos de natação competitiva (nado livre, borboleta, costas, peito e medley individual). O sistema IPS atribui valores que quantificam o desempenho do nadador ou índice técnico (IT), por meio de pontuação. Quanto maior a pontuação, melhor o IT do atleta. Este sistema pontua eventos de 0 a 1100 pontos, sendo que estes valores são atribuídos no início de cada temporada com base nos desempenhos dos 8 melhores resultados de todos os tempos em cada prova e gênero, pela seguinte fórmula: IT = (Média dos oito melhores resultados / Tempo do atleta na competição) x 1000 O IT tem sido utilizado em pesquisas científicas como ferramenta de avaliação do desempenho de nadadores entre homens e mulheres, mesmo em provas de distâncias e nados diferentes, pois a forma relativa de seu cálculo permite esta comparação (LEITE, 2014; MARINHO, 2008; PYNE et al.; 2005). A Confederação Brasileira de Desportos Aquático (CBDA) e suas respectivas federações filiadas calculam os IT dos seus nadadores, por meio deste sistema em suas competições. Para avaliar os efeitos do programa de treinamento no desempenho de competição dos indivíduos da amostra, foram comparados os melhores índices técnicos, retirados dos resultados oficiais da FEDAR, das três principais competições da temporada de natação do ano de 2012:

168 168 1) VII Copa Roraima de Natação: realizada entre os dias 1 e 2 de junho de 2012 na cidade de Boa Vista - RR, em piscina de 50 metros; ou seja, um período de pré-intervenção com 10 semanas antes do início do programa de treinamento de força muscular. 2) V Torneio Norte-Nordeste CBDA de Clubes: realizado entre os dias 21 e 22 de setembro de 2012 na cidade de Manaus - AM, em piscina de 50 metros; ou seja, após 7 semanas do início, do programa de treinamento de força muscular, 3) XI Campeonato Estadual de Natação - Roraima: realizado entre os dias 14 e 15 de dezembro de 2012 na cidade de Boa Vista - RR, em piscina de 50 metros, ou seja, um período de pós-intervenção de uma semana após o término do programa de treinamento do força muscular. As provas analisadas nos cálculos do IT foram: 50m nado livre; 100m nado livre; 200m nado livre, 400m nado livre; 1500m nado livre, 50m nado borboleta; 100m nado peito; 200m nado peito e 200m costas Análise Estatística Todos os dados foram expressos em valores médios ± desvio padrão e delta percentual a cada variável proposta no estudo. Para verificar a normalidade dos dados foi aplicado o teste de Shapiro-Wilk, adequado para amostras com um número inferior a 30 indivíduos. Foi aplicado o teste-t de Student para amostras independentes em todos os resultados obtidos na 1ª avaliação (AV1) antes do início do programa de treinamento para avaliar a igualdade entre os grupos (GPL e GPOn) nas variáveis propostas antes do início dos programas de treinamento. Quando observada diferença estatística na AV1 em alguma das variáveis propostas, o teste da variância ANOVA one way não era aplicado a avaliação intragrupos. Para estes casos, foi realizado uma avaliação estatística calculando o ganho percentual destas variáveis entre o momento de avaliação inicial (AV1) e momento de avaliação final (AV4), calculando-se o delta percentual destes períodos de avaliação, e seus resultados analisados pelos teste-t de Student com o objetivo de verificar os ganhos percentuais dos grupos.

169 169 As variáveis foram comparadas através da análise intragrupo, utilizando-se do teste de variância ANOVA medidas repetidas de fator único (ANOVA one way); e da análise intergrupo, utilizando o Teste-T de Student para amostras independentes. Para a comparação dos efeitos da análise estatística, foi utilizado o ajuste de intervalo de confiança de Bonferroni. O conceito de Effect Size (ES) foi utilizado no tratamento estatístico dos dados para melhor entendimento da magnitude do efeito das periodizações (linear e ondulatória). O cálculo desenvolvido por Rhea (2004) foi usado para comparar os dois modelos de periodização do projeto de pesquisa proposto. Para análise, foram utilizados os dados de média de um grupo pré-treinado, média pós-intervenção e desvio-padrão pré-intervenção pelo seguinte formula: ES (pré vs pós) = (média pós-intervenção média pré-intervenção) / desvio padrão pré-intervenção. De acordo com a proposta de avaliação do ES, a magnitude do efeito é classificada em quatro diferentes escalas (superficial, pequeno, moderado e grande), dependendo do nível de condicionamento físico do avaliado (RHEA, 2004). Rhea (2004) considera o praticante com nível de condicionamento destreinado ou iniciante, que apresente um período de prática em treinamento inferior a 1 ano. Nível de condicionamento avançado é classificado para indivíduos com 1 a 5 anos de prática de treinamento de força sistematizado. Indivíduos altamente treinados são aqueles que apresentam mais de 5 anos de treinamento de força muscular sistematizado. Na avaliação do ES foi adotado o nível de magnitude para indivíduos com condicionamento de destreinados ou iniciantes em treinamento de força, e nas demais avaliações o nível de condicionamento de avançados conforme o quadro 12.

170 170 Magnitude Destreinado ou Iniciantes Avançados Altamente Treinados Superficial Pequena Moderada Grande > 1.90 > 1.50 > 1.00 Fonte: Rhea (2004), pag. 919 QUADRO 12 - Escala de determinação da magnitude do efect size no treinamento de força muscular nos diferentes níveis de condicionamento físico. Todas as análises foram processadas com o uso do programa computacional da IBM software SPSS 20.0 e para as comparações foi fixado nível crítico menor de 5% (p<0,05), com exceção da análise de correlação de Pearson que avaliou cada variável em dois valores de nível crítico: menor que 5% (p<0,05) e menor que 1% (p<0,01).

171 171 CAPÍTULO 4 - DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS O teste de normalidade de Shapiro Wilk foi aplicado nos resultados de todas as avaliações nos dois grupos com modelos de periodização linear (GPL) e periodização ondulatória (GPOn) para verificar a normalidade dos dados. Foi observada normalidade dos dados, e a estatística paramétrica adotada, exceto para as variáveis média da força dos membros inferiores no momento de avaliação AV1; na massa corporal e fase de voo do teste de saída em 15 metros, ambas no momento de avaliação AV4, em na variável envergadura nos 4 momentos de avaliação (AV1, AV2, AV3 e AV4), todos ocorridas apenas no grupo GPOn, que não foi observada distribuição normal. Para testar se os grupos apresentavam igualdade em todas as variáveis propostas antes do início dos programas de treinamento de força, foi aplicado o Teste-t de Student para amostras independentes nos resultados obtidos na 1ª avaliação antes do início do estudo (AV1). O teste da variância ANOVA medidas repetidas fator único (ANOVA one way), não foi aplicado nas variáveis que apresentaram diferença estatística na AV1 entre os grupos (GPL e GPOn). Assim, para efeito de avaliação estatística para estas variáveis que apresentaram diferença estatisticamente significante na AV1, foi calculado o ganho percentual destas variáveis entre o momento de avaliação inicial (AV1) e momento de avaliação final (AV4), calculando-se o delta percentual destes períodos de avaliação, e seus resultados analisados pelos Teste-t de Student com o objetivo de verificar os ganhos percentuais para os grupos. Foi encontrada diferença estatisticamente significante entre a AV1 dos grupos com periodização linear (GPL) e com periodização ondulatória (GPOn) nas seguintes variáveis: fase de vôo e fase complementar do teste de saída do bloco de partida em 15 metros; na velocidade média na 1ª passagem de 50 metros do 100m nado crawl; no índice de braçada (IB) e no comprimento de braçada (CB) na 1ª e na 2ª passagem de 50 metros do 100 metros nado crawl. Em todas a variáveis analisadas por este procedimento, o ganho percentual foi considerado igual entre os grupos GPL e GPOn, com exceção da variável CB passagem do 1 50 metros do 100m nado crawl, que apresentou ganho percentual diferente entre os grupos. Os valores do coeficiente de correlação de Pearson aplicado em todas as variáveis estudas, comparando as variáveis de força muscular com as demais variáveis de desempenho na piscina, antropométrica e de composição corporal em todos os

172 172 momentos de avaliação e em ambos os grupos (GPL e GPOn) separadamente, estão disponíveis no apêndices 7, para as variáveis do grupo GPL; no apêndices 8 para as variáveis do grupo GPOn; e no apêndice 9 para os resultados de correlação em ambos os grupos para a variável de índice técnico de competição, e serão apresentados quando necessário no capítulo 5, na discussão do trabalho Resultado da Avaliação de Maturação Sexual Características da Maturação Sexual no Sexo Masculino As tabelas 5 e 6 trazem informações de cada variável maturacional dos indivíduos do sexo masculino que compuseram a amostra do estudo. TABELA 5 - Distribuição de frequência da característica maturacional "Pêlos Axilares" e da característica maturacional "Genitália + Pêlos Pubianos" dos nadadores jovens do sexo masculino (n=9). Pelos Axilares f.a f.r Ausente 0 0 Presente 9 100,00% TOTAL 9 100,00% Estágio Puberal f.a f.r Pré-púbere 0 0% Púbere 9 100,00% Pós-púbere 0 0% TOTAL 9 100,00% Legenda: f.a = frequência absoluta; f.r. = frequência relativa Podemos observar que, em relação aos pêlos axilares, 100% da amostra acusava a presença parcial ou total de pêlos axilares. Em relação aos pêlos pubianos, podemos verificar que 77,78% da amostra se encontram nos estágios maturacionais IV e V, que 22,22% da amostra se encontram nos estágios II e III, e que nenhum indivíduo se encontrava em estágio considerado pré-púbere (Tabela 6).

173 173 TABELA 6 - Distribuição de frequência da característica maturacional "Genitália" e "Pêlos Pubianos" dos nadadores jovens do sexo masculino (n=9). Pelos Pubianos f.a f.r I(P1) 0 0% II(P2) 1 11,11% III(P3) 1 11,11% IV(P4) 6 66,67% V(P5) 1 11,11% TOTAL 9 100,00% Genitália f.a f.r I(G1) 0 0% II(G2) 0 0% III(G3) 2 22,22% IV(G4) 4 44,44% V(G5) 3 33,33% TOTAL 9 100,00% Legenda: f.a = frequência absoluta; f.r. = frequência relativa Com relação à genitália, podemos verificar que os jovens não apresentam maturação nos estágios I e II, que os jovens na sua maioria (77,77%) se encontram nos maturacionais estágios IV (44,44%) e V (33,33%), e que apenas 22,22% se encontram no estágio maturacional III. Quando somados genitália e pêlos pubianos, o porcentual de jovens púberes representa 100% da amostra da pesquisa para o sexo masculino Características da Maturação Sexual no Sexo Feminino As tabelas 7 e 8 trazem as informações de cada variável maturacional dos indivíduos do sexo feminino que compuseram a amostra do estudo.

174 174 TABELA 7 - Distribuição de frequência da característica maturacional "Menarca" e da característica maturacional "Genitália + Pêlos Pubianos" na nadadoras jovens do sexo feminino (n=8). Menarca f.a f.r NÃO 0 0 SIM 8 100,00% TOTAL 8 100,00% Estágio Puberal f.a f.r Pré-púbere 0 0% Púbere 8 100,00% Pós-púbere 0 0% TOTAL 8 100,00% Legenda: f.a = frequência absoluta; f.r. = frequência relativa TABELA 8 - Distribuição de frequência da característica maturacional "Genitália" e "Mamas" das nadadoras jovens do sexo feminino (n=9). Pelos Pubianos f.a f.r I(P1) 0 0% II(P2) 1 12,50% III(P3) 2 25,00% IV(P4) 4 50,00% V(P5) 1 12,50% TOTAL 8 100,00% Mamas f.a f.r I(M1) 0 0% II(M2) 0 0% III(M3) 1 12,50% IV(M4) 7 87,50% V(M5) 0 0% TOTAL 8 100,00% Legenda: f.a = frequência absoluta; f.r. = frequência relativa Podemos observar que, em relação â menarca, 100% da amostra registraram a presença do importante evento puberal. Em relação aos pelôs pubianos, foram verificados que 37,5% da amostra se encontram nos estágios II (12,5%), e III (25%); e que 62,5% se encontram no estágio IV (50%) e V (12,5%). Nenhuma jovem nadadora da amostra apresentou estágio maturacional I em relação aos pêlos pubianos. Em

175 175 relação as mamas, podemos verificar a maior a maioria das jovens nadadoras (87,5%) se encontram no o estágio V, e apenas 12,5% no estágio maturacional de mama a nível III. Não foram encontradas ocorrências nos estágios maturacionais I e II e V de mamas nas jovens pertencentes a amostra da pesquisa. Quando somados mamas e pêlos pubianos, o percentual de jovens púberes representa 100% da amostra da pesquisa Resultados das Variáveis Antropométricas e de Composição Corporal O apêndice 7 apresenta os resultados das médias e desvio padrão dos participantes dos dois grupos com modelos de periodização linear (GPL) e ondulatória (GPOn) nas avaliações antropométricas e de composição corporal. No apêndice 8 estão apresentados os resultados do delta percentual e do effect size (ES) com grau de magnitude do efeito do programa de treinamento de força nas variáveis antropométricas e de composição corporal dos indivíduos grupos GPL e GPOn. Os nadadores do grupo GPOn apresentaram uma média de aumento de massa corporal de 3,13% entre a AV1 e AV4, sendo esta diferença considerada significante pelo teste de variância ANOVA. Esta diferença significante também foi observado entre as avaliações da AV1 e AV2 e AV1 e AV3 do grupo GPOn. O grupo GPL não apresentou diferença estatisticamente significante na massa corporal entre AV1 e AV4, mesmo sendo observado um aumento percentual de 2,88% nessa variável. A valor do ES para o grupo GPL foi de 0,13, enquanto que o valor do ES para o grupo GPOn foi de 0,17, ambos sendo considerados de efeito de magnitude superficial para atletas de nível de treinamento avançado (entre 1 e 5 anos de prática sistematizada) (Gráfico 3).

176 176 Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual de AV4-AV1; ES = Efect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento; AV3 = avaliação após 10 semanas de treinamento; AV4 = Avaliação após 14 semanas de treinamento a Diferença estatisticamente significativa com AV1. GRÁFICO 3 - Massa Corporal Não ocorreram alterações estatisticamente significativas nas média de estatura entre os grupos, durante o período de 18 semanas de realização da pesquisa. A média de altura do GPL foi de 1,64 cm, enquanto que no GPOn a média de estatura variou 1 cm entre o momento AV2 (média de 1,68 cm) para AV3 (média de 1,69 cm), aumento de 0,59% na estatura para este grupo de nadadores (Apêndice 7 e 8 ). O índice de massa corporal (IMC) também foi avaliado na pesquisa. Não forma encontradas diferenças estatísticas nas médias do IMC para ambos os grupos. O GPL teve um aumento de 2,04% no IMC entre os momento de avaliação AV1 e AV4, apresentando um valor de ES de 0,16 considerado de magnitude superficial. Por outro lado, o GPOn teve aumento de 2,26 na média do IMC entre os momento AV1 e AV4, apresentando um ES no valor de 0,35 considerado de magnitude pequena para após 18 semanas do programa de treinamento (Gráfico 4).

177 177 Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual de AV4-AV1; ES = Efect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento; AV3 = avaliação após 10 semanas de treinamento; AV4 = Avaliação após 14 semanas de treinamento. GRÁFICO 4 - Índice de Massa Corporal Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual de AV4-AV1; ES = Efect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento; AV3 = avaliação após 10 semanas de treinamento; AV4 = Avaliação após 14 semanas de treinamento a Diferença estatisticamente significativa com AV1. GRÁFICO 5 - Porcentagem de Gordura Corporal Na porcentagem de gordura corporal a diminuição percentual de 20,84% e 14,72% para os grupos GPL e GPOn, respectivamente, entre as avaliações AV1 e AV4,

178 178 não foi considerada estatisticamente significante. Nesta variável de porcentagem de gordura corporal, uma diferença significante foi observada entre as momentos de avaliação AV1 e AV3. Não foi encontrado diferença significante em nenhum dos momentos de avaliação entre os grupos GPL e GPOn na variável percentual de gordura corporal. Porém foi observado uma tamanho de efeito de 0,40 no ES da variável porcentagem de gordura no GPL considerado de pequena magnitude, enquanto que para o GPOn este efeito foi considerado superficial (ES = 0,21) (Gráfico 5). Resultados semelhantes ao observado na variável percentual de gordura corporal, também foram observados na variável de massa magra, onde foi observado aumento significante (p < 0,05) na primeira avaliação (AV1) comparado a quarta avaliação (AV4) para ambos os grupos, em uma porcentagem de 5,64% e 4,87% para os grupos GPL e GPOn respectivamente. No grupo GPL, a diferença significante da massa magra foi observada entre a AV1 e AV3, AV2 e AV3 e AV1 e AV4; enquanto que no grupo GPOn diferença significante foi observada entre as avaliações da AV1 e AV2, AV1 e AV3 e AV3 e AV4 (tabela 9). Os valores de ES entre estes dois momento de avaliação também foram semelhantes (ES = 0,23 para GPL, e ES = 0,22 para GPOn) sendo ambos considerado de magnitude superficial para atletas de nível avançado de treinamento (Gráfico 6). Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual de AV4-AV1; ES = Efect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento; AV3 = avaliação após 10 semanas de treinamento; AV4 = Avaliação após 14 semanas de treinamento a Diferença estatisticamente significativa com AV1; b Diferença estatisticamente significativa com AV2. GRÁFICO 6 - Massa Magra

179 179 Ao compararmos as médias da AV1 com AV4 da variável massa gorda, a diminuição percentual de 17,58% para o grupo GPL, e 11,04% para o grupo GPOn, não foi considerada pela análise estatística como sendo significante para os grupos. Para essa variável, foi observado diferença significativa entre as avaliações AV1 e AV3, para ambos os grupos. Não foi encontrado diferença estatística significante entre os grupos GPL e GPOn em nenhum dos momentos de avaliação (tabela 9). Foram avaliados valores de ES de 0,34 para GPL, e 0,18 para GPOn, ambos considerados de magnitude a nível superficial (Gráfico 7). Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual de AV4-AV1; ES = Efect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento; AV3 = avaliação após 10 semanas de treinamento; AV4 = Avaliação após 14 semanas de treinamento a Diferença estatisticamente significativa com AV1. GRÁFICO 7 - Massa Gorda Foi observado diferença significante na variável circunferência do braço direito contraído (CBDC), nos grupos GPL e GPOn ao final das 14 semanas do programa de treinamento de força (momentos AV1 e AV4), numa ordem de 10,52% para o grupo GPL, e 12,06% para o grupo GPOn. O grupo GPOn apresentou também diferença significante entre as avaliações AV1 e AV3, AV2 e AV3 e AV2 e AV4. A análise estatística apontou diferença significante na variável circunferência de braço direito contraído entre os momentos de avaliação AV1 e AV3 e AV2 e AV4 no grupo GPL. O tamanho do efeito do programa treinamento de força na variável CBDC para o GPOn

180 180 foi considerado de magnitude moderada (ES = 0,85), enquanto que para o GPL foi de magnitude pequena (ES = 0,78) (Gráfico 8). Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual de AV4-AV1; ES = Efect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento; AV3 = avaliação após 10 semanas de treinamento; AV4 = Avaliação após 14 semanas de treinamento a Diferença estatisticamente significativa com AV1; b Diferença estatisticamente significativa com AV2. GRÁFICO 8 - Circunferência de Braço Direito Contraído Na comparação com as médias entre os momentos de avaliação inicial (AV1) e avaliação final (AV4) para ambos os grupos avaliados (GPL e GPOn) na variável circunferência da coxa medial direita (CCMD) foi observado diferença significante na ordem de 5,97% para o grupo GPL e 6,78% para grupo GPOn. A análise estatística ainda mostra que para o GPOn, existe diferença significante entre os momentos AV1 e AV3, AV2 e AV4 e AV3 e AV4 na variável circunferência de coxa medial direita. Já para o grupo GPL a análise estatística aponta diferença significante, além dos momentos AV1 e AV4, entre os momentos AV1 e AV3 nesta mesma variável (Gráfico 9).

181 181 Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual de AV4-AV1; ES = Efect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento; AV3 = avaliação após 10 semanas de treinamento; AV4 = Avaliação após 14 semanas de treinamento a Diferença estatisticamente significativa com AV1; b Diferença estatisticamente significativa com AV2; c Diferença estatisticamente significativa com AV3. GRÁFICO 9 - Circunferência da Coxa Medial Direita e Inferiores Resultados das Variáveis de Força Muscular dos Membros Superiores O apêndice 9 apresenta os resultados das médias e desvio padrão dos participantes dos grupos GPL e GPOn nas somatórias das médias das avaliações em cada exercício obtidos pelo teste da carga submáximo proposto pelo protocolo de Brzycki, dividido por segmentos musculares da parte superior e inferior do corpo, nos quatro momentos de avaliação (AV1, AV2, AV3 e AV4), mais o resultado da diferença numérica, do delta percentual entre a AV4 e a AV1, e valor do efect size (ES) entre AV1 e AV4, bem como, a classificação do nível de sua magnitude para atletas iniciantes em treinamento de força muscular. Nos resultados da análise intragrupos (Teste-t de Student) nas médias de força muscular dos membros superiores e inferiores foi observado diferença significante (p < 0,05) em todos as variáveis avaliadas (média da força dos membros superires da região do braço, peitoral, dorsal e membros inferiores) na AV1 quando comparada com a AV4 para ambos os grupos. Entretanto, na análise intergrupos (ANOVA one way) não foi

182 182 encontrado diferença significante entre os grupos (GPL e GPOn) em nenhuma das variáveis das médias de força por segmentos testados (Apêndice 9). Na comparação das médias de força dos membros superiores da região do braço percebe -se que os atletas do GPOn apresentaram aumento estatisticamente significante entre os momentos AV1 e AV4, com um valor de percentagem de aumento de 38,11%. Para esta mesma análise, o GPOn apresentou um ES no valor de 1,05; que representa um nível de magnitude de ganho de força considerado "pequena". Na variável força região do braço, o grupo GPOn apresentou ainda diferença significante entre AV1 e AV2, AV1 e AV3, AV2 e AV3 e AV3 e AV4. Por outro lado, no grupo GPL, não foi encontrado diferença estatisticamente significante entre a AV1 e AV4, apesar do aumento percentual avaliado de 47,47%, com um valor de ES de 1,46; considerado de magnitude moderada. Para o grupo GPL, na variável de força região do braço, foi encontrado diferença significante entre os momentos de avaliação AV1 e AV2, AV1 e AV3 e AV2 e AV4 (Gráfico 10). Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual de AV4-AV1; ES = Efect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento; AV3 = avaliação após 10 semanas de treinamento; AV4 = Avaliação após 14 semanas de treinamento a Diferença estatisticamente significativa com AV1; b Diferença estatisticamente significativa com AV2; c Diferença estatisticamente significativa com AV3. GRÁFICO 10 - Média Força Membros Superiores Região do Braço Nas médias da AV1, quando comparadas com as médias da AV4, nos resultados da força dos membros superiores da região peitoral no grupo GPOn, percebe-se que

183 183 estes nadadores apresentaram diferença estatisticamente significante nesta variável. O aumento da força na região peitoral para o grupo GPOn foi na ordem percentual de 51,72%, tendo um ES no valor de 1,32; que representa um aumento de magnitude em num nível considerado pequena para a faixa de iniciantes em treinamento de força muscular. O grupo GPOn apresentou ainda diferença significante entre os momentos de avaliação AV1 e AV2, AV1 e AV3, AV2 e AV3, AV2 e AV4, e AV3 e AV4. O grupo GPL teve um aumento percentual na força da região peitoral de 55,53%, com um ES de 1,24; considerado de nível de magnitude "pequena", porém não apresentando diferença significante entre AV1 e AV4. Diferença significativa na variável força da região peitoral para o grupo GPL foi observada nos demais momentos de avaliações realizadas na pesquisa (Gráfico 11). Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual de AV4-AV1; ES = Efect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento; AV3 = avaliação após 10 semanas de treinamento; AV4 = Avaliação após 14 semanas de treinamento a Diferença estatisticamente significativa com AV1; b Diferença estatisticamente significativa com AV2; c Diferença estatisticamente significativa com AV3. GRÁFICO 11 - Média Força Membros Superiores Região do Peitoral Resultados semelhantes aos descritos anteriormente na variável força da região peitoral, foram observados nas comparações das médias da AV1 e da AV4 da variável média da força dos membros superiores região dorsal. O grupo de atletas do GPOn apresenta diferença significante, não somente nos momentos de avaliação AV1 e AV4, com aumento percentual de 36,72%, e ES de 1,11; considerado de magnitude

184 184 "pequena", mas, também entre os momentos da avaliação AV1 e AV2, AV1 e AV3, AV2 e AV3, AV2 e AV4, e AV3 e AV4. O grupo GPL não apresentou diferença estatisticamente significante entre os momentos de avaliação AV1 e AV4, apesar do aumento percentual de 29,66%, apresentando um ES de 1,01; representando uma magnitude de efeito considerado pequena para ganhos de força muscular para atletas iniciantes neste tipo de treinamento. Diferenças significantes no grupo GPL foram observados nos demais momentos de avaliação (Gráfico 12). Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual de AV4-AV1; ES = Efect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento; AV3 = avaliação após 10 semanas de treinamento; AV4 = Avaliação após 14 semanas de treinamento a Diferença estatisticamente significativa com AV1; b Diferença estatisticamente significativa com AV2; c Diferença estatisticamente significativa com AV3. GRÁFICO 12 - Média Força Membros Superiores Região Dorsal Foi observado aumento significante (p<0,05) da variável média da força dos membros inferiores ao final das 14 semanas do programa de treinamento de força (AV4) comparado com o momento da avaliação inicial (AV1) em ambos os grupos avaliados (GPL e GPOn). O grupo GPL apresentou um aumento percentual de 90,57% na média da força dos membros inferiores, apresentando um ES no valor de 2,53; que representa um nível de magnitude considerado de efeito grande para atletas de iniciação ao treinamento de força. Uma análise parecida é observada no grupo GPOn, onde o aumento percentual foi de 111,17%, apresentando um ES de 2,87; também considerado

185 185 de efeito de "grande" magnitude nos ganhos de força muscular. Ambos os grupos apresentaram diferenças significantes entre todas as demais avaliações (Gráfico 13). Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual de AV4-AV1; ES = Efect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento; AV3 = avaliação após 10 semanas de treinamento; AV4 = Avaliação após 14 semanas de treinamento a Diferença estatisticamente significativa com AV1; b Diferença estatisticamente significativa com AV2; c Diferença estatisticamente significativa com AV3. GRÁFICO 13 - Média Força Membros Inferiores Resultados da Variável Tempo de 100m Nado Crawl O apêndice 10 apresenta os resultados das médias e desvio padrão dos participantes dos dois grupos com modelos de periodização linear (GPL) e ondulatória (GPOn) nas avaliações de potência anaeróbia pelo teste de 100 metros nado crawl, nos quatro momentos de avaliação: AV1, antes do início do programa; AV2, após 6 semanas de treinamento, AV3, após 10 semanas de treinamento, e AV4 ao término das 14 semanas de treinamento; além do resultado da diferença numérica e do delta percentual entre a AV4 e a AV1. Não foi encontrado diferença estatisticamente significante (p<0,05) nas análises intergrupos (pelo teste-t de Student) entre os grupos GPL e GPOn. Foi observada uma diminuição percentual de 1,90% e 3,37% no tempo da passagem dos 1 50 metros nado crawl entre as avaliações AV1 e AV4 para os grupos GPL e GPOn, respectivamente. Valores de magnitude considerada de nível superficial

186 186 para atletas avançados de condicionamento ao treinamento de natação, foram encontradas em ambos os grupos: ES = 0,12 para o GPL, e ES = 0,31 para o GPOn (Gráfico 14). Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual de AV4-AV1; ES = Efect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento; AV3 = avaliação após 10 semanas de treinamento; AV4 = Avaliação após 14 semanas de treinamento. GRÁFICO 14 - Tempo Passagem do 1ª 50 metros nado Crawl Já para o tempo de passagem dos 2 50 metros nado crawl, a diminuição percentual foi favorável ao grupo GPL, que obteve um valor percentual de redução nesta variável de 6,70%, em comparação a redução percentual de 1,97% para o grupo GPOn (Gráfico 15).

187 187 Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual de AV4-AV1; ES = Efect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento. GRÁFICO 15 - Tempo Passagem do 2ª 50 metros nado Crawl A análise do ES na variável de tempo na passagem dos 2 50 metros nado crawl foi considerada de magnitude superficial para ambos os grupos, com valores de 0,31 para o GPL e 0,18 para o grupo GPOn (Gráfico 15). A diminuição percentual também foi encontrada no tempo total do 100 metros crawl no grupo GPL, que apresentou uma redução percentual de 5,12% nesta variável entre os momentos de avaliação AV1 e AV4, contra um redução de 3,19% para o grupo GPOn. Porém, o valor de magnitude do efeito no tempo total da prova de 100 metros nado crawl foi favorável para o grupo GPOn, com um valor de ES = 0,28, enquanto que o GPL registrou um ES = 0,19, sendo ambas consideradas de magnitude superficial para atletas de rendimento a nível avançado (Gráfico 16).

188 188 Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual de AV4-AV1; ES = Efect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento. GRÁFICO 16 - Tempo Total do 100 metros nado Crawl Resultados das variáveis cinemáticas do desempenho. O apêndice 11 apresenta os resultados das médias e desvio padrão dos participantes dos dois grupos com modelos de periodização linear (GPL) e ondulatória (GPOn) nos testes cinemáticos de saída do bloco de partida em 15 metros, nos quatro momentos de avaliação: AV1, antes do início do programa; AV2, após 6 semanas de treinamento, AV3, após 10 semanas de treinamento, e AV4, ao término das 14 semanas de treinamento; além do resultado da diferença numérica e do delta percentual entre a AV4 e a AV1. Os valores ES foram avaliados a um nível de magnitude para atletas de nível avançado de treinamento de natação. Os resultados das médias apresentadas no apêndice 11 foram avaliadas pelo Teste-t de Student em cada um dos momentos de avaliação. Foi encontrada diferença estatisticamente significante (p<0,05) entre os grupos GPL e GPOn no momento primeiro momento de avaliação (AV1), ou seja, antes do início do programa de treinamento, nas variáveis de tempo da fase de vôo e fase complementar (Gráficos 17 e 19). Para estas duas variáveis foi aplicada a análise do cálculo do ganho percentual entre os momentos de avaliação inicial (AV1) e ao fim das 14 semanas de treinamento

189 189 (AV4), calculado-se o delta percentual de cada período de avaliação, e seus resultados analisados pelos Teste-t de Student com o objetivo de verificar estatisticamente os ganhos percentuais para os grupos neste momento da avaliação. Os resultados estatísticos das médias do delta percentual de tempo da fase de vôo e fase complementar do teste-t de Student, para o teste de saída do bloco de partida em 15 metros, apontam que entre os grupos GPL e GPOn os momentos de avaliação AV1 e AV4, foram consideradas iguais para as duas variáveis (Gráficos 17 e 19). A análise intergrupos, que também utilizou o Teste-t de Student para a avaliação estatística entre os grupos GPL e GPOn, foi aplicada nas demais variáveis do teste de saída do bloco de partida em 15 metros (fase submersa e tempo total da saída). Não foi encontrada diferença estatisticamente significante entre os grupos GPL e GPOn em todos os momentos de avaliação nas variáveis de fase submersa e tempo total de saída em 15 metros. Nas análises intragrupos, o teste de variância ANOVA medidas repetidas com fator único (ANOVA one way); não encontrou diferença significante entre os momentos de avaliação AV1, AV2 AV3 e AV4 nas variáveis cinemáticas de saída da fase submersa e tempo total da saída. A porcentagem no aumento do tempo na fase de vôo da análise cinemática de saída do bloco de partida em 15 metros entre os momentos de avaliação AV1 e AV4 para o grupo GPL foi de 2,91%. O grupo GPOn não apresentou aumento percentual na variável da fase de vôo na saída do bloco de partida. O valor do ES para o GPL na variável fase de voo foi de 0,27, considerada de magnitude insignificante. Não foi encontrado diferença no tempo de voo entre os momentos AV1 e AV4 nas médias do grupo GPOn (Gráfico 17).

190 190 Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual de AV4-AV1; ES = Efect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento; AV3 = avaliação após 10 semanas de treinamento; AV4 = Avaliação após 14 semanas de treinamento; ǂDiferença estatisticamente significativa na AV1 entre os grupos (ganho percentual pelo teste-t student igual entre os grupos) GRÁFICO 17 - Fase de Voo Na fase submersa da saída do bloco de partida, o grupo GPL apresentou um aumento percentual de 12,07% entre os momentos de avaliação AV1 e AV4, enquanto que o grupo GPOn apresentou um aumento de 6,79% nesta variável (Gráfico 18). Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual de AV4-AV1; ES = Efect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento. GRÁFICO 18 - Fase Submersa

191 191 Ao compararmos as médias da AV1 com AV4 da variável fase complementar do teste de cinemática da saída do bloco de partida, a diminuição percentual de 20,13% para o grupo GPL, e 13,61% para o grupo GPOn, foi considerada pela análise estatística do delta percentual como sendo iguais para os grupos. Um valor de ES considerado de magnitude moderada (1,03) foi encontrada no GPL, enquanto que no GPOn este valor de ES foi considerado de efeito pequeno (0,71) (Gráfico 19). Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual de AV4-AV1; ES = Efect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento; AV3 = avaliação após 10 semanas de treinamento; AV4 = Avaliação após 14 semanas de treinamento; ǂDiferença estatisticamente significativa na AV1 entre os grupos (ganho percentual pelo teste-t student igual entre os grupos) GRÁFICO 19 - Fase Complementar Foi observada diminuição percentual de 8,37% para o grupo GPL, e de 5,58% para o grupo GPOn na variável de tempo total da saída em 15 metros entre os momentos AV1 e AV4, não sendo esta diferença considerada significante entre os grupos. Ambos os grupos apresentaram um efeito de tamanho considerado pequeno para os grupos: GPOn, ES = 0,58; e GPL, ES 0,53 (Gráfico 20)

192 192 Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual de AV4-AV1; ES = Efect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento. GRÁFICO 20 - Tempo Total da Saída em 15 metros O apêndice 12 apresenta os resultados das médias e desvio padrão dos participantes dos dois grupos GPL e GPOn nas avaliações cinemáticas de virada em 15 metros, nos quatro momentos de avaliação: AV1, antes do início do programa; AV2, após 6 semanas de treinamento, AV3, após 10 semanas de treinamento, e AV4, ao término das 14 semanas de treinamento; além do resultado da diferença numérica e do delta percentual entre a AV4 e a AV1. O nível de tamanho do efeito considerado para efeito de avaliação das médias de desta variável de tempo da virada em 15 metros, foi a nível de treinamento considerado avançado (entre 1 e 5 anos de prática sistematizada). Nos resultados das médias de tempo da fase de aproximação em 5 metros foi observada diferença significante (p < 0,05) entre os grupos GPL e GPOn, os momentos de avaliação da AV3 e AV4. A análise intergrupos foi aplicada nas variáveis da fase da afastamento e tempo total do teste cinemático de virada em 15 metros; sendo encontrada diferença significante entre os grupos GPL e GPOn na variável da fase de aproximação de 5 metros nas variáveis AV2 e AV3 (Gráfico 21). Na variável fase de aproximação de 5 metros, do teste cinemático de virada, foi observada uma diminuição percentual de 1,24% no tempo da execução desta variável para o GPL, enquanto que para o grupo GPOn, na mesma variável foi registrado um aumento percentual do tempo 3,45%. O resultado da análise do ES, nesta mesma

193 193 variável apontou para o aumento percentual percebido no tempo da fase de aproximação de 5 metros, no GPOn um ES de 0,37, enquanto que a diminuição percentual observado no GPL teve um valor de ES de Em ambos os grupos a magnitude do efeito foi considerada de tamanho a nível superficial para atletas avançados de treinamento de natação (Gráfico 21). Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual de AV4-AV1; ES = Efect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento; AV3 = avaliação após 10 semanas de treinamento; AV4 = Avaliação após 14 semanas de treinamento; *Diferença estatisticamente significativa entre os grupos GL e GO na AV2; #Diferença estatisticamente significativa entre os grupos GL e GO na AV3. GRÁFICO 21 - Fase de Aproximação 5 metros Ambos os grupos (GPL e GPOn) apresentaram diminuição na porcentagem de tempo na variável fase de afastamento de 10 metros, na ordem de 1,24% e 1,72%, respectivamente (Gráfico 22).

194 194 Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual de AV4-AV1; ES = Efect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento. GRÁFICO 22 - Fase de Afastamento 10 metros Um efeito considerado de nível superficial para atletas avançados em treinamento foi observado entre os grupos, com valor de ES de 0,07 para o GPL, e ES de 0,22 para o GPOn (Gráfico 22). Nas médias da avaliação AV1, quando comparados com as médias da avaliação AV4, no tempo total da saída de 15 metros, percebe-se que os nadadores apresentaram diminuição percentual nas médias de tempo na ordem de 2,47% para o grupo GPL, e 0,40% para o grupo GPOn. Um valor de 0,14 para o GPL, e de 0,05 para o GPOn, foi avaliado pelo teste de ES aplicado nas médias da variável de tempo total de saída, sendo para ambas considerado de magnitude superficial para atletas avançados de treinamento (Gráfico 23).

195 195 Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual de AV4-AV1; ES = Efect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento. GRÁFICO 23 - Tempo Total de Virada 15 metros O apêndice 13 apresenta os resultados das médias e desvio padrão dos participantes dos dois grupos GPL e GPOn no teste cinemáticos da tomada de tempo da prova de 100 metros nado crawl, para as variáveis de velocidade média (VM), Índice de Braçada (IB), Comprimento de Braçada (CB) e Frequência de Braçada (FB), nos quatro momentos de avaliação: AV1, antes do início do programa; AV2, após 6 semanas de treinamento, AV3, após 10 semanas de treinamento, e AV4, ao término das 14 semanas de treinamento; além do resultado da diferença numérica e do delta percentual entre a AV4 e a AV1. Não foi encontrada diferença estatisticamente significante (p<0,05) nas análises intergrupos (pelo teste-t de Student) entre os grupos GPL e GPOn, com exceção do primeiro momento de avaliação (AV1) nas variáveis de VM da 1ª passagem de 50 metros; e nas variáveis de IB e CB nas duas passagens de 50 metros (1ª e 2ª passagem de 50 metros dos teste de tomada de tempo do 100m nado crawl). Foi realizada a análise estatística para estas variáveis que apresentaram diferença estatísticas entre os grupos na AV1, calculando do ganho percentual entre os momentos de avaliação AV1 e AV4 dos grupos GPL e GPOn. O resultado da do Teste-t de Student, aplicado no valor do delta percentual dos grupos GPL e GPOn, entre nesta variáveis foram considerados iguais entre os grupos, com exceção da variável CB na passagem do 1 50 metros da

196 196 tomada de tempo do 100m nado crawl, sendo considerado de diferente entres os grupos GPL e GPOn (Apêndice 13). Não foi encontrada diferença significante (p < 0,05) na VM na passagem do 1 50 metros nado crawl, entre os momentos de avaliação AV1 e AV4 e AV3 e AV4 para ambos os grupos. O GPL apresentou um aumento percentual de 6,96% na VM da passagem do 1 50 metros nado crawl, enquanto os nadadores do grupo GPOn apresentaram um aumento de 8,06% na mesma variável. Uma magnitude de efeito considerado pequena foi avaliada nos valores de ES nos grupos GPL (0,40) e GPOn (0,59) (Gráfico 24). Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual entre AV4-AV1; ES = Valor do Effect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento; AV3 = avaliação após 10 semanas de treinamento; AV4 = Avaliação após 14 semanas de treinamento a Diferença estatisticamente significante com AV1; c Diferença estatisticamente significante com AV3, # Diferença estatisticamente significante entre os grupos; Ganho percentual pelo Teste-T student igual entre os grupos. GRÁFICO 24 - Velocidade Média da 1ª passagem de 50 metros Na VM da passagem do 2 50 metros do 100 metros nado crawl, foi observado aumento significante (p < 0,05) na primeira avaliação (AV1) comparado a quarta avaliação (AV4) para ambos os grupos, em uma porcentagem de 11,11% e 5,08% para os grupos GPL e GPOn respectivamente. No grupo GPL foi registrado ainda diferença estatisticamente significante entre os momentos de avaliação AV1 e AV4, e no GPOn nos momentos de avaliação AV1 e AV4 e AV3 e AV4. (Gráfico 25).

197 197 Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual entre AV4-AV1; ES = Valor do Effect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento; AV3 = avaliação após 10 semanas de treinamento; AV4 = Avaliação após 14 semanas de treinamento a Diferença estatisticamente significante com AV1; c Diferença estatisticamente significante com AV3. GRÁFICO 25 - Velocidade Média da 2ª passagem de 50 metros Foi observada diferença significante (p < 0,05) para o aumento percentual de 18,67% na variável índice de braçada (IB) na 1ª passagem de 50 metros nado crawl, no grupo GPL ao término das 14 semanas do programa de treinamento. Diferenças significantes também foram encontradas no GPL nesta variável entre os momento AV2 e AV4 e AV3 e AV4. Um aumento percentual de 11,68% para grupo GPOn foi significante pela análise intragrupos entre os momento AV1 e AV4 também foi registrado no GPOn. Já o ES no grupo GPOn para a variável de IB na 1ª passagem de 50 metros foi de 0,72; enquanto que no GPL este efeito foi de 0,65; ambos de magnitude considerada pequena para atletas de nível avançado de treinamento (Gráfico 26).

198 198 Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual entre AV4-AV1; ES = Valor do Effect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento; AV3 = avaliação após 10 semanas de treinamento; AV4 = Avaliação após 14 semanas de treinamento a Diferença estatisticamente significante com AV1; b Diferença estatisticamente significativa com AV2; c Diferença estatisticamente significante com AV3, # Diferença estatisticamente significante entre os grupos; Ganho percentual pelo Teste-T student igual entre os grupos. GRÁFICO 26 - Índice de Braçada da 1ª passagem de 50 metros Tanto na 1ª quanto na 2ª passagem de 50 metros na variável de IB, foi encontrado diferença significante no momento de avaliação AV1. Em ambos as variáveis o procedimento de avaliação do ganho percentual pelo Teste-T de student foi aplicado, e o seu resultado considerou os ganhos percentuais entre as os momentos de avaliação iguais para ambos os grupos nas duas variáveis (IB 1 50 metros e IB 2 50 metros) (Gráficos 26 e 27). Resultados semelhantes na análise estatística foram observado na variável IB da 2ª passagem de 50 metros da tomada de tempo dos 100 metros nado crawl. Foram observados na variável um aumento no percentual de 19,40% e 10,92% para os grupos GPL e GPOn, respectivamente, entre as avaliações AV1 e AV4, considerada estatisticamente significante para ambos os grupos. Nesta variável de IB da 2ª passagem de 50 metros nado crawl, também foi observado uma diferença significante entre as momentos de avaliação da AV1 e AV2 para grupo GPL. O ES foi aplicado nesta variável, sendo encontrado um valor considerado de magnitude pequena em ambas as variáveis (ES = 0,55 para GPL; e ES = 0,58 para GPOn) (Gráfico 27).

199 199 Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual entre AV4-AV1; ES = Valor do Effect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento; AV3 = avaliação após 10 semanas de treinamento; AV4 = Avaliação após 14 semanas de treinamento a Diferença estatisticamente significante com AV1; # Diferença estatisticamente significante entre os grupos; Ganho percentual pelo Teste-T student igual entre os grupos. GRÁFICO 27 - Índice de Braçada da 2ª passagem de 50 metros Foi encontrada diferença estatisticamente significante (p<0,05) na análise intergrupos (pelo teste-t de Student) entre os grupos GPL e GPOn, no primeiro momento de avaliação (AV1) no CB nas passagens do 1 e do 2 50 metros do teste cinemático de tomada de tempo de 100 metros nado crawl (Tabela 15 e Gráficos 28 e 29). Desta maneira, foi realizada a análise estatística para estas variáveis, calculando o ganho percentual entre os momentos de avaliação AV1 e AV4 dos grupos GPL e GPOn. O valor do delta percentual deste período foi avaliado, e seus resultados analisados novamente pelos Teste-T de student com o objetivo de analisar estatisticamente a diferença percentual para os grupos entre estas passagens. O resultado estatístico desta análise aponta que o ganho percentual entre os grupos GPL (11,97% no CB da 1ª passagem do 50 metros) e GPOn (3,14% no CB da 1ª passagem de 50 metros) entre os momentos de avaliação AV1 e AV4, foram consideradas percentualmente diferentes entre os grupos. Nesta mesma variável também, foi encontrada diferença significante entre os momento de avaliação AV3 e AV4 (Gráfico 28).

200 200 Já na variável de CB da 2ª passagem de 50 metros a diferença significante no aumento percentual de 9,92% para o GPL e de 5,44% para o GPOn foi considerado pelo Teste-T de student como sendo percentualmente iguais entre os grupos (Gráfico 29). Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual entre AV4-AV1; ES = Valor do Effect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento; AV3 = avaliação após 10 semanas de treinamento; AV4 = Avaliação após 14 semanas de treinamento a Diferença estatisticamente significante com AV1; c Diferença estatisticamente significante com AV3, # Diferença estatisticamente significante entre os grupos; Ganho percentual pelo Teste-T student diferente entre os grupos GRÁFICO 28 - Comprimento de Braçada da 1ª passagem de 50 metros Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual entre AV4-AV1; ES = Valor do Effect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento; AV3 = avaliação após 10 semanas de treinamento; AV4 = Avaliação após 14 semanas de treinamento a Diferença estatisticamente significante com AV1; # Diferença estatisticamente significante entre os grupos; Ganho percentual pelo Teste-T student igual entre os grupos. GRÁFICO 29 - Comprimento de Braçada da 2ª passagem de 50 metros

201 201 Resultados semelhantes ocorreram nas análises de ES entre as variáveis de CB na 1ª e na 2ª passagem de 50 metros na tomada de tempo de 100 metros nado crawl. Em ambas as passagens na variável CB, o GPL registrou um efeito de magnitude considerada pequena, com um valor de ES de 0,68 no CB da 1ª passagem de 50 metros, e ES de 0,65 na 2ª passagem de 50 metros. O GPOn apresentou nas mesmas variáveis de CB uma magnitude considerada de nível superficial, com valores de ES de 0,26 e 0,24 nas passagens do 1 e no 2 50 metros respectivamente (Gráficos 28 e 29) Pelas médias dos quatro momentos de avaliação para a variável FB das passagens tanto do 1 50 metros, como do 2 50 metros, observamos que não houve diferença estatisticamente significante em nenhum momento das avaliações intergrupos (GPL e GPOn) ou intragrupos (AV1, AV2, AV3 e AV4) (Gráficos 30 e 31). Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual de AV4-AV1; ES = Efect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento. GRÁFICO 30 - Frequência de Braçada da 1ª passagem de 50 metros Foi observado aumento percentual na variável FB na 2ª passagem de 50 metros no GPOn após as 14 semanas do programa de treinamento, numa ordem de 3,80%. Enquanto que o grupo GPL apresentou diminuição percentual de 4,94% entre as avaliações AV1 e AV4. Em ambos os grupos a magnitude do efeito do treinamento na variável de FB na passagem de 50 metros foi considerada de nível superficial; tendo apresentado o GPL um ES de 0,33; e o GPOn um ES de 0,21

202 202 Legenda: AV = Avaliação; % = Delta Percentual de AV4-AV1; ES = Efect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatória; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 6 semanas de treinamento. GRÁFICO 31 - Frequência de Braçada da 2ª passagem de 50 metros O GPL apresentou uma diminuição percentual de 1,33% na FB da 2ª passagem de 50 metros, com um valor de ES de 0,09 considerada de magnitude superficial. Os nadadores do grupo GPOn também apresentaram diminuição na média percentual na variável FB na 2ª passagem de 50 metros no valor de 1,26%, com um valor de ES de 0,08, também considerado de magnitude a nível superficial (Gráfico 31) Resultados da Variável de Desempenho Competitivo O apêndice 14 apresenta os resultados das médias e desvio padrão dos participantes dos dois grupos com modelos de periodização linear (GPL) e ondulatória (GPOn) nos resultados de índice técnico do desempenho competitivo avaliados dos 3 eventos principais do calendário oficiais da FEDAR, nos quais os nadadores pertencentes à amostra do estudo obtiveram nos momentos de avaliação PRÉ (10 semanas antes do início do programa de treinamento de força muscular); DUR (após o 7 semanas do início do programa de treinamento de força) e PÓS (1 semana após o término do programa de treinamento de força).

203 203 Legenda: PRÉ = 10 semanas antes do inicio do programa de treinamento de força; DUR= após 5 semanas do início do programa de treinamento de força; PÓS = uma semana após o término do programa treinamento de força; % = Delta Percentual de PÓS-PRÉ; ES = Efect Size; GPL = Grupo Periodização Linear; GPOn = Grupo Periodização Ondulatório; a Diferença estatisticamente significante com PRÉ. GRÁFICO 32 - Índice Técnico Competitivo A análise intergrupos, que utilizou o teste-t de Student, para a avaliação estatística entre os grupos GPL e GPOn, não encontrou diferença estatisticamente significante entre os grupos GPL e GPOn em nenhum dos momentos de avaliação (PRÉ, DUR e PÓS) na variável de índice técnico competitivo (Gráfico 32). Nas análises intragrupos, o teste de variância ANOVA encontrou diferença significante entre os momentos de avaliação PRÉ e PÓS e entre os momento PRÉ e DUR nos grupos GPL e GPOn respectivamente. O GPL apresentou um aumento percentual de 26,10% enquanto o grupo GPOn, apresentou um aumento percentual de 16,86% na variável de índice técnico competitivo, entre os momento PRÉ e PÓS. Por outro lado, o GPOn obteve um valor de ES = 0,65, enquanto o GPL registrou um ES = 0,52, sendo ambos considerados de magnitude pequena para atletas avançados em treinamento.

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