Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 1ª Composição Adjunta da 26ª Junta de Recursos

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1 Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 1ª Composição Adjunta da 26ª Junta de Recursos Número do Processo: / Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL BARRA DO CHOÇA Benefício: 88/ Espécie: BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL AO IDOSO Recorrente: ANTONIO DIAS DE ALMEIDA Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Assunto: INDEFERIMENTO Relator: Relatório Trata-se de Recurso ordinário interposto, em 08/05/2014, por ANTONIO DIAS DE ALMEIDA contra decisão do INSS, que cessou, em 01/05/2014, o Amparo Social ao Idoso (NB: 88/ ), com DER em 04/03/2005, sob alegação: RENDA PER CAPITA MAIOR OU IGUAL ¼ DO SALARIO MINIMO. Verifica-se no processo Relatório Individual do Monitoramento Operacional de Benefícios MOB abordando: Assunto: Acórdão 668/TCU CPF DE TITULAR BENEFÍCIO DE BPC LOAS ESPÉCIE 88 VINCULADO À PROPRIEDADE DE VEÍCULO AUTOMÓVEL NO RENAVAM. Foi Expedido Ofício nº 81 MOB/APS BARRA DO CHOÇA/2014 convocando o Sr. Antônio Dias de Almeida com o objetivo de revisão em seu benefício, uma vez que fora identificada a vinculação do Cadastro de Pessoa Física CPF a propriedade de veículo automóvel NACIONAL/GM/CHEVETE ANO/MODELO 1982 constante na base de dados do RENAVAM. Compareceu no dia 01/04/2014. (evento 1) Declaração de Rendimentos Sobre Bens de Beneficiários do BPC em Processo de Revisão.(evento 1) Informa o beneficiário que o bem identificado não mais lhe pertence, pois, de fato, já fora detentor de veículo conduzente com as descrições elencadas e que hoje ele já não lhe pertence mais. Foi Expedida Carta de Exigência (evento 1), solicitando: Apresentação de Declaração da Composição do Grupo e Renda Familiar BPC, conforme Manual de Procedimentos aprovado pela Resolução nº 348 PRES/INSS, de 08 de outubro de 2013, acompanhada da documentação de identificação de todas as pessoas que estiverem elencadas no referido documento. Cumpriu integralmente a exigência, juntando a declaração, bem como cópia de documento pessoal dos figurantes na declaração. Ressalta-se que consta na DECLARAÇÃO no nome de ZELITA PEREIRA DOS SANTOS (companheira) detentora da Aposentadoria por Idade (NB: 41/ ) concedida em 17/04/1999, omitida tal informação quando do requerimento do B/88. Verifica-se, também, os valores recebidos e que estão sendo cobrados de 5 (cinco) anos para cá, obedecendo o prazo prescricional, na forma seguinte: Valor Indevido Original:... R$ ,00 Valor da Correção:... R$ 5.114,87 Valor Indevido Corrigido:... R$ ,87 Expedido o Ofício nº 89, MOB/APS BARRA DO CHOÇA/2014 (evento 1), facultando a Antônio Dias de Almeida, beneficiário do LOAS, espécie 88, para apresentar DEFESA, do seguinte assunto: Processo: Amparo Social à Pessoa Idosa B88 NB Assunto: Recebimento de BPC LOAS após a superação das condições que deram a sua concessão

2 Renda familiar per capita mensal igual ou superior a ¼ (uma quarto) do salário mínimo, não enquadramento no 3º, Art. 20 da Lei nº 8.72; Indício de irregularidade importa a declaração da quantia de R$ ,87 (trinta e nove mil quatrocentos e sessenta e dois reais e oitenta e sete centavos. O Recorrente inconformado com a decisão que indeferiu seu benefício, apresentou recurso, aduzindo os seguintes argumentos: Eu estava recebendo este benefício como que era aposentadoria eu estava muito enganado se foi erro foi do INSS, eu recebia como aposentado eu não fiz nada errado, eu trabalhei como diarista dede a idade de 15 anos veio um total para eu pagar, só se eu pagar na cadeia, como é que uma pessoa com 75 anos pode trabalhar para poder pagar esse dinheiro. Preciso muito de continuar recebendo o meu benefício porque sou pobre. (evento 1) A Autarquia Previdenciária apresentou Contrarrazões (evento 9) aduzindo: Cabe ressaltar que na revisão de BPC LOAS fruto do Acórdão 668/2009 TCU, para fins de cálculo da renda mensal familiar per capita deverá ser observado o conceito de família da legislação vigente no ato da reavaliação. (Capítulo III, alínea I do Manual de Procedimentos para Operacionalização de Apuração de Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social BPC, em atenção à recomendação do Acórdão 668/2009 TCU Plenário, aprovado pela Resolução nº 348 PRES/INSS, de 08 de outubro de 2013) Sendo assim, é sob o amparo da Lei nº , de 06 de julho de 2011, que trouxe nova roupagem ao 1º, Art. 20 da Lei nº 8.742/93, que aplicamos no presente caso as regras para aferição de composição e renda familiar tratadas até então. Seguindo adiante, no processo originário do B88 NB consta que o interessado vivia sozinho na época de sua interposição. Nos autos do B41 NB (aposentadoria por idade da companheira) e B41 NB (aposentadoria por idade requerida pelo Sr. Antônio Dias de Almeida DER 05/05/2014), as informações levantadas dão conta de que o Sr. Antônio Dias de Almeida e a Sra. Zelita Pereira dos Santos convivem em grau de união estável há muito tempo o que nos remete à constatação da progressão condicional motivadora do B88 NB já no ato de sua concessão uma vez que naquele momento - e ainda na atualidade o B41 NB da companheira encontrava-se ativo/concedido. Neste ínterim, ele apresentou tempestivamente sua defesa administrativa no dia 14/04/2014 levando a tona os seguintes pontos: ter qualidade de trabalhador rural antes da iniciação do Amparo ao Idoso; desconhecer, teórica e tecnicamente, Leis, normas, etc. relacionadas ao assunto; que diante da idade e da profissão desempenhada na vida se via, a bem da verdade, na presença de aposentadoria por idade do lavrador e não de um amparo social; que não agiu de forma dolosa, fraudulenta ou de má-fé; que é indevida a suspensão do benefício e mais ainda a cobrança de valores a serem ressarcidos ao erário dada a fragilidade social que lhe persegue inerente a sua condição de idoso. No que diz respeito à defesa produzida pelo autor, quanto à forma, aconteceu o seu acatamento, e, no mérito, mesmo na presença dos indícios elencados nas fls. 34 a 36 evidenciando até certo ponto a sua qualificação rurícola anterior à DIB/DDB do B88 NB , ela não foi capaz de reverter o quadro de irregularidade apontado, ou seja, a renda per capita familiar contrária ao 3º, Art. 20 da Lei nº 8.742/93. Neste sentido, restou ao INSS concretizar a suspensão da prestação, efetuar, pelas regras da prescrição quinquenal contadas a partir de 26/03/2014 (data de início da apuração), a cobrança das parcelas gozadas indevidamente pelo beneficiário no B88 NB e promover a abertura de prazo para interposição de recurso nos moldes do Art. 305 do Decreto nº 3.048/99. Na alçada recursal, o interessado retorna tempestivamente ao mértio da causa, só que desta vez para contestar tão somente a cobrança dos valores usufruídos irregularmente no B88 NB a partir de 26/03/2009 seguindo a mesma linha de raciocínio abordada na defesa. No decurso das avaliações, constatou-se a superação dos critérios inerentes à manutenção/concessão do B88 NB e por força legal ele foi SUSPENSO, ato não contestado pelo autor no recurso. Suplantada a questão legal do requisito constante no 3º, Art. 20 Lei nº 8.742/93, atestada nos autos e não invocada pelo recorrente, as razões e as ditas contrarrazões de recurso se debruçam somente sobre a matéria devolução dos valores. Vale observar que o envovido passou a ser titular de Aposentadoria por Idade como segurado rural B41 NB desde 05/05/2014. O pleito do demandante converge para que não seja aplicada a legislação pertinente à devolução de quantias ao erário

3 porque não houve comprovação cabal de má-fé, dolo ou fraude de sua parte, fato esse mais que consagrado no processo, devendo ser imputada ao INSS toda a responsabilidade pelo ato. Entretanto, a cobrança de tais valores foi calculada com referência aos últimos cinco anos anteriores à data de início da apuração justamente por considerar que não houve má-fé, fraude ou dolo do envolvido. Se isso tivesse acontecido, essa sim seria aplicada em relação a todo o montante recebido por ele desde 04/03/2005 (DIB/DER do B88 NB ), conforme preconiza o 2º, Art. 154 do Decreto 3.048/99. Assim, em razão dos requisitos legais pertinentes à matéria, entendemos que deverá ser mantida a decisão inicial do INSS de suspensão do benefício bem como o ressarcimento aos cofres públicos de quantias atinentes ao lapso de tempo inicado no dia 26/03/2009 sob a égide da prescrição quinquenal e o olhar do Art. 49 do Decreto nº 6.214/07, do Memorando Circular nº 03 DIRBEN/DIRSAT/INSS/2013 e do Memorando Circular Conjunto nº 10 DIRBEN/DIRSAT/INSS/2013. É, no essencial, o relatório. Inclusão em Pauta Incluído em Pauta no dia 09/09/2014 para sessão nº 0060/2014, de 17/09/2014. Voto Admissibilidade EMENTA: AMPARO SOCIAL AO IDOSO. REESTABELECIMENTO DO BENEFICIO. IMPOSSIBILIDADE. FUNDAMENTAÇÃO. ARTIGO 203, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ARTIGO 20 DA LEI Nº 8.742/93. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO PARCIALMENTE Conta ciência pessoal do interessado em 08/05/2014 e interpôs recurso em 08/05/2014. Portanto, recurso tempestivo. Fundamentação Legal Trata o presente do direito da parte recorrente à percepção do benefício assistencial previsto no art. 203, inciso V, da Constituição Federal, regulado pela Lei n.º 8.742/93. A Constituição Federal instituiu o benefício assistencial ao deficiente e ao idoso nos seguintes termos: Art A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente da contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: (...) V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. A redação do art. 20 da Lei n.º 8.742, de 7 de dezembro de 1993, LOAS, foi alterada pelas Leis nº , de 06/07/2011, e nº , de 31/08/2011, passando a apresentar, a partir desta última, o seguinte teor: Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. Alterado pela LEI Nº , DE 6 DE JULHO DE 2011 DOU DE 07/07/2011 1º - Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. Alterado pela LEI Nº , DE 6 DE JULHO DE 2011 DOU DE 07/07/2011

4 3º - Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo. Alterado pela LEI Nº , DE 6 DE JULHO DE 2011 DOU DE 07/07/2011 4º - O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória. Alterado pela LEI Nº , DE 6 DE JULHO DE 2011 DOU DE 07/07/ o A renda familiar mensal a que se refere o 3 o deverá ser declarada pelo requerente ou seu representante legal, sujeitando-se aos demais procedimentos previstos no regulamento para o deferimento do pedido. (Redação dada pela Lei nº 9.720, de º - A remuneração da pessoa com deficiência na condição de aprendiz não será considerada para fins do cálculo a que se refere o 3º deste artigo. Alterado LEI Nº , DE 31 DE AGOSTO DE 2011 DOU DE 1/09/2011 Caso concreto O beneficio do Amparo Social ao Idoso (nb: 88/ ) deverá continuar cessado, porém sem a devolução dos valores, uma vez que o beneficiário não agiu com dolo ou má fé. O parágrafo 2º do art. 154 do Dec /99 não deve ser aplicado a este caso. Conclusão Face o exposto, configura-se ratificado o entendimento da Autarquia recorrida quanto ao motivo originário da cessação do benéfico, porém sem a devolução dos valores recebidos de boa fé. Pelo exposto, VOTO no sentido de preliminarmente, CONHECER DO RECURSO PARCIALMENTE. Relator(a) Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). LIRACIO SEBASTIAO DOS SANTOS Conselheiro(a) Suplente Representante do Governo Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). CANDICE MARTINS COSTA SAMPAIO Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas Presidente concorda com voto do relator(a). JOSÉ FRANCISCO COSTA Presidente

5 Decisório Nº Acórdão: 2193 / 2014 Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª Composição Adjunta da 26ª Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros LIRACIO SEBASTIAO DOS SANTOS e CANDICE MARTINS COSTA SAMPAIO. Relator(a) JOSÉ FRANCISCO COSTA Presidente