DECISÃO. Processo nº /08-9 SLPS 1. Agência Nacional de Aviação Civil - Brasil

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1 DECISÃO JR Agência Nacional de Aviação Civil - Brasil Nº AI: 179/CTAI/2006 Nº PROC.: /08-9 NOME DO INTERESSADO: AMERICAN AIRLINES ISR/RO PASSAGEIRO: RELATOR: Sérgio Luís Pereira Santos Especialista em Regulação Mat. SIAPE RELATÓRIO Trata-se de Recurso interposto pela empresa AMERICAN AIRLINES, contra decisão proferida no Processo Administrativo nº /08-9, originado do AI 179/CTAI/2006, lavrado em 30/06/2006 (fls. 05), devido à Empresa ter comercializado o bilhete de número (Rio de Janeiro Maiami Nova Iorque), sob a base tarifária QHX6BR, caracterizado com base tarifária de OPERADOR ( IT ), sem a devida vinculação a um pacote turístico terrestre ( voucher ), não atendendo, portanto, aos requisitos contidos na NOSAI TP 035 (Tarifas Provadas), conforme constatado por meio de fiscalização realizada no vôo 904, no dia 29/06/2006, no aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão Antônio Carlos Jobim, enquadrando a infração nos incisos III e IV do artigo 298 e alíneas q, s e u do inciso III do artigo 302, todos do CBA. Em Relatório de Fiscalização (fls. 01), o INSPAC desta Agência verificou que a Empresa comercializou, por intermédio de um preposto, bilhete aéreo do vôo 904, do dia 29/06/2006, com tarifa de operador sigla IT, sem inclusão de transporte terrestre (voucher), não atendendo, portanto, aos requisitos contidos na NOSAI TP 035 (Tarifas Privadas). A Empresa, cientificada, ofereceu Defesa (fls. 08 e 09), na qual anexa carta da agência de viagens, com os comprovantes do pacote terrestre, estes adquiridos junto com a tarifa de operação. A carta da referida agência de viagens se limita a apresentar os referidos comprovantes, bem como cartaz de divulgação da programação GUIMEL TAMUZ, a qual destaca os itens de hospedagem e parte terrestre. A então Gerência de Operações Internacionais, em parecer técnico (fls. 10), confirma que as alegações da Empresa não condizem com o constatado in locu, uma vez que os vouchers não foram apresentados ao fiscal da ANAC quando solicitado, e deve ser fornecido ao passageiro no momento em que este adquire o referido bilhete, devendo o mesmo portá-lo durante sua viagem. Acrescenta, ainda, que é dever do preposto da empresa oferecer todas as informações necessárias ao passageiro quanto às condições do seu contrato, bem como se o mesmo possui alguma restrição quanto a sua utilização. Ao final, sugere a aplicação de penalidades. A então GGFS, em decisão motivada (fls. 110), não acatou as justificativas da empresa autuada, acatando o relatório técnico às fls. 10, enquadrando a referida infração na alínea u do inciso III do artigo 302 do CBA, aplicando multa no valor R$ 6.000,00 (seis mil reais). A Empresa, após notificação da decisão, apresenta tempestivamente Recurso (fls. 16 a 18). Em grau recursal, a Empresa recorrente requer a devolução do prazo para recurso, tendo em vista a notificação, por edital, após frustrada a pela via postal. A Empresa, então, apresenta novo Recurso (fls. 29 a 36), oportunidade em que alega, entre outras coisas: - a prescrição administrativa, esta prevista no artigo 319 do CBA; - não ter cometido infração alguma, na medida em que era de responsabilidade do passageiro portar a documentação referente ao seu vôo; - que não houve nexo de causalidade entre a prestação de serviços da Empresa e eventual Processo nº /08-9 SLPS 1

2 dano sofrido pelo passageiro; e - afronta ao princípio da proporcionalidade e da razoabilidade. É o breve Relatório. VOTO DO RELATOR Sérgio Luís Pereira Santos Mat. SIAPE PRELIMINARMENTE Da alegação da prescrição administrativa. Devemos, em preliminares, observar que a Empresa ora recorrente alega a prescrição contida no caput do artigo 319 do CBA, o qual estabelece que as providências administrativas previstas neste Código prescrevem em 2 (dois) anos, a partir da data da ocorrência do ato ou fato que as autorizar, e seus efeitos, ainda no caso de suspensão, não poderão exceder esse prazo. Importante reforçar que este dispositivo não mais vigora, tendo em vista a sua revogação após a entrada em vigor da Lei nº , de 23/11/1999, a qual estabelece prazo de prescrição para o exercício de ação punitiva pela Administração Pública Federal, direta e indireta, e dá outras providências, onde poderemos encontrar em seu artigo 1º, abaixo disposto in verbis: Lei nº /99 Art. 1 o Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado. 1 o Incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se for o caso. (grifos nossos) Observa-se que o fato ocorreu em 30/06/2006, o que nos leva a concluir que se encontra dentro do lapso temporal disposto no caput do artigo 1º. Importante, ainda, apontar que, também não houve a prescrição intercorrente, conforme estabelecida no 1º deste mesmo artigo. Ao final, este diploma legal, mais especificamente em seu artigo 8º, revoga, entre outros dispositivos específicos, as demais disposições em contrário, ainda que constantes em lei especial. Da alegação de inadequação da base legal. Quanto à inadequação da base legal, cabe colocar que a Junta de Julgamento convalidou a decisão de primeira instância administrativa, a qual, dentre os enquadramentos apontados no referido Auto de Infração (alíneas q, s e u do inciso III do art. 302 e incisos III e IV do art. 298, todos do CBA), considerou a alínea u do inciso III do artigo 302 o mais adequado ao caso concreto. Assim dispõe, in verbis, a alínea u do inciso III do artigo 302 do CBA: CBA Art A multa será aplicada pela prática das seguintes infrações: III infrações imputáveis à concessionária ou Processo nº /08-9 SLPS 2

3 Original permissionária de serviços aéreos: u) infringir as Condições Gerais de Transporte, bem como as demais normas que dispõem sobre os serviços aéreos; (grifos nossos) Como podemos observar o ato infracional poderá ser adequado na parte final da alínea u do inciso III do artigo 302 do CBA, como visto. Entretanto, entendo que o enquadramento pela parte inicial da alínea q do mesmo inciso II do artigo 302 é mais adequado, sendo, inclusive, utilizado em outros processos semelhantes, ou seja, contendo atos infracionais fundados no mesmo tipo de ocorrência com outras empresas de transporte, conforme poderemos observar pelo dispositivo disposto in verbis: CBA Art A multa será aplicada pela prática das seguintes infrações: III infrações imputáveis à concessionária ou permissionária de serviços aéreos: q) infringir as tarifas aprovadas, prometer ou conceder, direta ou indiretamente, desconto, abatimento, bonificação, utilidade ou qualquer vantagem aos usuários, em função da utilização de seus serviços de transporte; (grifos nossos) O enquadramento pela parte inicial da alínea q se confirma, na medida em que a Empresa, segundo a fiscalização, vendeu uma passagem aérea sem qualquer parte terrestre incluída, utilizando, entretanto, as condições especiais de uma tarifa que adota este tipo de serviço. Assim dispõe, in verbis, a NOSAI TP035, de 01 de fevereiro de 2006, que trata sobre as Tarifas de Passagem, o que tange o transporte aéreo internacional: NORMA DE SERVIÇO AÉREO INTERNACIONAL TP 035 I TARIFA DE OPERADOR É aquela cuja comercialização somente é permitida quando vinculada a pacote terrestre, para os seguintes destinos no exterior e respectivas condições de aplicação: Estados Unidos da América O valor facial indicado nos bilhetes aéreos deverá ser representado pelo código IT, sendo que o valor net/net (valor líquido que a empresa aérea disponibiliza livre de quaisquer comissões) não poderá ser inferior ao valor mínimo estabelecido no Acordo sobre Transporte Aéreo Brasil/Estados Unidos da América, deduzido de até 20% (vinte por cento) na baixa estação e de até 5% (cinco por cento) na alta estação. O nível mínimo desde pontos no Brasil para pontos no território americano não poderá ser inferior ao menor valor estabelecido, a partir de São Paulo, no Acordo sobre Transporte Aéreo Brasil/Estados Unidos da América. Processo nº /08-9 SLPS 3

4 (grifos nossos) Observa-se que, pela tarifa tipo IT, a comercialização somente é permitida quando vinculada a pacote terrestre, havendo, inclusive, melhores condições. Na introdução da presente NOSAI TP035, verificamos a aplicação obrigatória para todos os transportadores aéreos que operam no Brasil. Sendo assim, em cumprimento ao disposto no 3º do artigo 1º do CBA, podemos, com segurança, entender que a Empresa autuada deve observar a norma complementar (NOSAI TP035), no que tange a tarifa aprovada pela autoridade de aviação civil no Brasil. No entanto, como dito acima, este enquadramento pela alínea q do inciso III do artigo 302 do CBA tem sido recorrentemente utilizado neste tipo de ato infracional, o que me impede de entender que, neste caso, poderemos lançar mão de uma interpretação tão abrangente, de forma que venha a adotar dois enquadramentos diferentes para a mesma situação infracional. Reforço que a situação infracional contempla o afronta às tarifas aprovadas, sendo, inclusive, apontado no próprio auto de infração, tendo, sim, relação com as normas que dispõem sobre os serviços aéreos, mas de forma discreta, não tão específica quanto pelo enquadramento na alínea q. A Administração Pública deve zelar pelo princípio da legalidade (caput do artigo 37 da CR/88), bem como pelo princípio da tipicidade, este próprio do processo administrativo sancionador, guardadas as devidas proporções. Não menos importante é o fato dos referidos enquadramentos terem valores diferentes, quais sejam: alínea u do inciso III do artigo 302 R$ 4.000,00, R$ 7.000,00 e R$ ,00 e a alínea q deste mesmo inciso R$ 8.000,00, R$ ,00 e R$ ,00, na medida em que aqueles autuados pelo primeiro enquadramento, como no caso em tela, seriam, de certa forma, beneficiados se relacionarmos com aqueles enquadrados no segundo, o que afronta ao princípio da impessoalidade, tendo em vista uma possível melhora de condições quando diante de dois atos infracionais semelhantes. Reconheço, contudo, que, em outras decisões anteriores nesta Junta Recursal, posso ter tido posicionamento diverso do ora apresentado, mas estou ciente de que a maturação das idéias, também, faz parte da minha senda. No entanto, tendo em vista os fatos relatados no presente processamento, acredito que o presente processo deverá retornar à origem, de forma que venha a ser autuada a Empresa por seu ato infracional, contudo, dentro do enquadramento correto. Importante ressaltar que, neste caso, cabe a convalidação do ato administrativo, com base na mudança de enquadramento para a alínea q do inciso III do artigo 302 do CBA, tendo em vista que a motivação do Auto de Infração aponta, também, o afronta à base tarifária, afeto ao enquadramento pela alínea q do inciso III do artigo 302 do CBA, o que torna, assim, mais apropriado a sua convalidação, em conformidade com o inciso I do 1º do artigo 7º da Instrução Normativa nº 08, de 06/06/08, oferecendo à Empresa novo prazo para Defesa, em atenção ao 2º deste mesmo artigo 7º. VOTO Desta forma, voto por RETORNAR O PRESENTE PROCESSO À ORIGEM, cancelando, assim, todos os efeitos da decisão prolatada pelo competente órgão decisório de primeira instância administrativa. É o voto deste Relator. Processo nº /08-9 SLPS 4

5 Rio de Janeiro, 29 de junho de SÉRGIO LUÍS PEREIRA SANTOS Membro Julgador da Junta Recursal da ANAC Especialista em Regulação Matrícula nº Processo nº /08-9 SLPS 5

6 Agência Nacional de Aviação Civil - Brasil CERTIDÃO DE JULGAMENTO JR AUTUAÇÃO Nº AI: 179/CTAI/2006 Nº PROC.: /08-9 NOME DO INTERESSADO: AMERICAN AIRLINES ISR/RO PASSAGEIRO: RELATOR: Sérgio Luís Pereira Santos Especialista em Regulação Mat. SIAPE PRESIDENTE DA SESSÃO: Dra. Ângela Onzi Rizzi Matrícula nº ASSUNTO: Tarifas IT alínea u do inciso III do artigo 302 do CBA. CERTIDÃO Certifico que a Junta Recursal da AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL ANAC, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Junta, por unanimidade, retornou o processo à origem, cancelando a multa aplicada pela decisão de primeira instância administrativa, nos termos do voto do Relator. O Membro Julgador, Sra. Renata de Albuquerque de Azevedo, e a Presidente da Junta Recursal, Sra. Ângela Onzi Rizzi, votaram com o Relator. Rio de Janeiro, 29 de junho de ÂNGELA ONZI RIZZI PRESIDENTE DA JUNTA RECURSAL Processo nº /08-9 SLPS 6

7 DESPACHO JR Agência Nacional de Aviação Civil - Brasil Nº AI: 179/CTAI/2006 Nº PROC.: /08-9 NOME DO INTERESSADO: AMERICAN AIRLINES ISR/RO PASSAGEIRO: Retorno o presente à Secretaria da Junta Recursal, de forma que esta, após processar a decisão deste colegiado, remeta o mesmo à origem para que esta venha a CONVALIDAR o ato administrativo, nos termos do voto do Relator. Importante observar os termos do disposto na Lei nº , de 23/11/1999, a qual Estabelece prazo de prescrição para o exercício de ação punitiva pela Administração Pública Federal, direta e indireta, e dá outras providências. Encaminhe-se à Secretaria da Junta Recursal para as providências de praxe. Rio de Janeiro, 29 de junho de ÂNGELA ONZI RIZZI PRESIDENTE DA JUNTA RECURSAL Processo nº /08-9 SLPS 7