Acórdão nº Sessão do dia 07 de agosto de 2014.

Transcrição

1 Sessão do dia 07 de agosto de RECURSO VOLUNTÁRIO Nº Recorrente: UBS CORRETORA DE CÂMBIO E VALORES MOBILIÁRIOS S.A. Recorrido: COORDENADOR DA COORDENADORIA DE REVISÃO E JULGAMENTO TRIBUTÁRIOS Relator: Conselheiro ROBERTO LIRA DE PAULA Representante da Fazenda: ANDRÉ BRUGNI DE AGUIAR ISS PRELIMINAR - CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA Não se configura cerceamento de direito de defesa autuação que descreve infrações em conformidade com quadro demonstrativo pautado no Plano de Contas COSIF aprovado pelo Banco Central do Brasil. Preliminar rejeitada. Decisão unânime. ISS OPERAÇÕES COM ATIVOS FINANCEIROS Operações com ativos financeiros que não digam respeito a câmbio, seguros, planos de previdência privada, títulos quaisquer, direitos da propriedade industrial, artística ou literária, e contratos de franquia (franchise) e de faturação (factoring), se enquadram no item L do art. 8º da Lei nº 691/84, em sua redação dada pela Lei nº de 30/12/87. Recurso voluntário improvido. Decisão unânime. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS

2 R E L A T Ó R I O Adoto o relatório da Representação da Fazenda, de fls. 245/246, que passa a fazer parte integrante do presente. Cuida o presente de recurso interposto por UBS Corretora de Câmbio de Valores Mobiliários S/A, em face da decisão do Senhor Coordenador da Coordenadoria de Revisão e Julgamento Tributários, de julgar improcedente a impugnação apresentada ao Auto de Infração PROBAN n PR003/2004, lavrado por falta de recolhimento do ISS, no período de janeiro de a dezembro de Foram autuadas as seguintes rubricas: Operações com Ações - BOVESPA Operações com Ativos Financeiros Operações com Ativos Financeiros BM&F PRELIMINAR DE NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA A Recorrente em sede de preliminar argui a nulidade do Auto de Infração, por cerceamento de seu direito de defesa. Em apertada síntese, alega que o mesmo não descreve, com o necessário nível de detalhamento os serviços que estão sendo tributados. MÉRITO Em relação à rubrica Operações com Ativo Financeiros, consigna que nas operações que realiza na BM&F, há negociação de bens através de papéis negociáveis, qual seja títulos, isto é, não opera fisicamente com as mercadorias ou os ativos. Assevera que os serviços registrados na rubrica têm hipótese de incidência prevista pelo inciso 46 da lista municipal de serviços e também na anexa à Lei Complementar n 56/87, não inciso 50. Assim, entende-se desonerada do ISS pela prestação desses serviços em face da exceção contida no inciso 46 da lista anexa àquela Lei Complementar, já que é uma instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central. O mesmo se pode dizer da rubrica Operações com Ações - BOVESPA. Nesta, o próprio Auto de Infração registra que a hipótese de incidência é a prevista pelo inciso 46, da lista Municipal de Serviços, na redação que lhe deu a Lei n 2.277/94.

3 Protesta, a seguir, pela ilegalidade e inconstitucionalidade da Lei n 2.277/94, que excluiu do texto dos incisos XLIV, XLVI e XLVIII da lista municipal de serviços, a exceção da tributação pelo ISS de serviços previstos por esses incisos, quando prestados por instituições financeiras autorizadas a funcionar pelo Banco Central. Pretende, também, pelo seu caráter confiscatório, a exclusão da penalidade fixada. Termina sua peça recursal requerendo o provimento do recurso. A Representação da Fazenda opinou pela rejeição da preliminar suscitada pelo Contribuinte e, no mérito, pelo improvimento do recurso. É o relatório. V O T O Trata-se de Recurso Voluntário inicialmente entregue ao Representante da Fazenda Ivan Dalton Ascher Ascheroff, que veio a ser substituído pelo i. FR André Brugni de Aguiar, que subscreveu sem ressalvas a promoção da lavra de autoria do i.fr sucedido. Inicialmente o representante da Fazenda, tendo em vista a decisão ocorrida em mandado de segurança impetrado por entidades representativas, entre outras, de sociedades corretoras de valores mobiliários, que se viram excluídas de autuação, entre outros itens, daquelas com relação ao item XLVI do art. 8º da Lei nº 691/84, (Conta Operações com Ações BOVESPA), solicitou da Ilma. Presidente deste colegiado a exclusão dos valores decorrentes da autuação referida ao item em tela, remanescendo a autuação com relação às contas Operações com Ativos Financeiros e Operações com Ativos Financeiros BM&F.

4 PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA Tem razão o i.fr autor da promoção quanto à improcedência da argumentação desenvolvida pelo contribuinte em sua defesa da tese de cerceamento do direito de defesa. A compilação das infrações descritas em quadro demonstrativo decorrente do programa PROBAN, que é pautado nas contas determinadas em plano de contas estabelecido pelo Banco Central do Brasil e sob o qual é de inteiro conhecimento do contribuinte, não lhe dão razão de haver sido cerceado em seu direito de defesa. Além do mais as suas peças impugnatória e recursal são prova inconteste do não cerceamento do direito de defesa, posto que as mesmas demonstraram que o contribuinte teve total ciência do que lhes havia sido imposto como penalidade e suas razões de ser. Diante disto, REJEITO a preliminar de cerceamento de direito de defesa. MÉRITO Obrou muito bem o i.fr em sua promoção ao diferenciar as operações realizadas pela BOVESPA e aquelas realizadas pela BM&F. Foi de uma didática e clareza definitivas, demonstrando que as operações realizadas na BM&F não estão sob o manto da decisão do mandato de segurança, posto que diferentemente do que propugna o contribuinte não se enquadram tais operações no item XLVI da Lista de Serviços, mas sim, como bem demonstrado, no item L do referido rol. Outrossim, o i.fr trouxe aos autos diversas decisões dos Tribunais Superiores que respaldam o seu posicionamento, notadamente quanto à diferenciação das operações da BOVESPA e da BM&F, não sendo necessário às instituições que ali atuam serem credenciadas pelo Banco Central do Brasil. Além do mais, tal enquadramento no item L, também diz respeito às operações financeiras realizadas fora do âmbito da BM&F. Quanto à multa, esta é decorrente da lei de regência, CTM (Lei 691/84), sendo ato administrativo vinculado ao qual não cabe a este colegiado sua revogação. Outrossim, a multa é aplicada sobre o tributo e não sobre o preço do serviço. Este é o meu voto, em rápida síntese, tendo em vista a minha concordância com a fundamentação trazida pelo i. FR que elaborou a promoção, fundamentos estes que considero como se aqui transcritos estivessem, NEGO PROVIMENTO ao presente Recurso Voluntário mantendo incólume a decisão da primeira instância com relação aos itens remanescentes.

5 A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos em que é Recorrente: UBS CORRETORA DE CÂMBIO E VALORES MOBILIÁRIOS S.A. e Recorrido: COORDENADOR DA COORDENADORIA DE REVISÃO E JULGAMENTO TRIBUTÁRIOS Acorda o Conselho de Contribuintes: 1) Por unanimidade, rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração, por cerceamento do direito de defesa, suscitada pelo Contribuinte, nos termos do voto do Relator. 2) No mérito, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. Ausente das votações o Conselheiro ABEL MENDES PINHEIRO JUNIOR, substituído pelo Suplente PEDRO CLAUDIO NOEL RIBEIRO. Conselho de Contribuintes do Município do Rio de Janeiro, 14 de agosto de DENISE CAMOLEZ PRESIDENTE ROBERTO LIRA DE PAULA CONSELHEIRO RELATOR