VOTO. ASSUNTO: Recurso Administrativo interposto pela Companhia Energética de Roraima CERR em

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1 VOTO PROCESSO: / INTERESSADO: CERR - Companhia Energética de Roraima. RELATOR: Diretor Tiago de Barros Correia. RESPONSÁVEL: DIR. ASSUNTO: Recurso Administrativo interposto pela Companhia Energética de Roraima CERR em face do Auto de Infração nº 0026/2016-SFF, lavrado pela Superintendência de Fiscalização Econômica e Financeira - SFF, que aplicou penalidade de multa em decorrência de fiscalização de conformidade regulatória. I RELATÓRIO 1. Em novembro de 2015, a Superintendência de Fiscalização Econômica e Financeira SFF realizou fiscalização com o objetivo de verificar a adimplência das obrigações intrassetoriais e constatou que a fiscalizada encontra-se inadimplente em relação ao encargo Energia elétrica contratada de forma regulada ou livre por concessionária permissionária ou autorizada de serviço de energia elétrica. 2. Nesse sentido, foi emitido o Relatório de Fiscalização RF, de 9 de novembro de 2015, encaminhado pelo Termo de Notificação TN nº 0097/2015-SFF, de 09 de novembro de 2015, indicando o possível cometimento de uma não conformidade (NC.1), referente à inadimplência em relação ao pagamento das obrigações intrassetoriais oriundas do suprimento de energia elétrica por parte da Boa Vista Energia S.A., no valor histórico de R$ ,87 (trinta e oito milhões, quatrocentos e trinta mil e oitocentos e setenta reais e oitenta e sete centavos).

2 3. Após análise da manifestação apresentada pelo Agente, restou mantida pela fiscalização a Não-Conformidade (NC.1), in verbis: Não-Conformidade (NC.1) Descumprimento do disposto na Portaria MME n 920, de 05 de novembro de 1969; na Lei nº 8.631, de 4 de março de 1993; na Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; na Lei n , de 26 de abril de 2002; e na Lei n 9.427, de 26 de dezembro de 1996, ao tornar-se inadimplente com as obrigações oriundos do suprimento de energia elétrica por parte da Boa Vista Energia S.A. 4. Em razão disso, a decidiu pela emissão do AI nº 0026/2016-SFF, de 5 de abril de 2016, para autuar a CERR com multa do Grupo III Multa no Valor Total de R$ ,00 (trezentos e trinta e quatro mil, duzentos e sessenta e seis reais). 5. Em 12 de maio de 2016 a CERR interpôs recurso intempestivo 1 em face da autuação em tela. 6. Em sede de juízo de reconsideração a SFF decidiu não conhecer do recurso por intempestivo. 7. Em 30 de maio de 2016 fui sorteado relator. 8. Na sequência, a PF/ANEEL se manifestou mediante o Parecer nº 00373/2016/PFANEEL/PGF/AGU, de 22 de julho de É o relatório. II FUNDAMENTAÇÃO 10. Trata-se de Recurso Administrativo interposto pela Companhia Energética de Roraima CERR em face do Auto de Infração 0026/2016-SFF, lavrado pela Superintendência de Fiscalização Econômica e Financeira - SFF, que aplicou penalidade de multa em decorrência de fiscalização de conformidade regulatória. 1 Intimada do AI: 28/04/2016; prazo recursal até:09/05/2016; interposição: 12/

3 Mérito 11. A recorrente pleiteia o cancelamento do Auto de Infração nº 026/2016- SFF sob o argumento de que a sua Receita de Referência (RA) validada nos processos tarifários é insuficiente para cobrir seus custos operacionais. 12. No ano de 2015 teriam contabilizado o montante de R$ ,44 (quarenta e nove milhões, seiscentos e sessenta e nove mil e setecentos e setenta e cinco reais e quarenta e quatro centavos) a receber de seus consumidores, mas só foram pagos efetivamente a importância de R$ ,69 (trinta e dois milhões, quatrocentos e quinze mil, oitocentos e trinta e quatro reais e sessenta e nove centavos). 13. Argumentam ainda que a Boa Vista Energia S.A. emitiu fatura a título de suprimento no montante de R$ ,54 (quarenta e quatro milhões, quatrocentos mil, duzentos e vinte e sete reais e cinquenta e quatro centavos), mas que após deduzido o que recebeu de seus clientes verificou um déficit de R$ ,85 (onze milhões, novecentos e oitenta e quatro mil, trezentos e noventa e dois reais e oitenta e cinco centavos), sem contar as despesas com pessoal no valor de (R$ ,00 no exercício de 2015) e demais despesas operacionais. 14. É fato que a o desequilíbrio econômico-financeiro 2 das tarifas da CERR já foi constatado pela ANEEL. No entanto não é possível precisar a tarifa de equilíbrio da concessão devido à inconsistência dos dados informados pela concessionária. Além do mais, o desequilíbrio também decorre da impossibilidade de aplicar os reajustes tarifários devidos porque a empresa encontra-se inadimplente com as obrigações setoriais. 15. A SFF ao analisar o recurso manteve a autuação por intempestividade, o que implicaria não conhecer deste recurso. No entanto algumas questões foram levantadas pela PF/ANEEL que merecem ser consideradas para o deslinde da questão. 2 Nota Técnica nº 35/2016-SGT/ANEEL

4 Dosimetria para a NC O que observa a PF/ANEEL ao analisar a dosimetria do caso é que nem todas as circunstâncias previstas no art. 15 da Resolução 63/2004 teriam sido desfavoráveis ao agente. De fato, a SFF expressamente afastou a ocorrência de danos resultantes para o serviço e para os usuários, não obstante concluir que poderia haver potenciais consequências indesejáveis, e deu a entender que também não foi possível mensurar a abrangência, não a utilizando na ponderação da dosimetria 17. A Procuradoria chama a atenção para o fato de que apesar disso a SFF optou por fixar a multa em 1% (um por cento) do valor do faturamento anual da autuada, o que representa o máximo permitido para infrações do Grupo III. 18. Não há dúvidas de que a determinação deste percentual, desde que dentro dos limites regulamentares, se insere na esfera discricionária do Fiscal. Ocorre, porém, que esta discricionariedade deve-se pautar pelos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. 19. Por isto, entendo, como a Procuradoria, que se verifica um flagrante descompasso entre a motivação da dosimetria e seu resultado. Não há liame lógico entre considerar como inexistentes os quesitos danos ao serviço e abrangência e adotar a dosimetria em valor igual ao máximo permitido para o Grupo III. 20. É precisa a compreensão do parecerista de que ainda que existam diversas circunstâncias agravantes, se houver uma única circunstância favorável ao agente ou até mesmo uma desfavorável não fixada no seu patamar máximo, a multa não poderá ser aplicada no seu teto regulamentar. 21. Nesse sentido, ainda que o recurso não tenha como ser conhecido, por intempestivo, é necessário que, de ofício, o valor da multa seja reavaliado.

5 22. Desta forma, recalculando, a nova multa passa: Abr./Grav. /Danos/Vantagens/Sanções Dosimetria Multa (R$) 50% 1% R$ ,00 29% 0,58% R$ ,28 Conclusão 23. Tudo posto, a nova multa passará a R$ ,28 (cento e noventa e três mil, oitocentos e setenta e quatro, vinte oito centavos). III DIREITO 24. A presente análise encontra fundamentação nos seguintes dispositivos normativos: a) Lei nº 9.784, 29 de janeiro de 1999; b) Portaria MME n 920, de 5 de novembro de 1969; c) Resolução Normativa nº 538, de 5 de março de 2013; d) Resolução Normativa nº 63, de 12 de maio de IV DISPOSITIVO 25. Diante do exposto e considerando o que consta do Processo nº / , voto por: (i) não conhecer do Recurso Administrativo interposto pela Companhia Energética de Roraima CERR em face do Auto de Infração nº 0026/2016-SFF, lavrado pela Superintendência de Fiscalização Econômica e Financeira - SFF, que aplicou penalidade de multa em decorrência de

6 fiscalização de conformidade regulatória, por intempestiva; e (ii) de ofício, reduzir a multa de R$ ,00 (trezentos e trinta e quatro mil, duzentos e sessenta e seis reais) para R$ ,28 (cento e noventa e três mil, oitocentos e setenta e quatro, vinte oito centavos). Brasília, de de Tiago de Barros Correia Diretor

7 AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA ANEEL DESPACHO N, DE DE O DIRETOR-GERAL DA AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA ANEEL, no uso das suas atribuições regimentais, tendo em vista deliberação da Diretoria e o que consta do Processo nº / , decide: (i) não conhecer do Recurso Administrativo interposto pela Companhia Energética de Roraima CERR em face do Auto de Infração nº 0026/2016-SFF, lavrado pela Superintendência de Fiscalização Econômica e Financeira - SFF, que aplicou penalidade de multa em decorrência de fiscalização de conformidade regulatória, por intempestividade; e (ii) de ofício, reduzir a multa de R$ ,00 (trezentos e trinta e quatro mil, duzentos e sessenta e seis reais) para R$ ,28 (cento e noventa e três mil, oitocentos e setenta e quatro, vinte oito centavos), a serem recolhidos na forma da legislação vigente. ROMEU DONIZETE RUFINO

8 Resumo de Despacho DESPACHO DE (DIA) DE (MÊS) DE (ANO) Nº. Processo nº: / Interessado: Benetex Reciclagem Têxtil Ltda, Benefios Reciclagem Têxtil Ltda, CCEE e agentes da CCEE. Decisão: (i) determinar que a CCEE, na sua próxima assembleia-geral, avalie a conveniência de deliberar, no mínimo, sobre: (i.a) as hipóteses em que pedidos para parcelamento de débitos possam ser consentidos pelo Conselho de Administração - CAd; e (i.b) formas de rateio, encargos moratórios, requisitos, hipóteses de parcelamento. A assembleia-geral não deverá tratar de valores atinentes a encargos setoriais ou rubricas de natureza assemelhada; (ii) não conhecer qualquer novo pedido para parcelamento de débitos, enquanto não for realizada a assembleia-geral; (iii) acolher o pedido de arquivamento da impugnação atinente à BENETEX, bem como pelo conhecimento da impugnação da BENEFIOS, negando-lhe provimento; e (iv) sobrestar o processo de desligamento da BENEFIOS até que, após realizada a assembleia-geral, verifique o CAd se haverá ou não possibilidade de parcelamento dos débitos.. A íntegra deste Despacho (e seus anexos) consta dos autos e estará disponível em ROMEU DONIZETE RUFINO Diretor-Geral