DECISÃO RELATÓRIO. Crédito de Multa. nº /13-1 JCBTD Página 1 de 5

Transcrição

1 DECISÃO JR AI nº 6054/2010 Data: 08/10/2010 Processo nº / Interessado: EDILSON ANTONIO PEREIRA Crédito de Multa nº /13-1 Infração: extrapolar os limites de horas de voo de tripulante. Enquadramento: alínea p do inciso II do Art. 302 do CBAer (Lei nº de 19/12/1986) c/c alínea c do art. 30 da Lei nº de 05/04/1984. Relator: Sr. Julio Cezar Bosco Teixeira Ditta Analista Administrativo Mat. SIAPE RELATÓRIO EXTRAPOLAR LIMITE DE HORAS DE VOO DE TRIPULANTE. ALÍNEA P DO INCISO II DO ART. 302 DO CBAER. DEFESA TEMPESTIVA. RECURSO TEMPESTIVO. PROCESSO RETIRADO DE PAUTA ANTE A POSSIBILIDADE DE AGRAVAMENTO. 1. Da Introdução: A infração foi enquadrada no alínea p do inciso II do Art. 302 do CBAer (Lei nº de 19/12/1986) c/c alínea c do art. 30 da Lei nº de 05/04/1984, com o seguinte histórico: Foi constatado que, no período de 3º trimestre de 2010, o Tripulante Edilson Antonio Pereira excedeu, fora dos casos previstos em lei, o limite trimestral de horas de voo, ao efetuar o total de 239,65 horas de voo no referido mês, ultrapassando, dessa forma, o limite de 230 horas, previsto no artigo 30, alínea c da Lei nº 7.183, de 05 de abril de 1984 (fl. 01). 2. Do Relatório de Ocorrência: A fiscalização desta Agência Reguladora, em relatório emitido em 08/10/2010 (fl. 02), informou que, devido a constatações anteriores de descumprimento da Lei nº 7.183, de 05 de abril de 1984, a empresa PASSAREDO TRANSPORTES AÉREOS LTDA. estaria sob vigilância especial, tendo constatado, ao analisar o extrato do Relatório de Pagamento de Tripulantes do Sistema Integrado de Gestão de Linhas Aéreas (SIGLA) referente aos meses de julho, agosto e setembro de 2010, que o piloto EDILSON ANTONIO PEREIRA, dentre outros aeronautas, extrapolara o limite trimestral de horas de voo do piloto referente ao período (fls. 03 a 05). 3. Da Defesa do Interessado: O interessado foi devidamente notificado acerca do auto de infração em 16/11/2010, conforme se verifica da cópia do Edital de Intimação constante à fl. 09, não tendo, contudo, oferecido peça de defesa, conforme Termo de Revelia (fl. 14); 4. Da Decisão de Primeira Instância: O setor competente, em decisão motivada datada de 07/02/2013 (fls. 16 a 17) confirmou o ato infracional, enquadrando a referida infração no alínea p do inciso II do Art. 302 do CBAer (Lei nº de 19/12/1986) c/c alínea c do art. 30 da Lei nº de 05/04/1984 e aplicou, ao considerar a ocorrência da circunstância atenuante prevista no inciso III do 1º do art. 22 da Resolução ANAC nº 25 de 25/04/2008 e sem o cômputo de circunstância agravante, ao final, multa no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais). Crédito de Multa. nº /13-1 JCBTD Página 1 de 5

2 5. Das Razões do Recurso: A área técnica notificou o interessado em 14/05/2013 (fls. 27 e 29), tendo o interessado postado peça de recurso em 23/05/2013 (fls. 30 a 37), na qual aduziu aduziu que teria havido bis in idem pela lavratura do AI 6054/2010, em face do interessado e de um outro Auto de Infração, cujo número não informou, em face da empresa, pela extrapolação do limite do horas do aeronauta ora interessado, por entender que haveria responsabilidade subsidiária entre a empresa PASSAREDO TRANSPORTES AÉREOS LTDA. e o aeronauta ora interessado; no mérito, alegou a circunstância excludente de responsabilidade consistente no argumento de que, por ser empregado da PASSAREDO TRANSPORTES AÉREOS LTDA., não poderia o aeronauta ter sido responsabilizado por ultrapassar o limite de horas durante o período de julho, agosto e setembro de 2010, pois entende que a empresa seria o ente responsável pelo controle de horas e pela operação; que devido ao fato de vários tripulantes terem pedido demissão da empresa, a mesma teria passado a operar com número insuficiente de tripulantes, sendo, em contrapartida, obrigada a cumprir os HOTRANS aprovados, de modo a evitar atrasos e cancelamentos em suas rotas; subsidiariamente, requereu a aplicação da pena de advertência; ao final, alegou que o valor da multa feriria o princípio da razoabilidade. 6. Das Outras Peças Processuais: Cópia da Folha de Registro de Empregado (fl. 06); Envelope contendo Aviso de Recebimento com conteúdo negativo (fl. 07); Página do Sistema Integrado de Informações da Aviação Civil (fl. 08); Certidão sobre consulta junto à Receita Federal sobre o endereço do aeronauta (fl. 10); Aviso de Recebimento com conteúdo negativo (fl. 11); Certidão negativa de Débito (fl. 12); Página do Sistema Integrado de Gestão de Créditos (SIGEC) (fl. 13); Página do Sistema Integrado de Informações da Aviação Civil (fl. 15); Cópia da Via da Notificação de Decisão encaminhada ao interessado (fl. 18); Despacho de encaminhamento dos autos à Junta Recursal (fl. 19); Cópia da Via do Auto de Infração nº 6054/2010, encaminhado ao interessado (fl. 20); Cópia da Decisão, encaminhada ao interessado (fls. 21 a 22); Via da Notificação de Decisão com Aviso de Recebimento de teor negativo (fl. 23); Despacho da Secretaria da Junta Recursal, devolvendo os Autos à área técnica para renotificação do interessado (fl. 24); Página do Sistema da Receita Federal (fl. 25); Página do Sistema Integrado de Gestão de Créditos (SIGEC) (fl. 26); Despacho de encaminhamento dos autos à Junta Recursal (fl. 28); Cópia do Envelope no qual o interessado postou a sua peça de recurso (fl. 38); Despacho da Secretaria da Junta Recursal sobre a tempestividade recursal (fl. 39); Despacho de distribuição emitido pela Secretaria da Junta Recursal (fl. 40); e Página do Sistema Integrado de Gestão de Créditos (SIGEC), emitida em 23/03/2016, informando sobre multas atribuídas ao interessado (fl. 41). É o Relatório. VOTO DO RELATOR Sr. Julio Cezar Bosco Teixeira Ditta Mat. SIAPE PRELIMINARMENTE Da Regularidade Processual: O interessado foi regularmente notificado, em 16/11/2010 (fl. 09) quanto à infração imputada (fl. 01) em 08/10/2010, não tendo, contudo, apresentado peça de Defesa (fl. 14). Foi, ainda, regularmente notificado em 14/05/2013 (fls. 27 e 29) quanto à decisão de primeira instância (fls. 16 a 17), tendo apresentado o seu tempestivo Recurso em 23/05/2013 (fls. 30 a 37). Crédito de Multa. nº /13-1 JCBTD Página 2 de 5

3 Sendo assim, aponto que o presente processo preservou os interesses da Administração Pública, bem como os direitos aos princípios do contraditório e da ampla defesa do interessado. Contudo, antes de se decidir o mérito, há questão prévia que precisa ser enfrentada por essa Junta Recursal. Quanto à multa aplicada, em decisão de primeira instância foi reconhecida a presença de circunstância atenuante prevista no 1, inciso III, do artigo 22, Resolução ANAC n 25/08, conforme anterior consulta ao SIGEC e ainda inexistência de circunstancias agravantes, dentre as previstas no parágrafo 2 do artigo 22 da Resolução nº 25/08. Art. 22. Para efeito de aplicação de penalidades serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes. 1º São circunstâncias atenuantes: I - o reconhecimento da prática da infração; II - a adoção voluntária de providências eficazes para evitar ou amenizar as consequências da infração, antes de proferida a decisão; III - a inexistência de aplicação de penalidades no último ano. No entanto, ao se consultar a ficha do interessado no Sistema Integrado de Gestão de Créditos - SIGEC (fl. 41), na data de 23/03/2016, verificou-se a existência de processo (SIGAD / , Crédito de Multa nº /14-7) cuja data da infração, 20/08/2010, ocorreu no prazo de, aproximadamente, 02 (dois) meses antes a contar da data da infração do presente processo e se encontra com decisão definitiva, de modo que, salvo melhor juízo, não pode ser sido admitida a circunstância atenuante prevista no inciso III, do 1º do art. 22 da Resolução ANAC nº 25/2008. Cumpre mencionar que o art. 64 da Lei n 9.784/99, admite a possibilidade da reforma para agravar a situação do recorrente. Ocorre, porém, que a mesma norma (art. 64, parágrafo único) condiciona o agravamento à ciência da parte interessada para que formule suas alegações antes da decisão. Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência. Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientificado para que formule suas alegações antes da decisão. (Grifos nossos) Assim, ante a possibilidade de retirada da única atenuante aplicada pela decisão de primeira instância, é possível que a penalidade imposta ao Regulado seja agravada de R$ 2.000,00 (dois mil reais) para R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais), conforme o patamar médio previsto no item p código ELT da tabela de Infrações II (Infrações Imputáveis a Aeronautas e Aeroviários ou Operadores de Aeronaves) do Anexo I da Resolução ANAC nº 25, de 25 de abril de 2008, que ora se colaciona: CÓDIGO BRASILEIRO DE AERONÁUTICA - ART. 302 II INFRAÇÕES IMPUTÁVEIS A AERONAUTAS E AEROVIÁRIOS OU OPERADORES DE AERONAVES COD Infração Mínimo Médio Máximo ELT p) Exceder, fora dos casos previstos em Lei, os limites de horas de trabalhos ou de voo; Crédito de Multa. nº /13-1 JCBTD Página 3 de 5

4 Diante do exposto, e ante a possibilidade de se majorar o valor da sanção aplicada no presente processo, em cumprimento com o disposto no parágrafo único do artigo 64 da Lei 9.784/99, entende-se necessário que seja cientificado o Interessado para que, querendo, venha a formular suas alegações antes da decisão desse Órgão. 2. DO VOTO Pelo exposto, vota-se para que se notifique o Recorrente ante a possibilidade de agravamento da pena para o valor de R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais), que é o correspondente ao valor no patamar médio da infração extrapolar os limites de horas de voo de tripulante, de forma que o mesmo, querendo, venha no prazo de 10 (dez) dias, formular suas alegações, cumprindo, assim, o disposto no parágrafo único do artigo 64 da Lei 9.784/99. Após a efetivação da medida, deve o expediente retornar a esse Relator, para a conclusão da análise e voto. Rio de Janeiro, 24 de março de JULIO CEZAR BOSCO TEIXEIRA DITTA Analista Administrativo SIAPE Nomeado pela Portaria ANAC nº 1.137/2013 Crédito de Multa. nº /13-1 JCBTD Página 4 de 5

5 DESPACHO JR AI nº 6054/2010 Data: 08/10/2010 Processo nº / Interessado: EDILSON ANTONIO PEREIRA Créd. Multa nº /13-1 Infração: extrapolar os limites de horas de voo de tripulante. Enquadramento: alínea p do inciso II do Art. 302 do CBAer (Lei nº de 19/12/1986) c/c alínea c do art. 30 da Lei nº de 05/04/1984. Relator: Sr. Julio Cezar Bosco Teixeira Ditta Analista Administrativo Mat. SIAPE Presidente da Sessão: Sr. Sérgio Luís Pereira Santos Matrícula SIAPE Trata-se de recurso interposto pelo interessado EDILSON ANTONIO PEREIRA, face à decisão de primeira instância proferida no curso do Processo Administrativo nº / , originado do AI nº 6054/2010. A infração foi enquadrada na alínea p do inciso II do Art. 302 do CBAer (Lei nº de 19/12/1986) c/c alínea c do art. 30 da Lei nº de 05/04/1984, pelo o interessado extrapolar os limites de horas de voo de tripulante no período de julho, agosto e setembro de Identifica-se que o presente processo administrativo possui decisão de primeira instância administrativa cuja multa fora fixada no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), resultante da aplicação da multa prevista em seu patamar mínimo, pela incidência da condição atenuante prevista no item III do 1º do art. 22 da Resolução ANAC nº 25 de 25/04/2008. Observa-se, contudo, que não ocorre a única condição atenuante apontada na decisão de primeira instância, tendo em vista que o interessado sofrera penalidade no ano anterior ao ato infracional autuado ora objeto do presente feito. Nesse contexto, é possível que a penalidade imposta ao Regulado seja agravada de R$ 2.000,00 (dois mil reais) para R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais), resultante da aplicação da multa prevista em seu patamar máximo R$ ,00 (dez mil reais) para cada um dos três tripulantes envolvidos. Certifico, neste ato que, na Sessão de Julgamento do dia 24/03/2016, o Relator do feito, propôs, e os membros Sr. Sérgio Luís Pereira Santos e Sra. Renata Motinha Nunes concordaram, que da decisão do recurso interposto pode decorrer gravame à situação do recorrente. Assim sendo, retira-se de pauta o Processo nº / , referente ao Crédito de Multa nº /13-1 (nº 69 da pauta), com base no inciso XIV do artigo 15 do Anexo à Resolução nº. 136, de 09 de março de 2009, determinando, ainda, que a Secretaria da Junta Recursal notifique o recorrente para que esse possa no prazo de 10 (dez) dias, formular suas alegações, cumprindo, assim, o disposto no parágrafo único do artigo 64 da Lei 9.784/99. Rio de Janeiro, 24 de março de De acordo, SÉRGIO LUÍS PEREIRA SANTOS PRESIDENTE DA JUNTA RECURSAL Julio Cezar Bosco Teixeira Ditta Analista Administrativo - SIAPE Portaria ANAC nº 1.137, de 06 de maio de Renata Motinha Nunes Especialista em Regulação de Aviação Civil- SIAPE Portaria ANAC nº 845, de 10 de abril de Crédito de Multa. nº /13-1 JCBTD Página 5 de 5