DECISÃO. Segunda Instância

Transcrição

1 76 DECISÃO Segunda Instância JR Processo (n o SIGAD): / Crédito de Multa (n o SIGEC): /12-2 AI/NI: 00483/2012 Data Lavratura: 03/02/2012 Interessado: AIR BP BRASIL LTDA Local: Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu/Cataratas Data: 18/08/2011 Hora: 10:00 Matéria: Ausência de Comprovação da capacitação de funcionários art. 289, inciso I, do Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA), Lei n 7.565, e item 10 da Tabela VI (Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo Empresas de Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo) do Anexo III da Resolução ANAC nº 25/2008 Relator: Renata de Albuquerque de Azevedo RELATÓRIO Trata-se de recurso interposto por AIR BP BRASIL LTDA em face da decisão proferida no curso do Processo Administrativo n o / , conforme registrado no Sistema de Gestão Arquivística de Documentos SIGAD desta Agência Nacional de Aviação Civil ANAC da qual restou aplicada pena de multa, consubstanciada essa no crédito registrado no Sistema Integrado de Gestão de Créditos SIGEC sob o número /12-2. Foi juntada a cópia de documento referente à inspeção realizada no Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu/Cataratas, RIA nº 011P/SIA-GFIS/ ESATA, de 19/08/2011, em que são apontadas não-conformidades fls. 02. No item 1.1 do relatório está descrito que Ausência de comprovação de habilitação válida e na categoria pertinente aos serviços que executam (conduzem veículo na área operacional), dos empregados Alexssandro da Silva - Operador de Abastecimento, Domingos Luiz Cordeiro - Operador de Abastecimento e Sandro Fontana - Gerente de Aeroporto, não-conformidade com fundamento na RESOLUÇÃO N 116 DE 20 DE OUTUBRO DE 2009, ART. 15 INCISO II fl. 02. O Auto de Infração n 00483/2012, que deu origem ao presente processo foi lavrado em 03/02/2012, capitulando a conduta do Interessado na art. 289, inciso I, do Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA), Lei n 7.565, e item 10 da Tabela VI (Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo Empresas de Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo) do Anexo III da Resolução ANAC nº 25/ Código Brasileiro de Aeronáutica, descrevendo-se o seguinte (fl. 01): Data: 18/08/2011 Hora: 10:00 Local: Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu/Cataratas Descrição da ocorrência: Ausência de comprovação da capacitação de funcionários Código do ementa: ICL HISTÓRICO: A empresa que presta serviço de abastecimento de combustíveis e lubrificantes, não comprovou a capacitação dos funcionários Alexssandro Pereira da Silva e Domingos Luiz Cordeiro, por meio da Carteira Nacional de Habilitação. Ambos conduzem veículos na área operacional. Não-conformidade registrada no RIA n 011P/SIA-GFIS/2011, de 19/08/2011, item ª Sessão de Julgamento de 20 de agosto de Página 1/6

2 76v RELATÓRIO Notificado da lavratura do Auto de Infração em 09/02/2012 (fl. 03), o Autuado protocolou defesa em 29/02/2012 (fls. 05 e 06), na qual afirma que os funcionários da Air BP possuem carteira nacional de habilitação válidas e na categoria pertinente aos serviços, assim como realizaram curso de direção defensiva. Afirma que para operar no aeroporto, a empresa é obrigada a providenciar cópia destes documentos para Infraero, a qual recepciona e mantém em arquivo uma cópia e emite uma credencial para que os funcionários possam transitar pelo aeroporto. Conclui que não houve qualquer violação por parle da Air BP da Resolução ANAC no 25, de 25 de abril de Ao final, requer a nulidade do auto de infração em referência, bem como a comprovação de que a Air BP cumpriu com todos os requisitos legais exigíveis. Em anexo, apresenta as cópias das credenciais e CNH de seus funcionários Alexssandro Pereira da Silva e Domingos Luiz Cordeiro (fls. 08 e 09). Em Ato de Convalidação, de 19/06/2012 (fl. 10), foi alterado o enquadramento do auto de infração para o 1º do art. 36 e inciso I do art. 289, ambos da Lei no (CBA), de 19 de dezembro de 1986, c/c Resolução ANAC nº 116, de 20 de Outubro de 2009, art. 15, inciso II e Resolução ANAC nº 25, de 25 de abril de 2008, anexo III, Tabela VI - Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo - Empresas de Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo - item 10. Notificado da convalidação do auto de infração em 25/06/2012 (fl. 12), por meio do Ofício n 1451/2012/GFIS/SIA-ANAC, de 19/06/2012 (fl. 11), o Autuado protocolou defesa em 13/07/2012 (fls. 16 e 17), na qual reitera as alegações prestadas em defesa. Junta documentos fls. 18 a 44. Em 10/09/2012, a autoridade competente, após apontar a presença de defesa, decidiu pela aplicação, com atenuante e sem agravante, de multa no valor de R$ ,00 (dez mil reais) fls. 45 a 46. À fl. 47, notificação de decisão de primeira instância, de 13/09/2012, informando o Interessado acerca da aplicação de penalidade de multa, abrindo prazo para interposição de recurso. Tendo tomado conhecimento da decisão em 24/09/2012 (fl. 49), o Interessado protocolou recurso nesta Agência em 04/10/2012 (fls. 50 a 52), por meio do qual reitera suas alegações prestadas em defesa. Afirma que o funcionário Domingos Luiz Cordeiro sempre trabalhou com a CNH válida, juntando aos autos a cópia da Carteira de Habilitação Nacional do funcionário, com data de vencimento em 09/10/2011 (fl. 53). Ao final, requer a reconsideração da decisão proferida para declarar a nulidade do auto de infração n 00483/2012, diante da validade da CNH do funcionário Domingos Luiz Cordeiro. Tempestividade do recurso certificada em 18/10/2012 fl. 75. À fl. 76, Despacho da Secretaria da Junta Recursal, sendo os autos distribuídos à Relatoria para apreciação e proposição de voto em 03/08/2015. É o relatório. 1. PRELIMINARMENTE 1.1. Da Regularidade Processual 342ª Sessão de Julgamento de 20 de agosto de Página 2/6

3 77 O interessado foi regularmente notificado quanto à infração imputada em 09/02/2012 (fl. 03), tendo apresentado sua Defesa em 29/02/2012 (fls. 05 e 06). Foi, ainda, regularmente notificado quanto à decisão de primeira instância em 24/09/2012 (fl. 49), apresentando o seu tempestivo Recurso em 04/10/2012 (fls. 50 a 52), conforme Despacho de fl. 75. Desta forma, aponto a regularidade processual do presente processo, a qual preservou todos os direitos constitucionais inerentes ao interessado, bem como respeitou, também, aos princípios da Administração Pública, estando, assim, pronto para, agora, receber uma decisão de segunda instância administrativa por parte desta Junta Recursal. 2. DO MÉRITO 2.1. Quanto à fundamentação da matéria - Ausência de Comprovação da capacitação de funcionários Diante da infração do processo administrativo em questão, a autuação foi realizada com fundamento no art. 289, Inciso I, do CBA, Lei n 7.565, de 19/12/1986, que dispõe o seguinte: CBA Art Na infração aos preceitos deste Código ou da legislação complementar, a autoridade aeronáutica poderá tomar as seguintes providências administrativas: I - multa; Afasta-se, no presente caso, a aplicação do art. 36, 1º, do CBA, pelo fato de o Interessado não se tratar de administrador aeroportuário e, sim, empresa de serviços auxiliares de transporte aéreo. A Resolução ANAC nº 25, de 25/04/2008, que estabelece a tabela de infrações no Anexo III, Tabela VI (Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo Empresas de Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo), apresenta, em seu item 10, a infração, conforme disposto in verbis : Resolução ANAC nº 25/2008 ANEXO III Tabela VI (Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo Empresas de Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo) 10. Não manter carteira nacional de habilitação dentro do prazo de validade e na categoria pertinente aos serviços que o motorista executa, bem como o curso de direção defensiva específico para área operacional. Destaca-se que, com base na Tabela da Resolução ANAC nº 25, para pessoa jurídica, o valor da multa referente a este item poderá ser imputado em R$ (grau mínimo), R$ (grau médio) ou R$ (grau máximo). 342ª Sessão de Julgamento de 20 de agosto de Página 3/6

4 77v Adicionalmente, a fiscalização aponta infração à norma complementar, materializada na Resolução ANAC nº 116/2009, a qual dispõe sobre os serviços auxiliares ao transporte aéreo, cabendo mencionar o art. 15, inciso II, conforme disposto in verbis : Resolução ANAC nº 116/2009 DA CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS EMPREGADOS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS AUXILIARES AO TRANSPORTE AÉREO Art. 15. O prestador de serviços auxiliares ao transporte aéreo deve assegurar que seus empregados estejam capacitados de acordo com os critérios estabelecidos em legislação específica, incluindo os seguintes requisitos: I - aquele que executa serviços de natureza operacional, após ser treinado, examinado, julgado apto e habilitado a exercer as atividades, deve constar de relação emitida no último dia dos meses de fevereiro, junho e outubro pelo prestador de serviço que o empregar e entregue ao operador de aeródromo na forma prevista no MOPS, onde aplicável; II - o motorista, para a condução de veículos na área operacional, deve possuir carteira nacional de habilitação válida e na categoria pertinente aos serviços que irá executar, bem como o curso de direção defensiva específico para área operacional e declaração, fornecida pelo prestador de serviços auxiliares ao transporte aéreo, atestando que o mesmo foi treinado, examinado, julgado apto e habilitado para a operação dos veículos e/ou equipamentos na área operacional; III - o empregado que supervisionar serviços de movimentação de carga ou serviços de proteção da carga e outros itens deve ter obtido aproveitamento em curso básico de carga aérea e em transporte aéreo de artigos perigosos, além das atualizações cabíveis, conforme atestado emitido por entidade acreditada junto à ANAC; IV - o empregado que executa o serviço de despacho operacional de voo deve possuir licença emitida ou reconhecida pela ANAC e ter o seu certificado de habilitação técnica atualizado para as aeronaves que irá despachar, em conformidade com a regulamentação específica; V - o gerente operacional da sociedade empresária prestadora de serviços de natureza de proteção deve ter obtido aproveitamento em curso de gerenciamento em segurança da aviação civil contra atos de interferência ilícita, conforme atestado emitido por entidade acreditada junto à ANAC; e VI - o empregado que executa serviços de natureza de proteção deve possuir curso básico de segurança da aviação civil contra atos de interferência ilícita, bem como a reciclagem anual prevista em legislação específica. (grifo nosso) Por fim, cabe ressaltar que o Código Brasileiro de Aeronáutica dispõe, em seu art. 295 que a multa será imposta de acordo com a gravidade da infração. Nesse sentido, a Resolução ANAC n 25/2008 e a Instrução Normativa ANAC nº 08/2008, que dispõem sobre o processo administrativo para a apuração de infrações e aplicação de penalidades no âmbito da competência da Agência Nacional de Aviação Civil determinam, respectivamente, em seu art. 22 e art. 58, que sejam consideradas as circunstâncias agravantes e atenuantes na imposição da penalidade pecuniária Quanto às questões de fato Quanto ao presente fato, foi constatado pela fiscalização desta ANAC, em 18/08/2011, que o Interessado AIR BP BRASIL LTDA, empresa que presta serviço de abastecimento de combustíveis e lubrificantes, não comprovou a capacitação dos funcionários Alexssandro Pereira da Silva e Domingos Luiz Cordeiro, por meio da Carteira Nacional de Habilitação. Ambos conduzem veículos na área operacional. 342ª Sessão de Julgamento de 20 de agosto de Página 4/6

5 78 Cumpre observar que, em decisão de primeira instância, o setor técnico competente entendeu que, para o funcionário Alexssandro Ferreira da Silva, a defesa supriu a necessidade preconizada pela Resolução ANAC no 116, pois ficou comprovado que, desde 06/07/2007, o mesmo possui CNH válida. No entanto, para o funcionário Domingos Luiz Cordeiro, a decisão de primeira instância entendeu que a cópia de CNH enviada apresenta como emissão a data de 14/09/2011, posterior assim à data de constatação da infração, 18/08/2011. Desta forma, não ficou devidamente comprovado que na data da fiscalização aeroportuária o referido funcionário possuía CNH válida Quanto às Alegações do Interessado: Em defesa e recurso, o Interessado alega que os funcionários da Air BP possuem carteira nacional de habilitação válidas e na categoria pertinente aos serviços, assim como realizaram curso de direção defensiva. Afirma que não houve qualquer violação por parle da Air BP da Resolução ANAC no 25, de 25 de abril de Ao final, requer a nulidade do auto de infração em referência, bem como a comprovação de que a Air BP cumpriu com todos os requisitos legais exigíveis. Vale ressaltar que, em recurso, o Interessado afirma que o funcionário Domingos Luiz Cordeiro sempre trabalhou com a CNH válida, juntando aos autos a cópia da Carteira de Habilitação Nacional do funcionário, com a data de emissão em 09/10/2006 e a data de vencimento em 09/10/2011 (fl. 53). Dessa maneira, considerando os documentos comprobatórios acostados aos autos às fls. 08 e 53, verifica-se que, de fato, os funcionários Alexssandro Pereira da Silva e Domingos Luiz Cordeiro possuíam CNH válida na data da inspeção aeroportuária realizada em 18/08/2011. Diante do exposto, entende-se insubsistente o Auto de Infração que deu origem a esse processo. Dessa forma, a Junta Recursal entende que não se prospera a caracterização do ato infracional previsto no presente processo, pois não houve comprovação da violação à legislação vigente, razão pela qual deve ser anulada a multa aplicada pela decisão de primeira instância administrativa. 3. Pelo exposto, vota-se por conceder PROVIMENTO ao recurso, CANCELANDO-SE a multa aplicada em primeira instância administrativa que constitui o crédito n /12-2 e arquivando o presente processo. Rio de Janeiro, 20 de agosto de Renata de Albuquerque de Azevedo Especialista em Regulação de Aviação Civil - SIAPE Membro Julgador da Junta Recursal da ANAC Portaria ANAC nº 626, de 27/04/ ª Sessão de Julgamento de 20 de agosto de Página 5/6

6 78v CERTIDÃO DE JULGAMENTO JR Processo (n o SIGAD): / Crédito de Multa (n o SIGEC): /12-2 AI/NI: 00483/2012 Data Lavratura: 03/02/2012 Interessado: AIR BP BRASIL LTDA Matéria: Ausência de Comprovação da capacitação de funcionários art. 289, inciso I, do Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA), Lei n 7.565, e item 10 da Tabela VI (Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo Empresas de Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo) do Anexo III da Resolução ANAC nº 25/2008 Relator: Renata de Albuquerque de Azevedo Presidente da Sessão: Julio Cezar Bosco Teixeira Ditta Certifico que a Junta Recursal da Agência Nacional de Aviação Civil ANAC, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão em segunda instância administrativa: A Junta, por unanimidade, concedeu PROVIMENTO ao recurso, CANCELANDO a multa aplicada em primeira instância administrativa que constitui o crédito n /12-2 e arquivando o presente processo, nos termos do voto do Relator. Os Membros Julgadores Julio Cezar Bosco Teixeira Ditta e Renata Motinha Nunes votaram com o Relator. Encaminhe-se à Secretaria da Junta Recursal para as providências de praxe. Rio de Janeiro, 20 de agosto de Julio Cezar Bosco Teixeira Ditta Vice-Presidente Interino da Junta Recursal - SIAPE Portaria ANAC nº 2.729, de 17/10/2013 De acordo, Renata Motinha Nunes Especialista em Regulação de Aviação Civil - SIAPE Membro Julgador da Junta Recursal da ANAC Portaria ANAC nº 845, de 10/04/2014 Renata de Albuquerque de Azevedo Especialista em Regulação de Aviação Civil - SIAPE Membro Julgador da Junta Recursal da ANAC Portaria ANAC nº 626, de 27/04/ ª Sessão de Julgamento de 20 de agosto de Página 6/6