Superior Tribunal de Justiça

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1 RECURSO ESPECIAL Nº RS (2002/ ) RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER RECORRENTE : UNIÃO RECORRIDO : ELAINE DE SOUZA E OUTROS ADVOGADO : NOEMIA ALVES FARDIN E OUTROS EMENTA PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO. REAJUSTE DE 28,86%. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. BASE DE CÁLCULO. PRESTAÇÕES VENCIDAS E VINCENDAS. ART. 20, 3º E 4º C/C ART. 260, TODOS DO CPC. Em se tratando de condenação imposta à Fazenda Pública, substancialmente nos casos em que a condenação restringe-se ao cumprimento de obrigação pecuniária de trato periódico, sucessivo e por tempo indeterminado, faz-se necessária a delimitação da base de cálculo da verba honorária ao somatório das prestações vencidas, mais uma anualidade das prestações vincendas, em consonância com a regra insculpida no art. 260 do CPC. (Precedentes). Recurso conhecido e provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer do recurso e dar-lhe provimento, nos termos do voto do Ministro Relator. Os Srs. Ministros Gilson Dipp, Jorge Scartezzini, Laurita Vaz e José Arnaldo da Fonseca votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília (DF), 05 de dezembro de 2002 (Data do Julgamento). MINISTRO FELIX FISCHER Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 24/02/2003 Página 1 de 6

2 RECURSO ESPECIAL Nº RS (2002/ ) RELATÓRIO EXMO. SR. MINISTRO FELIX FISCHER: Trata-se de recurso especial interposto pela UNIÃO, com fundamento no art. 105, inciso III, alínea "a", da Constituição Federal, contra v. acórdão proferido pelo e. Tribunal Regional Federal da 4 ª Região, em sede de embargos infringentes em remessa oficial, ementado nos seguintes termos, verbis: "PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. EMBARGOS INFRINGENTES. FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CIVIS. EXTENSÃO DO AUMENTO PREVISTO NAS LEIS NºS 8.622/93 E 8.627/93. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Embargos improvidos para manter a fixação dos honorários de advogado, à conta da União Federal, no percentual de 10% sobre o valor da condenação, inadmitida a aplicação analógica do disposto no art. 260 do CPC." (Fls. 215). Alega a recorrente, em síntese, violação aos arts. 20, 3º e 4º e 260 do Código de Processo Civil, sustentando que, quando o pedido esposado na inicial se referir à pagamento de prestações vencidas e vincendas, a delimitação da incidência do percentual de honorários advocatícios deverá ser regrado pela combinação dos mencionados dispositivos processuais. Aduz, assim, que a verba honorária, nesses casos, deve ser fixada sobre o valor da condenação, ao tempo do aforamento da ação, acrescida de doze parcelas mensais vincendas. Sem contra-razões. Admitido o recurso, subiram os autos a este Tribunal. É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 24/02/2003 Página 2 de 6

3 RECURSO ESPECIAL Nº RS (2002/ ) E M E N T A PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO. REAJUSTE DE 28,86%. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. BASE DE CÁLCULO. PRESTAÇÕES VENCIDAS E VINCENDAS. ART. 20, 3º E 4º C/C ART. 260, TODOS DO CPC. Em se tratando de condenação imposta à Fazenda Pública, substancialmente nos casos em que a condenação restringe-se ao cumprimento de obrigação pecuniária de trato periódico, sucessivo e por tempo indeterminado, faz-se necessária a delimitação da base de cálculo da verba honorária ao somatório das prestações vencidas, mais uma anualidade das prestações vincendas, em consonância com a regra insculpida no art. 260 do CPC. (Precedentes). Recurso conhecido e provido. VOTO EXMO. SR. MINISTRO FELIX FISCHER: Pretende a recorrente, com o presente recurso especial, que a base de cálculo da verba honorária fique limitada ao somatório das parcelas vencidas quando do ajuizamento da ação, mais doze parcelas vincendas, em observação ao disposto nos 3º e 4º, do art. 20, c/c art. 260, ambos do Código de Processo Civil. Ao que me parece, a irresignação apresentada pela recorrente merece prosperar. Na hipótese vertente, a recorrente foi condenada a reajustar os vencimentos dos autores no percentual de 28,86%, desde o mês de janeiro de 1993, tendo sido condenada ao pagamento de honorários advocatícios no percentual de 10% sobre o valor da condenação, em conformidade com o art. 20, 4º, do Código de Processo Civil. Contudo, não me parece justo que, ao se fixar a verba honorária sobre o valor total da condenação, não se tenha por definida a sua base de cálculo, substancialmente nos casos em que a condenação restringe-se ao cumprimento de obrigação pecuniária de trato periódico, sucessivo e por tempo indeterminado, como in casu. Desse modo, tendo em vista que na condenação imposta à recorrente estão incluídos valores futuros e com prazo final incerto, faz-se necessária a delimitação da base de Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 24/02/2003 Página 3 de 6

4 cálculo da verba honorária ao somatório das prestações vencidas, mais uma anualidade das prestações vincendas, de acordo com o que dispõe o art. 260 do Código de Processo Civil, que assim disciplina, verbis: "Art Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, tomar-se-á em consideração o valor de umas e outras. O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado, ou por tempo superior a 1 (um) ano; se, por tempo inferior, será igual à soma das prestações." Ressalte-se que, na fixação da verba honorária, quando vencida a Fazenda Pública, aplicável a regra inscrita no 4º do art. 20 do CPC, consoante apreciação eqüitativa do juiz, devendo-se observar, entretanto, as normas das alíneas a, b e c do parágrafo anterior, quais sejam, o grau de zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. Observa-se, assim, que a fixação da verba honorária está intimamente ligada à natureza e importância da causa e, conseqüentemente, ao seu valor "econômico", razão pela qual a norma prevista no art. 260 do Código de Processo Civil deve ser considerada no caso em tela. A propósito, esse tem sido o entendimento esposado por esta Corte Superior, em casos idênticos ao presente, conforme se depreende dos seguintes precedentes: "RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. 28,86%. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. BASE DE CÁLCULO. PRESTAÇÕES VENCIDAS E VINCENDAS. LIMITAÇÃO. ARTIGO 260 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. POSSIBILIDADE. 1. "Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções, embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as normas das alíneas a, b e c do parágrafo anterior. " (artigo 20, parágrafo 4º, do Código de Processo Civil). 2. O percentual e o valor da condenação, como bases obrigatórias da fixação da verba honorária, não têm função no estabelecimento dos honorários advocatícios a serem pagos pela Fazenda Pública, informados que devem ser pelo grau de zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço e a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço, a teor do que dispõe o parágrafo 4º do artigo 20 do Código de Processo Civil, que não impede, por óbvio, a consideração do valor da condenação, em estando o juiz a definir a natureza e a importância da causa. 3. A indeterminação, ainda que parcial, dos honorários fixados Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 24/02/2003 Página 4 de 6

5 contra a Fazenda Pública, afora contrariar a natureza das coisas e o próprio sistema legal em vigor, que prevê essa verba também para o processo de execução, viola a norma inserta no parágrafo 4º do artigo 20 do Código de Processo Civil, o que determina a incidência da regra do artigo 260 do mesmo diploma legal, em incluindo o juiz, na base de cálculo da verba, prestações vincendas. 4. É que a norma do artigo 260 do Código de Processo Civil é, na força imperativa da lei, a expressão econômica da causa. 5. Recurso conhecido." (REsp /SC, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, DJU de 28/10/2002). "PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. BASE DE CÁLCULO. - Tendo em vista que a obrigação pecuniária da União decorrente de sua sucumbência judicial se estenderá por tempo indeterminado, revela-se necessária a limitação da base de cálculos da verba honorária aos parâmetros insertos no art. 260 do CPC, qual seja a soma das prestações vencidas mais um ano de parcelas vincendas. - Recurso especial conhecido." (REsp /SC, Rel. Ministro Vicente Leal, DJU de 21/10/2002). Por fim, cumpre ressaltar que o entendimento aqui esposado está em consonância com decisões já reiteradamente proferidas por esta Corte Superior, em matéria previdenciária, que têm excluído do cálculo da verba honorária, em se tratando de ações previdenciárias, as prestações vincendas, considerando-se apenas as prestações vencidas até o momento da prolação da decisão em que se concedeu o benefício, conforme o que dispõe a Súmula 111/STJ. Ante o exposto, conheço do recurso e dou-lhe provimento para, reformando o v. acórdão recorrido, determinar que o cálculo da verba honorária tenha por base o somatório das prestações vencidas ao tempo do ajuizamento da ação, mais uma anualidade das prestações vincendas. É o voto. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 24/02/2003 Página 5 de 6

6 CERTIDÃO DE JULGAMENTO QUINTA TURMA Número Registro: 2002/ RESP / RS Números Origem: PAUTA: 05/12/2002 JULGADO: 05/12/2002 Relator Exmo. Sr. Ministro FELIX FISCHER Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro GILSON DIPP Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. ARX DA COSTA TOURINHO Secretária Bela. LIVIA MARIA SANTOS RIBEIRO RECORRENTE RECORRIDO ADVOGADO AUTUAÇÃO : UNIÃO : ELAINE DE SOUZA E OUTROS : NOEMIA ALVES FARDIN E OUTROS ASSUNTO: Administrativo - Servidor Público Civil - Vencimento - Reajuste - 28,86% CERTIDÃO Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, conheceu do recurso e lhe deu provimento, nos termos do voto do Ministro Relator." Os Srs. Ministros Gilson Dipp, Jorge Scartezzini, Laurita Vaz e José Arnaldo da Fonseca votaram com o Sr. Ministro Relator. O referido é verdade. Dou fé. Brasília, 05 de dezembro de 2002 LIVIA MARIA SANTOS RIBEIRO Secretária Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 24/02/2003 Página 6 de 6