DECISÃO SKM

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1 DECISÃO Agência Nacional de Aviação Civil - Brasil RELATOR: Susan Kennea de Melo Matrícula RELATÓRIO Trata-se de recurso interposto pela GOL TRANSPORTES AEREOS S/A face à decisão proferida em primeira instância administrativa desta Agência, nos autos do processo administrativo de nº em que a recorrente sofreu penalidade consistente na aplicação de multa, no valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais) em decorrência da prática de infração ao disposto no art. 302, inciso III, alínea u do Código Brasileiro de Aeronáutica, bem como por infração aos preceitos da IAC A infração imputada à recorrente foi capitulada no AI nº 174/SAC/RJ, lavrado em 17 de dezembro de 2007, nos seguintes termos: A empresa aérea GOL TRANSPORTES AÉREOS, deixou de comunicar à SAC sobre o atraso do voo 1539 (horário previsto 19:20, voo partiu 22:45h) e não apresentou o plano de contingência do referido voo, de acordo com a IAC Devidamente cientificada, a interessada não apresentou defesa, conforme termo de fls. 7 dos autos, fato que acarretou no prosseguimento do processo à revelia. Em 08/06/2010, o órgão de primeira instância administrativa, por meio de parecer devidamente motivado, prolatou decisão para condenar a recorrente ao pagamento de R$ 7.000,00 (sete mil reais) a título de multa, conforme anteriormente consignado. No prosseguimento do processo administrativo, a interessada foi comunicada acerca da decisão exarada, conforme se depreende do Aviso de Recebimento de fls. 12 dos autos. Inconformada com a penalidade pecuniária que lhe fora imposta, a interessada apresenta o presente recurso pugnando pela reforma da decisão. É o breve Relatório. VOTO DO RELATOR Ante a regularidade e tempestividade, o presente recurso deve ser conhecido. Com a finalidade de obter e reforma da decisão proferida em primeira instância administrativa, a recorrente insurge-se contra a penalidade pecuniária que lhe forma imposta ao argumento de que o atraso do voo 1539, do dia 14 de dezembro de 2007, teria sido decorrente da existência de condições meteorológicas adversas nos aeroportos de origem e de destino. Afirma que a forte degradação da visibilidade a partir das 19:00z (17h local horário de verão) teria sido a causa eficiente para o atraso do voo. Anexa ao recurso Boletim Meteorológico, bem como notícia da Folha On Line, retirada da rede mundial de computadores internet, com a finalidade de comprovar a exclusão de responsabilidade, em decorrência da força maior/caso fortuito alegado. 1

2 Do exame dos documentos apresentados, infere-se, de forma segura, que o atraso do voo foi, realmente, decorrente da existência de condições meteorológicas adversas. Ocorre que o fato que deflagrou a autuação não foi o atraso do voo em si, mas a ausência de comunicação à SAC sobre a ocorrência do referido atraso, bem como pela omissão quanto à apresentação do Plano de Contingências, tal como previsto pela IAC Consta do relatório de fiscalização a seguinte assertiva: o passageiro foi prejudicado em virtude do atraso do voo 1539, das 19:20h, que decolou às 22:45h, sem justa causa, deixando a empresa de cumprir o contrato de transporte aéreo, ao não observar o HOTRAN, sob a alegação de problemas meteorológicos, sendo que tal problema só ocorreu durante a manhã do dia 14 de dezembro de Deixou de comunicar à SAC sobre o atraso e não apresentou Plano de Contingência, de acordo com a IAC Foram lavrados três autos de infração. Da descrição da infração constante do Auto que deflagrou o presente processo depreende-se a atividade de fiscalização não teve por finalidade o atraso do voo, que, provavelmente, deu origem a processo administrativo autônomo, mas o descumprimento dos preceitos constantes da IAC Neste sentido foi o julgamento feita pelo órgão de primeira instância. Caso o Auto de Infração retratasse a ocorrência de atraso, seria necessário confrontar a consideração do fiscal acerca do tempo de duração das condições meteorológicas adversas com os argumentos ora apresentados. No entanto, como reiteradamente afirmado, a conduta praticada pela recorrente consistiu na violação aos preceitos constantes da IAC , que trata das informações aos usuários do transporte aéreo. Para o correto deslinde da questão posta nos autos do presente processo, mostra-se oportuna a transcrição dos seguintes itens: A empresa aérea, através de seus representantes nos aeroportos, deverá comunicar à administração aeroportuária e à SAC as alterações que possam gerar descontentamento dos usuários e pôr em risco a segurança ou a ordem no aeroporto A empresa aérea, através de seus representantes nos aeroportos, deverá comunicar à SAC a solução da contingência, através do formulário constante do anexo III. Importa destacar que, em nenhum momento, a recorrente apresentou argumentos e provas hábeis a desconstituir a prática da infração que lhe fora imposta. O cerne da questão consiste em verificar se a recusa imputada à recorrente por ocasião da lavratura do Auto de Infração é procedente. Assim, cabia à recorrente apresentar argumentos e provas hábeis a elidir a sua responsabilidade pela prática da infração, o que não ocorreu. Com efeito, ainda que se tratasse de atraso justificado do voo, a empresa aérea não estaria isenta de dar cumprimento aos preceitos constantes da IAC Logo, o recurso interposto não merece acolhimento. Cumpre esclarecer que apesar do duplo enquadramento constante do Auto de Infração, o órgão de primeira instância, ao apreciar a matéria, de forma acertada, considerou apenas o disposto na alínea u do artigo 302, inciso III, do CBA. Referida convalidação revestiu-se de plena legalidade, ante a inexistência de prejuízo à empresa aérea que exerceu o direito de defesa e de recurso, haja vista a clareza da descrição da infração constante do Auto de Infração. Do contexto fático descrito nos autos do presente processo administrativo exsurge, de forma segura, a prática de infração administrativa pela recorrente, consubstanciada na violação ao disposto no artigo 302, inciso III, alínea u, segunda parte, do CBA, bem como aos preceitos constantes da IAC Irreparável, assim, a decisão proferida em primeira instância administrativa que redundou na aplicação de penalidade pecuniária à recorrente. Resta examinar se o valor de multa originariamente fixado obedeceu aos parâmetros constantes da Resolução nº 13/2007, vigente à época a prática da infração 2

3 Sob este aspecto, observo que a decisão de primeira instância considerou, para efeito de aplicação da pena pecuniária, a inexistência de circunstâncias atenuantes e/ou agravantes. De fato, no presente caso, referidas circunstâncias não se mostram presentes. O valor de multa fixado está em consonância com os parâmetros constantes da Resolução nº 13/2007, vigente à época da prática da infração. Como a legislação superveniente não trouxe condição mais favorável à recorrente, mantenho a decisão de primeira instância, inclusive quanto ao valor de multa fixado CONCLUSÃO Ante o exposto, nego provimento ao recurso. É como voto. Rio de Janeiro, 16 de setembro de Susan Kennea de Melo Membro Julgador da Junta Recursal da ANAC 3

4 CERTIDÃO DE JULGAMENTO Agência Nacional de Aviação Civil - Brasil AUTUAÇÃO PRESIDENTE DA SESSÃO: Dra. Ângela Onzi Rizzi Mat. nº ASSUNTO: Atraso de Voo Art.302, inciso III, alínea u do CBA, c/c inobservância dos preceitos constantes da IAC CERTIDÃO Certifico que a Junta Recursal da AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL ANAC, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Junta, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora. O Membro Julgador, Sr. Edmilson José de Carvalho, e a Presidente da Junta Recursal, Sra. Ângela Onzi Rizzi, votaram com a Relatora. Rio de Janeiro, 16 de setembro de 2010 ÂNGELA ONZI RIZZI PRESIDENTE DA JUNTA RECURSAL 4

5 DESPACHO Agência Nacional de Aviação Civil - Brasil RELATOR: Susan Kennea de Melo Matrícula Encaminhe-se à Secretaria da Junta Recursal para as providências de praxe. Rio de Janeiro, 16 de setembro de 2010 ÂNGELA ONZI RIZZI PRESIDENTE DA JUNTA RECURSAL 5