DECISÃO. Em , entendeu a Junta de Julgamento pela manutenção da multa, fixada então em R$10.000,00 (dez mil reais) fls.15.
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- Derek Farinha Lagos
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1 DECISÃO JR Agência Nacional de Aviação Civil - Brasil Nº AI/NI: 158/SAC-GR/2006 Nº PROC.: /08-6 NOME DO RECORRENTE: AMERICAN AIRLINES INC. ISR/RO PASSAGEIRO: 1068/GR/2006- WALKIRIA RAMOS RELATOR: ALEXANDRA DA SILVA AMARAL matrícula RELATÓRIO Trata o presente processo de auto de infração, lavrado no dia , em São Paulo, com fundamento no art. 302, III, u do Código Brasileiro de Aeronáutica, em decorrência de reclamação efetuada em pelo passageiro WALKIRIA RAMOS, por não ter a empresa aérea comprovado o fornecimento da facilidade de hospedagem ou efetuar o reembolso em virtude da perda da conexão Guarulhos-Curitiba do vôo AA929 fls. 05/06. Às fls. 01, através do formulário de reclamações, o passageiro noticia que alterou a data e o trecho da passagem comprada no Brasil através da American Airlines na loja de Salt Lake City. A passageira anexou o bilhete de passagem emitido pela American Airlines, onde consta a conexão de Guarulhos para Curitiba realizado pelo voo da Varig. Inicialmente, na loja de Salt Lake City a empresa aérea negou-se a realizar a troca quanto ao trecho Guarulhos-Curitiba, alegando que a passagem era da VARIG. Já no Brasil, a empresa aérea American Airlines foi novamente procurada pela passageira e dessa vez a acomodou no trecho Guarulhos-Curitiba, porém apenas no dia seguinte, negando-se a fornecer a facilidade de hospedagem. Regularmente intimada, a empresa autuada apresentou defesa, porém contraditando fato alheio ao presente processo e que não foi objeto da autuação. O cerne de sua defesa está no dano à bagagem do Sr. Andre Neves Dal Molin, quando o auto de infração, repita-se, refere-se a não concessão de facilidades em favor da passageira Walkiria Ramos. Em , entendeu a Junta de Julgamento pela manutenção da multa, fixada então em R$10.000,00 (dez mil reais) fls.15. Às fls. 18/47 foi anexado ao presente processo petição datada de , protocolada na mesma data, endereçada à Sra. Chefe da Gerência Geral de Fiscalização de Serviços Aéreas e recebida como recurso a esta Junta Recursal. Em , esta Junta Recursal converteu o julgamento em diligência, para que retorno à Secretaria, a fim de localizar a peça recursal, que, após, foi anexada ao presente processo, às fls. 55/76. É o relatório. VOTO DO RELATOR ATRASO DE VOO. ART. 302, III, u, CBA. ART. 22, 2º, PORTARIA N. 676/GC-5, NÃO
2 OFERECIMENTO DE FACILIDADES. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO PARCIALMENTE. Recurso interposto tempestivamente, conforme despacho de fls. 78. A autuação foi realizada com fundamento no art. 302, III, u do Código Brasileiro de Aeronáutica, Lei n , de 19 de dezembro de 1986, que dispõe o seguinte: Art A multa será aplicada pela prática das seguintes infrações: (...) III infrações imputáveis à concessionária ou permissionária de serviços aéreos: (...) u) infringir as Condições Gerais de Transporte, bem como as demais normas que dispõem sobre os serviços aéreos; Com efeito, sobre contrato de transporte de passageiro prevê o Código Brasileiro de Aeronáutica, em seu art. 230 e 231: Art Em caso de atraso da partida por mais de 4 (quatro) horas, o transportador providenciará o embarque do passageiro, em vôo que ofereça serviço equivalente para o mesmo destino, se houver, ou restituirá, de imediato, se o passageiro o preferir, o valor do bilhete de passagem. Art Quando o transporte sofrer interrupção ou atraso em aeroporto de escala por período superior a 4 (quatro) horas, qualquer que seja o motivo, o passageiro poderá optar pelo endosso do bilhete de passagem ou pela imediata devolução do preço. Parágrafo único. Todas as despesas decorrentes da interrupção ou atraso da viagem, inclusive transporte de qualquer espécie, alimentação e hospedagem, correrão por conta do transportador contratual, sem prejuízo da responsabilidade civil.(grifo NOSSO) A seu turno, a Portaria n. 676/GC-5, de , que aprova as Condições Gerais de Transporte, na disciplina sobre Contrato de Transporte, em seu art. 22, propõe idêntico tratamento para as situações elencadas como cancelamento e atraso de vôo, bem como preterição por excesso de passageiros. Nas situações assim identificadas, dispõe o mencionado ato normativo que a empresa aérea deverá no prazo máximo de quatro horas acomodar os passageiros com reserva confirmada em outro vôo, próprio ou de congênere. Não sendo realizada a acomodação em outro vôo, cabe ao passageiro optar entre viajar em outro vôo ou obter endosso ou reembolso do bilhete de passagem. Impõe o mesmo tratamento se a hipótese for de interrupção ou atraso superior a 4 (quatro) horas em aeroporto de escala. Cumpre, por fim, ressaltar que o Código Brasileiro de Aeronáutico impõe, em seu art. 295 que a multa será imposta de acordo com a gravidade da infração. Nesse sentido, a Resolução n. 25, de , que dispõe sobre o processo administrativo para a apuração de infrações e aplicação de penalidades no âmbito da competência da Agência Nacional de Aviação Civil determina em seu art. 22 que sejam consideradas as circunstâncias agravantes e atenuantes na imposição da penalidade pecuniária, valendo notar que entre as últimas encontra-se a adoção de medidas eficazes para amenizar as conseqüências da infração, antes de proferida a decisão. Vejamos a hipótese concreta: o passageiro alterou a data e o trecho da passagem comprada Processo n /08-6/ASA Página 2
3 no Brasil através da American Airlines na loja de Salt Lake City. O bilhete de passagem, emitido pela American Airlines, informa conexão de Guarulhos para Curitiba realizado pelo voo da Varig. Já no Brasil, a empresa aérea American Airlines a acomodou no trecho Guarulhos-Curitiba, porém apenas no dia seguinte, negando-se a fornecer a facilidade de hospedagem. Cinge-se a empresa aérea a alegar em sua defesa e em seu recurso que a responsabilidade é da empresa VARIG, eis que o trecho GUARULHOS-CURITIBA não foi realizado pela American Airlines. Da documentação acostada aos autos verifica-se que o bilhete foi emitido pela American Airlines com referência também ao trecho Guarulhos-Curitiba, operado pela VARIG. Cumpre assinalar que o Código Brasileiro de Aeronáutica considera, em seu art. 223, que existe um só contrato de transporte, quando ajustado num único ato jurídico, por meio de um ou mais bilhetes de passagem, ainda que executado, sucessivamente, por mais de um transportador. Insta registrar, ainda, o art. 259 do Código Brasileiro de Aeronáutico que dispõe: Art Quando o transporte aéreo for contratado com um transportador e executado por outro, o passageiro ou sucessores poderão demandar tanto o transportador contratual como o transportador de fato, respondendo ambos solidariamente. grifo nosso. A contratação e a nova acomodação foram providenciadas pela American Airlines, portanto, cabe a ela a responsabilidade pelo dano causado ao passageiro. As convenções entre as empresas conveniadas não podem ser opostas contra o passageiro e sequer em face do agente regulador. Sendo o caso, a recorrente deverá reaver o que pagou da empresa convenente. Ora, a autuação teve como fundamento a não concessão de facilidades previstas na legislação vigente. A disponibilização de facilidades não é mera liberalidade da empresa aérea, mas um dever. Assim, diante de atraso ou cancelamento deve a empresa aérea fornecer as facilidades. A Portaria 676/CG-5/2000 é clara no sentido de que não se trata de obrigação alternativa. Com efeito, não tem a empresa aérea o poder de decidir qual a facilidade a ser oferecida, sequer em que circunstância caberá a disponibilização das mesmas. Vejamos a redação do citado ato normativo: Art. 22. Quando o transportador cancelar o vôo, ou este sofrer atraso, ou, ainda, houver preterição por excesso de passageiros, a empresa aérea deverá acomodar os passageiros com reserva confirmada em outro vôo, próprio ou de congênere, no prazo máximo de 4 (quatro) horas do horário estabelecido no bilhete de passagem aérea. 1o Caso este prazo não possa ser cumprido, o usuário poderá optar entre: viajar em outro vôo, pelo endosso ou reembolso do bilhete de passagem. 2o Caso o usuário concorde em viajar em outro vôo do mesmo dia ou do dia seguinte, a transportadora deverá proporcionar-lhe as facilidades de comunicação, hospedagem e alimentação em locais adequados, bem como o transporte de e para o aeroporto, se for o caso. 3o Aplica-se, também, o disposto neste artigo e seus parágrafos quando o vôo Processo n /08-6/ASA Página 3
4 for interrompido ou sofrer atraso superior a 4 (quatro) horas em aeroporto de escala. Da leitura do art. 231 do Código Brasileiro de Aeronáutica, bem como do art. 22, 2º da Portaria 676/CG-5/2000, é possível concluir que é obrigação da empresa oferecer todas as facilidades. Assim, se não foi possível disponibilizar alguma delas, cabe à empresa o ônus da prova, devendo trazer justificativa razoável, com indispensável prova do alegado. Somente em relação ao transporte de e para o aeroporto a Portaria relativiza a obrigatoriedade da oferta, quando acrescenta se for o caso. Claro está que nem sempre será possível o transporte, eis que o passageiro pode não residir na localidade ou residir muito longe do aeroporto, inviabilizando a disponibilização dessa facilidade. Assim, trata-se de um ônus decorrente da concessão de serviço público. Aquele que pretende realizar tal exploração deve saber que além de auferir o lucro deve também suprir os encargos decorrentes da atividade. Com efeito, o contrato de concessão de serviço público incorre em certos ônus ao concessionário e entre eles está o de prestar serviço adequado, que consiste em assegurar, entre outros princípios, a cortesia no seu atendimento. Nesse sentido, a previsão do art. 6º, 1º da Lei n. 8987/95: Art. 6 o Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato. 1 o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. Ademais, o contrato de concessão de serviço público corre por conta e risco do concessionário, conforme art. 2º, II da Lei n. 8987/95. Vale notar que o art. 25 do mesmo diploma legal reforça esse entendimento com a seguinte previsão: incumbe à concessionária a execução do serviço concedido, cabendo-lhe responder por todos os prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros, sem que a fiscalização exercida pelo órgão competente exclua ou atenue essa responsabilidade. Importante observar que a concessão de serviço público transfere a prestação do serviço ao concessionário, que é agente do Poder Público no exercício de uma função pública. Vale registrar que este é o entendimento consolidado desta Junta Recursal através do Enunciado n. 05/JR/ANAC/2009, aprovado na 13ª Sessão Pública de Julgamento, de e disponível no sítio A oferta de facilidades, na forma prevista na legislação vigente, não configura mera liberalidade, mas um dever. Assim, deve a empresa aérea fornecer as facilidades, ainda que o não embarque no horário previsto tenha decorrido de caso fortuito ou força maior. Por fim, quanto à suposta violação ao princípio da proporcionalidade e razoabilidade, o Processo n /08-6/ASA Página 4
5 próprio recorrente aponta o valor máximo previsto em R$19.000,00 (dezenove mil reais), o que ultrapassa em muito o valor máximo admitido para a hipótese concreto, que nos termos da legislação vigente alcançaria R$10.000,00 (dez mil reais). Ademais, a aferição do valor não passa por avaliação subjetiva da autoridade, mas por critérios objetivos previstos no art. 57 da Instrução Normativa n. 08/2008. Portanto, deve ser mantida a penalidade aplicada à recorrente. Quanto ao valor atribuído à multa, verifica-se o mesmo ocorreu em seu grau máximo, merecendo reforma, eis que ausentes circunstâncias atenuantes ou agravantes. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto pelo conhecimento do recurso, dando-lhe provimento parcial, para reduzir a multa aplicada pela autoridade competente para R$7.000,00 (sete mil reais). É como voto. Rio de Janeiro, 03 de dezembro de ALEXANDRA DA SILVA AMARAL RELATORA Processo n /08-6/ASA Página 5
6 Agência Nacional de Aviação Civil - Brasil CERTIDÃO DE JULGAMENTO JR AUTUAÇÃO Nº AI/NI: 158/SAC-GR/2006 Nº PROC.: /08-6 NOME DO RECORRENTE: AMERICAN AIRLINES INC. ISR/RO PASSAGEIRO: 1068/GR/2006- WALKIRIA RAMOS PRESIDENTE DA SESSÃO ALEXANDRA DA SILVA AMARAL RELATOR: ALEXANDRA DA SILVA AMARAL matrícula ASSUNTO:art. 302, III, u do CBA c/c Portaria 676/GC-5/2000, art. 22, 2º CERTIDÃO Certifico que Junta Recursal da AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL ANAC, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Junta, por unanimidade, conheceu do recurso, dando-lhe provimento parcial, reduzindo a multa aplicada pela autoridade fiscal, no termos do voto da Relatora. Os Srs. Membros Sergio Luis Pereira Santos e Edmilson José de Carvalho votaram com a Relatora. Rio de Janeiro, 03 de dezembro de ALEXANDRA DA SILVA AMARAL PRESIDENTE DA JUNTA RECURSAL Processo n /08-6/ASA Página 6
7 DESPACHO JR Agência Nacional de Aviação Civil - Brasil Nº AI/NI: 158/SAC-GR/2006 Nº PROC.: /08-6 NOME DO RECORRENTE: AMERICAN AIRLINES INC. ISR/RO PASSAGEIRO: 1068/GR/2006- WALKIRIA RAMOS Encaminhe-se o presente a Secretaria da Junta Recursal para as providências de praxe. Rio de Janeiro, 03 de dezembro de ALEXANDRA DA SILVA AMARAL PRESIDENTE DA JUNTA RECURSAL Processo n /08-6/ASA Página 7
DECISÃO RELATÓRIO. Proc. Adm. nº 60810.008818/2008-23 Proc. nº 623.059/10-8 RAA Página 1 de 6
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