O NOVO ENEM E A PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES DE FÍSICA NAS ESCOLAS PÚBLICAS DA CIDADE DE MACEIÓ
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1 O NOVO ENEM E A PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES DE FÍSICA NAS ESCOLAS PÚBLICAS DA CIDADE DE MACEIÓ Natalya Moacyra Bittencourt Queiroz (UFAL) natalya-bittencourt@hotmail.com Elton Casado Fireman (UFAL) eltonfireman@yahoo.com.br Resumo Neste trabalho pretendemos investigar a influência do novo ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) na prática pedagógica do professor de física nas escolas públicas da cidade de Maceió, pois devido ao novo status atribuído a esse exame, pode ter induzido mudanças significativas nas instituições escolares do ensino médio e no trabalho pedagógico do professores principalmente de física, disciplina que já possui muitas dificuldades de assimilação de seus conteúdos. Em termos metodológicos, a abordagem será qualitativa,porque possibilita um maior aprofundamento do fenômeno em questão inserindo o pesquisador naturalmente no contexto em que ele ocorre, buscando descrever as perspectivas dos sujeitos envolvidos. Os principais instrumentos de coleta de dados serão a entrevista semi-estruturada e a observação com o intuito de compreender como está se dando o processo de implementação desse novo processo de avaliação de ingresso no nível superior. Dessa forma, com as transformações ocorridas no meio social, a escola tem um papel de grande relevância para o crescimento desses indivíduos dentro de uma sociedade onde tudo muda numa velocidade prodigiosa. Nessa perspectiva o ensino médio e os professores têm uma grande responsabilidade, de além de tornar os alunos aptos para o ingresso no mercado de trabalho e ingresso no nível superior, a formação de cidadãos críticos e conscientes do seu papel no seu contexto social.
2 2 Palavras- chaves: ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), Ensino médio, Ensino de física. ENSINO MÉDIO Toda a organização da educação brasileira tinha o caráter dualista, que separava atividades intelectuais de atividades manuais. Assim, para as elites foram criados cursos médios de segundo ciclo: o científico e clássico, com três anos de duração e propedêutico ao ensino superior. Para os trabalhadores, foram criados cursos técnicos de segundo ciclo: o ensino agrícola, comercial, industrial e o curso normal que não davam acesso ao ensino superior. Contudo, com as demandas da sociedade e as exigências aumentando os jovens do ensino médio se viram na necessidade de aspirar melhores condições de vida e de emprego, tendo com isso a necessidade de possuir maiores padrões de educação. Expandindo de forma acelerada a universalização do ensino médio, portanto, sem as condições necessárias para atender a grande demanda dos alunos. Nessa perspectiva, surge a necessidade de reformulação e discussão da organização do ensino médio, para atender com qualidade, alunos de origens, destinos sociais e aspirações diferenciadas. Com isso, a implementação de documentos oficiais para nortear as instituições escolares e a prática pedagógica dos professores que propõem uma base comum a todos e uma parte diversificada que estará de acordo com os aspectos de cada região. Contudo, o que ocorre é que esse processo é imposto de cima para baixo e a grande maioria dos envolvidos em educação não compreendem e nunca viram esses documentos (DCNEM, PCEM, PCN+) 1, não ocorrendo efetivamente uma transformação de uma educação de qualidade, mas um mascaramento da dualidade do ensino: os dominados com educação precária e os dominantes em escolas bem estruturadas, mantendo o status quo dessa classe. Os documentos não são apenas mudanças de conteúdos escolares, mas principalmente, transformações nas práticas docentes. Entretanto, há uma distância entre o que está proposto nestes documentos e a prática escolar. As dificuldades vão desde problemas com a formação inicial e continuada, aspectos didáticos- pedagógicos, desde 1 Diretrizes Curriculares do Ensino Médio; Parâmetros Curriculares do Ensino Médio; PCN+ Ensino Médio: orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais.
3 3 estrutura verticalizada dos sistemas de ensino; à incompreensão dos fundamentos da lei, das diretrizes e parâmetros. Ao contrário, o professor terá que assumir seu papel de ator principal da reforma, assegurado pela lei e deixar de ser mero executor de programas impostos. O ensino médio passa a ter outro objetivo, preparar não só para o prosseguimento dos estudos, mas também para que o aluno possa fazer escolhas e, tanto quanto possível, decidir seu futuro, que possa não ser o vestibular. Pensando que devido, a diversidade dos alunos egressos no ensino médio portas abertas para o prosseguimento da educação ao longo da vida. Desse modo, é importante que os docentes compreendam e discutam a proposta integralmente, pois a execução desses pressupostos na sala de aula poderá contribuir para uma reorientação nas concepções e práticas, já que não se trata de mera revisão de conteúdos a ensinar, mas de redimensionar o papel da escola e seus atores. Conforme os documentos oficiais, o ensino médio passa a ser orientado pela construção de competências e habilidades, tendo como eixos norteadores a interdisciplinaridade e a contextualização. A interdisciplinaridade apresentada como o diálogo, o complemento, o confronto com outros conhecimentos visando a uma melhor compreensão do mundo. A contextualização visa dar significado ao que se pretende ensinar para o aluno, auxiliando na problematização dos saberes a ensinar, retirando o aluno da condição de espectador passivo. Desse modo, é importante que os docentes compreendam e discutam a proposta integralmente, pois com essas mudanças no ensino médio surge a necessidade de uma reorientação nas concepções e práticas de ensino, já que não será uma revisão de conteúdos a ensinar, mas de redimensionar o papel da escola e de todos os envolvidos. Nesse sentido, as transformações na sociedade estão ocorrendo, uma reforma educacional está em desenvolvimento, com isso o professor terá que assumir seu papel de ator principal da reforma, assegurado pela lei, e deixar de ser mero executor de programas impostos. E nessa perspectiva, os sistemas avaliativos de ingresso no ensino superior, também se modificaram, dando ênfase ao Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM um dos principais meios de acesso a educação superior na atualidade, que convergem em seus princípios orientadores os pressupostos dos documentos oficiais do ensino médio.
4 4 O NOVO ENEM (EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO) O Exame Nacional do Ensino (ENEM) é um exame anual, aplicado pela primeira vez em 1998, destinado aos alunos em via de concluir ou que já tenham concluído o ensino médio. Contudo, esse exame passa a ter um novo status, trazendo mudanças significativas na escola e em todo trabalho pedagógico dos professores. O ENEM tem buscado estreitar relações com as iniciativas voltadas para a reforma do ensino médio no Brasil. A matriz desse exame visa romper com o isolamento das disciplinas do ensino médio promovendo a complementaridade e integração entre os conteúdos das diversas áreas. Sua estrutura ainda, a partir dos conceitos de competências e habilidades. Esses conceitos são apresentados no documento básico do ENEM (INEP/MEC 1999): Competências são as modalidades estruturais da inteligência, ou melhor, ações e operações que utilizamos para estabelecer relações com e entre objetos, situações, fenômenos e pessoas que desejamos conhecer. As habilidades decorrem das competências adquiridas e referem-se ao plano imediato do saber fazer. O objetivo fundamental do ENEM é de avaliar o desempenho do aluno ao termino da escolaridade básica, para aferir o desenvolvimento das competências fundamentais ao exercício pleno da cidadania. Pretende, ainda, alcançar os seguintes objetivos específicos: 1. Oferecer uma referência para que cada cidadão possa proceder á sua auto-avaliação com vistas às escolhas futuras, tanto em relação ao mercado de trabalho quanto em relação à continuidade de estudos; 2. Estruturar uma avaliação da educação básica que sirva como modalidade alternativa ou completar aos processos de seleção nos diferentes setores do mundo do trabalho; 3. Estruturar uma avaliação da educação básica que sirva como modalidade alternativa ou complementar aos exames de acesso aos cursos profissionalizantes pósmédios e ao ensino superior. Nesse sentido, o modelo de avaliação do ENEM também é inovador por romper com a educação bancária, que concebe o processo de ensino/aprendizagem como uma simples transferência do conhecimento do professor para o aluno, visto como
5 5 um depositário passivo de quem não se espera mais do que o esforço mecânico de memorização de fatos, regras e conceitos, esse exame exige que o aluno demonstre o domínio de competências e habilidades na solução de problemas, fazendo uso dos conhecimentos adquiridos na escola e na sua experiência de vida. O ENEM não mede, portanto, a capacidade do aluno de assimilar e acumular informações, mas como utilizá-la em contextos adequados, interpretando códigos e linguagens e servindo-se dos conhecimentos adquiridos para a tomada de decisões autônomas e socialmente relevantes. Neste sentido, valoriza muito mais o raciocínio do que a decoreba. Na perspectiva da prova do ENEM, são valorizadas competências transversais requeridas para as tarefas a serem avaliadas posicionar, julgar e interpretar. Muito embora, como toda avaliação, este ocorra em contexto artificial, de simulações, onde suas questões visam privilegiar situações de vida real. O modelo de avaliação do ENEM enfatiza, portanto, a aferição das estruturas mentais por meio das quais o conhecimento é continuamente construído e reconstruído e não apenas a memória que, importantíssima na constituição das estruturas mentais, sozinha não consegue fazer o sujeito capaz de compreender o mundo em que vive particularmente num contexto de aceleradas mudanças sócias, econômicas e tecnológicas. Esses fatores relativizam a noção que o ENEM está sintonizado com o movimento de renovação e da educação básica. Com isso, esse exame ganha destaque e se torna um dos mais importantes exames de acesso ao ensino superior. Contudo será que existe nas instituições escolares a compreensão dos documentos oficiais do ensino médio? A matriz do ENEM está sendo discutida e refletida para que se aplique nas salas? Ou está se repetindo o que sempre ocorreu na história da educação brasileira projetos de educação impostos, sem considerar a realidade no qual está inserido? Dessa forma, as indagações são várias, mas o que se pretende com essa pesquisa que ela possa contribuir para a educação e em especial para os professores de Física, que não se tornem passivos das propostas educacionais, mas sim agentes ativos e participativos, que discutam, reflitam e compreendam o que for de melhor para uma educação de qualidade e significativa na formação dos alunos como cidadãos conscientes e participativos na transformação do seu contexto social e que os professores deixem de ser meros executores das reformas educacionais e sim agente ativo e consciente de seu papel na transformação da educação.
6 6 O ENSINO DE FÍSICA E O NOVO ENEM Dentro das áreas de conhecimentos do novo ENEM, nosso foco será a física, visando compreender a influência que este trará para a prática pedagógica do professor de física nas escolas públicas da cidade de Maceió. Percebendo que ensinar física não é fácil. Aprender menos ainda. A física é um processo de descoberta do mundo natural e de suas propriedades, uma apropriação desse mundo através de uma linguagem que nós humanos, podemos compreender. Sendo importante vê o aprendizado da ciência em ação, levando os alunos para fora da sala de aula, fazê-los observar o mundo através dos olhos de um cientista aprendiz. Um ensino de física que prepare para o trabalho e a cidadania do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico, acrescentando ainda, que o aprendizado das ciências deveria levar a compreendê-las como construções humanas que relacione o conhecimento científico com a transformação da sociedade. A idéia de uma física como cultura ampla e como cultura prática, assim como a idéia de uma ciência a serviço da construção de visão de mundo e competências humanas. Para uma formação mais completa de jovens preparados para a cidadania, onde é necessário temas atuais do mundo contemporâneo estarem presentes, passando a tomar referência do que precisará saber um jovem para atuar e viver solidariamente em um mundo tecnológico, complexo e em transformação, que permita ainda aos alunos um olhar investigativo sobre o mundo real. Desse modo, é necessário tomar um ensino de qualidade capaz de formar cidadão que interfiram criticamente na realidade para a transformação e não apenas para que integrem ao mercado de trabalho, visto que o sentido associado à palavra aprendizagem não diz respeito somente ao que se aprende na escola, pois a aprendizagem se dá de forma ativa, através de um processo de organização interna do conhecimento que envolve a interação com o meio ambiente. Com as mudanças ocorridas no meio social, a escola tem hoje um papel importante para o crescimento desses indivíduos dentro da sociedade onde tudo muda numa velocidade prodigiosa. Além da responsabilidade de torná-los profissionais aptos a atuar no atual mercado de trabalho. Além de cidadãos críticos e conscientes.
7 7 Nesse sentido, o ensino de física deve ser o instrumento para a compreensão do mundo. Enfatizando assim, o entendimento qualitativo dos conceitos e não a memorização de fórmulas, e que esteja baseado na discussão de fatos cotidianos e demonstrações práticas feitas em aula, e não na realização repetitiva de exercícios poucos relevantes. Referências BRASIL. Lei nº Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 20 de dezembro de BRASIL, MEC/INEP - ENEM Exame Nacional do Ensino Médio - Documento Básico 2000, Brasília, Outubro de BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília, BRASIL. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. V.2, BRASIL. Matriz de Referência para o ENEM. Brasília, Disponível em: CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino médio. Resolução CEB nº 3, 26 de Junho de ETGES, Noberto J. Produção do conhecimento: educação e realidade. Porto Alegre, FRANCO, Creso; BONAMINO, Alicia. O ENEM no contexto das políticas para o Ensino Médio. Revista Química Nova na Escola. Sociedade Brasileira de Química, N.10 Nov. de GLEISER, Marcelo. Por ensinar física? Revista Física na escola. V. 1, n. 1, HOSOUME, Yassuko; KAWAMURA, Maria Regina Dubeux. A contribuição da física para um novo ensino médio. Revista Física na escola. V.4, n.4, 2003.
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