A Petrobras e as construtoras envolvidas na Opera~lo Lava Jato respondem por grande parte do investimento e do emprego no pais

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Diana de Caminha Balsemão
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1 Grandes dem ais para parar A Petrobras e as construtoras envolvidas na Opera~lo Lava Jato respondem por grande parte do investimento e do emprego no pais

2 Marcelo Moura e Marcos Coronato U ma pneumonia na Petrobras deixa a economia brasileira tremendo de febre - e a Petrobras esta muito doente. A Operaqiio Lava Jato, da Policia Federal, levantou fortes evidkncias de que a companhia foi usada num esquema de desvio e lavagem de dinheiro, com cobranp de propinas e contratos superfaturados, que resultaram em perdas de, no minimo, R$5 bilh6es. Trata-se da maior empresa do pais. Ela controla, sem disputa, um setor que responde por um oitavo do valor de tudo o que se produz no Brasil anualmente. Refina 98% da gasolina que os brasileiros consomem, movimenta 20 mil fornecedores e responde, sozinha, por cerca de um dkcimo de tudo o que se investe no pais em infraestrutura, novas fabricas, maquinas e equipamentos industriais (um tip0 de investimento de que o Brasil k carente). Nos idtimos dias, sofreu com a prisiio de dois exdiretores acusados de corrup~iio e foi incapaz de divulgar o balaqo financeiro no prazo. A Petrobras tern 86 mil funcionarios, e, para muitos deles, ficou dificil dedicar-se as tarefas do dia a dia. Uma reuniiio no edificio sede, no Rio de Janeiro, ha duas semanas, terminou com vhrios participantes chorando. Um economista pediu demissao e escreveu a colegas: "0s escpndalos pesam na minha decisiio. Estar na Petrobras, no momento, niio acrescenta nada de bom a meu curricula". A Petrobras tera mais dificuldades, a partir de agora, para conseguir emprkstimos e fazer investimentos. Trata-se de um problema skrio para todo brasileiro, porque o pais nunca dependeu tanto dela, desde sua funda~iio, em "A Petrobras k a grande contratante no pais, afeta todos os setores, e a

resultaram em perdas de, no minimo, R$5 bilh6es. Trata-se da maior empresa do pais.

3 situaqiio dela contaminara o resto da economia", afirma o economista Paulo Feldmann, professor da FEA- USP, com carreira como executivo em empresas privadas e estatais. A situapo k ainda pior que isso. A OperaqHo Lava Jato pegou tambkm altos funcionarios de seis das 13 maiores construtoras do pais. Camargo Corr&a, Odebrecht, OAS, Mendes Junior, Queiroz GalvHo e GalvHo Engenharia estho entre os pesos-pesados do capitalismo brasileiro. Suas atividades se desdobram por 22 segmentos da economia, incluindo obras e administraqiio de aeroportos, ferrovias e rodovias. Juntas, empregam mais de 300 mil funcionarios. Faturaram, no ano passado, R$ 30 bilh6es - quase metade disso em contratos com governos. Se os executivos forem condenados por corrupqho, essas empresas podem ser impedidas, ao menos temporariamente, de prestar serviqos ao Estado. "Dentro da normalidade, seria precis0 de declara-las inidheas': diz o advogado Antonio Carlos de ALmeida F

Camargo Corr&a, Odebrecht, OAS, Mendes Junior, Queiroz GalvHo e GalvHo Engenharia estho entre os pesos-pesados do capitalismo brasileiro.

4 Castro, o Kakay, que chegou a defender o doleiro Alberto Youssef antes de ele se tornar um dos delatores do esquema. "Se isso acontecer, o pais para." Kakay pode at6 ser parte interessada em defender a "normalidade"do esquema que envolve as construtoras, mas seu alerta k pertinente. A crise financeira dos Estados Unidos, em 2008, legou ao mundo a expressao "grandes demais para quebrar", para explicar a necessidade de o governo proteger os grandes bancos em apuros. 0 capitalism0 brasileiro, com forte presenqa do Estado e favorecimento de dkcadas a alguns grandes grupos, criou uma versho local do fenbmeno. A partir das denuncias atuais, o governo federal teri de melhorar a forma como lida com a Petrobras e as construtoras. Politicos, empresirios e executivos poderiio ser punidos e presos. 0s encarregados de lidar com investimentos e obras, nos setores public0 e privado, teriio de administrar um baque. 0 Brasil aumentou a aposta na Petrobras ap6s a descoberta das reservas de petr6leo abaixo da camada de sal no subsolo oceinico, em Em 2010, o governo Lula adotou novas regras para o setor. Deixou o regime de concessiio, usado por produtores de petr6le0, como Estados Unidos e Noruega, e abraqou o regime de partilha, usado em napes como Angola e Nig6ria. 0 modelo de partilha concentra nas m2os do Estado riscos e eventuais lucros. Ele tambkm obriga a Petrobras a entrar como s6cia em toda empreitada no pr6-sal, com 30% do investimento, mesmo contra a prudtncia e abusando da capacidade de tomar empr6stimos e investir. A Petrobras tornou-se, no ano passado, a empresa mais endividada do mundo, segundo o Bank of America Merril Lynch. Em junho, urn corn~rador, ninguem no Brd urna rifinaria A Adrlano Pires, consultor suas obrigaqdes chegaram a US$li'O bih6es. Seu valor de mercado caiu de R$ 380 bilhdes, em dezembro de 2010, antes da posse de Dilma, para R$160 bilh6es atualmente. "Ao vender combustive1 abaixo do preqo, a Petrobras deu prejuizo a seus investidores e irnpediu a implantaqao de outras petroliferas no Brasil': diz Adriano Pires, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). "A falta de concorrtncia cria urn ambiente propicio a corrupqiio." A Petrobras tem, com fornecedores de serviqos e equipamentos, uma relaqho conhecida entre os econornistas como"monopsbnio': Trata-se de um tinico comprador, capaz de impor condiqdes e exigir favores. "Num mercado com mais compradores e fornecedores, dificilmente haveria superfaturamento, como nas obras da Reharia Abreu e Lima': diz Pires. "Com um comprador e poucos fornecedores, ningu6m sabe quanto custa uma reharia no Brasill' ~~p Corn Aline Imercio, Bruno Ferrari e Raphael Gomide

A crise financeira dos Estados Unidos, em 2008, legou ao mundo a expressao "grandes demais para quebrar", para explicar a necessidade de o governo proteger os grandes bancos em apuros.

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