PLANEJAMENTO E PROJETO: AS FERRAMENTAS ESSENCIAIS PARA CONSTRUIR UM BRASIL MELHOR
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- Alana Peres Palha
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1 PLANEJAMENTO E PROJETO: AS FERRAMENTAS ESSENCIAIS PARA CONSTRUIR UM BRASIL MELHOR Contribuições da Arquitetura e da Engenharia de Projetos para os candidatos ao Governo Federal Agosto de 2010 O Brasil está diante de uma enorme oportunidade de ingressar numa etapa de desenvolvimento econômico que poderá permitir ao país sair da condição de emergente e assumir definitivamente um novo patamar no cenário internacional, graças à conjunção de diversos fatores favoráveis à nossa Nação, conjunção essa poucas vezes desfrutada em nossa história. No entanto, tanto quanto ou até mais do que o recrudescimento da crise econômica de 2008, a principal ameaça ao crescimento sustentável da economia brasileira reside numa fragilidade estrutural das administrações públicas brasileiras: a falta de planejamento. Planejamento não se resume à montagem de um ministério ou secretaria. Exige a implantação de uma cultura em nossas administrações públicas. Planejar significa decidir antes e bem para fazer melhor a coisa certa, no tempo certo e ao custo adequado. As principais Propostas De caráter geral Implementar a cultura do planejamento pela substituição da cultura vigente de adiamento de decisões e ansiedade pela execução com graves consequências quanto ao não cumprimento de prazos, queda de qualidade e aumento de custos. Cabe buscar a redução dos prazos, principalmente das fases burocráticas, portanto é preciso começar mais cedo. Essa deve ser a base da cultura do planejamento. Decidir mais cedo para garantir a execução dentro dos cronogramas estabelecidos.
2 Planejamento na Administração Pública Estabelecer rubrica orçamentária para estudos e projetos no âmbito da administração pública em todos os níveis, para possibilitar que os estudos, planos e projetos sejam realizados de acordo com os cronogramas do investimento, permitindo duplo efeito positivo ao evitar descontinuidades perniciosas aos cronogramas e garantir os prazos adequados à realização dos projetos. Sugere-se criar rubrica especifica para estudos e projetos, de tal forma que num exercício sejam previstas as verbas para os projetos e no exercício seguinte as verbas para as construções, instalações e fornecimentos de equipamentos. Estabelecer linhas de financiamento federal de estudos e planos sem retorno ( a fundo perdido ) que possam ser operacionalizados pelos Estados ou Municípios com a finalidade de criar demandas efetivas de projetos em todo o país, superando as travas de endividamento e possibilitando agilidade na geração de novos projetos de investimentos. Diante das grandes dificuldades dos municípios em se capacitar para este tipo de contratação, os Estados poderão funcionar como tomadores de recursos operacionalizando licitações em apoio aos municípios. Estabelecer um novo patamar de gestão pública, pela utilização de ferramentas de acompanhamento e controle que permitam contratar e fiscalizar com eficiência e agilidade. A contratação de gerenciamento é a forma de utilizar um instrumento cujo custo é variável conforme a quantidade de obras a serem empreendidas, substituindo a contratação de quadros concursados que onerarão o Estado independente das variações dos investimentos. Neste cenário, sugere-se criar um Sistema de Acompanhamento de Empreendimentos no âmbito do Ministério do Planejamento que emita diretrizes, crie procedimentos, mantenha um Banco de Dados com o registro de todos os projetos básicos elaborados ou em elaboração, além de dispor de informações para acompanhamento das previsões e execuções orçamentárias e dos contratos de projetos e obras com o objetivo de fazer com que os empreendimentos sejam realizados nos prazos,custos e qualidade adequados. Prever verbas orçamentárias somente para obras que já tenham projeto básico elaborado ou em elaboração. As decisões antecipadas do planejamento de investimentos devem ser institucionalizadas em verbas específicas dentro dos orçamentos anuais e precedidos pelos Planos Plurianuais. Para a garantia da execução das obras, deve ficar claro, já na Lei de Diretrizes Orçamentárias, que não poderá ser prevista verba para qualquer obra que já não tenha o seu projeto básico elaborado ou em elaboração. Como instrumento de controle, sugere-se que o Ministério do Planejamento, no âmbito federal, e as respectivas Secretarias de Planejamento, nos âmbitos estaduais e municipais, utilizem Banco de
3 Dados com o registro de todos os projetos básicos elaborados ou em elaboração. Elaboração dos Projetos Manter o princípio básico da técnica e preço para contratação de estudos e projetos, tal qual explicitada na lei de licitações atual, eliminando a prática perniciosa da contratação de projetos por preço ou pregão eletrônico e com isso manter o princípio central da qualidade na realização dos serviços técnicos especializados. Promover a alteração da lei de licitações atual, modernizando-a, para que atenda as exigências realidade brasileira e possibilite aperfeiçoar os processos de contratação. No que tange aos projetos, os pontos essenciais estão na definição da contratação das obras por projetos completos, respeitadas exceções perfeitamente caracterizadas, a manutenção da modalidade técnica e preço sem limitadores para os serviços técnicos especializados e a assinatura por profissional competente do orçamento com o qual será licitada a obra. Estabelecer mecanismo diferenciado de financiamento de projetos. Sugere-se que o financiamento de projetos deve ser associado ao da obra ou empreendimento, de tal forma que as avaliações de capacidade de endividamento compreendam os valores totais e não apenas de projetos. O financiamento dos projetos deve ter a característica de um empréstimo ponte, com a sua incorporação subsequente ao financiamento da obra. Sugere-se que tenha o suporte de um fundo garantidor, para cobrir as eventuais desistências na execução das obras. Justificativa Falta de planejamento, a principal ameaça O planejamento é praticado como uma atividade burocrática, desenvolvida fundamentalmente para atender preceitos legalmente instituídos, nos três níveis de governo. O resultado dessa cultura institucionalizada entre nossos governantes revela-se nas deficiências de infraestrutura em quase todas as áreas necessárias para embasar nosso crescimento, com a honrosa exceção da área de telecomunicações. Energia, aeroportos, portos, rodovias, ferrovias, saneamento e pessoal qualificado representam entraves sérios ao crescimento do PIB do país acima de taxas medíocres - da média anual de pouco mais de 2% -, que caracterizaram os últimos 25 anos. Se o país
4 crescer mais de 5% ao ano, será difícil não termos apagões em quase todas essas áreas. A falta de planejamento e de projetos de qualidade tem impedido o PAC de atingir as metas estabelecidas pelo governo federal. Em áreas como saneamento, por exemplo, constatou-se grande defasagem entre o percentual contratado e o percentual desembolsado na realização das obras, fato atribuído à inexistência ou à baixa qualidade dos projetos.de modo geral, a falta ou baixa qualidade dos projetos deixa sempre as mesmas sequelas: obras entregues fora do prazo, custo final superior ao contratado e obras inacabadas. Planejamento: decidir antes para realizar melhor A forma mais inteligente de desenvolver o planejamento é romper com a cultura da pressa pela realização de obras. A definição de prazos compatíveis para os planos e projetos pode vir acompanhada pelo apoio da engenharia consultiva brasileira. Para isso, basta recorrer à inteligência acumulada pelas cerca de 18 mil empresas que atuam neste setor. Trata-se de um mercado dotado de quadros de grande competência mas que sofre as consequências da descontinuidade. A engenharia consultiva é altamente especializada, os quadros são formados parte na Universidade e parte nas empresas. A descontinuidade nos investimentos e nas contratações de serviços não permite o crescimento contínuo das empresas, portanto inibe o aumento do quadro técnico e a modernização tecnológica. Apesar de tudo isso, as empresas têm procurado investir em seu crescimento e modernização, sabendo que enfrentarão a dura competição com as empresas internacionais. E são as empresas brasileiras que darão o respaldo necessário ao desenvolvimento. São contratadas por licitação. Completado o trabalho, deixam de onerar o erário público, representam custos variáveis. Mas, para alcançar o desenvolvimento é também necessário modernizar a gestão pública. A contratação de novos quadros pela área pública deve servir para estruturá-la na condução de suas políticas. A estrutura deve manter o núcleo essencial que lhe permitirá formular as políticas, emitir as diretrizes, formatar e contratar planos, estudos e projetos. Para isso pode se utilizar de ferramentas poderosas de apoio como os avanços da informatização e o gerenciamento contratado, que lhe permitirá tornar mais eficiente todo o processo de gestão operacional, incluindo as atividades de contratação, fiscalização dos serviços e prestação de contas.
5 Contratar a melhor solução Há um antigo ditado popular, que contém bastante sabedoria: o barato sai caro. Essa definição popular cabe como uma luva na sistemática adotada por diversas administrações públicas para a contratação de projetos: pelo menor preço e, método cada vez mais disseminado, por pregão eletrônico. O menor preço e o pregão eletrônico são instrumentos eficientes para a administração pública comprar produtos genéricos, com especificações básicas similares, porém produzidos em grandes quantidades e com grande diversidade de fornecedores, mas não para comprar a melhor solução técnico-econômica para uma obra. Quando se fala em contratar a melhor solução em planejamento e projeto, está se falando de adquirir inteligência, traduzida em projetos bem-feitos, embasados em estudos de diversas naturezas como estudos topográficos, sondagens,estudos ambientais, levantamentos sócio-econômicos e diversos outros serviços que servirão de base à definição de uma solução de engenharia eficiente. O resultado são empreendimentos públicos de qualidade, duráveis, entregues no prazo correto e ao custo adequado, atendendo a todos os requisitos socioambientais. E a um valor muito baixo, em relação aos benefícios que proporciona: um projeto custa, em média, não mais que 5% do montante global de uma obra. Mas o bom projeto pode evitar superfaturamentos, paralisações e obras inacabadas, por exemplo. O bom projeto, com suas especificações detalhadas de sistemas construtivos, quantitativos materiais e serviços, orçamentos-base para licitações e definição rigorosa de cronograma, é um instrumento poderoso de controle para o administrador público. Coloca a obra em suas mãos e não o contrário. Saber contratar melhor significa definir corretamente o que se quer contratar e realizar um processo de compra adequado ao produto que se quer adquirir.
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