Conjuntura econômica da Construção civil

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1 CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS DA CONSTRUÇÃO E DO MOBILIÁRIO RECONHECIDA NOS TERMOS DA LEGISLAÇÃO VIGENTE EM 16 DE SETEMBRO DE 2010 Estudo técnico Edição nº 15 setembro de 2014 Organização: Maurício José Nunes Oliveira Assessor econômico CONTRICOM Reconhecida nos term os da legislação vigente em 16 de setem bro de 2010 Conjuntura econômica da Construção civil 1

2 Empreiteiras são as maiores financiadoras da campanha presidencial As empreiteiras foram as principais financiadoras das campanhas presidenciais de PT, PSB e PSDB até o fim de agosto, com R$ 63,1 milhões em doações. O valor leva em conta as 20 maiores quantias doadas a Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB). O levantamento foi feito pelo Estadão Dados com base nos registros apresentados pelas campanhas à Justiça Eleitoral. Dilma é a que mais recebeu das construtoras: R$ 41 milhões. Entre as maiores doadoras estão OAS (R$ 20 milhões), Andrade Gutierrez (R$ 11 milhões), UTC Engenharia (R$ 5 milhões) e Triunfo (R$ 5 milhões). Em segundo lugar nas doações desse segmento, com praticamente metade do valor arrecadado pelo PT, aparece Aécio. O tucano recebeu R$ 12 milhões da Andrade Gutierrez e R$ 3 milhões da OAS. Outras quatro empresas - UTC, MRV, CR Almeida S.A. Engenharia de Obras e Norberto Odebrecht - doaram R$ 1 milhão cada. A construtora Barbosa Mello S.A. contribuiu com R$ 750 mil e a Via Engenharia, com R$ 500 mil. O total chega a R$ 20,25 milhões. A campanha do PSB recebeu R$ 800 mil da Andrade Gutierrez, R$ 600 mil da OAS e R$ 500 mil da Lidermac Construções e Equipamentos, num total de R$ 1,9 milhão, um décimo do arrecadado por Aécio no mesmo setor. 2

3 Orçamento para obras será menor em 2015 e afetará o emprego na construção civil Eleita em 2010 como a gerente das grandes obras do governo, a presidente Dilma Rousseff chega ao fim de seu mandato propondo a redução no orçamento dos ministérios da área de infraestrutura, como Transportes, Portos e Integração Nacional. Levantamento do jornal O Estado de S. Paulo mostra que, embora a despesa geral tenha crescido, alguns ministérios tiveram sua proposta de gastos reduzida para 2015, na comparação com este ano. Os dados mostram que a previsão de gastos para o Ministério dos Transportes cai de R$ 20,8 bilhões para R$ 19,3 bilhões. É uma redução de 7,1%, sem considerar o efeito da inflação. O governo está dando uma sinalização importante, de que o ano que vem vai ser muito difícil. O Orçamento para 2015 mostra que os gastos em geral vão aumentar 21,2%, com recursos concentrados nos Ministérios da Saúde, da Educação e do Desenvolvimento Social. Mas haverá sacrifício de outras áreas. As perspectivas pouco favoráveis de caixa, a necessidade de um novo e rigoroso controle dos gastos públicos e as medidas de ajuste dos preços administrados impedem o governo de pintar um quadro positivo para 2015, mesmo que queira enganar o povo brasileiro. Com menos recursos para obras de infraestrutura e habitação, o setor da construção civil permanecerá em estagnação e os riscos de desemprego para os trabalhadores aumentarão. As entidades sindicais representativas dos trabalhadores do setor devem lutar sem cessar em defesa do emprego. 3

4 Inovações na construção civil garantem sustentabilidade econômica O crescimento acelerado da população e a migração cada vez maior para os centros urbanos geram, entre outras consequências, maior demanda de energia, transporte, alimentação e infraestrutura. Calcula-se que, até 2050, a população mundial deva chegar a nove bilhões de pessoas e dois terços estarão vivendo nas grandes cidades. Esse movimento deve causar um forte impacto na maneira como a indústria da construção civil se posiciona. Uma das principais questões a serem repensadas no setor é que, diferente de outras indústrias, a construção não incorporou inovações ao seu processo e continua utilizando as mesmas técnicas há décadas. O método construtivo atual consome mais de 40% da energia produzida globalmente e contribui em 30% com a emissão de gases de efeito estufa, tornando-se o setor que mais consome recursos naturais e utiliza energia de forma intensiva. Por isso é preciso pensar e agir diferente no mercado da construção. É necessário aproveitar as tecnologias e materiais que reduzam o consumo de energia, de recursos naturais e que diminuam o impacto no meio ambiente. É indispensável avaliar o ciclo de vida dos materiais e seus reais efeitos na cadeia. Sabe-se, por exemplo, que o concreto é o segundo material mais utilizado em uma obra tradicional, depois da água. O cimento é responsável por 5% da emissão global de CO2 durante sua fabricação. Para compensar esse impacto, já existem aditivos químicos que 4

5 garantem um concreto mais adequado a diferentes aplicações e que diminuem em 40% o uso de água em sua preparação. Além disso, ainda é baixa a dedicação às fases de projeto e planejamento. O uso de equipamentos mais eficientes, processos construtivos e tecnologias que promovam a redução de consumo de energia durante a utilização do edifício não são foco. Ações da Construção Civil só se recuperam no longo prazo Os papéis das empresas do setor de construção ainda vão levar algum tempo para se recuperar na bolsa, refletindo o longo processo de reestruturação das companhias e a deterioração dos fundamentos do setor. As incorporadoras já sanaram os atrasos de obras e estouros de orçamento, que não deverão se repetir nos empreendimentos lançados recentemente. No entanto, boa parte delas está com endividamento alto e lucratividade baixa devido aos erros nos projetos do passado, que só estão ficando prontos agora. Para os próximos meses, o desafio estará, portanto, em reduzir o volume dos estoques e gerar caixa. A tarefa não será fácil, pois o mercado imobiliário está mais fraco neste ano. Há uma vasta oferta de imóveis e saldões promocionais, o que acirra a competição entre as empresas. Além disso, o ambiente econômico está mais desafiador, com baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e queda na confiança de consumidores, o que tem adiado a decisão de compra de imóveis. 5

6 Esse desaquecimento pode ser visto nos dados da última pesquisa FipeZap. O valor médio dos imóveis residenciais no país subiu 9,9% nos últimos 12 meses encerrados em agosto. O mês de agosto foi o nono consecutivo de queda na aceleração, que se iniciou em dezembro, quando o indicador estava em 13,8%. O país está em meio a um processo de ajuste macroeconômico, com possível piora do nível de emprego e do índice de inadimplência nos bancos e nas empresas em geral. Haverão mais ajustes, dadas as dificuldades pelas quais o país está passando. O setor da construção civil tende a se recuperar, mas vai demorar. As empresas que provavelmente se recuperarão com mais rapidez deverão ser aquelas que atuam dentro do programa Minha Casa, Minha Vida, como MRV e Direcional, podendo ser beneficiadas com a ampliação do programa nos próximos anos. Dentre os candidatos à Presidência da República com maior chance de vitória de acordo com as pesquisas de intenção de voto, Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) planejam ampliar a meta de contratação para 3 milhões e 4 milhões de moradias, respectivamente, entre 2015 e É importante enfatizar que a ampliação dos investimentos em programas habitacionais destinados à população de baixa renda depende muito dos subsídios do governo, que, por sua vez, irão escassear em