O III Seminário Internacional de História Luso-Brasileira: Sertão e Litoral pretende apresentar a produção acadêmica sempre renovada em torno desses
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- Margarida Espírito Santo de Oliveira
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1 O III Seminário Internacional de História Luso-Brasileira: Sertão e Litoral pretende apresentar a produção acadêmica sempre renovada em torno desses espaços, construídos sobretudo a partir da época moderna, e que adquiriram múltiplos sentidos na história brasileira e do império ultramarino, atualizando-se no Brasil contemporâneo como objeto de pesquisa e expressão cultural. Sertão e litoral correspondem na história luso-afro-brasileira não apenas a supostas delimitações naturais do território, mas a espaços constituídos e transformados ao longo da história. Suas demarcações se devem, de modo geral à relação entre litoral, atividade econômica para o mercado externo, sedes urbanas e civilização. Ao sertão reservou-se a barbárie, um mundo desconhecido e ermo, ao mesmo tempo em que o interior pode sugerir um universo a ser desbravado. Nesses dois terrenos, definidos face um ao outro, se instalam variadas formas de domínio da América portuguesa e da África e toda uma reflexão historiográfica. As perspectivas do sertão e do litoral se fazem sentir também na literatura, sendo uma imagem recorrente ainda hoje na ficção portuguesa, africana como o foi na produção regionalista brasileira.
2 8 de agosto 8h30 às 9h30 - Credenciamento 10 às 12:00 h Conferência Roquinaldo A. Ferreira Doutor pela Universidade da California, Los Angeles, e pós-doutorado na Yale University e Harvard University. Professor associado na Universidade da Virginia, e pesquisador visitante no l Institut de Hautes Études Internationales et du Développement, em Genebra. O Sertão, o Litoral e o Atlântico: Angola e Brasil na era do tráfico de escravos 14 às 17:00 h Palestras Alexsander Gebara Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo. Professor de História da África na Universidade Federal Fluminense. A busca britânica pelo curso do Rio Níger, estratégias retóricas e práticas imperiais Durante o período compreendido entre o final do século XVIII e meados do século XIX, os argumentos presentes nos relatos de viagem britânicos legitimavam a presença inglesa na África. Construídos em torno da luta contra o tráfico atlântico de escravos e da 'missão civilizadora' ocidental, tais argumentos sustentavam uma intervenção prática cada vez maior na economia e na política das sociedades africanas, garantindo, de forma crescente, as dinâmicas comerciais favoráveis à Inglaterra. Maria da Glória Kok Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado junto ao Departamento de Antropologia da UNICAMP. Pesquisadora do Centro de Pesquisa em Etnologia Indígena (CPEI), do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da UNICAMP. Imagens do sertão da América portuguesa A palestra apresentará imagens do espaço chamado sertão pelos adventícios, caracterizado por sua imensidão disforme de limites indefinidos, avesso à civilização, distante dos núcleos de povoamento, da administração colonial e do litoral Atlântico, sobre o qual foram projetadas e inventadas diversas formas de humanidade. De início, foi povoado de habitantes fantásticos que migraram da Antiguidade e da Idade Media para as terras incógnitas do Novo Mundo. À medida, porém, que o sertão passou a ser progressivamente explorado e mapeado, durante o processo de colonização da América portuguesa, ganhou imagens ambíguas, ora como terras de bárbaros, canibais e outras raças monstruosas, ora como espaços totalmente vazios. No entanto, qualquer uma delas servia de justificativa tanto à expropriação das terras indígenas quanto à escravização dos povos que habitavam o sertão. Fabiano Vilaça dos Santos Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo. Professor da Universidade Candido Mendes, pesquisador colaborador do Laboratório Redes de Poder e Relações Culturais, vinculado ao CNPq e ao PPG em História Política da UERJ, e do grupo de pesquisa História Colonial da Amazônia, vinculado ao CNPq e ao PPG em História Social da Universidade Federal do Amazonas. A corte, as armas e o ultramar português: a construção das carreiras dos governadores do Estado do Maranhão (século XVIII) Recorrente na historiografia nos últimos anos, a temática das trajetórias governativas no Império português tem contribuído para a renovação dos estudos sobre a administração colonial. Contudo, no que se refere à América, o Estado do Maranhão repartição independente do Estado do Brasil ainda é pouco contemplado pelos especialistas. Nessa perspectiva, importa analisar aspectos fundamentais na construção das trajetórias dos governadores e capitães-generais do Estado do Maranhão, ao longo do século XVIII: a formação militar, as alianças políticas e as relações familiares estabelecidas no âmbito da Corte e as experiências adquiridas por alguns agentes em praças africanas e orientais.
3 Haruf Salmen Espindola Doutor em História Econômica pela Universidade de São Paulo. Professor titular da Universidade Vale do Rio Doce Univale e coordenador do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Gestão Integrada do Território GIT/Univale. Sertão do Rio Doce: por onde corre a imaginação dos homens e sua cobiça O Rio Doce, no sudeste do Brasil, se fez presente como espaço de imaginação e cobiça desde os primeiros tempos da colonização lusitana na América. Nos dois primeiros séculos o rio foi caminho para o sertão que obcecou a imaginação dos portugueses que os fez entrar pelo interior em busca da fantástica serra das esmeraldas. No início do século XIX, a cobiça luso-brasileira levou a Coroa portuguesa a declarar guerra ofensiva aos índios Botocudos e ordenar a conquista militar dos seus territórios, momento atípico da história lusobrasileira na América. O Sertão do Rio Doce foi ocupado por forças militares e, no segundo momento, por missionários, cujos objetivos foram domesticar e civilizar os sertões, possibilitando assim o aproveitamento de suas extraordinárias riquezas. 17:00 h Lançamento dos livros vencedores do Prêmio Arquivo Nacional de Pesquisa 2009 Subversivos e pornográficos: censura de livros e diversões públicas nos anos 1970, de Douglas Attila Marcelino; Engenhocas da moral: redes de parentela, transmissão de terras e direitos de propriedade na freguesia de Campo Grande (Rio de Janeiro, século XIX), de Manoela Pedroza; Jardim regado com lágrimas de saudade: morte e cultura visual na Venerável Ordem Terceira dos Mínimos de São Francisco de Paula (Rio de Janeiro, século XIX), de Henrique Sergio de Araujo Batista. 9 de agosto 10 às 12:00 h Conferência Marcus Vinicius de Freitas Ph.D. em Estudos Brasileiros e Portugueses pela Brown University e pós-doutorado em História e Teoria Literária pela UNICAMP. Professor Titular de Teoria da Literatura na Universidade Federal de Minas Gerais e Pesquisador PQ-2 do CNPq. É também romancista, autor de Peixe morto (Autêntica, 2008). Literatura de viagem, ciência e nação na segunda metade do longo século XIX, às 17:00 h Palestras Nísia Trindade Lima Doutora em Sociologia pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ). Pesquisadora titular da Casa de Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz e Vice Presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz. Professora adjunta de Sociologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Sertão como ideia: intelectuais e interpretação do Brasil A proposta é discutir os diferentes significados atribuídos à palavra sertão no pensamento social brasileiro durante o século XX. Com este objetivo, procura-se demonstrar que a análise da tensão
4 entre sertão/litoral não pode ser compreendida apenas pela análise da importância do espaço em nossa formação histórica e na reflexão feita pelos intelectuais a seu respeito. Considera-se que tais categorias especificam modos distintos e até mesmo opostos - de compreensão da vida social e, sobretudo, dos processos de mudança. Assim, mais do que a espaço, os significados atribuídos a sertão e ao contraste do par sertão/litoral, referem-se fundamentalmente a temporalidades distintas e coetâneas. A análise deste tema insere-se em um debate teórico mais amplo sobre a relação dos intelectuais e o problema de sua identidade nas sociedades periféricas. Nessa perspectiva, a análise de Norbert Elias sobre as relações entre intelectuais, projetos nacionais e interpretação da sociedade nos contextos francês e alemão; e da sociologia histórica, em particular os textos de Bendix, sobre os processos de construção dos Estados nacionais, constituíram-se em referências centrais para a análise. Entende-se que a matriz dualista é parte constitutiva da imaginação social sobre o país, revelando algo mais do que a oposição entre o Brasil moderno e o atrasado ou, alternativamente, entre uma civilização de copistas e uma autêntica. Ela indica, ao mesmo tempo, a representação que fazem os intelectuais acerca de seu próprio lugar nesta sociedade. Candice Vidal Doutora em Antropologia Social pelo Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. O sertão, o litoral e a fronteira: espaços da nação O sertão é um lugar vivido e imaginado que recebe atributos em infindáveis narrativas produzidas por sujeitos intelectuais de variados perfis. As obras do pensamento social brasileiro que tematizam o sertão como fonte ou reserva da nacionalidade brasileira são fundadas na observação direta ou experiência biográfica em lugares sertanejos, assim como na imaginação do espaço e do modo de vida sertanejo. O sertão se mostra como uma categoria do pensamento brasileiro, elementar em reflexões sobre a nacionalidade, suas raízes, seu presente e seu futuro. Participa da nomeação, da descrição e da avaliação sobre o estado da nação e de sua gente em relatos de narradores legitimados em seu poder de dizer sobre a nação ou por sua autoridade interpretativa e/ou por sua presença efetiva nos lugares descritos. Os sentidos expressos pelo significante sertão podem se desdobrar na ideia de fronteira, lugares em que a nação pode crescer e transformar seu interior, como que combinando positividades imputadas ao sertão e ao litoral. Albertina Vicentini Doutora em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) pela Universidade de São Paulo. Professora titular da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, do Mestrado em História e do Mestrado em Letras da mesma instituição. Bolsista-pesquisadora do Cnpq. O sertão em Inocência de Taunay Desde os anos 30 do século XIX, está instaurado um programa político da funcionalidade da literatura rumo à civilização. José de Alencar, em seu conjunto de obra, procura historiar a totalidade da nação, com suas obras sobre os tempos primitivos, os tempos coloniais e o seu tempo contemporâneo, este com a instauração da dicotomia campo/cidade. Uma das obras que representam o campo em Alencar é O Sertanejo (1875), obra que configura a família patriarcal colonial de cultura agrária, cujos valores se imprimem a partir da cultura aristocrática lusobrasileira. Em Taunay, essa dicotomia toma a forma como o regionalismo finissecular dela se utilizaria mais tarde: sertão / civilização-cidade ou atraso/desenvolvimento. Isso porque Taunay, em Inocência (1871), já descreve o sertão à parte, ao início do romance, de forma independente (é um capítulo que tem vida própria, de tom ensaístico mais do que romanesco e isso, de certa forma, consolida o sertão como uma categoria), e especialmente nos seus aspectos geofísicos, demográficos e de costumes. Essa é uma nova face literária do sertão, até então retratado idealmente como lugar de aventura ou de perigo, despovoado ou longínquo, sensual e exótico, etc., mas sempre pelo ponto de vista essencialista de recôndito verdadeiro da brasilidade ou da nação (como em Alencar). Já para o final do século XIX, o embate para com o atraso do sertão surgiria como tema dos regionalistas propriamente ditos, como Hugo de Carvalho Ramos ou Valdomiro Silveira; ou em uma obra do porte d Os sertões de Euclides da Cunha.
5 Sylvia França Schiavo Doutora em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Professora associada III da Universidade Federal Fluminense, subchefe do Departamento de Antropologia. Sertão Uno e múltiplo de Guimarães Rosa No Grande Sertão: Veredas, no qual há de tudo para quem souber ler, conforme afirma o mestre Antonio Candido, João Guimarães Rosa resolve, definitivamente, uma questão, ou uma falsa questão, que é a conceituação do vocábulo de nebulosa etimologia sertão. Nessa obra-prima, Rosa eleva o sertão ao estatuto de categoria, libertando-o do conceito intentado por vários autores, ao dizer o sertão pela boca do jagunço Riobaldo. Ao repetir, como num mantra, a palavra sertão em todo o livro, Riobaldo o faz de maneira imprecisa, dada a multiplicidade de significados que lhe impõe e, ao mesmo tempo, de forma bastante determinada. São atributos que Marcel Mauss, seguindo trilhas muito antigas, indica como qualidades de uma categoria, categoria do entendimento humano. Assim, o sertão ancestral, tectônico, é síntese do diverso histórico, geográfico, simbólico, natural e cultural. É realidade e metáfora expressão inconteste de brasilidade. Auditório principal do Arquivo Nacional Praça da República, 173 Centro Rio de Janeiro Tel.: / difusaoacervo@arquivonacional.gov.br pi@arquivonacional.gov.br Inscrições grátis Serão concedidos certificados de participação
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