500 anos: O Brasil - Império na TV
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- Luiz Henrique Angelim Arantes
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1 500 anos: O Brasil - Império na TV Episódio 01: A Corte desembarca na Colônia Resumo O episódio A Corte Desembarca na Colônia narra os acontecimentos históricos que envolveram a transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, em função da invasão de Portugal pelas tropas napoleônicas. Utilizando a técnica de teatro de bonecos, o filme procura entrelaçar a história de personagens fictícios com os processos históricos ocorridos naquele contexto, possibilitando a abordagem de múltiplas dimensões (economia, cultura, política e sociedade). Partindo da decisão da corte em migrar para o Brasil sob forte influência da Inglaterra, o filme relata o impacto da viagem, as transformações na cidade do Rio de Janeiro, as mudanças decorrentes da abertura dos Portos, os conflitos advindos da nova relação entre o Rio de Janeiro e as demais regiões do reino, a Revolução Constitucionalista do Porto e o retorno da corte a Portugal, preparando o terreno para discutir as causas da Independência do Brasil - objeto do episódio seguinte. Desta forma, este filme é uma excelente oportunidade para o professor trabalhar com a sucessão dos acontecimentos históricos do início do século XIX no Brasil de forma criativa, leve e bem-humorada.
2 Palavras-chave Corte portuguesa, Dom João VI, abertura dos portos. Nível de ensino Fundamental (Final). Modalidade Ensino regular. Componente curricular História. Disciplinas relacionadas Língua Portuguesa. Aspectos relevantes do vídeo O episódio A Corte desembarca na Colônia é iniciado com a narrativa sobre as pressões da Inglaterra para que o governo português não se submeta às pressões da França de Napoleão Bonaparte e mantenha a aliança econômica e política traçada desde o início do século XVIII, a qual favorecia largamente os interesses dos homens de negócio da Inglaterra. Com a invasão das tropas napoleônicas, a Corte resolve se transferir para o Rio de Janeiro, dando início a um confuso e disputado embarque que envolveu mais de dez mil pessoas. Neste contexto, o filme apresenta um dos principais personagens fictícios criados para tornar a narrativa mais descontraída: Manoel, jovem filho de um membro da corte que, por azar, acaba viajando sozinho e precisa se adaptar aos costumes da capital da colônia.
3 Chegando ao Rio de Janeiro, o vídeo destaca o enorme impacto que a presença da família real causou na cidade do Rio de Janeiro: a expectativa pela chegada, a desapropriação de imóveis para abrigar os recém-chegados, o aumento da atividade comercial e a própria modernização da cidade são elementos apresentados no vídeo por meio do diálogo dos bonecos que encarnam personagens históricos ou fictícios. Nesse contexto, surge o segundo personagem importante da narrativa: Severino, filho de um comerciante brasileiro que acolhe Emanuel e lhe oferece um emprego como aprendiz para que consiga juntar o dinheiro necessário para o retorno a Portugal. Assim, muitos processos históricos são abordados a partir do diálogo desses ou de outros personagens presentes no filme: A Abertura dos Portos às Nações Amigas; Os Tratados de Aliança e Amizade e de Navegação e Comércio assinados com a Inglaterra; Os espetáculos, recepções, festas e saraus ocorridos na cidade do Rio de Janeiro como conseqüência do status de capital do Reino; A proibição da circulação de obras iluministas na colônia; As pressões portuguesas para o retorno de D. João e a elevação do Brasil à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves com a conseqüente insatisfação dos portugueses; A Insurreição Pernambucana de 1817; A manutenção do regime escravista com a Baia de Guanabara tornando-se o maior terminal negreiro da América; A Revolução Constitucionalista do Porto em 1820; O regresso de Dom João VI a Portugal.
4 Importante destacar que o vídeo procura explorar as contradições existentes nesse processo: a modernização da cidade do Rio de Janeiro convivendo com o atraso da escravidão e de alguns costumes coloniais e o duplo caráter da Revolução Constitucionalista (liberal ao impor uma constituição ao Rei, mas conservadora ao defender a monarquia, a religião e a recolonização do Brasil). O vídeo transcorre utilizando os diálogos entre personagens que comentam os acontecimentos políticos, os desdobramentos econômicos e as transformações culturais ocorridos entre 1808 e 1820, o que torna possível imaginar e reconstruir o cotidiano de homens e mulheres que viveram naquele contexto. Duração da atividade Duas aulas. O que o aluno poderá aprender com esta aula Identificar os principais acontecimentos históricos ocorridos no contexto da transferência da Corte Portuguesa para o Rio de Janeiro. Identificar as relações entre os processos históricos mais gerais e a vida cotidiana de diversos personagens. Compreender o contexto histórico que antecede a Independência do Brasil, resgatando elementos importantes para a formação histórica do Estado Brasileiro. Analisar os aspectos econômicos e políticos que resultaram no conflito de interesses entre a metrópole portuguesa e sua colônia americana no início do Século XIX.
5 Conhecimentos prévios que devem ser trabalhados pelo professor com o aluno É importante que os alunos já tenham discutido a expansão napoleônica e suas consequências para o continente europeu. Da mesma forma, importa recuperar as razões imediatas para a transferência da corte, ou seja, o Bloqueio Continental decretado por Napoleão e os laços econômicos e políticos que uniam Inglaterra e Portugal. Por fim, pode ser bastante útil para a compreensão do vídeo e para a atividade proposta resgatar as críticas iluministas ao Antigo Regime e a difusão de tais ideias na América Portuguesa. Estratégias e recursos da aula/descrição das atividades Etapa 1 Exibição do vídeo e debate (uma aula) Ao exibir o vídeo, o professor deve solicitar que os alunos fiquem bastante atentos aos diversos personagens fictícios que aparecem no decorrer da história, identificando a profissão de cada um deles, bem como a forma como cada um reage aos acontecimentos políticos do período. Para ajudar a consolidar e sistematizar o conteúdo trabalhado no vídeo, o professor pode construir uma linha do tempo no quadro da sala de aula com a participação coletiva dos alunos que, dessa forma, poderão registrar, em seus cadernos, os aspectos que permitirão relembrar, quando necessário, o vídeo assistido. Etapa 2 Escrevendo uma carta (uma aula) Tomando como base e exemplo o personagem Emanuel que acompanha a corte portuguesa até o Rio de Janeiro, e escreve para seu pai que permaneceu em Lisboa contando os acontecimentos políticos do período, o professor deve solicitar aos alunos que façam a mesma coisa: cada aluno deve escolher um personagem possível naquele contexto
6 e imaginá-lo escrevendo uma carta contando, do seu ponto de vista, os acontecimentos descritos no vídeo e anotados na linha do tempo. As possibilidades são muitas: Comerciante português prejudicado com a abertura dos portos. Comerciante inglês beneficiado com a abertura dos portos. Militar português insatisfeito com os privilégios ingleses nos tratados de Aliança e Comércio. Fazendeiro brasileiro admirado com as mudanças na capital da colônia. Filho de fazendeiro que retornou dos estudos na Europa e comenta a proibição da circulação de livros iluministas no Brasil. Mulher da nobreza portuguesa insatisfeita com a vida na atrasada cidade do Rio de Janeiro. Jovem revoltoso em Pernambuco durante a Insurreição de Traficante de escravos animado com o aumento da atividade comercial na corte. Ministro português interessado no retorno de D. João a Lisboa. Súdito português revoltado com a permanência da Corte no Rio de Janeiro depois da derrota de Napoleão. É muito importante que o professor oriente os alunos a escrever os textos em formato de carta. Isso significa que é preciso identificar uma data específica (que definirá os acontecimentos que poderão ou não ser comentados na carta). É necessário escolher um destinatário para a carta (amigo, parente, político, etc). O texto deverá ser escrito em forma coloquial, comentando os acontecimentos não como um texto didático, mas como uma personagem específica contando tais acontecimentos históricos para outra personagem.
7 Para esta atividade, talvez seja interessante contar com o apoio do professor de Língua Portuguesa. Ele pode aproveitar para trabalhar esse gênero textual com os alunos. Caso o tempo disponível permita, o professor pode até mesmo sugerir que os alunos troquem as cartas para que sejam respondidas por quem as recebeu, assumindo o papel da personagem destinatária da carta. Recursos complementares Por conta do bicentenário do processo histórico tratado neste vídeo, há uma série de reportagens, livros e materiais didáticos publicados especialmente sobre a transferência da Corte Portuguesa para o Brasil. Recomendamos inicialmente a edição especial da Revista de História da Biblioteca Nacional, que trouxe uma série de artigos que certamente enriquecerão seu conhecimento sobre o assunto. Há ainda um artigo muito interessante em outra edição da mesma revista, onde o historiador José Murilo de Carvalho procura responder à seguinte suposição: E se D. João não tivesse vindo?. Além de ser um interessante exercício de suposição, o artigo traz muitas informações que ajudam a entender o contexto histórico trabalhado pelo vídeo e pela atividade. No Portal do Professor, o assunto também possui diversas aulas e recursos. Recomendamos a consulta aos materiais reunidos na aula A corte portuguesa no Brasil: mudanças na sociedade colonial brasileira. Nessa aula, encontramos desde a compilação das matérias publicadas por ocasião do bicentenário da transferência da corte até uma boa discussão sobre a cerimônia do beija mão (momento em que os brasileiros aproximavam-se do rei para expor seus problemas e pedir favores). Por fim, recomendamos a consulta de um material bastante interessante que também pode ser utilizado com os alunos: um conjunto de 12 animações, produzidas pela Fundação
8 Roberto Marinho e pelo Canal Futura, que contam em detalhes a transferência da Corte. Partindo de história em quadrinhos escrita pela historiadora Lilia Moritz Schwarcz e ilustrada pelo cartunista Spacca, os vídeos têm uma boa qualidade e podem servir tanto para o professor aprofundar seu conhecimento quanto para os alunos observarem a partir de outro material o assunto tratado na proposta de trabalho apresentada na atividade anteriormente sugerida. Bibliografia MATTOS, Ilmar Rohloff de. O Tempo Saquarema. São Paulo: INL-Hucitec, MELLO, Evaldo Cabral de. A outra independência. São Paulo: Editora 34, VAINFAS, Ronaldo (coord.). Dicionário do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, Consultor: Tarcísio Motta de Carvalho.
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