ANÁLISE ERGONÔMICA DE UM CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL

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1 ANÁLISE ERGONÔMICA DE UM CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL Leticia de Oliveira Schiavon (UEM) Gabriela Lamberti Elvira (UEM) Juliana Simoes Bonato (UEM) Amanda Ferreira Rodrigues Rosa (UEM) Mariana Izelli Miranda (UEM) O presente artigo trata da análise ergonômica de um Centro de Educação Infantil particular, situado na região central da cidade de Maringá, com ênfase no trabalho desenvolvido por professores e coordenadores. Dentro da abrangência da ergonomia, o foco deste projeto é a análise dos postos de trabalho. Identifica-se que seria possível uma melhoria na forma como os docentes pegam uma criança no colo, evitando acidentes de trabalho e problemas relativos à saúde e mal-estar, assim como, a postura dos gestores ao realizarem atividades rotineiras, que demandam muito tempo sentadas. Dentro da pesquisa de campo foi constatado que os profissionais se queixavam principalmente do cansaço físico exigido pelo trabalho. O projeto contou com visitas a escola no mês de novembro, se baseando no método AET (Análise Ergonômica do Trabalho) e utilizando as ferramentas OWAS e NIOSH para realizar o diagnóstico. O resultado

2 apontou falhas no modo em que as profissionais seguravam as crianças e o excesso de peso suportado durante o dia. Nesse sentido foram sugeridas mudanças posturais e exercícios para o relaxamento pós expediente. Quanto as coordenadoras foram propostas pequenos ajustes visto que essas já haviam sentido a necessidade de mudança em seu posto de trabalho. Palavras-chave: Ergonomia; educação infantil; AET; Análise dos postos de trabalho; Professores e coordenadores. 2

3 1.Introdução O presente artigo trata da análise ergonômica de um Centro de Educação Infantil particular, situado na região central da cidade de Maringá, com ênfase no trabalho desenvolvido por professores e coordenadores e encontra-se organizado nas seções de revisão bibliográfica, metodologia, pesquisa de campo, resultado e discussões, considerações finais, referências bibliográficas e anexo. A ergonomia é, segundo Iida (2005), o estudo da adaptação do trabalho ao homem, o que envolve não somente o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais de como esse trabalho é programado e controlado para produzir os resultados desejados. O autor observa também, que é mais difícil adaptar o ser humano ao trabalho do que o trabalho ao ser humano, o que significa que a otimização do trabalho parte do conhecimento do homem para fazer o projeto do ofício, ajustando-o às capacidades e limitações humanas. Dentro da abrangência da ergonomia, o foco deste projeto é a análise dos postos de trabalho. Percebeu-se que seria possível uma melhoria na forma como as professoras pegam uma criança, evitando-se acidentes de trabalho e problemas relativos à saúde e mal-estar, assim como, as posturas das coordenadoras ao realizarem atividades rotineiras, que demandam muito tempo sentadas. Baseado nessas premissas o presente estudo tem como objetivo realizar uma análise das posturas mais frequentes adotadas pelas professoras realizando suas atividades nas turmas de berçário e turmas do infantil I, II e III. Além de ressaltar a importância de uma postura correta e entender quais os níveis de lesões, recomendando alternativas para minimizá-los. O presente artigo encontra-se organizado nas seções de revisão bibliográfica, metodologia, pesquisa de campo, resultado e discussões, considerações finais, referências bibliográficas e anexo. 2. Revisão bibliográfica 3

4 De acordo com Sell (1994), o conceito de condições de trabalho inclui tudo que influencia o próprio trabalho, como o ambiente, tarefa, posto, meios de produção, organização do trabalho, as relações entre produção e salário, entre outros. Um aspecto importante em relação ao trabalho está ligado ao tipo de atividade a ser executada, seja leve, moderada ou pesada. A NR 15 do Ministério do Trabalho define essas atividades e indica as taxas de metabolismo por tipo de atividade, conforme explícito na Figura 1. Figura 1 - Taxas de metabolismo por tipo de atividade Fonte: SIXLEX (2008) 4

5 Segundo Santana (1996), nas situações em que os indivíduos passam a maior parte do tempo na posição sentada, a superfície de trabalho deve ficar na altura de seu cotovelo, de modo que o antebraço trabalhe paralelo à superfície. As pernas devem ser acomodadas dentro de um espaço sob a superfície de trabalho, permitindo uma postura adequada, sem inclinar o corpo para frente. Ainda, consoante à mesma autora, a posição parada e em pé, é altamente fatigante porque exige muito trabalho estático da musculatura envolvida para manter essa posição, pois além da dificuldade de usar os próprios pés para o trabalho, frequentemente necessita do apoio das mãos e braços para manter a postura, ficando mais difícil manter uma postura de referência. De acordo com Másculo e Vidal (2011), três pesquisadores finlandeses, buscando aperfeiçoar os regimes de trabalho através do reconhecimento de posturas corporais danosas no decorrer das atividades, idealizaram o método de Ovako Working Posture Analysing System (OWAS). O estudo foi realizado através de análises fotográficas, onde foram encontradas 72 posturas típicas, resultantes de diferentes combinações das posições. Cada postura é descrita por um código de quatro dígitos, representando respectivamente as posições do dorso, dos braços, das pernas e a quantidade de carga, como indicado na Figura 2. 5

6 Figura 2 Sistema OWAS para o registro da postura Fonte: IIDA (2005) 6

7 As variáveis da Figura 2 combinadas no diagrama apresentado na Figura 3 mostram as classes de posturas, as quais indiciam a necessidade de ação médica. Classe 1: Postura normal, que dispensa cuidados a não ser em casos excepcionais; Classe 2: Postura que deve ser verificada durante a próxima revisão rotineira dos métodos de trabalho; Classe 3: Postura que merece atenção em curto prazo; Classe 4: Postura que merece atenção imediata. Figura 3 Níveis de ação segundo posição das costas, braços, pernas e uso de força Fonte: CORLETT; WILSON (2005) Outra ferramenta é a de NIOSH, a qual é uma equação que por meio da determinação de alguns fatores do posto de trabalho, calcula um Limite de Peso Recomendado (L.P.R.), no 7

8 qual o operador pode estar submetido de forma a evitar qualquer tipo de lesão osteomuscular, segundo Waters et al. (1994). Para o levantamento manual de pesos de até 23 Kg, o L.P.R. é dado por, LPR = 23x FAV x FDU x FDH x FRL x FQP x FFL Sendo: FAV distância das mãos ao chão na origem do levantamento; FDU Distância vertical do peso entre a origem e o destino; FDH distância máxima do peso ao corpo durante o levantamento; FRL ângulo de rotação do tronco; FQP qualidade da pega da carga; FFL frequência do levantamento (manuseio). Para a análise também se utiliza o Índice de Levantamento (I.L), obtido por: IL = Peso levantado Limite de Peso Recomendado Caso o I.L. encontrado resultar: a) Menor que 1,0: O trabalhador se encontra numa situação segura, tem uma chance mínima de vir a ter uma lesão; b) Entre 1,0 a 2,0: O risco de vir a ter uma lesão aumenta; c) Maior que 2,0: O risco de vir a ter alguma lesão na coluna ou no sistema músculo-ligamentar aumenta de forma considerável. Espera-se então, que através dos métodos citados e dos conhecimentos prévios dos autores, o projeto em questão consiga alcançar seus objetivos. 2.1 Revisão bibliométrica 8

9 Conforme Ravelli et al. (2009), a revisão bibliométrica é uma ferramenta para criar indicadores sobre as publicações de um determinado tema por meio de um estudo quantitativo de bases literárias em geral. Essa metodologia objetiva medir a produção científica para que se possam analisar quais são os padrões, as relações, a produtividade e a qualidade das publicações e autores. Desta forma para checar a relevância do trabalho, optou-se por realizar uma revisão bibliométrica nos anais de dois eventos da Engenharia de Produção, o Encontro Nacional de Engenharia de Produção (ENEGEP) e o Simpósio de Engenharia de Produção (SIMPEP). O período considerado na pesquisa foi dos anos 2011 à As palavras-chaves foram ergonomia, escola, educação infantil e as combinações entre elas. A análise pretende restringir, por meio da busca de palavras-chaves e suas combinações, a pesquisa de modo em que a verificação da existência de artigos relacionados se torne mais fácil. Assim, a partir da análise de tais anais gerou-se a Figura 4. Figura 4 - Artigos publicados nos eventos ENEGEP e SIMPEP Fonte: Autoria própria (2016) Ao observar a Figura 4, é possível concluir que em relação às três palavras-chave buscadas nos anais eletrônicos, o ENEGEP é o evento com maior número de publicações nos últimos cinco anos, com 303 artigos publicados em um total de

10 Com base na análise da quantidade de artigos publicados nos eventos citados e no período compreendido por esse estudo, obteve-se a Figura 5. Figura 5 - Artigos publicados nos eventos ENEGEP e SIMPEP no período de 2011 à 2016, em relação às palavras-chave Fonte: Autoria própria (2016) Conforme o gráfico da Figura 5, uma maior quantidade de artigos é encontrada com a palavra-chave Ergonomia, destacando o evento ENEGEP. Também é cabível notar que é bastante escassa a publicação de artigos com a palavra-chave Educação-Infantil em ambos os eventos, sendo que no SIMPEP esta é totalmente inexistente. De acordo com a análise da quantidade de artigos publicados com as combinações das palavras-chave, de 2011 à 2016 no ENEGEP e SIMPEP, tem-se a Figura 6. Figura 6 - Artigos publicados que apresentam as combinações das palavras-chave nos eventos ENEGEP e SIMPEP, nos anos de 2011 à

11 Fonte: Autoria própria (2016) Tomando a Figura 6 como informação complementar às anteriores, é perceptível que mesmo que a quantidade de artigos publicados em relação à palavra-chave Ergonomia seja abundante no período de tempo e nos eventos considerados, os artigos publicados que relacionam combinações das palavras-chave são escassos, notando ainda que são nulos em um dos eventos. 3. Metodologia O projeto da análise ergonômica contou com uma visita técnica ao local, no período da manhã, no mês de novembro de As observações foram efetuadas por meio de anotações genéricas, com o uso de gravador nas entrevistas e do celular para o registro das fotos e filmagens. Para analisar a postura das funcionárias do Centro de Educação, e ajudá-las a adotarem posturas corretas, utilizou-se da Análise Ergonômica do Trabalho (AET) que consiste em uma série de técnicas, que permitem o entendimento da atividade de trabalho com relação a seu contexto real, conforme VIDAL (2003). De acordo com o autor, é uma metodologia que por meio do entendimento da relação da atividade com seu contexto ambiental, tecnológico e organizacional, busca propor modificações necessárias ao ambiente de trabalho para que ocorra um benefício ao trabalhador. A AET se desdobra em cinco etapas, que são respectivamente, a Análise da Demanda, a Análise da Tarefa, a Análise das Atividades, o Diagnóstico e as Recomendações Ergonômicas. 11

12 4. Pesquisa de campo O Braz é uma escola conduzida por duas irmãs, uma formada em pedagogia, que trabalha há 16 anos com educação infantil e outra formada em Administração, que optou em empreender no sonho da primeira de montar sua própria escola. Com dois meses de planejamento, o plano de negócio estava pronto e logo em seguida a escola foi construída e aberta aos alunos em fevereiro de 2015, tendo 17 alunos de início e terminando o ano com 48. Em 2016, ela terminou o segundo semestre com 87 alunos. Atualmente, o local atende as turma de berçário e infantis I, II e III. Em 2017, abrirá a turma infantil IV e posteriormente infantil V. Este conta com uma equipe de 16 pessoas, na qual 10 são professoras formadas, três estagiárias e três auxiliares gerais, além da diretora e a coordenadora. Na Figura 7 apresenta-se a estrutura organizacional do Braz. Figura 7 Organograma da Empresa Fonte: Braz Centro de Educação Infantil (2016) 12

13 O ambiente de trabalho é limpo, organizado e bem iluminado, este possui inclusive prateleiras com os materiais dispostos de acordo com a necessidade de utilização, visando melhor acessibilidade. Observa-se na Figura 8 que o Layout da escola possui bom fluxo e é flexível, devido à sua proposta pedagógica, na qual as crianças passam a maior parte do tempo aprendendo fora da sala de aula, de forma organizada e controlada pelas professoras. Figura 8 - Layout do Braz Centro de Educação Infantil 13

14 Fonte: Autoria Própria (2016) Dentro da caracterização geral, temos que a escola possui jornada de trabalho das 7h30 até 18h30. Durante o ano é revezada entre as irmãs a função de abrir e fechar a escola. Os funcionários podem ser designados a um turno integral de oito horas por dia com uma hora para almoço ou a um turno de meio período que pode ter cinco ou seis horas diárias, variando 14

15 de acordo com a atividade delegada ao funcionário, não necessitando de serviços terceirizados. A equipe de trabalho é constituída integralmente por pessoas do sexo feminino e a faixa etária dos trabalhadores é de 20 a 60 anos. Quanto à rotatividade de funcionários da escola, essa pode ser classificada como baixa, pois em dois anos somente duas professoras se ausentaram e isso devido a motivos pessoais, o que demonstra um grande compromisso com o tempo de serviço de cada funcionário. A responsável financeira da escola trabalha das 8h00 até 16h00 sentada, entretanto devido às atividades do dia-a-dia não fica mais que 30 minutos sem se levantar. Ela ressalta que não pega muitas crianças no colo, tendo em vista que esse trabalho é realizado pelas professoras. Devido a dores geradas por uma antiga mesa, a coordenadora a trocou por uma projetada para sua altura, o que cessou o desconforto. A coordenadora pedagógica declara que quase não permanece sentada, pois passa mais tempo em sala de aula. Os momentos em que fica sentada são para as partes burocráticas, que representam em torno de 15% do seu dia, ressalta também que não pega muitas crianças no colo e que não sente dores musculares, apenas o cansaço físico gerado pelo dia exaustivo. No posto de trabalho das professoras, observou-se que essas não possuem um tempo livre, pois por serem pequenas, as crianças demandam muito colo, consequentemente as professoras precisam sentar no chão e levantar as crianças. É importante destacar que as professoras mais jovens possuem maior ânimo e disposição para a rotina de trabalho e em torno de 30% delas reclamam de dores físicas devido ao cansaço das atividades. A função das educadoras consiste em auxiliar os alunos na prática de atividades pedagógicas, se distinguindo conforme a necessidade advinda do ano letivo que a mesma leciona. 15

16 O berçário demanda uma atividade com postura predominantemente sentada, mas exige um tempo considerável de colo para crianças. No Infantil I, as crianças realizam atividades fora da sala de aula, porém também demandam colo e as educadoras sentam-se no chão para melhor auxílio. No Infantil II e III, as crianças não demandam muito colo, porém se sentam em carteiras, necessitando inclinação das educadoras para melhor assistir os alunos. É importante evidenciar que as turmas de Infantil possuem no máximo quinze alunos e possuem uma auxiliar além das educadoras. 5. Resultados e discussão 5.1 Professoras Considerando as observações de um dia de trabalho na escola e levando-se em conta as caracterizações das funções específicas das educadoras obtidas e citadas acima, adotaram-se os métodos OWAS e Índice de Levantamento de Peso, para melhor analisar as posturas e a carga levantada. OWAS Professoras do Berçário e Infantil I: Devido à necessidade de inclinação, braços abaixados, pernas flexionadas e carga correspondente ao peso aproximado de uma criança de colo, verifica-se a Figura 9. 16

17 Figura 9 - Resultado método OWAS Fonte: Autoria Própria (2016) Com isso temos resultado da Classe 2, que revela que a postura deve ser verificada na próxima revisão de trabalho. Infantil II e III: Sendo a postura predominante ereta, braços para baixo, em pé e carga levantada correspondente ao peso aproximado das crianças de colo, verifica-se a Figura 10. Figura 10 - Resultado método OWAS Fonte: Autoria Própria (2016) Com isso resulta-se na Classe 1, não sendo necessárias medidas corretivas. 17

18 Índice de levantamento A análise está disponível no aplicativo computacional Ergolândia, o qual segue no Anexo 1, auxiliando o levantamento dos dados do cálculo do Índice de Levantamento, que se encontram na Figura 11. Figura 11 - Valores para cálculo do Índice de Levantamento Fonte: Autoria própria (2016) Assim: LPR= 23 x 0,93 x 1,00 x 0,83 x 0,71 x 1,00 x 0,27 = 3,40 Então: IL = = 4,41 18

19 Como IL é maior que 2,0, então o risco de vir a ter alguma lesão na coluna ou no sistema músculo-ligamentar aumenta de forma considerável. Além desses métodos, consultou-se uma profissional em fisioterapia e segundo esta, a posição analisada na Figura 12, ao pegar as crianças no colo pode ocasionar dores na região da coluna torácica e coluna lombar, onde são mais frequentes hérnias discais e osteófitos (popularmente conhecidos como bico de papagaio). A contração excessiva dos músculos paravertebrais podem causar dores ciáticas com irradiação para toda a perna e pé. O joelho pode sofrer com a pressão aumentada sobre a patela, causando assim dores e até desgaste articular. Figura 12 Forma como as professoras pegam as crianças Fonte: Braz Centro de Educação Infantil (2016) 5.2.Coordenação Como se pode observar na Figura 13, parte do turno de trabalho das administradoras é sentada diante do computador. 19

20 Figura 13 - Posto de trabalho do setor administrativo Fonte: Braz Centro de Educação Infantil (2016) Para analisar o posto de trabalho, realizou-se um checklist para escritório com as profissinais da coordenação, através do programa Ergolândia, obtendo-se uma pontuação de 90,5% e verificou-se adequado em dezenove pontos, analisando estofado, altura, regulamento, apoio, espaço e outros pontos necessários e verificou-se inadequado em dois pontos, sendo estes a regulagem da altura do apoio dorsal e outro mecanismo de conforto facilmente utilizável. Como a coordenação sentiu a necessidade de um ambiente adequado para evitar fadiga e dor, readequou-se a mesa e cadeira dos postos de trabalho, o diagnóstico ressalta alguns itens que ainda devem ser analisados. O computador, objeto de trabalho mais utilizado por ambas, não 20

21 possui proteção na tela para evitar que o brilho atinja diretamente a retina e cause dores de cabeça ou problemas de visão, logo, considera-se este um problema que deve ser revisado. Outro fator analisado é o apoio para pés e mãos, pois houve reclamações de inchaço nos membros devido à falta daqueles. 5.2.Recomendação Professoras Segundo a fisioterapeuta consultada, para corrigir a postura das professoras deve-se aumentar a base de sustentação, afastando mais os pés, diminuindo a pressão sobre os joelhos e flexionando mais as pernas, fazendo com que a força para levantar fique principalmente nas coxas, protegendo assim a coluna. Para o cansaço físico relatado pelas professoras, é recomendado exercícios de relaxamento após o expediente, ilustrados na Figura 14. Figura 14 - Exercícios indicados para o relaxamento das profissionais 21

22 Fonte: Cristiane Danadel Mattiello (2016) A ordem das figuras é de cima para baixo, da esquerda para a direita: a) Cruzar as pernas e colocar o queixo no peito, para alongar bem a costas, e ir descendo tentando encostar a mão no chão, até onde consegue, segurar por 10 segundos e voltar devagar com o queixo no peito e relaxando os ombros. Repetir cruzando a outra perna; b) Mantendo os pés juntos, tentar esticar o máximo para cima e torcer o tronco para a lateral; c) Ainda com os pés juntos, esticar os braços para frente, dobrando um pouco a coluna e abaixando a cabeça; d) Esticar os braços para trás, abrindo o peito e subindo os braços; e) Puxar a cabeça de lado, com o auxílio de uma mão e esticar bem a outra; 22

23 f) Puxar uma das mãos e levar a cabeça para o lado das mãos, sentindo alongamento na região de trapézio. É sugerida também uma respiração profunda elevando os ombros quando estiverem inalando e os soltando, bruscamente, junto com o ar Coordenação As propostas feitas para a escola Braz Centro de Educação Infantil em relação ao cansaço de vista foram diminuir o brilho do computador, buscar um ambiente bem iluminado para que evite o cansaço dos olhos devido a constante mudança de luz quando tenta se focar no teclado e olhar novamente para o monitor, dar pausas a cada trinta minutos, se levantar e se alongar. Recomenda-se um apoio para pés, devendo então ser fornecido um apoio que adapte ao comprimento das pernas do trabalhador, permitindo o apoio das plantas dos pés, com inclinação ajustável e superfície revestida de material antiderrapante. O apoio é indispensável para evitar a má circulação, causada pela compressão das coxas nos assentos das cadeiras, inchaços ou edemas nas pernas, varizes, prevenção de LER e DORT e indispensáveis para ter uma boa postura. Também é recomendado o apoio para mãos, evitando assim a concentração de tensão da base do punho. A orientação sobre a posição ao sentar é que se mantenha o punho em uma direção neutra (sem dobrar), os ombros alinhados com o quadril, o encosto adaptado a curvatura da coluna, o descanso de braço na altura do cotovelo, os joelhos pouco abaixo do quadril e condicionar a altura do assento abaixo da patela. 6. Considerações finais Através da observação no Braz Centro de Educação Infantil, se optou por dividir em dois setores, as coordenadoras e as professoras, fazendo então uma análise ergonômica do posto de trabalho, entendendo o sistema onde atua um trabalhador, e para isto, usou-se o sistema OWAS e o método de NIOSH, assim como conhecimentos prévios obtidos através do estudo 23

24 de uma das áreas da Engenharia de Produção, a Ergonomia. Assim, em relação ao posto de trabalho da coordenação, verificou-se problemas advindos da postura, falta de apoios necessários e excesso de brilho do monitor. Logo, recomendou-se que as coordenadoras adquirissem os apoios de pé e mão, diminuíssem o brilho da tela do monitor e se adequassem quanto à postura ao sentar. Entretanto, no posto de trabalho das professoras, constatou-se problemas relacionados à postura e cansaço físico, de modo a sugerir à elas a postura correta para trabalhar com as crianças e alongamentos para relaxar os músculos e evitar fadiga. Não houveram limitações, pois, as coordenadoras já possuíam um pensamento ergonômico visando a melhoria, facilitando o aceitamento do diagnóstico e das recomendações. REFERÊNCIAS CORLETT, E. N.; WILSON, J. R. Evaluation of human work. Boca Raton: CRC Press, 3ª ed., IIDA, I. Ergonomia: Projeto e Produção. Editora Edgard Bluncher LTDA.2ª ed, MÁSCULO, F. S.; VIDAL, M. C. Ergonomia: Trabalho adequado e eficiente. Rio de Janeiro: Elsevier Ltda, RAVELLI, Ana Paula Xavier et al. A produção do conhecimento em enfermagem e envelhecimento: estudo bibliométrico. Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 18, n. 3, p , Jul.-Set., Disponível em: < Acesso em: 25 abril SANTANA, A. M. C. A abordagem ergonômica como proposta para melhoria do trabalho e produtividade em serviços de alimentação. Florianópolis, Dissertação (mestrado) - Programa de pós-graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, SELL, Ingeborg. Condições de trabalho na indústria têxtil em Santa Catarina. In: ENEGEP/94, p , SIXLEX. Taxas de metabolismo por tipo de atividade ( /i4). ANEXO 3, Disponível em < Acesso em 25 abril de VIDAL, Mario Cesar. Guia para Análise Ergonômica do Trabalho (AET) na Empresa. Rio de Janeiro: Editora Virtual Científica,

25 WATERS, Thomas et al, Arun Applications manual for the revised NIOSH lifting equation. US Department of Health and Human Services, Public Health Service, Centers for Disease Control and Prevention, National Institute for Occupational Safety and Health, Division of Biomedical and Behavioral Science, Cincinatti, ANEXO 1-25