ESTATÍSTICAS E INDICADORES DE COMÉRCIO EXTERNO



Documentos relacionados
ECONOMIAS E DAS EMPRESAS

NOTA II TABELAS E GRÁFICOS

TEORIA DE ERROS * ERRO é a diferença entre um valor obtido ao se medir uma grandeza e o valor real ou correto da mesma.

Sinais Luminosos 2- CONCEITOS BÁSICOS PARA DIMENSIONAMENTO DE SINAIS LUMINOSOS.

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CCSA - Centro de Ciências Sociais e Aplicadas Curso de Economia

Introdução à Análise de Dados nas medidas de grandezas físicas


COMPETITIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES PORTUGUESAS: UMA AVALIAÇÃO DOS PESOS DA TAXA DE CÂMBIO EFECTIVA*

Área Temática: Economia e Relações Internacionais O INTERCÂMBIO COMERCIAL RIO GRANDE DO SUL - CHINA: CONCENTRAÇÃO, DESEMPENHO E PERSPECTIVAS

Sempre que surgir uma dúvida quanto à utilização de um instrumento ou componente, o aluno deverá consultar o professor para esclarecimentos.

QUOTAS DE MERCADO DAS EXPORTAÇÕES PORTUGUESAS: UMA ANÁLISE NOS PRINCIPAIS MERCADOS DE EXPORTAÇÃO*

Professor Mauricio Lutz CORRELAÇÃO

Regressão e Correlação Linear

Covariância e Correlação Linear

* Economista do Instituto Federal do Sertão Pernambucano na Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional PRODI.

7. Resolução Numérica de Equações Diferenciais Ordinárias

5.1 Seleção dos melhores regressores univariados (modelo de Índice de Difusão univariado)

1 Princípios da entropia e da energia

Introdução e Organização de Dados Estatísticos

Objetivos da aula. Essa aula objetiva fornecer algumas ferramentas descritivas úteis para

Cálculo do Conceito ENADE

Análise de Regressão. Profa Alcione Miranda dos Santos Departamento de Saúde Pública UFMA

Caderno de Exercícios Resolvidos

Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Cálculo do Conceito Preliminar de Cursos de Graduação

1. Conceitos básicos de estatística descritiva. A ciência descobre relações de causa efeito entre fenómenos. Há fenómenos que são muito complexos

Associação de resistores em série

7 - Distribuição de Freqüências

As tabelas resumem as informações obtidas da amostra ou da população. Essas tabelas podem ser construídas sem ou com perda de informações.

ANÁLISE COMPARATIVA DA PRODUTIVIDADE SETORIAL DO TRABALHO ENTRE OS ESTADOS BRASILEIROS: DECOMPOSIÇÕES USANDO O MÉTODO ESTRUTURAL- DIFERENCIAL,

Estatística stica Descritiva

Polos Olímpicos de Treinamento. Aula 10. Curso de Teoria dos Números - Nível 2. Divisores. Prof. Samuel Feitosa

CAPÍTULO VI Introdução ao Método de Elementos Finitos (MEF)

Sistemas Robóticos. Sumário. Introdução. Introdução. Navegação. Introdução Onde estou? Para onde vou? Como vou lá chegar?

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS - UnilesteMG

Manual dos Indicadores de Qualidade 2011

PLANILHAS EXCEL/VBA PARA PROBLEMAS ENVOLVENDO EQUILÍBRIO LÍQUIDO-VAPOR EM SISTEMAS BINÁRIOS

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA COLEGIADO DO CURSO DE DESENHO INDUSTRIAL CAMPUS I - SALVADOR

O MODELO IS/LM: PEQUENA ECONOMIA ABERTA COM MOEDA PRÓPRIA

Cap. IV Análise estatística de incertezas aleatórias

1.UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA, VIÇOSA, MG, BRASIL; 2.UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, GOIANIA, GO, BRASIL.

1 a Lei de Kirchhoff ou Lei dos Nós: Num nó, a soma das intensidades de correntes que chegam é igual à soma das intensidades de correntes que saem.

INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE ERROS NAS MEDIDAS DE GRANDEZAS FÍSICAS

EFEITO SOBRE A EQUIDADE DE UM AUMENTO DO IMPOSTO SOBRE O VALOR ACRESCENTADO*

Teoria Econômica II: Macroeconomia. Economia Aberta. Além, A.C., Macroeconomia, SP: Elsevier, 2010 Capítulo 5

CAP RATES, YIELDS E AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS pelo método do rendimento

Rastreando Algoritmos

TE210 FUNDAMENTOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS ELÉTRICOS

ESTRUTURAS DE EXPORTAÇÃO RELATIVAS E ESPECIALIZAÇÃO VERTICAL: UM ÍNDICE SIMPLES DE COMPARAÇÃO DOS PAÍSES*

Experiência V (aulas 08 e 09) Curvas características

Caderno de Fórmulas em Implementação. SWAP Alterações na curva Libor

Expressão da Incerteza de Medição para a Grandeza Energia Elétrica

3ª AULA: ESTATÍSTICA DESCRITIVA Medidas Numéricas

IV - Descrição e Apresentação dos Dados. Prof. Herondino

Avaliação da Tendência de Precipitação Pluviométrica Anual no Estado de Sergipe. Evaluation of the Annual Rainfall Trend in the State of Sergipe

CURSO ON-LINE PROFESSOR: VÍTOR MENEZES

O COMPORTAMENTO DOS BANCOS DOMÉSTICOS E NÃO DOMÉSTICOS NA CONCESSÃO DE CRÉDITO À HABITAÇÃO: UMA ANÁLISE COM BASE EM DADOS MICROECONÓMICOS*

PROPOSTA DE METODOLOGIA PADRÃO PARA MENSURAÇÃO DE RISCOS DE MERCADO COM VISTAS À ALOCAÇÃO DE CAPITAL

3.1. Conceitos de força e massa

Equipas Educativas Para uma nova organização da escola. João Formosinho Joaquim Machado

Metodologia IHFA - Índice de Hedge Funds ANBIMA

ESPELHOS E LENTES ESPELHOS PLANOS

Estimativa da Incerteza de Medição da Viscosidade Cinemática pelo Método Manual em Biodiesel

Nota Técnica Médias do ENEM 2009 por Escola

AVALIAÇÃO SIMPLIFICADA DOS CONSUMOS DE ENERGIA ASSOCIADOS À VENTILAÇÃO

3.6. Análise descritiva com dados agrupados Dados agrupados com variáveis discretas

PROJEÇÕES POPULACIONAIS PARA OS MUNICÍPIOS E DISTRITOS DO CEARÁ

Análise Econômica da Aplicação de Motores de Alto Rendimento

Escolha do Consumidor sob condições de Risco e de Incerteza

Controle Estatístico de Qualidade. Capítulo 8 (montgomery)

Aula Características dos sistemas de medição

LQA - LEFQ - EQ -Química Analítica Complemantos Teóricos 04-05

MACROECONOMIA I LEC 201

Fast Multiresolution Image Querying

Controle de Ponto Eletrônico. Belo Horizonte

4 Critérios para Avaliação dos Cenários

I. Introdução. inatividade. 1 Dividiremos a categoria dos jovens em dois segmentos: os jovens que estão em busca do primeiro emprego, e os jovens que

Probabilidade e Estatística. Correlação e Regressão Linear

RISCO. Investimento inicial $ $ Taxa de retorno anual Pessimista 13% 7% Mais provável 15% 15% Otimista 17% 23% Faixa 4% 16%

O migrante de retorno na Região Norte do Brasil: Uma aplicação de Regressão Logística Multinomial

ANÁLISE DA POSIÇÃO COMPETITIVA DO BRASIL NO MERCADO INTERNACIONAL DE CARNE BOVINA: UMA APLICAÇÃO DO MÉTODO CONSTANT-MARKET-SHARE (CMS)

UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO. Física Experimental. Prof o José Wilson Vieira

NOÇÕES SOBRE CORRELAÇÃO E REGRESSÃO LINEAR SIMPLES

UWU CONSULTING - SABE QUAL A MARGEM DE LUCRO DA SUA EMPRESA? 2

Determinantes da Desigualdade de Renda em Áreas Rurais do Nordeste.

Apostila de Estatística Curso de Matemática. Volume II Probabilidades, Distribuição Binomial, Distribuição Normal. Prof. Dr. Celso Eduardo Tuna

Sistemas de Filas: Aula 5. Amedeo R. Odoni 22 de outubro de 2001

Despacho Econômico de. Sistemas Termoelétricos e. Hidrotérmicos

Figura 8.1: Distribuição uniforme de pontos em uma malha uni-dimensional. A notação empregada neste capítulo para avaliação da derivada de uma

Lista de Exercícios de Recuperação do 2 Bimestre. Lista de exercícios de Recuperação de Matemática 3º E.M.

COMPARATIVO ENTRE MÉTODOS DE CÁLCULO DE PERDAS EM TRANSFORMADORES ALIMENTANDO CARGAS NÃO-LINEARES

Textos de política e situação económica

Universidade Federal do Paraná Departamento de Informática. Reconhecimento de Padrões. Classificadores Lineares. Luiz Eduardo S. Oliveira, Ph.D.

Padrões de Especialização e Competitividade no Comércio Exterior Brasileiro: uma análise estrutural-diferencial

Algarismos Significativos Propagação de Erros ou Desvios

3 Algoritmos propostos

U N I V E R S I D A D E D O S A Ç O R E S D E P A R T A M E N T O D E M A T E M Á T I C A ARMANDO B MENDES ÁUREA SOUSA HELENA MELO SOUSA

3 Metodologia de Avaliação da Relação entre o Custo Operacional e o Preço do Óleo

Y X Baixo Alto Total Baixo 1 (0,025) 7 (0,175) 8 (0,20) Alto 19 (0,475) 13 (0,325) 32 (0,80) Total 20 (0,50) 20 (0,50) 40 (1,00)

Transcrição:

ESTATÍSTICAS E INDICADORES DE COÉRCIO ETERNO Nota préva: O texto que se segue tem por únco obectvo servr de apoo às aulas das dscplnas de Economa Internaconal na Faculdade de Economa da Unversdade do Porto. Adoptando uma estrutura bastante nformal, pretende-se proporconar aos alunos uma breve explcação do sgnfcado e possível utlzação dos ndcadores de comérco externo mas frequentemente utlzados, não tendo, contudo, qualquer pretensão a cobrr exaustvamente o tema. A base de partda deste texto foram notas mas ou menos dspersas preparadas por város dos docentes que ao longo da últma década e mea lecconaram as dscplnas de Economa Internaconal nas lcencaturas em Economa e em Gestão. 1

0. INTRODUÇÃO Nas dferentes teoras das trocas nternaconas está, mplícta ou explctamente, sempre presente o fenómeno da especalzação nternaconal. Este conceto procura realçar a ocorrênca de uma dvsão do trabalho entre países, a qual se exprme nos saldos postvos ou negatvos dos város ramos de actvdade em termos de comérco nternaconal. Assm, a especalzação será postva se as exportações forem superores às mportações e negatva no caso contráro. A noção de especalzação é mportante para que tenhamos presente que optar pela produção e exportação de um determnado bem poderá mplcar a renúnca à produção de outro bem e consequente mportação do mesmo. as anda, este fenómeno resulta normalmente num acréscmo de rqueza para todos os países partcpante, um resultado contra-ntutvo e, como tal, nem sempre fácl de demonstrar. A análse empírca do comérco externo, fenómeno necessaramente dnâmco, exge uma desagregação bem maor que a fornecda pela Balança de Pagamentos ou pelas contas naconas, onde os valores das exportações e mportações se encontram apenas a um nível agregado. Teremos, então, que recorrer a estatístcas sectoras, sea as publcadas pelos organsmos estatístcos naconas (o INE Insttuto Naconal de Estatístca, para o caso português), quer por váras organzações nternaconas, sendo de destacar a OCDE (Organzação para a Cooperação e Desenvolvmento Económco), a ONU (através da UNCTAD Conferênca das Nações Undas para o Comérco e Desenvolvmento), a OC (Organzação undal do Comérco), e o ITC (Internatonal Trade Centre). Este enorme volume de nformação exge, no entanto, o recurso a nstrumentos de análse, sto é, ndcadores que sntetzem a nformação e que, complementando-se uns em relação aos outros, permtem detectar as teas drecconas das relações económcas nternaconas. Neste âmbto, chamamos Indcadores do Comérco Externo aos nstrumentos de síntese descrtva e mensuração dos fenómenos relatvos ao comérco nternaconal. Os ndcadores mas frequentemente utlzados são os que se baseam nos fluxos de exportações e mportações. De facto, na maora das vezes a especalzação não é unívoca: excepto se se descer a um nível de análse extremamente desagregado, cada país tende a conhecer uma dupla corrente de trocas para um mesmo grupo de produtos (sector, ramo, etc.). São város os ndcadores que têm vndo a ser construídos com o obectvo de chegar a proposções emprcamente observáves. Contudo, no análse que se segue deve ter-se presente o segunte: 2

a enumeração dos ndcadores não procura a exaustvdade; cada ndcador esclarecerá mas cabalmente ou mas expedtamente esta ou aquela faceta da realdade do comérco nternaconal, pelo que a escolha do ndcador a utlzar dependerá em cada caso dos obectvos da análse, do grau de agregação ou desagregação pretenddo e da dsponbldade de dados estatístcos; alguns autores dstnguem os ndcadores em três grandes categoras: ndcadores de estrutura, ndcadores de compettvdade e ndcadores de especalzação; contudo, não remos desenvolver esta problemátca. No âmbto deste texto referr-nos-emos aos seguntes ndcadores: 1. Grau de abertura 2. Coefcentes estruturas das exportações ou das mportações 3. Taxa de cobertura (das mportações pelas exportações) 4. Indcador das Vantagens Comparatvas Reveladas 5. Coefcente de especalzação de Balassa 6. Indcador de comérco ntra-ndustral 7. Indcadores dssmétrcos (comparação de coefcentes estruturas) 1. GRAU DE ABERTURA Antes de qualquer outra tarefa, o estudo do comérco externo de um país deverá começar por analsar a sua relevânca na economa naconal. Para sso, deve-se calcular o grau de abertura da economa (por vezes também chamado grau de extroversão). Este ndcador mede o peso das relações comercas com o exteror no total do produto do país: GA = onde: representa o valor das exportações representa o valor das mportações PIB representa o Produto Interno Bruto. + PIB Os resultados deste ndcador não estão sentos de certa ambgudade vsto que, de entre o conunto de países caracterzados por um forte peso do comérco externo em relação ao produto, vamos encontrar países de tpo e característcas estruturas muto dferentes. 3

Assm, o grau de abertura pode esconder stuações muto dversas, sendo necessáro conugá-lo com, por exemplo, a taxa de cobertura (ver ponto 4.1) ou o peso do saldo comercal no PIB, ou sea: PIB 2. COEFICIENTES ESTRUTURAIS Uma vez estabelecda a mportânca do comérco externo na economa do país, e supondo ser ele relevante, deverá passar-se à análse da sua estrutura, sto é, das relações que, de um modo smples e duradouro, permtem a sua caracterzação. Esta análse poderá ser organzada de acordo com as seguntes óptcas: 2.1. Composção do comérco externo Corresponde à desagregação das exportações e mportações por grupos de produtos mas ou menos homogéneos, cabendo à fnaldade e ao grau de apuramento da análse determnar o tpo e a profunddade da desagregação a efectuar. Esta óptca permtrá destacar quas os produtos com maor peso nas exportações ou mportações. Assm: corresponde ao peso das exportações do sector no total das exportações do país ; representa o peso das mportações do sector no total das mportações do país. O Quadro I fornece um exemplo concreto deste tpo de estrutura. QUADRO I. ESTRUTURA DAS EPORTAÇÕES PORTUGUESAS POR PRODUTOS, 2001 Grupo de Produtos Valor Estrutura (mlhões de dólares) (%) Agrícolas e almentares 1.878 6,9 Têxtes 2.020 7,4 Vestuáro 3.053 11,2 Couro e calçado 1.806 6,6 Papel, madera e cortça 2.603 9,5 Combustíves neras 505 1,8 Químcos, plástcos, borracha 2.003 7,3 etas e mnéros 2.506 9,2 áqunas e aparelhos 5.470 20,0 ateral de transporte 4.629 16,9 Outros Produtos 850 3,1 Total 27.323 100,0 Fonte: INE (2003), Comérco Internaconal, Infolne, 24.Fev.2003 4

2.2. Drecção do comérco externo Corresponde à desagregação por países ou grupos de países de destno das exportações ou de orgem das mportações. Tal como no caso anteror, o grau de desagregação deverá depender do obectvo da análse. Esta óptca permtrá analsar os países com os quas o país em causa estabelece as suas relações comercas, anda que normalmente analse exportações e mportações separadamente. Assm: corresponde ao peso das exportações com destno ao país no total das exportações do país ; representa o peso das mportações com orgem no país no total das mportações do país. O Quadro II fornece um exemplo concreto deste tpo de estrutura. Quadro II - Estrutura das exportações portuguesas, prncpas países (%) 1995 1998 2001 Alemanha 22,1 20,3 19,1 Espanha 15,6 15,9 19,0 França 14,4 14,2 12,6 Reno Undo 11,4 12,0 10,3 Holanda 5,4 4,8 4,2 EUA 4,6 4,8 5,6 Belgca/Lux 3,1 4,8 5,4 Itála 3,5 4,1 4,6 Suéca 2,2 1,9 2,1 82,4 82,8 82,9 Fonte: INE (2003), Comérco Internaconal, Infolne, 24.Fev.2003 2.3. Estudo conunto da composção e da drecção do comérco externo Utlzando uma matrz de dupla entrada, é possível combnar estrutura com drecção tanto para as exportações como para as mportações. Isto resultará num quadro de mas dfícl letura mas muto mas rco em termos de nformação que permte comparar as dferenças estruturas entre város destnos/orgens ou as dferentes orgens/destnos para dferentes categoras de produtos. 5

3. TAA DE COBERTURA 3.1. Taxa de cobertura global É o ndcador mas smples de todos, mostrando-nos a percentagem das mportações que é coberta pelas exportações. Defnndo-se pelo quocente entre as exportações e as mportações, tem-se: c = Uma taxa de cobertura superor a 1 (ou a 100%, se estver expressa em percentagem) sgnfca que o país tem uma posção comercal forte (compettvdade comercal), enquanto uma taxa nferor a 1 ndca uma posção fraca ou dependênca comercal (saldo comercal negatvo). Apesar da sua smplcdade, a taxa de cobertura deve ser utlzada com precaução pos não entra em lnha de conta com a posção do comérco externo na economa naconal. Veamos o segunte exemplo: QUADRO III. PRODUÇÃO E COÉRCIO E DOIS PAÍSES SELECCIONADOS Produção Exportações Importações País A 1000 20 10 País B 1000 400 200 A taxa de cobertura é, em ambos os casos, gual a 2 (ou 200%). No entanto, esta taxa não assume grande sgnfcado para o país A, no qual as trocas externas são muto fracas (o grau de abertura é apenas 3%), enquanto que ela traduz uma posção forte para o país B, uma economa bastante aberta ao exteror (grau de abertura de 60%). 3.2. Taxa de cobertura sectoral O ndcador de taxa de cobertura também pode ser desagregado a nível de produto/sector, apresentando-se assm: c = onde representa um produto ou sector. Este cálculo é um prmero ndcador de compettvdade sectoral, sendo que um valor postvo de c traduzrá uma especalzação postva, enquanto um valor negatvo representa especalzação negatva. 6

4. INDICADOR DE VANTAGENS COPARATIVAS REVELADAS Indca o modo como as vantagens comparatvas surgem reveladas, à posteror, nas estatístcas do comérco externo, defnndo-se do segunte modo: VCR = c = *100 Na realdade, este ndcador corresponde à 'normalzação' da taxa de cobertura. Se o ndcador é superor a um 'revela' uma vantagem comparatva no sector (quando comparada com a méda da economa), á que traduz uma taxa de cobertura sectoral superor à taxa de cobertura global. Se o ndcador for nferor a um, o sector revela uma desvantagem compettva. Este ndcador é também útl para comparações nter-temporas. Veamos o segunte exemplo: QUADRO IV. COÉRCIO ETERNO TOTAL E DO SECTOR E t E E t+s País A Ano t Ano t+s 500 400 250 600 1000 500 1000 1500 As taxas de cobertura do sector são guas a 2 e 2/3, respectvamente, para o ano t e t+s, o que sugere uma forte redução da compettvdade do sector que passou de uma especalzação postva para uma especalzação negatva. Contudo, a análse das vantagens comparatvas reveladas mostra uma establdade da compettvdade do sector quando comparada com os restantes sectores desta economa. O ndcador de VCR deste sector é gual a 2 em ambos os anos, uma vez que a taxa de cobertura sectoral teve um comportamento totalmente paralelo à taxa de cobertura méda da economa (que dmnuu fortemente entre os anos t e t+s, passando de 1 para 1/3. A utlzação do ndcador de vantagens comparatvas reveladas em conugação com a taxa de cobertura permte-nos sugerr que, neste caso, a quebra de compettvdade verfcada no sector resulta de problemas estruturas ou conunturas da economa como um todo e não de problemas específcos assocados a este sector. 7

5. COEFICIENTE DE ESPECIALIZAÇÃO DE BALASSA Quando se analsam as trocas a um dado nível de agregação, pode ser nteressante medr os fenómenos de especalzação que se stuam a níves mas fnos. Fala-se, assm, de uma especalzação ntra-ramo - medda ao nível de cada ramo - ou de uma especalzação ntraproduto - medda ao nível de cada produto. O coefcente de especalzação proposto por Bela Balassa tenta apreender tas fenómenos através da relação entre o saldo da balança comercal do sector e o respectvo volume de trocas externas, ou sea: b = + Este ndcador assume valores enter -1 e 1, sendo que os valores extremos deste coefcente correspondem a uma especalzação unívoca, respectvamente mportador e exportador. Se o coefcente apresenta valores próxmos de -1, o país em questão tem uma fraca posção compettva no sector ( tende para zero). Se o coefcente se aproxmar de 1 ( - próxmo de ), sgnfca uma forte especalzação nter-ramo (exportações do sector muto mportantes e mportações pouco sgnfcatvas). Por outro lado, se o coefcente se stuar próxmo de zero, as exportações e as mportações equvalem-se. Tal sgnfca que se está na presença de uma forte especalzação ntra-ramo do país em questão (assumndo que - é reduzdo mas que + é elevado á que, por defnção, elevado comérco ntra-ramo sgnfca elevados níves de e ). Convém notar que se o coefcente de Balassa for gual a 1/3 ou 1/3 o sector apresenta um nível dêntco de trocas ntra-ramo e nter-ramo, o que sugere que sempre que o ndcador se afastar de um desses valores em drecção a zero, estaremos, como referdo acma, perante trocas ntra-ramo cada vez mas relevantes no contexto das trocas sectoras. O caso contráro (valores cada vez mas dstantes de ±1/3 e mas próxmos de ±1) traduz um preponderânca crescente das trocas nter-ramo, ou nter-sectoras. Deve ser tdo em conta, contudo, que o resultado para este coefcente depende bastante do nível de desagregação adoptado. Uma agregação excessva poderá revelar erradamente trocas ntra-sectoras. Isto acontecerá se por convenênca estatístca ou erro de análse forem agrupados sectores estruturalmente bastante dstntos que seam uns predomnantemente exportadores e outros predomnantemente mportadores. 8

O coefcente de Balassa pode ser dervado da taxa de cobertura dado que, se dvdrmos o numerador e o denomnador por obtemos: b c 1 = c + 1 Devdo a esta relação entre o coefcente de especalzação de Balassa e a taxa de cobertura, os reparos aos cudados necessáros na nterpretação desta são também váldos para o prmero. Por outro lado, a referênca aos rscos da agregação desaconselham o cálculo do coefcente de Balassa para a economa como um todo quando o obectvo sea aferr da mportânca relatva das trocas ntra-sectoras e nter-sectoras. Veamos um exemplo: QUADRO V. PRODUÇÃO E COÉRCIO E DOIS PAÍSES SELECCIONADOS Produção Exportações Importações País A 1000 11 10 País B 1000 300 200 O coefcente de Balassa é gual a 0.05 para o país A e a 0.2 para o país B. Ora, sera manfestamente errado conclur que a especalzação ntra-ramo é mas forte em A do que em B uma vez que o comérco externo detém uma posção bastante mas fraca no prmero país. 6. INDICADOR DE COÉRCIO INTRA-INDUSTRIAL Também conhecdo por ndcador de Grubel-Lloyd, nome dos seus autores, este ndcador mede a ncdênca de comérco ntra-ndustral da segunte forma: n = 1 ICII = 1 n ( + ) = 1 onde representa um determnado sector e os város sub-sectores em que pode ser dvddo. Este ndcador vara entre zero, caso as trocas seam na sua totaldade de tpo nter-sectoral, e um, no caso em que as exportações e as mportações de todos os sub-sectores são de tpo ntra-sectoral. 9

Como pode ser faclmente constatado, na base da construção do ndcador de comérco ntrandustral está o coefcente de Balassa. Contudo, a forma como o ndcador está construído permte ultrapassar as lmtações da agregação que condconam a utlzação do coefcente de Balassa enquanto meddor da ncdênca de trocas ntra-ramo na presença de um nível de agregação estatístca muto elevado. 7. INDICADORES DISSIÉTRICOS São frequentemente utlzados para analsar os processos de especalzação sectoral (análse das tendêncas de especalzação dentro de espaços geográfcos) mas também são útes na comparação de estruturas, quer da drecção quer da composção do comérco. O ndcador dssmétrco das exportações calcula-se da segunte forma: s x = k k Onde: é o país em análse k é um país ou uma zona de referênca; é um sector de actvdade. representa as exportações de bens do sector pelo país corresponde ao total das exportações do país k representa as exportações do sector no país/regão k k corresponde ao total das exportações do país/regão k. O ndcador dssmétrco das exportações compara a mportânca que um sector tem nas exportações do país com o peso desse sector nas exportações de uma zona de referênca. Especfcamente, o numerador representa o peso das exportações do sector no total das exportações do país, enquanto o denomnador representa a mesma nformação para a zona de referênca. Naturalmente que se o ndcador for maor que um sgnfca maor especalzação relatva do país no sector. Um valor nferor a 1 traduz uma menor concentração relatva das exportações do país no sector. 10

Por sua vez, o ndcador dssmétrco das mportações calcula-se da segunte forma: s m = k k Como pode ser ntuído, exste uma total analoga com o ndcador dssmétrco das exportações, sendo a sua nterpretação em tudo semelhante à descrta para aquele ndcador. Complementarmente, se ao índce fzermos assocar não um sector de actvdade mas um país de destno, no caso das exportações, ou de orgem, no caso das mportações, obteremos ndcadores dssmétrcos para a drecção do comérco externo do país relatvamente ao país ou zona de referênca k. A sua nterpretação será em tudo dêntca à descrta anterormente para os ndcadores dssmétrcos da composção do comérco externo. 11