UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL - MATEMÁTICA PROJETO FUNDAMENTOS DE MATEMÁTICA ELEMENTAR



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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL - MATEMÁTICA PROJETO FUNDAMENTOS DE MATEMÁTICA ELEMENTAR Assuntos: Matrizes; Matrizes Especiais; Operações com Matrizes; Operações Elementares com Matrizes; Sistemas de Equações Lineares; Determinantes de Matrizes Professor: Alexandre Silva dos Reis MATRIZES Definição Uma matriz A m por n (m, n N) em R (ou em C), ou simplesmente A m n, é uma tabela contendo elementos reais (ou complexos) dispostos em m linhas e n colunas, que pode ser representada como a 11 a 12 a 1n a 21 a 22 a 2n A = a m1 a m2 a mn ou simplesmente na forma A = [a ij m n onde a ij é o elemento que aparece na i-ésima linha e na j-ésima coluna de A Todas as matrizes desse texto possuirão elementos em R 1

Tipos Especiais de Matrizes Algumas matrizes recebem nomes especiais, seja pelo fato de possuirem propriedades específicas e/ou pelo fato de aparecerem frequentemente na prática Elas estão listadas abaixo Matriz Quadrada É a matriz A = [a ij m n tal que m = n, ou seja, A = [a ij n n Denotaremos matrizes desse tipo simplesmente por A = [a ij n n = A n Também chamamos matrizes quadradas assim denotadas simplesmente por matriz de ordem n Quando A é uma matriz quadrada, chamamos de diagonal principal de A os elementos a ij tais que i = j Exemplo: Q = [ 8 5 1 1 A diagonal principal de Q é formanda pelos elementos 8 e 1 Matriz Nula É a matriz A = [a ij m n tal que a ij = 0, para todos i, j Denotaremos tal matriz por O m n, ou simplesmente O Exemplo: O 2 2 = O 2 = [ 0 0 0 0 Matriz Linha e Matriz Coluna São as matrizes que possuem uma única linha (m = 1) e uma única coluna (n = 1), respectivamente Exemplos: L = [ 7 6 1, C = 0 0 1 2

Matriz Diagonal É uma matriz quadrada cujos elementos fora da diagonal principal são todos nulos Exemplo: A = 2 0 0 0 1 0 0 0 3 Observe que isso não exclui a possibilidade dos termos da diagonal principal serem nulos Dessa forma, uma matriz nula tambem é uma matriz diagonal Matriz Identidade É uma matriz diagonal onde os elementos da diagonal principal são todos iguais à 1 Denotaremos matriz identidade de ordem n por I n Exemplos: I 2 = [ 1 0 0 1 e I 3 = Matrizes Triangulares Superior e Inferior 1 0 0 0 1 0 0 0 1 Uma matriz triangular superior é uma matriz quadrada cujos elementos abaixo da diagonal principal são todos nulos, ou seja, a ij = 0, sempre que i > j Analogamente, uma matriz triangular inferior é uma matriz quadrada cujos elementos acima da diagonal principal são todos nulos, ou seja, a ij = 0, sempre que i < j Exemplos: T s = 1 4 0 1 0 3 9 0 0 0 2 3 0 0 0 1 e T i = 2 0 0 1 4 0 1 6 7 3

Matriz Transposta Dada uma matriz A = [a ij m n, definimos a sua transposta como sendo a matriz B = [b ij n m tal que b ij = a ji, para cada par (i, j) Denotamos a matriz B transposta de A como B = A t Exemplos: Sendo A = 0 5 2 1 3 0 A t = e B = [ 0 2 3 5 1 0 1 3 7 0 8 5 1 6 2 e B t =, então 1 0 1 3 8 6 7 5 2 A transposição de matrizes possui certas propriedades Sendo A e B matrizes, e pressupondo válidas as operações listadas e que serão definidas na próxima seção, temos: 1) (A + B) t = A t + B t ; 2) (A t ) t = A; 3) (ka) t = ka t, k R; 4) (AB) t = B t A t (observe a ordem!); Matriz Simétrica e Anti Simétrica Uma matriz simétrica é uma matriz quadrada A cujos elementos obedecem à regra a ij = a ji, para todos i e j Já uma matriz anti simétrica é uma matriz quadrada A em que os elementos obedecem à regra a ij = a ji, para todos i e j Exemplos: A = [ 1 9 9 6 é uma matriz simétrica e B = 4 3 1 3 2 7 1 7 5 é uma matriz anti simétrica Em outras palavras, uma matriz A é simétrica quando A = A t Da mesma forma, A é anti simétrica quando A = A t 4

Matriz Escalonada Reduzida É uma matriz (quadrada ou não) que possui as seguintes propriedades: i) O primeiro elemento não nulo de cada linha é 1 Este elemento será chamado unidade líder; ii) Abaixo das unidades líder, todos os elementos sao zero; iii) Se uma matriz A possui uma linha nula, esta deve estar abaixo das linhas não nulas; iv) Todas os elementos acima de uma unidade líder são iguais a zero; Se uma matriz possuir apenas as três primeiras propriedades, então ela é chamada matriz escalonada Exemplos: A = 1 0 0 9 0 0 1 0 5 0 0 0 1 2 0 0 0 0 0 1, B = [ 1 1 2 3 0 1 4 8, C = 1 0 1 0 1 5 0 0 0 Veja que A e C são matrizes escalonadas reduzidas e B é uma matriz escalonada Operações com Matrizes Soma Dadas as matrizes A = [a ij m n e B = [b ij m n, definimos a soma A + B como a matriz C = [c ij m n, onde c ij = a ij + b ij, ou seja C = A + B = [a ij + b ij m n Obviamente, temos que a subtração A B é definida como D = [d ij m n, onde d ij = a ij b ij, ou seja D = A B = [a ij b ij m n 5

Exemplo: Dadas as matrizes A = A + B = Propriedades da Soma [ 2 3 1 5 [ 2 + 0 3 1 1 + 2 5 3 e B = = [ 0 1 2 3 [ 2 2 1 2, temos que Dadas as matrizes A, B e C, todas de ordem m n, temos que: i) A + B = B + A (Comutatividade); ii) A + (B + C) = (A + B) + C (Associatividade); iii) A + O = A (elemento neutro); aqui, O denota a matriz m n tal que a ij = 0, i = 1,, m e j = 1,, n iv) A + ( A) = O (elemento inverso aditivo), onde A = ( 1)A; Multiplicação Por Escalar Seja A = [a ij m n uma matriz e k um número real Definimos a multiplicação de k por A como ka = [ka ij m n Claramente, temos que ka = Ak Exemplo: 1 0 Se k = 3 e A = 3 2, então 3A = 7 1 Propriedades 3 0 9 6 21 3 Dada a matriz A = [a ij m n e k, k 1, k 2 R, a operação acima definida possui as seguintes propriedades: i) k(a + B) = ka + kb; ii) (k 1 + k 2 )A = k 1 A + k 2 A; 6

iii) 0A = O; iv) k 1 (k 2 A) = (k 1 k 2 )A; Produto de Duas Matrizes Dadas duas matrizes A = [a ij m n e B = [b ij n p (número de colunas de A igual ao número de linhas de B), definimos o produto de A por B como sendo a matriz C = [c ij m p tal que (observe a ordem da matriz!) c ij = n a il b lj, para i = 1,, m e j = 1,, p Mais claramente, temos a 11 a 12 a 1n b 11 b 12 b 1p a 21 a 22 a 2n AB = b 21 b 22 b 2p a m1 a m2 a mn b n1 b n2 b np n n n a 1l b l1 a 1l b l2 a 1l b lp n n n a 2l b l1 a 2l b l2 a 2l b lp n n n a ml b l1 a ml b l2 a ml b lp = Olhando dessa forma a multiplicação de matrizes parece um processo difícil e pedante Os exemplos abaixo, contudo, mostram que não há com o que se preocupar Exemplo 1 Considere as matrizes A = é dado então pela matriz [ AB = [ 2 3 1 1 e B = 2( 1) + 37 25 + 34 1( 1) + ( 1)7 15 + ( 1)4 [ 1 5 7 4 = O produto AB [ 19 22 8 1 7

Exemplo 2 Considere as matrizes C = 2 1 4 2 5 3 e D = [ 1 1 0 4 Vemos que o número de colunas de C é igual ao número de linhas de D, portanto, podemos efetuar o produto CD, que resulta CD = 21 + 10 2( 1) + 14 41 + 20 4( 1) + 24 51 + 30 5( 1) + 34 = 2 2 4 4 5 7 Propriedades do Produto de Matrizes Pressupondo validas as operações de soma e produto listadas, temos: i) A(BC) = (AB)C (Associatividade); ii) (A + B)C = AC + BC (Distributividade), tambem válida para produtos à direita de (A + B); iii) AI = IA (Elemento Neutro Multiplicativo); iv) k(ab) = (ka)b = (Ak)B = A(kB) = (AB)k, para todo k R; Observação 1 O produto de matrizes não é comutativo Ou seja, em geral AB BA O[ leitor pode verificar [ isso utilizando como contra exemplo as matrizes 2 3 1 2 A = e B = 4 0 2 3 Observação 2 Podemos ter AB = O mesmo sendo A e B matrizes não nulas [ [ 2 0 0 0 Leitor, verifique isso utilizando as matrizes A = e B = 3 0 4 5 8

Operações Elementares em Matrizes Chamamos de operações elementares em uma matriz as operações efetuadas sobre as linhas ou sobre as colunas de uma matriz Aqui enunciaremos e utilizaremos somente as operações elementares sobre linhas de matrizes São elas: i) Permutação de linhas Troca as linhas i e j de posição (L i L j ) Exemplo: L 1 L 3 0 5 5 7 1 3 2 9 1 3 5 7 0 5 3 9 ii) Multiplicação da i-ésima linha por um escalar não nulo λ (L i λl i ) Exemplo: L 2 2L 2 [ [ 1 3 8 1 3 8 1 5 3 2 10 6 iii) Substituir a i-ésima linha pela i-ésima linha somada com λ vezes a j- ésima linha (L i L i + λl j ) Exemplo: L 4 L 4 2L 1 1 2 0 0 7 1 6 3 4 1 5 0 4 0 2 7 1 2 0 0 7 1 6 3 4 1 5 0 2 4 2 7 Operações sobre colunas de uma matriz são efetuadas de modo inteiramente análogo ao enunciado acima Vale ressaltar, porém, que iniciadas operações elementares sobre linhas, não podemos realizar operações sobre colunas, e vice-versa As matrizes obtidas através de operações elementares sobre outras matrizes são de fundamental importância e merecem uma definição especial Definição 1 Dadas duas matrizes A e B de mesma ordem, dizemos que A e B são equivalentes se uma pode ser obtida da outra por um processo de operações elementares Notação: A B 9

Processo de Eliminação de Gauss-Jordan Resumidamente falando, este processo consiste em obter uma matriz escalonada reduzida A de uma outra matriz B através de operações elementares sobre esta Esse processo tambem é chamado de escalonamento de matrizes 1 1 1 Exemplo: Considere a matriz 1 1 1 Escalonando-a, temos 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 L 3 L 3 L 1 1 1 1 L 2 L 2 L 1 0 2 0 1 1 2 0 2 3 0 2 3 1 1 1 1 1 1 L 2 1L 2 2 0 1 0 L 3 L 3 2L 2 0 1 0 L 3 1L 3 3 0 2 3 0 0 3 1 1 1 1 1 0 1 0 0 0 1 0 L 3 L 1 L 3 0 1 0 L 2 L 1 + L 2 0 1 0 = I 3 0 0 1 0 0 1 0 0 1 Como vemos, a matriz do exemplo é equivalente à matriz identidade I 3 Matrizes equivalentes a matriz identidade têm um destaque especial e um resultado importantíssimo a respeito delas é Propriedade 1 Matrizes equivalentes à matriz identidade são inversíveis Isso significa que, se A é uma matriz quadrada de ordem n equivalente à matriz identidade I n, existe uma matriz B tal que AB = I n Neste caso, denotaremos B = A 1 No caso de A não ser quadrada, podemos extender o conceito de matriz inversa Dizemos que A m n possui inversa à direita se existir B n m tal que A m n B n m = I m Analogamente, A m n possui inversa à esquerda se existir C n m tal que C n m A m n = I n Uma importante propriedade é que se A possui inversas à esquerda e à direita, então esta inversa é única, denotada por A 1 Uma matriz é chamada matriz ortogonal se sua transposta for igual à sua inversa, ou seja, A t = A 1 10

SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES Definição Um sistema de equações lineares com m equações e n (m, n N) incógnitas em R, ou simplesmente um sistema linear m por n em R, é um conjunto de equações do tipo ( ) a 11 x 1 + a 12 x 2 + + a 1n x n = b 1 a 21 x 1 + a 22 x 2 + + a 2n x n = b 2 a m1 x 1 + a m2 x 2 + + a mn x n = b m com a ij, b i R, para todos i = 1,, m e j = 1,, n Uma solução do sistema ( ) é uma lista de números (x 1, x 2,, x n ) que satizfaça as m equações simultaneamente Um sistema é chamado sistema homogêneo caso b i = 0, para i = 1,, m Vale lembrar que já no Ensino Médio aprendemos que um sistema linear pode possuir uma única solução, infinitas soluções ou pode não possuir nenhuma solução Obviamente, todo sistema homogêneo possui pelo menos uma solução, dada por x i = 0, para i = 1,, n Exemplo 1: Considere o sistema (1) { 3x + 2y = 1 x y = 2 Claramente, este sistema admite solução x = 3 5 e y = 7 5 Exemplo 2: Considere o sistema (2) { 2x + 3y = 4 Algumas manipulações nos levam à solução dada pelo conjunto S = {(x, y) R 2 ; x = 1 (4 3t) e y = t, t R} 2 Os exemplos acima consistem em sistemas de fácil resolução, onde meras substituições ou simples manipulações algébricas bastam para chegarmos às 11

soluções Vamos, na próxima seção, definir um processo através do qual poderemos obter o conjunto solução de qualquer sistema linear Antes disso, precisaremos fazer algumas considerações importantes Primeiramente, observe que o sistema ( ) pode ser reescrito na forma matricial AX = B, pois a 11 a 12 a 1n a 21 a 22 a 2n ( ) } a m1 a m2 {{ a mn } A x 1 x 2 x n } {{ } X = b 1 b 2 b m } {{ } B Dessa forma, chamaremos A de matriz dos coeficientes do sistema ( ) e B de matriz das soluções do sistema ( ) Definiremos agora a matriz aumentada do sistema ( ) como a 11 a 12 a 1n b 1 a 21 a 22 a 2n b 2 (A B) = a m1 a m2 a mn b m Sabemos que o sistema ( ) possui um conjunto solução, que pode ser vazio (sistema sem solução) ou não (sistema com solução única ou com infinitas soluções) Mas e se obtermos uma matriz equivalente a (A B)? Resultados mais avançados nos garantem que o conjunto solução não é alterado Ou seja, se obtermos uma matriz escalonada reduzida (ou somente escalonada) M equivalente a (A B), teremos então um novo sistema ( ), de mais fácil manipulação e com o mesmo conjunto solução de ( ) Agora, partiremos pro método de obtenção desse novo sistema Método de Gauss-Jordan Para a Resolução de Sistemas Lineares Considere o seguinte sistema linear 2x 1 + x 2 + 3x 3 = 8 ( ) 4x 1 + 2x 2 + 2x 3 = 4 2x 1 + 5x 2 + 3x 3 = 12 12

Temos que (A B) = 2 1 3 8 4 2 2 4 2 5 3 12 Aplicando o método de Gauss-Jordan à matriz (A B), vem 2 1 3 8 2 1 3 8 4 2 2 4 L 3 L 3 L 1 4 2 2 4 2 5 3 12 0 4 0 20 L 2 L 2 2L 1 L 3 1L 4 3 L 1 L 1 3L 3 2 1 3 8 0 0 4 12 0 4 0 20 2 1 3 8 0 0 1 3 0 1 0 5 2 0 0 4 0 1 0 5 0 0 1 3 2 1 0 1 0 1 0 5 0 0 1 3 L 2 L 3 L 1 1L 2 1 L 2 1L 4 2 2 1 3 8 0 1 0 5 0 0 1 3 L 1 L 1 L 2 1 0 0 2 0 1 0 5 0 0 1 3 = M 2 1 3 8 0 0 1 3 0 4 0 20 Acabamos de obter M, que como já sabemos, é matriz aumentada de um sistema ( ) equivalente à ( ) Mas nós fomos sortudos aqui! Na verdade, esse novo sistema já explicita a solução de ( ), pois ( ) x 1 = 2 x 2 = 5 x 3 = 3 Assim, S = {(2, 5, 3)} Considere agora, o sistema 13

( ) x + 2y 3z = 3 2x + y z = 2 x 5y + 8z = 0 A matriz aumentada do sistema ( ) é 1 2 3 3 (A B) = 2 1 1 2 1 5 8 0 Escalonando (A B), temos 1 2 3 3 2 1 1 2 L 3 L 3 + L 1 1 5 8 0 L 2 L 2 2L 1 1 2 3 3 0 3 5 4 0 0 0 7 1 2 3 3 0 3 5 4 0 3 5 3 L 2 1L 3 2 1 2 3 3 2 1 1 2 0 3 5 3 L 3 L 3 L 2 1 2 3 3 0 1 5/3 4/3 0 0 0 7 O sistema equivalente à ( ) obtido é x + 1 = 1 3 3 ( ) y 5 z = 4 3 3 0x + 0y + 0z = 7 Obviamente, a terceira equação deste novo sistema não é verdadeira Portanto, o seu conjunto solução é S = 14

DETERMINANTES Definição Definir de maneira formal e precisa o determinante de uma matriz quadrada A n não é uma tarefa simples, pois as ferramentas necessárias para isso são demasiado sofisticadas para um texto elementar como esse O objetivo deste é apenas fornecer os rudimentos acerca dos assuntos aqui abordados, indispensáveis na graduação em cursos de Exatas Desta forma, portanto, trabalharemos somente com determinantes de matrizes de ordem baixa, não ultrapassando n = 4 O determinante é um número real associado à uma matriz quadrada A de ordem n, que será denotado por det(a) ou A Este número é dado por: 1 Se n = 1, então 2 Se n = 2, então det(a) = det(a) = a ([ a11 a det(a) = det 12 a 21 a 22 ) = a 11 a 22 a 12 a 21 3 Se n = 3, então det(a) = det a 11 a 12 a 13 a 21 a 22 a 23 a 31 a 32 a 33 = a 11 a 22 a 33 a 11 a 23 a 32 a 12 a 21 a 33 + a 12 a 23 a 31 + a 13 a 21 a 32 a 13 a 22 a 31 4 Se n = 4, então 15

det(a) = det a 11 a 12 a 13 a 14 a 21 a 22 a 23 a 24 a 31 a 32 a 33 a 34 a 41 a 42 a 43 a 44 = a 11 a 22 a 33 a 44 + a 12 a 23 a 34 a 41 + a 13 a 24 a 31 a 42 + a 14 a 21 a 32 a 43 a 13 a 22 a 31 a 44 a 12 a 21 a 34 a 43 a 11 a 24 a 33 a 42 a 14 a 23 a 32 a 41 Propriedades do Determinante 1) det(a) = det(a t ); 2) det(ab) = det(a)det(b); CUIDADO: Em geral, det(a+b) [ det(a)+det(b)! [ Como exemplo 1 0 1 0 disso, temos as matrizes A = e B = 2 2 5 2 3) Se A possui uma linha/coluna nula, então det(a) = 0; 4) Se A possui 2 linhas/colunas idênticas, ou onde uma linha/coluna seja múltipla escalar de outra, então det(a) = 0; 5) Se A é diagonal, triangular superior ou inferior, entao det(a) = a 11 a 22 a nn (produto dos elementos da diagonal principal); 6) Se B é a matriz obtida de A permutando-se uma única vez duas quaisquer linhas/colunas, então det(b) = det(a); 7) Se B é a matriz obtida de A multiplicando-se uma linha de A por um escalar real k, então det(b) = kdet(a); 8) Se B é obtida de A quando somamos a uma linha um multiplo escalar de outra linha, então det(b) = det(a) 16

Polinômio Característico de uma Matriz O polinômio característico de uma matriz quadrada A é o determinante det(a x I n ) = A x I n, com x R Obviamente aqui, a matriz identidade e a matriz A possuem a mesma ordem E é fácil ver que a conta desse determinante gera um polinômio p(x) com coeficientes em R, que será denotado por p A (x) As raízes de p A (x) são chamadas de autovalores de A e são extremamente importantes devido as suas várias aplicações em várias áreas da matemática Vejamos um exemplo Exemplo: Considere a matriz A = 2 0 1 1 2 0 0 0 1 Temos, pelo produto de um escalar por uma matriz que 1 0 0 x 0 0 x I 3 = x 0 1 0 = 0 x 0 0 0 1 0 0 x Assim, o polinômio característico de A é dado por 2 0 1 x 0 0 det(a x I 3 ) = det 1 2 0 0 x 0 = 0 0 1 0 0 x 2 x 0 1 det 1 2 x 0 = (x 2)(x + 2)(x + 1) = p A (x) 0 0 1 x As raízes de p A (x) são x = ±2 e x = 1, e como já foi dito, estes valores sao os autovalores de A 17

EXERCÍCIOS Operações Elementares com Matrizes Obtenha a forma escalonada reduzida das matrizes [ 1 2 3 7 9 1 0 2 2 3 8 3 1 4 3 0 4 3 [ 4 2 3 3 1 2 3 2 0 3 3 2 1 2 4 3 1 4 3 Determine, através de operações elementares, quais matrizes são inversíveis [ 2 2 4 7 7 1 8 2 1 4 5 5 10 4 5 [ 1 5 0 1 2 3 2 3 2 5 2 6 1 1 6 5 0 2 4 3 2 2 4 3 1 3 3 3 3 7 2 6 Sistemas de Equações Lineares Resolva os sistemas lineares abaixo usando o método de Gauss-Jordan 1 2 3 2x 3y + z = 3 4x 7y z = 2 7x y + 3z = 4 3x 1 + x 2 + x 3 4x 4 = 6 3x 1 x 2 + x 3 + 2x 4 = 3 3x 1 + 2x 2 + 3x 3 x 4 = 3 { 2x 7y = 7 3x y = 8 Polinômio Característico de uma Matriz 4 5 x + 2y w = 2 x + 2z w = 2 x + 2y + 2z w = 4 3x + 4y + 4z 3w = 8 { x + 6y 8z = 1 2x + 6y 4z = 0 Obtenha o polinômio característico de cada uma das matrizes quadradas dos dois primeiros exercícios e encontre os autovalores de cada uma delas 18