BOLETIM DO SUÍNO nº 86 OUTUBRO 2017
O mercado em setembro O mercado de suínos seguiu estável em outubro, com equilíbrio entre a disponibilidade nas granjas e a demanda dos frigoríficos. A oferta restrita de animais deixou produtores cautelosos quanto a novos negócios, e suinocultores preferiram aguardar por cotações mais elevadas neste início de novembro. Por outro lado, frigoríficos também se mostram retraídos nas compras, contando com um cenário de preços estáveis ou em queda. Apesar da relativa estabilidade das cotações de outubro, os preços médios do mês foram superiores aos de setembro para o animal vivo, que se valorizou 1,01% na região SP-5 (Bragança Paulista, Sorocaba, Piracicaba, Campinas e São Paulo) frente à média do mês anterior. No mercado de carnes, o movimento foi semelhante, com as cotações médias das carcaças especial e comum subindo 1,88% e 0,92%, respectivamente, no atacado da Grande São Paulo no período. No Sul do País, no Oeste Catarinense, especificamente, o quilo do animal vivo passou de R$ 3,72 em setembro para R$ 3,83 em outubro, valorização de 2,97%. No Norte do Paraná, os valores subiram 1,15%, com o preço médio passando de R$ 3,84/kg em setembro para R$ 3,89/kg em outubro. Em Santa Rosa (RS) as cotações reagiram ligeiro 0,79% entre 29 de setembro e 31 de outubro, quando o vivo foi negociado a R$ 3,66 /kg. Apenas Minas Gerais registrou desvalorizações no último mês, cenário que pode estar atrelado a ajustes entre produtores e frigoríficos, já que, em setembro, os preços no estado mineiro permaneceram estáveis, mas em patamares elevados. Na região de Ponte Nova, os valores do animal recuaram 0,52% de um mês para o outro, para a média de R$ 4,19/kg em outubro. Para os cortes, o cenário foi similar ao observado para o vivo, com demanda enfraquecida no mercado doméstico e sem grandes estoques ou oferta elevada. Os preços dos cortes mais consumidos no período de festas de final de ano subiram em relação ao mês anterior, mas ainda estão abaixo dos valores registrados em anos anteriores, quando analisado o mesmo período. Neste ano, frigoríficos ainda não sinalizaram compras para formação de estoques para abastecer o mercado mais aquecido durante o período de festas. Gráfico 1 - Preço médio da carcaça suína comum no atacado da Grande São Paulo () 8,00 7,50 6,50 5,50 4,50 3,50 2,50 2,00 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Gráfico 2 - Indicadores do Suíno Vivo CEPEA/ ESALQ - Preços pagos ao produtor ( a ) 5,50 5,20 4,90 4,60 4,30 3,70 3,40 3,10 2,80 2,50 01/11/2016 16/11/2016 29/11/2016 12/12/2016 23/12/2016 06/01/2017 19/01/2017 01/02/2017 14/02/2017 01/03/2017 14/03/2017 27/03/2017 07/04/2017 24/04/2017 08/05/2017 19/05/2017 01/06/2017 14/06/2017 28/06/2017 11/07/2017 24/07/2017 04/08/2017 17/08/2017 30/08/2017 13/09/2017 26/09/2017 09/10/2017 23/10/2017 MG SP PR SC RS 2
Estado BOLETIM DO SUÍNO OUTUBRO DE 2017 - ANO 8, Nº 86 Preços e exportações Tabela 1 - Indicadores do Suíno Vivo CEPEA/ESALQ - Preços pagos ao produtor - outubro/17 Média no mês Mínimo Máximo Minas Gerais 4,13-5,9% 3,97 4,19 São Paulo 4,08-1,7% 4,04 4,13 Paraná 3,72 0,8% 3,69 3,74 Santa Catarina 3,50 1,2% 3,48 3,52 Rio Grande do Sul 3,41 0,0% 3,39 3,42 Tabela 2 - Médias regionais do preço do suíno vivo - outubro/17 () Região Média Mínimo Máximo no mês Patos de Minas 4,09-6,1% 3,93 4,15 Belo Horizonte 4,13-5,4% 3,96 4,18 Sul de Minas 4,17-5,9% 4,26 Ponte Nova 4,19-4,5% 4,05 4,26 São José do Rio Preto 4,06-0,8% 4,02 4,16 Avaré 4,08-0,5% 4,02 4,15 SP-5 4,09-2,8% 4,04 4,16 Arapoti 3,90-0,4% 3,82 3,96 SO Paranaense 3,96-0,1% 3,93 Oeste Catarinense 3,83-5,1% 3,72 3,90 Braço do Norte 3,54-1,3% 3,54 3,58 Erechim 3,72-1,5% 3,68 3,75 Santa Rosa 3,69 0,0% 3,65 3,73 Serra Gaúcha 3,69-1,5% 3,66 3,73 Tabela 3 - Médias dos preços das carnes - atacado da Grande São Paulo - () Estado Média no mês Mínimo Máximo Carcaça Comum 5,93-2,4% 5,82 Carcaça Especial 6,31 1,0% 6,20 6,39 Lombo 9,90 1,1% 9,77 10,11 Pernil com osso 7,04 1,5% 6,97 7,08 Costela 9,50 0,7% 9,24 9,75 Carré 6,94 1,3% 6,80 Paleta sem osso 7,15-1,0% 7,07 7,33 Em outubro, o Brasil exportou 57,7 mil toneladas de carne suína, tanto in natura quanto industrializada, conforme dados da Secex. Esse volume foi 4,3% menor que o embarcado em setembro e 3,6% inferior ao exportado em outubro/16. Em receita, as vendas externas totalizaram R$ 429,9 milhões no mês passado, montante 1,4% menor que o de setembro e 31,9% inferior ao de out/16. Dentre os principais destinos da carne suína nacional, a Rússia, o maior comprador do produto, tende a ditar o ritmo dos embarques brasileiros. De setembro a outubro, o país reduziu em 18,5% as importações da carne nacional e, no mês passado, o volume embarcado à Rússia foi o menor do segundo semestre de 2017, totalizando 20 mil toneladas e refletindo dois meses consecutivos de recuo das compras. Esse cenário, no entanto, pode mudar nas próximas semanas, já que, no último dia 27, o governo russo divulgou decreto suspendendo as importações, principalmente de produtos de origem animal, de nove países, incluindo alguns da União Europeia, Estados Unidos, Canadá e Austrália, o que pode abrir mais espaço para a carne suína brasileira na Rússia. O decreto russo está atrelado às respostas políticas do país às sanções que vem sofrendo desde que anunciou a anexação da Crimeia. Na parcial deste ano, as exportações brasileiras de carne suína ainda não superaram as de 2016. De janeiro a outubro, o setor suinícola embarcou 578 mil toneladas do produto, queda de 1,8% frente às 588,8 mil toneladas do mesmo período de 2016. A redução dos embarques à China teve grande influência sobre esse resultado, uma vez que o país asiático foi um dos principais destinos do produto brasileiro em 2016. No acumulado de 2017, o Brasil enviou à China 38,3 mil toneladas de carne suína, 49% a menos que no mesmo período do ano passado. 3
Gráfico 3 - Preços internos (carcaça -Grande SP) e externo (carne in natura), deflacionados pelo IPCA - 10,00 9,00 8,00 nov/15 dez/15 jan/16 fev/16 mar/16 abr/16 mai/16 jun/16 jul/16 ago/16 set/16 out/16 180,00 160,00 140,00 120,00 100,00 Gráfico 4 - Exportações de carne suína in natura entre novembro/16 e outubro/17 80,00 60,00 40,00 20,00-1.000 t US$ milhões Preço Interno Preço Externo Acarne suína perdeu competitividade frente às principais concorrentes, bovina e de frango, em outubro, devido às desvalorizações dos cortes bovinos e às altas nos preços do frango resfriado. Na região da Grande São Paulo, a diferença entre o preço do dianteiro bovino e o da carcaça especial suína diminuiu 31,3% em outubro, com a carne suína 1,39 real mais barata que a bovina. Essa diferença entre os preços diminuiu 63 centavos frente a de setembro, que foi de 2,02 reais por quilo. No mercado de carne bovina, as cotações recuaram na Grande São Paulo em outubro. O valor médio da carcaça casada, que em setembro foi de R$ 9,83/kg, diminuiu 2,7% no mês passado, para R$ 9,56/kg. O mesmo ocorreu com o preço do dianteiro, que recuou 6,3% de setembro para outubro, para a média de R$ 7,70. Esse cenário desfavorece o mercado suinícola, que passa por um momento de incertezas e de cautela por parte dos agentes. Visto que o brasileiro prefere carne bovina, a queda nos preços dessa proteína pode elevar seu consumo, reduzindo o da carne suína. No mercado de frango, que se man- Carnes Concorrentes teve aquecido devido às exportações, as altas observadas em outubro não foram suficientes para alavancar a competitividade da carne suína frente a esta concorrente. Apesar da diferença entre os preços do frango resfriado e da carcaça especial suína ter aumentado 1 centavo, a competitividade da carne suína diminuiu 0,4% frente à proteína de frango. Na Grande São Paulo, o frango inteiro resfriado teve média de R$ 3,64/kg em outubro, aumento de 3% frente à de setembro, quando foi de R$ 3,53/kg. No acumulado do mês passado, os preços do resfriado recuaram 14,3%, enquanto que a carcaça especial suína se desvalorizou 11,3% no mesmo período, reduzindo ainda mais a competitividade da carne suína. De maneira geral, o brasileiro já vem consumindo menos proteína de origem animal desde o início do ano, em função das instabilidades político-econômicas do País. Para o setor suinícola, esta situação se agrava em cenários como o observado em outubro, em que a carne suína perdeu competitividade frente às concorrentes bovina e de frango. 4
11,00 10,00 Gráfico 5 - Preços da carcaça casada bovina, carcaça comum suína e frango inteiro resfriado, no atacado da Grande São Paulo () - outubro/16 a setembro/17 9,00 8,00 2,00 Bovina Suína Frango Relação de Troca e Insumos O poder de compra do suinocultor frente ao milho e ao farelo de soja, os principais insumos da cadeia, recuou no acumulado de outubro. No último dia do mês, o produtor de Campinas (SP) conseguiu adquirir 7,73 quilos de milho ou 4,11 quilos de farelo com a venda de um quilo de suíno vivo, respectivas quedas de 9,4% e de 4,7%. Na região do Oeste Catarinense, o poder de compra do suinocultor diminuiu 7,9% frente ao milho e 9,2% frente ao farelo de soja em outubro. No início do mês, um quilo do animal valia 8,11 quilos de milho ou 3,96 quilos de farelo de soja. Já no final de outubro, o quilo do suíno valia 7,47 quilos de milho e 3,60 quilos de farelo. O mercado do milho seguiu em alta em outubro. Em Campinas, o preço médio da saca de 60 kg do cereal no período foi de R$ 30,56, valorização de 7,42% no acumulado do mês. Na região de Chapecó (SC), a alta foi de 5,36%, com média de R$ 29,82/ sc. Essas valorizações estão atreladas à ausência de produtores do mercado e às incertezas climáticas no Brasil e seus impactos nas safras de verão, segundo a equipe Grãos/Cepea. Quanto ao farelo de soja, a tonelada do insumo, que valia R$ 94 em Campinas no começo de outubro, fechou o mês a R$ 992,72, aumento de 5,05% no período. Em Chapecó, a valorização do insumo foi de 3,03%, para R$ 1.002,46 por tonelada no encerramento do mês no início de outubro, a tonelada do farelo valia R$ 972,94. Segundo a equipe Grãos/Cepea, a valorização do dólar frente ao Real e especulações de atraso na próxima safra impulsionaram os valores do farelo no mercado interno. 5
Tabela 4 - Relação de troca de suíno por milho e de suíno por farelo de soja (kg vivo/kg de insumo) média agosto/17 vivo/milho vivo/ farelo SP 8,04-5,4% 4,12-3,5% MG 8,92-7,8% 4,11-5,1% Gráfico 6 - Relação de troca (kg de suíno/ kg de ração) - MG - nov/07 a 7,50 6,50 5,50 4,50 3,50 2,50 2,00 nov/07 jun/08 jan/09 ago/09 mar/10 out/10 mai/11 dez/11 jul/12 fev/13 set/13 abr/14 nov/14 jun/15 jan/16 ago/16 13,5 12,0 10,5 9,0 7,5 6,0 4,5 3,0 1,5 0,0 Gráfico 7 - Relação de troca (kg de suíno/kg de milho e kg SP Suíno/Milho MG Suíno/Milho SP Suíno/Farelo MG Suíno/Farelo 6 SEJA UM COLABORADOR DO CEPEA! CONTATO: (19) 3429-8859 suicepea@usp.br EXPEDIENTE Coordenador: Prof. Dr. Sergio Fonte: De Zen Cepea-Esalq/USPJornalista responsável: Alessandra da Paz - Mtb: 49.148 O Boletim do Suíno é elaborado Equipe: Regina Mazzini R. Biscalchin, Marcos Revisão: mente pelo Cepea - Centro de Debatin Iguma, Fernando Crevelário, Beatriz Bruna Sampaio - Mtb: 79.466 Estudos Avançados em Economia Aplicada Uemura Souza, Claudia Scarpelin, Luiz Gustavo S. Nádia Zanirato - Mtb: 81.086 Tutui, Priscila M. de Moura e Paula O. Rodrigues Flávia Gutierrez - Mtb: 53.681 - ESALQ/USP. Interessados em reproduzir o conteúdo devem solicitar autorização.